A decisão sobre o repasse ao consumidor do impacto da forte alta do petróleo será um teste à política de preços da Petrobrás. Essa é a avaliação do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.
Nesta segunda-feira, 17, o presidente Jair Bolsonaro disse que a estatal não deve mudar o preço dos combustíveis. O preço do petróleo chegou a subir mais de 20% no mercado internacional após os ataques contra refinaria da Arábia Saudita.
"A gente [vai] descobrir, de verdade, a política do governo Jair Bolsonaro com relação à Petrobrás", diz o especialista Adriano Pires.
Principais trechos da entrevista
O mercado já sabe a extensão do ataque na Arábia Saudita?
Não. Sabemos que o ataque reduziu pela metade a produção da Arábia Saudita, que responde por 10% da produção mundial de petróleo. O preço do petróleo teve seu pico de alta, o maior desde a guerra do Kuwait, em 1991. Foi algo bem similar em termos de alta do preço.
Quais os impactos imediatos no Brasil?
O primeiro, e mais óbvio, é a gente descobrir qual é, de verdade, a política do governo Bolsonaro com relação à Petrobrás.
Espero que a empresa mantenha o compromisso de adotar uma política de preço alinhada com o mercado internacional. Sendo assim, espero aumento nos preços dos combustíveis nas refinarias para as próximas semanas.
O problema é que o governo, até agora, está alinhado com a categoria dos caminhoneiros. Será que ele vai assumir esse desafio? Se não assumir, o mercado vai reagir mal. Se não reajustar o preço e acompanhar o mercado internacional, certamente terá dificuldades em vender as refinarias da Petrobrás, que estão preparadas para serem vendidas.
De quanto seria hoje o aumento para os combustíveis?
Com base no cenário que observamos hoje, que é a possibilidade de o barril do petróleo se estabilizar em um novo patamar, de US$ 75, esse aumento nas refinarias teria de ser de 8% a 10%. Nas bombas, o aumento é sempre menor.
Esse reajuste para o consumidor final viria quanto?
Para as próximas semanas. Não pode ser nada de imediato, já que a Petrobrás precisa avaliar o que vai acontecer com o mercado.
* Com informações do jornal O Estado de S. Paulo e Estadão Conteúdo