Carlos Slim, o bilionário que lucrou com um monopólio e virou o ‘dono do México’
Com conglomerado de mais de 200 empresas, empresário acumulou fortuna de US$ 64 bilhões, que equivale a cerca de 6% do PIB do país, e se tornou o quinto homem mais rico do mundo
Cada vez que um cidadão mexicano usa um caixa eletrônico, compra um iPhone, toma um café, faz uma ligação no celular, adquire roupas, sapatos ou maquiagem em uma das maiores redes de varejo do país, está contribuindo com alguma quantia para engordar os cofres de Carlos Slim, o homem mais rico da América Latina e o quinto mais rico do mundo, segundo o ranking de 2019 da revista Forbes. Sua fortuna está estimada em US$ 64 bilhões - que equivale a 6% do PIB do México.
No país, ele é dono de construtoras, seguradoras, hotéis, do banco Inbursa, do grupo Sanborns, que inclui lojas de roupas, eletrônicos e restaurantes. Tem também uma mineradora, uma petroleira, uma montadora de veículos chineses. Além do negócio mais valioso, que lhe colocou no topo do ranking dos bilionários globais: a empresa de telefonia América Móvil, que detém cerca de 70% do mercado de telefonia móvel e 80% do mercado de telefonia fixa do país.
- Esta reportagem faz parte da série especial Rota do Bilhão, que conta a trajetória dos 10 homens mais ricos do mundo. Quem são? Como vivem? Como ficaram bilionários? E que lições você pode aprender com eles? Veja todas as histórias neste link.

Formado em engenharia, Carlos Slim herdou a veia empreendedora e a habilidade com os números de seu pai, Julian, um libanês que chegou ao México, em 1902, com 14 anos, fugindo do recrutamento militar do Império Otomano. Começou com um armazém e depois, aproveitou a crise que se instalou no país com a revolução mexicana para adquirir uma série de propriedades - um senso de oportunidade que também seria herdado pelo filho.
Slim é o quinto de seis irmãos. Todos tinham o hábito de anotar seus gastos em uma caderneta e submetê-los ao patriarca semanalmente. “Dinheiro que não vai para os negócios evapora”, Julian costumava dizer às crianças. Aos 10 anos, Carlos Slim já tinha uma conta corrente e antes dos 20 já fazia seus investimentos. Na década de 60, em uma viagem para os Estados Unidos, fez questão de conhecer a Bolsa de Nova York para entender como funcionava. Entre os livros que já relatou ter lido naqueles anos, está o How to Be Rich (Como Enriquecer), de J. Paul Getty, na época o homem mais rico dos Estados Unidos.
Embora tenho sido um aluno exemplar no curso de Engenharia - até hoje ele é conhecido por funcionários como El Ingienero -, Slim abandonou a profissão logo depois de formado para abrir uma corretora de valores. Aos 25 anos, comprou também uma imobiliária e uma engarrafadora. Mais tarde adquiriu uma mineradora, uma gráfica e a fábrica de cigarros Cigatam, que tinha a licença do Malboro. Os negócios passaram a integrar o que ele batizou de Grupo Carso - iniciais dos nomes Carlos e Soumaya, sua mulher, que faleceu em 1999.
Comprar na crise é de família
Em 1982, quando o México se afundou numa crise econômica, Slim reproduziu a estratégia de seu pai durante a revolução mexicana, e foi às compras. Os preços dos ativos estavam muito baixos porque os investidores debandaram do país. Ele contou ao jornalista Lawrence Wright, em 2009, ter adquirido empresas por 1% de seu valor de mercado naquela época. Na lista, estão companhias como a varejista Sanborns, a Anderson Clayton, que vendia descaroçadores de algodão, uma subsidiária da Firestone, e um dos principais bancos do país, o Bancomer.
Leia Também
Mas foi na década de 90, quando o presidente Carlos Salinas decidiu privatizar as estatais, que Slim fez seu principal negócio. O governo colocou à venda a precária companhia telefônica Telmex e ofereceu aos interessados um monopólio de seis anos nas ligações de longa distância, além de uma licença de telefonia celular que cobria o país inteiro. Slim e seus parceiros fizeram o maior lance: US$ 1,76 bilhão por 20,4% das ações com direito a voto.
Até hoje, há quem diga que ele foi beneficiado na disputa pela amizade com o presidente, o que os dois negam. “Enquanto países como o Brasil e os Estados Unidos dividiram seus monopólios estatais em diversas empresas, que fariam concorrência entre si, o México vendeu seu monopólio intacto, proibindo qualquer competição durante seis anos”, descreveu o Wall Street Journal.
Nos anos seguintes, Slim bolou uma estratégia para crescer em banda larga. Ele sabia que esse era o futuro, mas os mexicanos não tinham computador. Passou a vender as máquinas e permitir que os consumidores pagassem em prestações na conta de telefone. Mais tarde, para popularizar o uso dos celulares no México colocou em curso o que chamou de plano Gillette (que lucra com os aparelhos e não com a venda das lâminas). Slim subsidiava os celulares e lucrava com os cartões pré-pagos.
Hoje, a América Móvil é uma das empresas de telecomunicações mais lucrativas do mundo, com 275 milhões de clientes de banda larga e celular e 360 milhões de assinantes de telefonia fixa em 25 países. Em 2018, o grupo faturou US$ 52 bilhões e lucrou US$ 2,3 bilhões. No Brasil, o conglomerado de Slim é dono de Embratel, Claro, NET e, mais recentemente, da Nextel, adquirida em março por R$ 3,4 bilhões. Nos EUA, é um dos acionistas do jornal New York Times.

Monopólio privado
Para alguns mexicanos, o império de Carlos Slim é motivo de orgulho. Para outros, ele é parte do sistema que impede o país de crescer e se desenvolver. “Ele comprou um monopólio e transformou-o num império”, escreveu a professora do Instituto Autônomo de Tecnologia do México, Denise Dresser, em 2005. “Carlos Slim possui o melhor negócio do mundo e o consumidor mexicano, um dos piores.” Ao contrário do que se imaginava, a privatização não tornou o mercado mais competitivo, nem baixou os preços dos serviços. Segundo a OCDE, o império de Carlos Slim custou aos mexicanos US$ 13 bilhões a mais por ano entre 2005 e 2009.
No papel, o monopólio nas ligações de longa distância acabou em 1997, mas na prática se estendeu por mais de 25 anos. O conglomerado de Slim operava com vantagens que tornavam o mercado quase impossível para as concorrentes. Segundo a americana AT&T, por exemplo, Carlos Slim impediu sua expansão no México cobrando taxas altíssimas pelo uso da rede da Telmex.
Mas as coisas estão mudando. Em 2014, líderes dos três maiores partidos políticos se articularam para ampliar a concorrência nas telecomunicações. A nova legislação estabeleceu regras especiais para a America Móvil, companhia dominante, obrigando-a a compartilhar sua infraestrutura e permitir o uso de sua rede por competidores menores, sem cobrança. Nos últimos dois anos, Slim tem enfrentado competição de verdade pela primeira vez em território mexicano. Embora a participação de mercado continue alta, os lucros da Móvil vêm caindo com a entrada de concorrentes como a AT&T, que levaram a uma redução dos preços de planos de celulares.
Uma coleção de Rodin
Mas os concorrentes já não são mais um problema para Carlos Slim. Nos últimos anos, o patriarca vem se distanciando dos negócios, ao delegar funções-chave nas principais empresas do grupo ao seus seis herdeiros e genros. Tem mais tempo para a família e para as suas paixões: beisebol e arte - é o maior colecionador privado de obras de Rodin no mundo.

Recado para os sucessores
Antes de se afastar do dia a dia de suas mais de 200 empresas, escreveu, provavelmente a mão - já que não usa computador nem envia e-mails - uma lista de princípios na condução de seus negócios. Entre eles, um ensinamento que resume sua estratégia: “manter a austeridade em tempos de vacas gordas, fortalece, capitaliza e acelera o desenvolvimento da empresa. Desse modo evitam-se ajustes drásticos nas épocas de crise”. E garante-se um caixa parrudo para ir às compras.
BRB contratará auditoria externa para apurar fatos da operação Compliance da PF, que investiga o Banco Master
Em comunicado, o banco reafirma seu compromisso com as melhores práticas de governança, transparência e prestação de informações ao mercado
O futuro da Petrobras (PETR4): Margem Equatorial, dividendos e um dilema bilionário
Adriano Pires, sócio-fundador do CBIE e um dos maiores especialistas em energia do país, foi o convidado desta semana do Touros e Ursos para falar de Petrobras
ChatGPT vs. Gemini vs. Llama: qual IA vale mais a pena no seu dia a dia?
A atualização recoloca o Google na disputa com o ChatGPT e o Llama, da Meta; veja o que muda e qual é a melhor IA para cada tipo de tarefa
Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas (AMER3) fecham parceria para o e-commerce; veja
Aliança cria uma nova frente no e-commerce e intensifica a competição com Mercado Livre e Casas Bahia
Governador do DF indica Celso Eloi para comandar o BRB; escolha ainda depende da Câmara Legislativa
A nomeação acontece após o afastamento judicial de Paulo Henrique Costa, em meio à operação da PF que mira irregularidades envolvendo o Banco Master
Ele foi o segundo maior banco privado do Brasil e seu jingle resistiu ao tempo, mas não acabou numa boa
Do auge ao colapso: o caso Bamerindus marcou o FGC por décadas como um dos maiores resgates do FGC da história — até o Banco Master
Cedae informa suspensão do pagamento do resgate de CDBs do Banco Master presentes na sua carteira de aplicações
Companhia de saneamento do Rio de Janeiro não informou montante aplicado nos papéis, mas tinha R$ 248 milhões em CDBs do Master ao final do primeiro semestre
A história do banco que patrocinou o boné azul de Ayrton Senna e protagonizou uma das maiores fraudes do mercado financeiro
Banco Nacional: a ascensão, a fraude contábil e a liquidação do banco que virou sinônimo de solidez nos anos 80 e que acabou exposto como protagonista de uma das maiores fraudes da história bancária do país
Oncoclínicas (ONCO3) confirma vencimento antecipado de R$ 433 milhões em CDBs do Banco Master
Ações caem forte no pregão desta terça após liquidação extrajudicial do banco, ao qual o caixa da empresa está exposto
Por que Vorcaro foi preso: PF investiga fraude de R$ 12 bilhões do Banco Master para tentar driblar o BC e emplacar venda ao BRB
De acordo com informações da Polícia Federal, o fundador do Master vendeu mais de R$ 12 bilhões em carteiras de crédito inexistentes ao BRB e entregou documentos falsos ao Banco Central para tentar justificar o negócio com o banco estatal de Brasília
Banco Central nomeia liquidante do Banco Master e bloqueia bens de executivos, inclusive do dono, Daniel Vorcaro
O BC também determinou a liquidação extrajudicial de outras empresas do grupo, como a corretora, o Letsbank e o Banco Master de Investimento
Cloudflare cai e arrasta X, ChatGPT e outros serviços nesta terça-feira (18)
Falha em um dos principais provedores de infraestrutura digital deixou diversos sites instáveis e fora do ar
Liquidado: de crescimento acelerado à crise e prisão do dono, relembre como o Banco Master chegou até aqui
A Polícia Federal prendeu o dono da empresa, Daniel Vorcaro, em operação para apurar suspeitas de crimes envolvendo a venda do banco para o BRB, Banco de Brasília.
BTG Pactual (BPAC11) quer transformar o Banco Pan (BPAN4) em sua subsidiária; confira proposta
Segundo fato relevante publicado, cada acionista do Pan receberá 0,2128 unit do BTG para cada ação, exceto o Banco Sistema, que já integra a estrutura de controle. A troca representa um prêmio de 30% sobre o preço das ações preferenciais do Pan no fechamento de 13 de outubro de 2025
Polícia Federal prende Daniel Vorcaro, dono do Banco Master; BC decreta liquidação extrajudicial da instituição
O Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Master, que vinha enfrentando dificuldades nos últimos meses
Azzas 2154 (AZZA3) e Marcopolo (POMO4) anunciam mais de R$ 300 milhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP)
Dona da Arezzo pagará R$ 180 milhões, e fabricante de ônibus, R$ 169 milhões, fora os JCP; veja quem tem direito aos proventos
XP (XPBR31) anuncia R$ 500 milhões em dividendos e recompra de até R$ 1 bilhão em ações após lucro recorde no 3T25
Companhia reportou lucro líquido de R$ 1,33 bilhão, avanço de 12% na comparação anual; veja os destaques do balanço
Banco do Brasil (BBAS3) lança cartão para a altíssima renda de olho nos milionários; veja os benefícios
O cartão BB Visa Altus Liv será exclusivo para clientes com mais de R$ 1 milhão investido, gastos médios acima de R$ 20 mil e/ou renda mínima de R$ 30 mil
A ação que pode virar ‘terror’ dos vendidos: veja o alerta do Itaú BBA sobre papel ‘odiado’ na B3
Apesar da pressão dos vendidos, o banco vê gatilhos de melhora para 2026 e 2027 e diz que shortear a ação agora pode ser um erro
JBS (JBSS32): BofA ‘perdoa’ motivo que fez mercado torcer o nariz para a empresa e eleva preço-alvo para as ações
Após balanço do terceiro trimestre e revisão do guidance, o BofA elevou o preço-alvo e manteve recomendação de compra para a JBS

