Bolsonaro ataca a ‘política’; aliados chamam para atos
Líderes ligados ao movimento evangélico e aos caminhoneiros endossam os eventos em favor do presidente, mas evitam corroborar mensagens radicalizadas de grupos que pedem o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal
O presidente Jair Bolsonaro manteve nesta segunda-feira, 20, discurso hostil e ao mesmo tempo errático em relação à classe política enquanto um núcleo de fiéis apoiadores usou as redes sociais para pedir adesão aos atos pró-governo marcados para o próximo domingo, dia 26.
A pauta das manifestações, no entanto, gera divergências. Líderes ligados ao movimento evangélico e aos caminhoneiros endossam os eventos em favor do presidente, mas evitam corroborar mensagens radicalizadas de grupos que pedem o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Representantes do PSL na Câmara e no Senado usaram as redes para convocar manifestantes. O Clube Militar também fez uma convocação para os atos.
Em declarações ao longo do dia, Bolsonaro oscilou entre a crítica mais direta aos políticos e aos "grupos corporativistas" e um tom conciliador quando falou especificamente dos parlamentares durante o lançamento da campanha de comunicação da reforma da Previdência.
Ao discursar para empresários no fim da manhã, em evento na Federação das Indústrias do Rio (Firjan), o presidente responsabilizou os políticos pelas dificuldades que enfrenta para, segundo disse, tomar as medidas necessárias para colocar o País no "rumo certo". Ele voltou a culpar parlamentares e "grupos corporativistas" pelos problemas de sua administração. Afirmou que o "grande problema é a classe política", mas não se excluiu do grupo. Atacou também a imprensa, que considera não ser isenta.
"(O Brasil) É um país maravilhoso que tem tudo para dar certo, mas o grande problema é a nossa classe política. É nós (sic), Witzel, é nós (sic), Crivella, sou eu, Jair Bolsonaro, é o Parlamento, em grande parte, é a Assembleia Legislativa. Nós temos que mudar isso", afirmou, se referindo ao governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), e ao prefeito da capital fluminense, Marcelo Crivella (PRB). "Tenho enfrentado grupos corporativistas, é uma vontade enorme de colocar o Brasil onde ele merece."
Porém, no fim da tarde, em Brasília, Bolsonaro mudou o tom e incluiu os parlamentares no "time" que está empenhado em aprovar a reforma da Previdência. Também fez um aceno à imprensa, ponderando que já deu "caneladas" em meios de comunicação, mas que a mídia é "importante para que a chama da democracia não se apague". "Não pode um país tão maravilhoso patinar na economia. O time que formamos, junto com parlamentares, tem essa preocupação com o futuro do Brasil."
Leia Também
Na sexta-feira passada, 17, Bolsonaro acirrou o clima com o Congresso ao compartilhar, por WhatsApp, texto que diz que o Brasil é "ingovernável" fora dos "conchavos". O gesto foi interpretado por parlamentares como mais um ataque ao Legislativo, mas serviu de combustível para a convocação dos atos.
Até o início da noite desta segunda-feira, pelo menos 60 cidades já haviam programado manifestações no domingo. Há atos previstos para todas as capitais e o Distrito Federal. Ainda que o objetivo central seja o apoio às pautas do Planalto como a Previdência, o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro e a Medida Provisória 870 - que reorganiza a estrutura do governo e está sob ameaça -, alguns grupos defendem do enfrentamento ao Centrão à criação da CPI da Lava Toga, além do impeachment de ministros do Supremo como Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Gilmar Mendes.
Grande parte das páginas que divulgam os atos pede que apoiadores vistam verde-amarelo. Levantamento do jornal O Estado de S. Paulo nas redes dos 54 deputados do PSL identificou que pelo menos 19 fizeram convocações. Um dos mais engajados é Coronel Tadeu (SP). "Pegue sua camisa do Bolsonaro, aquela da campanha, e compareça", diz o deputado em um vídeo.
Márcio Labre (RJ) defendeu os atos afirmando que eles ocorrem em um momento de "chantagens e traições". Carla Zambelli (SP) disse que o Congresso pode derrubar "qualquer medida positiva que venha do governo Bolsonaro". "Se o Centrão se unir com o PT como fez, o Brasil está acabado."
O deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente, também foi às redes defender o protesto como "ato legítimo dos brasileiros" que apoiam Bolsonaro "diante de chantagens e traições em curso". "Estaremos de olho para divulgar os resultados e a conduta dos parlamentares nas pautas que interessam ao Brasil", escreveu.
'Radicalismo'
Durante solenidade na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), usou seu discurso para afirmar que o País vive um momento em que "radicalismos se sobrepõem ao diálogo, principalmente nas redes sociais", em que "quem está no extremo tem mais espaço do que quem quer construir consenso".
Líderes evangélicos e caminhoneiros manifestaram apoio à agenda de protesto, mas sem "radicalismo". "A solução para o novo Brasil virá pela classe política. Vejo no Congresso vontade e decisão política de fazer as reformas de que o Brasil precisa. Tenta-se jogar a população contra o Congresso quando as crises não estão sendo criadas lá", afirmou o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Silas Câmara (PRB-AM).
Representante dos caminhoneiros, Wanderlei Alves, o Dedéco, foi categórico na defesa dos atos. "Vamos sair para apoiar a governabilidade. Não está certo o que eles (deputados) estão fazendo com o presidente."
Para um dos líderes da greve dos caminhoneiros em 2018 Wallace Costa Landim, o "Chorão", a categoria está com Bolsonaro, "mas temos que avaliar se isso mais ajuda do que atrapalha". "O Brasil está parado e não podemos ser um fator a mais de instabilidade", afirmou.
Desde o fim de abril, quando caminhoneiros ameaçaram iniciar uma nova paralisação após anúncio de aumento no diesel, o governo convocou uma série de lideranças para discutir medidas imediatas para o setor e desarmar possíveis protestos.
O Clube Militar, que possui cerca de 38 mil sócios, entre oficiais da ativa e da reserva, divulgou na noite desta segunda-feira em seu site uma convocação de "seu quadro social e convidados" para que participem das manifestações, "apoiando o governo federal na implementação das reformas necessárias à governabilidade". O texto tem como título "Brasil acima de tudo", parte do slogan de campanha de Bolsonaro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Vigília e violação de tornozeleira eletrônica: por que Jair Bolsonaro foi preso? Entenda a motivação da Polícia Federal
Segundo Moraes, convocação de apoiadores “disfarçada de vigília” indica a repetição do modus operandi da organização criminosa no sentido da utilização de manifestações populares criminosas, com o objetivo de conseguir vantagens pessoais
Bolsonaro tinha ‘alta possibilidade de tentativa de fuga’, diz Moraes ao autorizar prisão preventiva de ex-presidente
Ao decretar a prisão de Bolsonaro, Alexandre de Moraes argumentou que “foram adotadas todas a medidas possíveis para a manutenção da prisão domiciliar” do ex-presidente
Checklist do Enem: o que levar, o que deixar em casa e o que só vai te dar dor de cabeça
Documento de identidade e caneta esferográfica preta são itens obrigatórios, e há itens de vestuário que são proibidos
“Valores conservadores são o tema das eleições. Não é economia. Não são valores liberais. Conservadores tomaram tudo”, diz Paulo Guedes
Ex-ministro da Economia acredita que o mundo vive um novo momento de desordem em que os conservadores estão à frente das mudanças
Lula confirma que irá disputar as eleições em 2026: “vou completar 80 anos, mas tenho a mesma energia de quando tinha 30”
Em visita à Indonésia, Lula confirmou que pretende disputar um quarto mandato; pesquisas mostram o petista na liderança das intenções de voto
Brasileiros não apoiam exploração de petróleo na Foz do Amazonas, diz pesquisa — e afirmam que Lula deve proibir perfuração
Levantamento feito pelo Datafolha pressiona governo por definição clara antes da COP30, enquanto Petrobras aguarda liberação do Ibama
Barroso anuncia aposentadoria e vai deixar cargo de ministro do STF
Com a decisão, Barroso encerrará um ciclo de 12 anos no STF
Eleições 2026: Lula mantém liderança em todos os cenários de 2º turno, e 76% querem que Bolsonaro apoie outro candidato, diz pesquisa
Levantamento Genial/Quaest indica resistência à nova candidatura do presidente, enquanto eleitorado bolsonarista se divide sobre o futuro político do ex-presidente
Derrota para o governo: Câmara arquiva MP 1.303 e livra investimentos de aumento de imposto de renda — bets também saem ilesas
Deputados retiraram a votação do texto da pauta e, com isso, a medida provisória perde a validade nesta quarta-feira (8)
Pesquisa Genial/Quaest mostra popularidade de Lula no maior patamar do ano após crise com EUA
Aprovação sobe a 48%, impulsionada por percepção positiva da postura do governo diante de tarifas impostas por Trump
Imposto de renda sobre CDB, Tesouro Direto, JCP e fundos ficará em 18% após avaliação por comissão do Congresso Nacional
Medida provisória 1.303/25 é aprovada por comissão mista do Congresso e agora segue para ser votada nos plenários da Câmara e do Senado
Lula e Trump finalmente se falam: troca de afagos, pedidos e a promessa de um encontro; entenda o que está em jogo
Telefonema de 30 minutos nesta segunda-feira (6) é o primeiro contato direto entre os líderes depois do tarifaço e aumenta expectativa sobre negociações
Lula e Trump: a “química excelente” que pode mudar a relação entre o Brasil e os EUA
Alexandre Pires, professor de relações internacionais e economia do Ibmec, analisa os efeitos políticos e econômicos de um possível encontro entre os dois presidentes
Com Tarcísio de Freitas cotado para a corrida presidencial, uma outra figura surge na disputa pelo governo de SP
Cenário nacional dificulta a nomeação de candidatos para as eleições de 2026, com impasse de Bolsonaro ainda no radar
Comissão do Senado se antecipa e aprova projeto de isenção de IR até R$ 5 mil; texto agora depende dos deputados
Proposta de isenção de IR aprovada não é a do governo Lula, mas também cria imposto mínimo para altas rendas, programa de renegociação de dívidas e prevê compensação a estados e municípios
Senado vota regulamentação dos novos impostos sobre consumo, IBS e CBS, nesta quarta-feira (24)
Proposta define regras para o novo comitê gestor do IBS e da CBS, tributos que vão substituir impostos atuais a partir de 2027
O que Lula vai dizer na ONU? Soberania e um recado sutil a Trump estão no radar
A expectativa é que o discurso seja calibrado para o público global, evitando foco excessivo em disputas políticas internas
Câncer de Bolsonaro: o que é o carcinoma de pele encontrado em duas lesões removidas
Ex-presidente recebeu alta após internação por queda de pressão, vômitos e tontura; quadro exige acompanhamento médico periódico
LCI e LCA correm o risco de terem rendimentos tributados, mas debêntures incentivadas sairão ilesas após negociações no Congresso
Relator da MP que muda a tributação dos investimentos diz que ainda está em fase de negociação com líderes partidários
“Careca do INSS”: quem é o empresário preso pela PF por esquema que desviou bilhões
Empresário é apontado como “epicentro” de fraudes que desviaram bilhões de aposentadorias