🔴 EVENTO GRATUITO: COMPRAR OU VENDER VALE3? INSCREVA-SE

Estadão Conteúdo
Entenda o imbróglio

Com risco de calote da Rodovias do Tietê, 15 mil pessoas podem perder investimento

Popular entre as pessoas físicas, debênture RDVT11 era isenta de IR e prometia remuneração de 8% ao ano acima da inflação; mas agora, investidores podem ficar a ver navios. Entenda todo o caso

Rodovia Dr. João José Rodrigues (SP-113), em Tietê (SP), concessão da Rodovias do Tietê
Rodovia paulista sob concessão da Rodovias do Tietê: situação financeira difícil da empresa já era conhecida há pelo menos dois anos. Imagem: Divulgação

O pedido de recuperação judicial da concessionária Rodovias do Tietê colocou mais de 15 mil pessoas físicas diante de perdas que, se considerada a avaliação feita ontem pela XP Investimentos, podem chegar a 100% do investido em mais de R$ 1 bilhão de debêntures (títulos da dívida) emitidas pela concessionária. Este não é o primeiro calote de uma debênture emitida sob a Lei 12.431, mas certamente o que envolve o maior número de investidores pessoas físicas expostas à opção que ganhou enorme popularidade dada à isenção de imposto de renda.

Embora a deterioração da companhia fosse clara nos últimos anos, envolvendo inclusive alerta das agências de classificação de crédito, foi somente há três meses que uma possibilidade de perda de 60% ficou explícita na marcação de preço da XP Investimentos. Até então, a casa seguia sua política de marcar o investimento pelo preço que o investidor o adquiriu, apenas acumulando a variação do IPCA na remuneração, com a premissa de que o papel seria mantido até o vencimento.

À avaliação feita há cerca de três meses seguiu-se à apresentação de uma proposta da concessionária de alterar o prêmio do papel de 8% para 0,5%, além do IPCA. O vencimento da dívida iria de 2028 para 2036, quando também expira a concessão. A marcação a zero feita ontem reflete o fato de a companhia estar em recuperação judicial, mas não uma situação real futura, já o caminho agora é de negociação na Justiça para que os credores recebam parte de seus créditos.

Sinais

As perdas vinham sendo sinalizadas havia pelo menos dois anos, quando a concessionária começou a negociar com os donos de debêntures mudanças no fluxo de pagamento dos papéis, diante da necessidade de readequar sua projeção de investimentos à arrecadação menor do que a prevista nos pedágios.

Nesse período, a concessionária começou a usar a conta reserva para pagar os compromissos de juro das debêntures até que na sexta-feira passada, dia 8, alguns donos desses papéis pediram o vencimento antecipado da dívida. Na segunda-feira, 11, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial, protocolado pelo escritório Munhoz Advogados, que está à frente do processo de recuperação judicial da Odebrecht.

Ao contrário de outros investimentos, como CDBs, as debêntures são ativos de crédito de maior risco e não estão protegidas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Mas na maioria dos casos estão associadas a outras garantias. No caso da Rodovias do Tietê, as principais garantias são o fluxo de recebíveis dos pedágios e a participação nas Sociedades de Propósito Específico (SPEs).

Na prática, porém, executar tais garantias é uma tarefa complexa. Em última instância, o grupo acabaria com a concessão em suas mãos, sem óbvia condição de mantê-la. O passo seguinte, provavelmente, seria a caducidade da concessão, por falta de capacidade de gestão. Na verdade, esse risco já existe dado que, em teoria, a recuperação judicial poderia provocar a perda da concessão.

Entre os debenturistas estão fundos de pensão, como o Serpro, gestoras de ativos, corretoras e fundos private equity (investimento em empresas de capital fechado), tendo a Pentágono como agente fiduciário dos papéis.

Busca por solução

A expectativa é de que, em recuperação judicial, as discussões entre os atuais acionistas controladores e o grupo de debenturistas representados pela XP Investimentos, pela assessoria financeira de ativos problemáticos Starboard e pelo escritório Felsberg Advogados seja rápida e leve a um desfecho positivo.

Organizado desde 2018, o grupo tende a aprovar a proposta apresentada pela empresa há cerca de três meses. Ela também envolve um aporte de R$ 360 milhões entre 2021 e 2022.

O fato de a votação ocorrer agora, obedecendo ao quórum da lei de recuperação judicial, também tende a facilitar a aprovação da proposta da empresa. Isso não foi possível fora da Justiça, até o momento, pela dificuldade de aglutinar um número suficiente de debenturistas nas assembleias. Enquanto antes era preciso que 100% dos presentes votassem a favor da proposta, agora uma aprovação é possível com 50% mais um dos debenturistas. Os donos desses papéis representam quase a totalidade da dívida da concessionária.

No entanto, antes da reunião de credores para votar o plano de recuperação da empresa, existe um encontro de debenturistas para acontecer, quando será votada a execução ou não das garantias. A previsão do grupo é de que eles votem a favor da não execução dos recebíveis dos pedágios e das participações, dado que ambos inviabilizam a concessão.

A Rodovias do Tietê estreou esse mercado em 2013, um ano após a Lei 12.431 sobre as debêntures de infraestrutura ter sido sancionada. O lançamento do papel foi turbulento, em meio à primeira sinalização do Banco Central norte-americano de virada na política de afrouxamento monetário. Isso provocou seu adiamento em mais de uma vez e elevação no retorno ao investidor para melhor remunerar o risco.

Mas, com uma agenda de investimento em infraestrutura grande e vários outros bons nomes vindo a mercado, as debêntures de infraestrutura foram ganhando espaço, com os bancos de investimento vendo uma oportunidade crescente no bolso das pessoas físicas, inicialmente de alta renda.

Compartilhe

Também tem risco!

Melhor momento para investir em renda fixa ainda está por vir – mas convém evitar emissores desses setores

28 de julho de 2022 - 21:02

Ulisses Nehmi, da Sparta, e Marcelo Urbano, da Augme, gestoras especializadas em crédito privado, falam das perspectivas para a renda fixa e os setores mais promissores ou arriscados

NOVIDADES NA ESTATAL

Petrobras (PETR4) anuncia programa de recompra de debêntures inédito; veja quais séries de títulos estão inclusas na operação

15 de julho de 2022 - 19:39

A companhia não informou quanto pretende gastar no total, mas destaca que o preço de aquisição dos ativos não poderá ser superior ao valor nominal atualizado de cada série

RENDA FIXA SEM IMPOSTO

CSN Mineração (CMIN3) vai captar R$ 1,4 bilhão com debêntures com isenção de IR para o investidor

13 de julho de 2022 - 18:13

A unidade da CSN pretende usar os recursos para financiar a expansão do Terminal Portuário de Granéis Sólidos, no Porto de Itaguaí; veja o quanto a empresa pode pagar ao investidor

Especiais SD

Onde investir no 2º semestre: Renda fixa, nós gostamos de você! Com juros altos, ativos mais rentáveis do ano continuam atraentes

6 de julho de 2022 - 6:30

No difícil primeiro semestre de 2022, ativos de renda fixa foram os únicos a se salvar, especialmente aqueles que se beneficiam da alta dos juros; para o resto do ano, esses investimentos permanecem interessantes, e investidor não precisa correr muito risco para ganhar dinheiro

Viver de renda

Cansado dos fundos imobiliários? Fundos de renda fixa negociados em bolsa também pagam renda mensal e são ‘ainda mais’ isentos de IR

30 de junho de 2022 - 7:00

Os FI-Infra, fundos de debêntures incentivadas listados em bolsa, são alternativa interessante para quem busca investimento de longo prazo para gerar renda

Renda fixa

Taesa (TAEE11) vai captar R$ 1,250 bilhão com debênture isenta de imposto para investidor; veja as condições

28 de março de 2022 - 10:36

Taesa pretende usar o dinheiro captado no investimento dos projetos de transmissão de energia Sant’Anna, Ivaí e Ananaí, que foram arrematados em leilões da Aneel e estão em construção

Para não ficar mais pobre

7 investimentos para proteger o seu dinheiro contra a escalada da inflação

11 de março de 2022 - 7:05

A perspectiva de uma inflação elevada mais persistente traz os investimentos atrelados a índices de preços de volta ao radar; veja onde investir para não deixar seu patrimônio ser corroído

O MELHOR DA SEMANA

Ronaldo Fenômeno ficou maluco? Saiba como funciona a SAF, que permitiu ao craque pagar R$ 400 milhões pelo Cruzeiro

29 de janeiro de 2022 - 9:50

Conheça também os principais candidatos a Sociedade Anônima de Futebol e para que tipo de clube ela pode ser mais interessante

Os campeões do ano

Bitcoin foi ativo mais rentável do ano e o único que conseguiu superar a inflação; veja a lista completa dos melhores investimentos de 2021

30 de dezembro de 2021 - 15:27

Criptomoeda foi seguida pelo dólar e pelas debêntures; veja o ranking completo dos investimentos que tiveram retorno positivo no ano

Retorno apetitoso

Quer ganhar quase 6% ao ano mais inflação todo mês sem IR? Este fundo de renda fixa agora oferece isso para qualquer investidor

20 de novembro de 2021 - 7:00

A partir desta semana, o Kinea Infra (KDIF11) deixou de ser restrito a investidores qualificados e abriu para todos os investidores. E sua rentabilidade está bem atraente.

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar