🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Vinícius Pinheiro

Vinícius Pinheiro

Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores

Entrevista exclusiva

Agora vai? 2020 será o ano dos IPOs na bolsa, diz executivo do Credit Suisse

O número de IPOs pode saltar de 5 para até 40 e volume de ofertas de ações pode mais que dobrar no ano que vem, me disse Bruno Fontana, responsável pela área de banco de investimentos da instituição

Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
19 de dezembro de 2019
5:36 - atualizado às 7:57
Bruno Fontana, responsável pela área de banco de investimento do Credit Suisse
Bruno Fontana, responsável pela área de banco de investimento do Credit Suisse - Imagem: Divulgação Credit Suisse

Depois de mais um ano frustrante, 2020 deve enfim marcar a retomada das ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) de empresas brasileiras. O número de aberturas de capital pode saltar de apenas cinco (ou sete se contarmos as duas operações realizadas na Nasdaq) para até 40 no ano que vem.

A afirmação é de Bruno Fontana, responsável pela área de banco de investimentos do Credit Suisse. Com um sorriso largo no rosto, o executivo me recebeu para uma entrevista no escritório do banco em São Paulo na semana passada.

Para além da simpatia e do otimismo, ele tem vários motivos para estar satisfeito. Afinal, o ano foi bem generoso para as operações realizadas no mercado de capitais brasileiro.

Até novembro, o volume de captações de empresas com a emissão de títulos como ações e debêntures já superava em mais de 50% todo o ano passado. E mais negócios significam mais comissões para os bancos de investimentos que coordenam essas operações.

As ofertas de ações na B3 também bateram recorde em 2019 (se excluirmos o ano da megacapitalização de Petrobras), com um volume da ordem de R$ 85 bilhões. Mas a maioria esmagadora das emissões foi realizada por empresas que já estão listadas na bolsa – os chamados “follow ons”, no jargão do mercado.

Apenas cinco companhias abriram o capital na bolsa brasileira em 2019: Centauro, Neoenergia, Vivara, Banco BMG e C&A. E a oferta da XP Investimentos, de longe a mais aguardada do ano, acabou acontecendo na bolsa norte-americana Nasdaq, assim como a da empresa de educação Afya. Essa equação, contudo, deve começar a mudar no próximo ano.

Leia Também

“2019 foi o ano dos follow ons e 2020 com certeza vai ser o ano dos IPOs”, afirmou Fontana.

Por que agora vai decolar?

Atualmente, cinco companhias estão com pedidos de registro de IPO na Comissão de Valores Mobiliários (CVM): Iguá e Cagece, de saneamento, a provedora de serviços de internet Locaweb e as incorporadoras Mitre e Moura Debeux.

A expectativa do executivo do Credit Suisse é de 30 a 40 ofertas de novas empresas na bolsa no ano que vem. Incluindo os IPOs e follow ons, o volume de emissões de ações pode mais que dobrar em relação a 2019. Estamos falando de um mercado que pode movimentar algo como R$ 170 bilhões.

O otimismo se sustenta na perspectiva de retomada da economia e na queda dos juros. A Selic nas mínimas históricas estimula os investidores a migrarem os recursos que hoje estão na renda fixa para a bolsa.

Esse processo já começou. Apenas neste ano, a participação de ações na carteira dos fundos de investimento aumentou de 7,5% para 9%, o que representou um fluxo de R$ 70 bilhões para a B3, segundo Fontana. "Esse percentual não tem por que parar por aí e pode chegar a até 15%."

Para absorver todo esse dinheiro que vai entrar, a bolsa vai precisar de novos nomes. Pelas contas dele, a B3 conta hoje com apenas 273 empresas com ações que negociam pelo menos US$ 5 milhões por dia – patamar mínimo de liquidez considerado adequado para um grande investidor.

O juro baixo, agora de forma sustentável, também viabiliza uma série de negócios que antes não paravam de pé em razão das taxas altas praticadas no Brasil, segundo Fontana. Essas companhias agora podem ir à mercado em busca de sócios na bolsa.

Por que ainda não decolou?

Se as condições para a retomada dos IPOs estão dadas, por que o ano foi tão fraco para as aberturas de capital, em contraste com o recorde nas ofertas das empresas que já têm ações na bolsa (follow ons)?

Para o chefe do banco de investimento do Credit Suisse, dois fatores prejudicaram os planos das empresas que pretendiam abrir o capital: o primeiro foi a expectativa em torno da aprovação da reforma da Previdência.

A tramitação do projeto, que só foi aprovado em outubro, trouxe volatilidade ao mercado na maior parte do ano. "Precificar IPO em um cenário volátil é extremamente delicado", disse.

Já no caso dos follow ons, o investidor já conhece a performance do papel na bolsa e sabe que tem liquidez para comprar e vender se necessário, por isso o impacto das discussões da reforma foi bem menor.

O segundo fator que dificultou o cenário para os IPOs neste ano foi a incerteza sobre a economia brasileira, que deve registrar uma expansão da ordem de 1% em 2019. O desempenho ainda fraco afeta a demanda do investidor, em particular do estrangeiro.

"Agora, com um cenário de crescimento do PIB por volta de 2,5% para 2020, o investidor começa a acreditar que pode colocar suas fichas."

Um dos grandes temas da bolsa ao longo deste ano, aliás, foi justamente a baixa participação do investidor estrangeiro. Para o executivo do Credit Suisse, houve de fato uma frustração, mas isso não significa que os gringos ficaram de fora do mercado brasileiro.

Ele disse que em muitos casos o que houve foi uma "reciclagem do capital". Ou seja, o investidor de fora vendeu ações no mercado à vista na bolsa para montar uma posição mais representativa durante um follow on, o que não seria possível de fazer via compra direta sem mexer no preço dos papéis no pregão.

Com que bolsa eu vou?

A previsão do Credit Suisse de até 40 IPOs ao longo do ano que vem inclui tanto as ofertas realizadas na B3 como nas bolsas norte-americanas. Em 2019, foram cinco operações realizadas no país e duas lá fora.

Os IPOs fora do país são uma pedra no sapato da bolsa brasileira. O presidente da B3, Gilson Finkelsztain, afirmou que "fica um gosto amargo" toda vez que vê uma empresa brasileira o abrir capital no exterior.

"Não vai haver uma fuga do mercado da B3, mas vamos ter que aprender a conviver com mais operações nas bolsas estrangeiras", afirmou Fontana.

E qual o perfil das empresas que se preparam para buscar sócios na bolsa? Ele não falou de casos específicos, mas disse que 2020 deve ser marcado por IPOs de companhias de tecnologia, tanto na B3 como no exterior.

Com a perspectiva de retomada da economia, as empresas de varejo, consumo e educação devem aproveitar o momento para abrir o capital. A retomada da construção civil também deve levar as incorporadoras de volta à bolsa, em particular as voltadas para o segmento de baixa renda.

Outra novidade para 2020 pode ser o IPO de companhias do setor industrial, que há algum tempo não acessam a bolsa, segundo o executivo do Credit Suisse.

Vai ser bom para o investidor?

Momentos de maior euforia da economia e do mercado de capitais costumam ser favoráveis para as empresas que estão em busca de recursos. Mas nem sempre é bom para quem compra as ações no IPO. Quem viveu o "boom" das ofertas no mercado brasileiro em 2007 sabe do que estou falando.

Quando perguntei se os IPOs serão uma boa oportunidade para o investidor, Fontana não titubeou ao responder: "tenho certeza que sim".

A convicção dele vem do atual ambiente econômico favorável e da perspectiva de crescimento dos mercados de atuação das companhias, que viabilizam uma série de histórias que devem chegar à bolsa.

As ameaças mais visíveis para o desempenho dos IPOs hoje estão no plano macro, segundo Fontana. Aqui no Brasil, o maior risco é o de uma eventual mudança na agenda liberal do governo. Lá fora, o desempenho da economia global em ano de eleições nos Estados Unidos pode prejudicar o calendário das ofertas.

Mas se o forte crescimento dos IPOs de fato se confirmar, em algum momento o mercado também deve se deparar com o que Fontana chamou de "estresse do sistema".

"Vamos lidar com um volume que nunca lidamos antes no mercado de capitais. Se tivermos 100 novas companhias na bolsa, teremos a necessidade de 100 áreas de RI, conselhos de administração e analistas para cobrir as empresas. Será que o mercado comporta?"

E você, já investiu ou pretende investir nas empresas com planos de vender suas ações em IPOs na bolsa? Deixe seu comentário logo abaixo.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
Mundo FIIs

Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento

30 de abril de 2025 - 11:06

Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

FERIADÃO À VISTA

Como fica a rotina no Dia do Trabalhador? Veja o que abre e fecha nos dias 1º e 2 de maio

30 de abril de 2025 - 7:30

Bancos, bolsa, Correios, INSS e transporte público terão funcionamento alterado no feriado, mas muitos não devem emendar; veja o que muda

BANCÕES NA PARADA

Santander (SANB11) bate expectativas do mercado e tem lucro de R$ 3,861 bilhões no primeiro trimestre de 2025

30 de abril de 2025 - 6:34

Resultado do Santander Brasil (SANB11) representa um salto de 27,8% em relação ao primeiro trimestre de 2024; veja os números

MERCADO DE METAIS ESSENCIAIS

Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis

29 de abril de 2025 - 9:15

Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

AÇÕES EM PETRÓLEO

Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI

26 de abril de 2025 - 16:47

Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.

CONCESSIONÁRIAS

Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1

26 de abril de 2025 - 12:40

Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira

BOLSA BRASILEIRA

Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano

26 de abril de 2025 - 11:12

Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.

3 REPETIÇÕES DE SMFT3

Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP

25 de abril de 2025 - 19:15

Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre

QUEDA LIVRE

Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea

25 de abril de 2025 - 18:03

No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira

FGC EM RISCO?

Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco

25 de abril de 2025 - 14:30

Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

HABLAS ESPANHOL?

Nubank (ROXO34) recebe autorização para iniciar operações bancárias no México

24 de abril de 2025 - 20:49

O banco digital iniciou sua estratégia de expansão no mercado mexicano em 2019 e já conta com mais de 10 milhões de clientes por lá

FUTURO NEBULOSO

Lucro líquido da Usiminas (USIM5) sobe 9 vezes no 1T25; então por que as ações chegaram a cair 6% hoje?

24 de abril de 2025 - 13:57

Empresa entregou bons resultados, com receita maior, margens melhores e lucro alto, mas a dívida disparou 46% e não agradou investidores que veem juros altos como um detrator para os resultados futuros

RENOVADA

CCR agora é Motiva (MOTV3): empresa troca de nome e de ticker na bolsa e anuncia pagamento de R$ 320 milhões em dividendos 

24 de abril de 2025 - 11:44

Novo código e nome passam a valer na B3 a partir de 2 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

IR 2025

É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025

24 de abril de 2025 - 7:07

A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos

DE MALAS PRONTAS

JBS (JBSS3) aprova assembleia para votar dupla listagem na bolsa de Nova York e prevê negociações em junho; confira os próximos passos

23 de abril de 2025 - 9:45

A listagem na bolsa de valores de Nova York daria à JBS acesso a uma base mais ampla de investidores. O processo ocorre há alguns anos, mas ainda restam algumas etapas pela frente

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar