O consórcio Via Mobilidade 15, representado por CCR e Ruasinvest Participações, venceu o leilão de concessão da Linha 15-Prata do monotrilho de São Paulo. O evento ocorreu na tarde desta segunda-feira na capital paulista.
O consórcio foi o único a fazer uma oferta pela linha. A proposta apresentada previa um valor de outorga fixa de R$ 160 milhões, o que corresponde a um ágio de 0,59% ante o lance mínimo estabelecido no edital, de R$ 159 milhões.
Após o anúncio do resultado do leilão, as ações ordinárias da CCR, que caíam pouco mais de 0,50% na bolsa, ganharam fôlego e operavam próxima à estabilidade no meio da tarde.
R$ 4 bilhões em 20 anos
Em declarações após o leilão de concessão, o diretor presidente da CCR Mobilidade, Italo Roppa, afirmou que a linha 15 deve exigir investimentos da ordem de R$ 4 bilhões ao longo dos 20 anos de contrato. A estimativa leva em conta desembolsos com operação e manutenção de equipamentos e sistemas, explicou. O valor não considera a outorga fixa.
Segundo Roppa, "boa parte" desses investimentos deverão ser realizados com recursos próprios e a fatia a ser financiada com capital de terceiros não está definida, mas dependerá de "negociação de mercado".
Conforme previsto no edital, ao longo do prazo de concessão o concessionário deverá investir R$ 345 milhões no ramal, composto por 11 estações, entre a Vila Prudente e o Jardim Colonial, somando 15 quilômetros de vias elevadas.
O diretor afirmou ainda que a falta de competição no leilão não está relacionada aos riscos da concessão, mas à capacidade e conhecimento na operação "driveless" e em monotrilho de demais competidores. O executivo destacou que a companhia já opera no sistema sem operador na Linha 4 e adquiriu conhecimento na operação de monotrilho após levar a Linha 17.
Problemas no meio do caminho
O Sindicato dos Metroviários de São Paulo chegou a indicar na semana passada que o grupo CCR seria o vencedor do leilão. Segundo a entidade, há várias irregularidades no processo, com vícios que comprometeriam a concorrência.
Os metroviários destacaram, em particular, a exigência de experiência mínima de doze meses na operação de monotrilhos ou VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos), com demanda superior a 200 mil passageiros por dia, em média, o que favoreceria a CCR.
Vale lembrar que a Linha 15 - Prata funciona desde agosto de 2014 entre duas estações, Vila Prudente e Oratório, em um trecho de 2,9 quilômetros. Em abril de 2018 foram entregues, para operação assistida, outras quatro estações, com cerca de 5 quilômetros: São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União.
De acordo com o site do Metrô São Paulo, outras quatro estações - Jardim Planalto, Sapopemba, Fazenda da Juta e São Mateus - estão em fase de finalização de acabamentos e montagem dos sistemas, tais como alimentação elétrica e telecomunicações. Para essas estações, a previsão é de que a entrega ocorra entre outubro e dezembro deste ano. Um trecho adicional até a Estação Jardim Colonial (antiga Iguatemi) está previsto para ser construído até o segundo semestre de 2021.
Doria: triste é o vazio
Ao discursar sobre a concessão da linha 15, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), minimizou o baixo número de interessados no leilão. "É a regra. Pode se apresentar uma, duas, três, quantas empresas desejarem, a regra é muito clara: teve uma proposta, a proposta é analisada, como foi esta, é válida e ela é importante".
O governador também disse que o problema no caso seria "o vazio, estarmos aqui todos decepcionados pela falta de uma empresa com interesse para a conclusão de uma linha tão importante como essa". Para ele, seria melhor para o leilão a participação de mais competidores, mas se apenas uma empresa declarar interesse em assumir a responsabilidade de levar adiante a obra, "assim será ".
*Com Estadão Conteúdo.