Em uma ofensiva para disputar o promissor mercado de pagamentos no segmento de microempreendedores, a Cielo quer ir além da maquininha de cartão de crédito e anunciou hoje o lançamento de um aplicativo de conta digital.
Batizado de Cielo Pay, o app vai incorporar uma conta digital por meio da qual os clientes poderão receber os valores das vendas na hora mesmo sem contar com as maquininhas.
A empresa vai oferecer também alguns serviços bancários pelo aplicativo, como saques e transferências e, futuramente, crédito. Ou seja, pode ser o primeiro passo para a companhia virar um banco completo, ainda que o presidente da Cielo, Paulo Caffarelli, não confirme essa informação.
"Nós já acompanhamos a vida do cliente como vendedor e agora vamos acompanhar a jornada dele como consumidor", afirmou Caffarelli, que reuniu a imprensa hoje para apresentar o novo produto.
O aplicativo começa em fase de testes para funcionários nesta semana. O lançamento para o público em geral está previsto para o dia 14 de outubro.
Com o novo serviço, a empresa controlada por Banco do Brasil e Bradesco espera abocanhar um mercado que cresce a taxas de 40% ao ano.
A PagSeguro, do grupo UOL, foi a pioneira a explorar esse segmento e hoje conta com uma base de 9,4 milhões de contas, entre lojistas e clientes, e em maio deste ano lançou o banco digital PagBank. A Stone também está de olho nesse mercado e anunciou recentemente uma parceria com o Grupo Globo.
A Cielo começou a atuar mais fortemente no mercado de empreendedores apenas no ano passado, com a venda de maquininhas. A expectativa da companhia é atingir 1 milhão de terminais vendidos em setembro.
Líder no mercado de maquininhas, a Cielo vem sendo atacada pelos novos concorrentes, mas vem reagindo com uma estratégia que prioriza o ganho de participação em detrimento das margens. No segundo trimestre deste ano, o lucro da empresa caiu 33,3%, para R$ 431,2 milhões.
O aplicativo
A Cielo lançou sua conta digital no fim do ano passado, que possui hoje 100 mil usuários. Com o aplicativo, a empresa pretende ampliar a divulgação e acelerar essa taxa de crescimento, segundo Caffarelli. A meta, porém, não foi revelada.
Assim como as demais contas digitais, a Cielo Pay não cobrará tarifas, mas alguns serviços, como TED e saques na Rede 24 horas, serão cobrados. Ao receber suas vendas pelo aplicativo, o usuário também está sujeito às taxas da maquininha (MDR).
Para atrair os usuários, a empresa incluiu uma série de funcionalidades, como o rendimento de 100% do CDI para os recursos que ficarem parados na conta. Além da conta digital, o app terá a função de carteira digital, que permite o pagamento de contas com os cartões cadastrados.
O aplicativo também vai oferecer transferência de dinheiro para os contatos do usuário no celular sem a necessidade dos dados bancários de quem vai receber os recursos.
O Cielo Pay vai oferecer ainda assistência grátis em serviços de eletricista, encanador e informática (help desk). Embora seja voltado aos empreendedores e lojistas que fazem vendas, qualquer pessoa pode baixar e ter uma conta.
Banco próprio?
Caffarelli se esquivou de falar sobre os planos de a Cielo ter um banco próprio no futuro. Ao ser questionado se a empresa não está em uma situação de desvantagem sobre os concorrentes que têm banco próprio, o executivo rebateu:
"Nós temos dois bancos", afirmou, em referência ao BB e Bradesco. Para ele, a capilaridade da rede de agências que cobre todo o território brasileiro representa uma vantagem para a Cielo em relação à concorrência.