O Dia P da Previdência
Nem Netflix nem Globo. A série com maior carga dramática, e ainda com direito a grandes revitavoltas, está sendo exibida neste momento na TV Câmara. Sim, estou falando da reforma da Previdência.
No momento em que escrevia esta newsletter, a Câmara se preparava para votar a proposta de emenda à constituição (PEC) em primeiro turno. Se não acontecer nenhum lance típico de novela, o texto deverá contar com os 308 votos necessários para ser aprovado.
Embora a saga não chegue ao fim, hoje certamente é o clímax dessa história que insiste em se repetir há mais de duas décadas, ainda que com elenco e diretores diferentes.
Na primeira mudança nas regras para a aposentadoria, ainda no primeiro governo FHC, a emenda que instituía a idade mínima foi rejeitada por apenas um voto. E a derrota só ocorreu em razão de um erro do tucano Antonio Kandir, que se embananou com o painel eletrônico de votação.
Na reforma encampada no início do governo Lula, o drama também foi interno. Ao fechar questão a favor das mudanças, o PT expulsou os parlamentares que não seguiram a orientação do partido.
O enredo da Previdência ficou adormecido por um tempo, mas voltou com força em meio à grave crise fiscal do país. E enveredou para as páginas policiais lá em 2017, quando o ex-presidente Michel Temer foi flagrado em conversas pouco apropriadas com Joesley Batista, praticamente na véspera da votação do projeto no plenário.
Como esse roteiro parece inevitável para quem assume a cadeira de presidente da República, Jair Bolsonaro também enfrentou (com certa hesitação) o desafio da Previdência. Mas ainda que esteja longe de ser uma unanimidade, o projeto encaminhado pela equipe do ministro Paulo Guedes encontrou uma rara aceitação entre boa parte da população.
Em um dia em que as notícias se sucedem a cada minuto, o Eduardo Campos está desde cedo (e desde o início da tramitação do projeto) acompanhando todos os passos da reforma na Câmara. Nesta matéria você confere os principais lances que acontecem no plenário.
Mais um recorde para a conta
Na maior parte do tempo, o mercado financeiro parece trabalhar em um fuso horário diferente. Como você já leu por aqui, nas últimas semanas os investidores adotaram o “calendário Maia”. Desde que o presidente da Câmara instituiu um cronograma para a votação para a reforma da Previdência, a bolsa engatou uma sequência de altas (e recordes). E não foi diferente hoje, quando o Ibovespa voltou a subir forte e por pouco não fechou acima dos 106 mil pontos. O cenário externo também ajudou (e muito), como o Victor Aguiar conta para você na nossa cobertura de mercados.
Otimista e contra a maré
Em sua última carta, os gestores da Verde, de Luis Stuhlberger, criticaram o excesso de pessimismo de algumas casas com o crescimento da economia. Surfando contra a maré da média dos economistas para o PIB, a lendária gestora aproveitou para reafirmar a visão mais positiva para a bolsa. A retomada inclusive já estaria em curso, liderada pela demanda doméstica. Saiba os motivos pelos quais a Verde se coloca contra o consenso do mercado nesta matéria.
Os mais rentáveis
Eu sei que os rankings de rentabillidade não são a melhor fonte para se escolher o melhor fundo de investimento. Mas quem resiste a conferir como foi o desempenho dos gestores, ainda mais em um período tão movimentado como o primeiro semestre deste ano? Com base em um estudo da consultoria Economatica, a Julia Wiltgen conta para você quais foram os fundos multimercados vencedores e quais estratégias eles adotaram para chegar lá.
Dividindo o bolo
Depois de um verdadeiro cabo de guerra entre com a Anac, a Avianca realizou hoje o leilão de autorizações para voos e decolagens (slots). Sem a presença da Azul, que se retirou da disputa depois da mudança na forma da venda dos ativos, a disputa ficou entre Gol e Latam, que dividiram o bolo praticamente em partes iguais. Apenas dois blocos não foram arrematados. Se as empresas realmente ficaram com os slots, a concentração no setor aumenta ainda mais. Eu digo “se” porque o leilão ainda pode ser suspenso.Saiba a razão nesta reportagem.
É um pássaro, é um avião?
A alta de quase 5% do Ibovespa só nos primeiros dias deste mês e os sucessivos recordes chamaram a atenção de muita gente. Mas fora das ações que compõem o principal índice da bolsa, alguns papéis fazem ainda mais bonito. É o caso da incorporadora Tecnisa. Depois de passar por um longo inferno astral, a empresa engatou uma alta de 40% nos últimos dias. Quer saber mais detalhes do que há por trás dessa valorização? O Victor Aguiar te fala tudo aqui.
Netflix e Uber na mira
Assim como eu, imagino que você também seja um usuário assíduo de aplicativos. Pois bem, Netflix e Uber devem ser um dos alvos da reforma tributária que deve entrar em pauta no Congresso após a votação da Previdência. Para o deputado Hildo Rocha, que foi eleito hoje presidente da comissão especial da reforma tributária, esses apps são favorecidos pela estrutura que há hoje no país e isso precisa mudar. Saiba mais sobre a possível taxação nesta reportagem.
Foguete na bolsa
Em geral, quando eu falo de um foguete na bolsa, me refiro a alguma ação que teve forte valorização em um curto período. Mas agora o bilionário Richard Branson quer levar literalmente o foguete para a bolsa. O empresário pretende criar a primeira empresa para levar turistas ao espaço com ações listadas. O dono da Virgin Galactic anunciou que vai fundir a companhia com a empresa de investimentos Social Capital Hedosophia (SCH). E o valor estimado da nova firma será de US$ 1,5 bilhão. Ficou interessado em investir? Então saiba mais sobre a iniciativa com a Bruna Furlani.
Uma ótima noite pra você.
Este artigo foi publicado primeiramente no "Seu Dinheiro na sua noite", a newsletter diária do Seu Dinheiro. Para receber esse conteúdo no seu e-mail, cadastre-se gratuitamente neste link.
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