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Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
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Fluxo cambial abre o ano negativo em US$ 1,3 bilhão, mas isso não faz preço

Formação de preço, como sempre, está no mercado futuro, onde fundos tem “aposta” de US$ 32,5 bilhões na alta do real

Eduardo Campos
Eduardo Campos
9 de janeiro de 2019
12:56
Imagem: Shutterstock

O fluxo cambial na primeira semana de 2019 foi negativo em US$ 1,312 bilhão, reflexo de saídas de US$ 654 milhões na conta financeira e outros US$ 658 milhões na conta comercial. Essa perda de moeda, no entanto, não tem relação com a cotação do dólar, que caiu 4% nos três primeiros dias do ano, e segue em baixa nesta semana.

Ainda sobre fluxo, o que se espera pelo comportamento sazonal é que a entrada de dólares volte a superar as saídas com mais consistência ao longo das próximas semanas e meses. No lado financeiro, fundos e empresas tendem a retomar exposições que foram fechadas no fim de 2018 para apuração de balanço. No lado comercial, as exportações voltam a ganhar fôlego no começo do ano com os embarques agrícolas. Atenção à safra de soja, já que nas últimas semanas mudanças climáticas estão levando a revisões sistemáticas para baixo no volume de produção.

Em dezembro, o fluxo foi negativo em US$ 12,756 bilhões, maior para meses de dezembro desde 2014, quando a saída foi de US$ 14,050 bilhões. A saída na conta financeira ficou em US$ 14,635 bilhões, refletindo o forte aumento nas remessas de empresas para fechamento de balanços e outros compromissos. Em 2018, no entanto, fluxo foi negativo em US$ 995 milhões.

Esse aumento nas remessas de fim de ano levou o Banco Central (BC) a atuar no mercado desde o fim de novembro com leilões de linha com compromisso de recompra. Foram dez atuações que somaram US$ 12,25 bilhões, sendo US$ 11 bilhões em “dinheiro novo” e outro US$ 1,25 bilhão em rolagem de linha.

Nessas operações, o BC faz um empréstimo dos dólares das reservas internacionais, que posteriormente serão devolvidos. As linhas atualmente em aberto têm vencimentos entre fevereiro e março. No fim desses meses, o BC decidirá se deixa as linhas vencerem ou se renova as operações via rolagens.

O fluxo negativo e as linhas ofertadas pelo BC impactam a posição de câmbio dos bancos no mercado à vista, que fechou o ano vendida em US$ 24,865 bilhões e segue aumentando.

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Mercado futuro e formação de preço

É na B3 que ocorre a formação de preço na moeda, pois é lá que os comprados, que ganham com a alta do dólar, e os vendidos, que ganham com a queda da moeda, protegem suas exposições em outros mercados e fazem apostas direcionais na moeda americana.

O dólar apresenta firme trajetória de baixa desde o começo do ano e, nesta quarta-feira, testa a linha dos R$ 3,68, algo que não se via desde o fim de outubro, quando a moeda marcou R$ 3,65. No lado técnico, a moeda perdeu todas as médias móveis de 50, 100 e 200 períodos, o que reforçaria o viés de baixa.

O investidor estrangeiro segue na ponta de compra de dólar futuro. Depois de fechar 2018 vendido em US$ 2,3 bilhões, a posição no pregão de terça-feira já estava comprada em US$ 4,6 bilhões, uma variação de US$ 6,9 bilhões.

No cupom cambial (DDI, juro em dólar) houve redução de US$ 5 bilhões na posição no mesmo período, mas o gringo segue comprado em US$ 29,2 bilhões. Assim, o estoque total do não residente é comprado em US$ 33,8 bilhões. Em 10 de dezembro, essa posição bateu recorde a US$ 41,7 bilhões.

Neste começo de ano, os maiores vendedores de moeda foram os bancos, com uma variação de posição de US$ 7,2 bilhões. Assim, a posição comprada em dólar caiu de US$ 12,4 bilhões no fim de 2018 para US$ 5,2 bilhões. No cupom cambial, os bancos reduziram a posição vendida em US$ 11,3 bilhões, para US$ 8,3 bilhões. Com isso, a exposição líquida é vendida em US$ 3,14 bilhões, que pode ser considerada pouco expressiva.

Os bancos fizeram um grande ajuste de posições na virada do ano, por isso não é possível afirmar que tenham realizado prejuízos (vendendo dólar quanto ele cai), já que as instituições financeiras também têm posições no mercado à vista (reflexo do fluxo negativo e leilões de linha) e em mercado de balcão.

A maior contraparte do gringo no mercado é o investidor institucional. Os fundos de investimento estão com uma posição vendida total de US$ 32,6 bilhões tendo fechado o ano em US$ 26,5 bilhões.

Essa posição é formada por US$ 10,6 bilhões em dólar futuro e US$ 22 bilhões em cupom cambial. No fim de 2018, esses estoques estavam em US$ 10,7 bilhões em dólar e US$ 15,8 bilhões em cupom.

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