🔴 [NO AR] MERCADO TEME A FRAGMENTAÇÃO DA DIREITA? ENTENDA A REAÇÃO DOS ATIVOS – ASSISTA AGORA

Naiana Oscar

Naiana Oscar

Naiana Oscar é jornalista freelancer. Formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e com MBA em Informação Econômico-Financeira e Mercado de Capitais no Instituto Educacional BM&FBovespa e UBS Escola de Negócios. Foi subeditora de Economia do Estadão. Trabalhou como repórter no Jornal da Tarde, no Estadão e na revista Exame

5º MAIS RICO DO MUNDO

Carlos Slim, o bilionário que lucrou com um monopólio e virou o ‘dono do México’

Com conglomerado de mais de 200 empresas, empresário acumulou fortuna de US$ 64 bilhões, que equivale a cerca de 6% do PIB do país, e se tornou o quinto homem mais rico do mundo

Naiana Oscar
Naiana Oscar
21 de julho de 2019
6:07 - atualizado às 14:31
Retrato do empresário Carlos Slim, durante entrevista em 2005 no Hotel Gran Meliá Mofarrej, em São Paulo,, após café da manhã de empresários com o presidente Lula
Carlos Slim, o homem mais rico da América Latina, durante visita ao Brasil em 2005 - Imagem: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Cada vez que um cidadão mexicano usa um caixa eletrônico, compra um iPhone, toma um café, faz uma ligação no celular, adquire roupas, sapatos ou maquiagem em uma das maiores redes de varejo do país, está contribuindo com alguma quantia para engordar os cofres de Carlos Slim, o homem mais rico da América Latina e o quinto mais rico do mundo, segundo o ranking de 2019 da revista Forbes. Sua fortuna está estimada em US$ 64 bilhões - que equivale a 6% do PIB do México.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No país, ele é dono de construtoras, seguradoras, hotéis, do banco Inbursa, do grupo Sanborns, que inclui lojas de roupas, eletrônicos e restaurantes. Tem também uma mineradora, uma petroleira, uma montadora de veículos chineses. Além do negócio mais valioso, que lhe colocou no topo do ranking dos bilionários globais: a empresa de telefonia América Móvil, que detém cerca de 70% do mercado de telefonia móvel e 80% do mercado de telefonia fixa do país.

  • Esta reportagem faz parte da série especial Rota do Bilhão, que conta a trajetória dos 10 homens mais ricos do mundo. Quem são? Como vivem? Como ficaram bilionários? E que lições você pode aprender com eles? Veja todas as histórias neste link.
Da esquerda para direita: o ex-presidente do México Enrique Peña Nieto, o empresário Carlos Slim e o ator Leonardo Di Caprio
Da esquerda para direita: o ex-presidente do México Enrique Peña Nieto, o empresário Carlos Slim e o ator Leonardo Di Caprio - Imagem: Divulgação/Governo do México

Formado em engenharia, Carlos Slim herdou a veia empreendedora e a habilidade com os números de seu pai, Julian, um libanês que chegou ao México, em 1902, com 14 anos, fugindo do recrutamento militar do Império Otomano. Começou com um armazém e depois, aproveitou a crise que se instalou no país com a revolução mexicana para adquirir uma série de propriedades - um senso de oportunidade que também seria herdado pelo filho.

Slim é o quinto de seis irmãos. Todos tinham o hábito de anotar seus gastos em uma caderneta e submetê-los ao patriarca semanalmente. “Dinheiro que não vai para os negócios evapora”, Julian costumava dizer às crianças. Aos 10 anos, Carlos Slim já tinha uma conta corrente e antes dos 20 já fazia seus investimentos. Na década de 60, em uma viagem para os Estados Unidos, fez questão de conhecer a Bolsa de Nova York para entender como funcionava. Entre os livros que já relatou ter lido naqueles anos, está o How to Be Rich (Como Enriquecer), de J. Paul Getty, na época o homem mais rico dos Estados Unidos.

Embora tenho sido um aluno exemplar no curso de Engenharia - até hoje ele é conhecido por funcionários como El Ingienero -, Slim abandonou a profissão logo depois de formado para abrir uma corretora de valores. Aos 25 anos, comprou também uma imobiliária e uma engarrafadora. Mais tarde adquiriu uma mineradora, uma gráfica e a fábrica de cigarros Cigatam, que tinha a licença do Malboro. Os negócios passaram a integrar o que ele batizou de Grupo Carso - iniciais dos nomes Carlos e Soumaya, sua mulher, que faleceu em 1999.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Comprar na crise é de família

Em 1982, quando o México se afundou numa crise econômica, Slim reproduziu a estratégia de seu pai durante a revolução mexicana, e foi às compras. Os preços dos ativos estavam muito baixos porque os investidores debandaram do país. Ele contou ao jornalista Lawrence Wright, em 2009, ter adquirido empresas por 1% de seu valor de mercado naquela época. Na lista, estão companhias como a varejista Sanborns, a Anderson Clayton, que vendia descaroçadores de algodão, uma subsidiária da Firestone, e um dos principais bancos do país, o Bancomer.

Leia Também

Mas foi na década de 90, quando o presidente Carlos Salinas decidiu privatizar as estatais, que Slim fez seu principal negócio. O governo colocou à venda a precária companhia telefônica Telmex e ofereceu aos interessados um monopólio de seis anos nas ligações de longa distância, além de uma licença de telefonia celular que cobria o país inteiro. Slim e seus parceiros fizeram o maior lance: US$ 1,76 bilhão por 20,4% das ações com direito a voto.

Até hoje, há quem diga que ele foi beneficiado na disputa pela amizade com o presidente, o que os dois negam. “Enquanto países como o Brasil e os Estados Unidos dividiram seus monopólios estatais em diversas empresas, que fariam concorrência entre si, o México vendeu seu monopólio intacto, proibindo qualquer competição durante seis anos”, descreveu o Wall Street Journal.

Nos anos seguintes, Slim bolou uma estratégia para crescer em banda larga. Ele sabia que esse era o futuro, mas os mexicanos não tinham computador. Passou a vender as máquinas e permitir que os consumidores pagassem em prestações na conta de telefone. Mais tarde, para popularizar o uso dos celulares no México colocou em curso o que chamou de plano Gillette (que lucra com os aparelhos e não com a venda das lâminas). Slim subsidiava os celulares e lucrava com os cartões pré-pagos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Hoje, a América Móvil é uma das empresas de telecomunicações mais lucrativas do mundo, com 275 milhões de clientes de banda larga e celular e 360 milhões de assinantes de telefonia fixa em 25 países. Em 2018, o grupo faturou US$ 52 bilhões e lucrou US$ 2,3 bilhões. No Brasil, o conglomerado de Slim é dono de Embratel, Claro, NET e, mais recentemente, da Nextel, adquirida em março por R$ 3,4 bilhões. Nos EUA, é um dos acionistas do jornal New York Times.

Homem usando celular caminha próximo à fachada de loja da operadora Claro, no centro do Rio de Janeiro.
Claro é uma das principais empresas de telecom do Brasil e pertence ao grupo mexicano América Móvil - Imagem: Fábio Motta/Estadão Conteúdo/AE

Monopólio privado

Para alguns mexicanos, o império de Carlos Slim é motivo de orgulho. Para outros, ele é parte do sistema que impede o país de crescer e se desenvolver. “Ele comprou um monopólio e transformou-o num império”, escreveu a professora do Instituto Autônomo de Tecnologia do México, Denise Dresser, em 2005. “Carlos Slim possui o melhor negócio do mundo e o consumidor mexicano, um dos piores.” Ao contrário do que se imaginava, a privatização não tornou o mercado mais competitivo, nem baixou os preços dos serviços. Segundo a OCDE, o império de Carlos Slim custou aos mexicanos US$ 13 bilhões a mais por ano entre 2005 e 2009.

No papel, o monopólio nas ligações de longa distância acabou em 1997, mas na prática se estendeu por mais de 25 anos. O conglomerado de Slim operava com vantagens que tornavam o mercado quase impossível para as concorrentes. Segundo a americana AT&T, por exemplo, Carlos Slim impediu sua expansão no México cobrando taxas altíssimas pelo uso da rede da Telmex.

Mas as coisas estão mudando. Em 2014, líderes dos três maiores partidos políticos se articularam para ampliar a concorrência nas telecomunicações. A nova legislação estabeleceu regras especiais para a America Móvil, companhia dominante, obrigando-a a compartilhar sua infraestrutura e permitir o uso de sua rede por competidores menores, sem cobrança. Nos últimos dois anos, Slim tem enfrentado competição de verdade pela primeira vez em território mexicano. Embora a participação de mercado continue alta, os lucros da Móvil vêm caindo com a entrada de concorrentes como a AT&T, que levaram a uma redução dos preços de planos de celulares.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Uma coleção de Rodin

Mas os concorrentes já não são mais um problema para Carlos Slim. Nos últimos anos, o patriarca vem se distanciando dos negócios, ao delegar funções-chave nas principais empresas do grupo ao seus seis herdeiros e genros. Tem mais tempo para a família e para as suas paixões: beisebol e arte - é o maior colecionador privado de obras de Rodin no mundo.

Seção do escultor Auguste Rodin no Museo Soumaya, no México, que pertence à Fundação Carlos Slim
Seção do escultor Auguste Rodin no Museo Soumaya, no México, que pertence à Fundação Carlos Slim - Imagem: Shutterstock

Recado para os sucessores

Antes de se afastar do dia a dia de suas mais de 200 empresas, escreveu, provavelmente a mão - já que não usa computador nem envia e-mails - uma lista de princípios na condução de seus negócios. Entre eles, um ensinamento que resume sua estratégia: “manter a austeridade em tempos de vacas gordas, fortalece, capitaliza e acelera o desenvolvimento da empresa. Desse modo evitam-se ajustes drásticos nas épocas de crise”. E garante-se um caixa parrudo para ir às compras.

 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ALIANÇA PET

AUAU3: planos da Petz (PETZ3) para depois da fusão com a Cobasi incluem novo ticker; confira os detalhes

23 de dezembro de 2025 - 14:00

Operação será concluída em janeiro, com Paulo Nassar no comando e Sergio Zimerman na presidência do conselho

DE OLHO NA B3

IPO no horizonte: Aegea protocola pedido para alterar registro na CVM; entenda a mudança

23 de dezembro de 2025 - 13:01

A gigante do saneamento solicitou a migração para a categoria A da CVM, passo que abre caminho para uma possível oferta pública inicial

MUDANÇAS À FRENTE?

Nelson Tanure cogita vender participação na Alliança (ALLR3) em meio a processo sancionador da CVM; ações disparam na B3

23 de dezembro de 2025 - 11:58

Empresa de saúde contratou assessor financeiro para estudar reorganização e possíveis mudanças no controle; o que está em discussão?

VIRADA CHEGOU MAIS CEDO

Pílula emagrecedora vem aí? Investidores esperam que sim e promovem milagre natalino em ações de farmacêutica

23 de dezembro de 2025 - 11:25

Papéis dispararam 9% em Nova York após agência reguladora aprovar a primeira pílula de GLP-1 da Novo Nordisk

DE OLHO NA REESTRUTURAÇÃO

AZUL4 dá adeus ao pregão da B3 e aérea passa ter novo ticker a partir de hoje; Azul lança oferta bilionária que troca dívidas por ações

23 de dezembro de 2025 - 9:59

Aérea pede registro de oferta que transforma dívida em capital e altera a negociação dos papéis na bolsa; veja o que muda

ANO NOVO, DIRETORIA NOVA

Hapvida (HAPV3) prepara ‘dança das cadeiras’ com saída de CEO após 24 anos para tentar reverter tombo de 56% nas ações em 2025

23 de dezembro de 2025 - 9:39

Mudanças estratégicas e plano de sucessão gerencial será implementado ao longo de 2026; veja quem assume o cargo de CEO

NATAL CHEGOU MAIS CEDO?

Magazine Luiza (MGLU3) vai dar ações de graça? Como ter direito ao “presente de Natal” da varejista

23 de dezembro de 2025 - 8:21

Acionistas com posição até 29 de dezembro terão direito a novas ações da varejista. Entenda como funciona a operação

MAIS RUÍDOS

Tupy (TUPY3) azeda na bolsa após indicação de ministro de Lula gerar ira de conselheiro. Será mais um ano para esquecer?

23 de dezembro de 2025 - 7:49

A indicação do ministro da Defesa para o conselho do grupo não foi bem recebida por membros do colegiado; entenda

ONDA DE PROVENTOS

Santander (SANB11), Raia Drogasil (RADL3), Iguatemi (IGTI11) e outras gigantes distribuem mais de R$ 2,3 bilhões em JCP e dividendos

22 de dezembro de 2025 - 20:31

Santander, Raia Drogasil, JHSF, JSL, Iguatemi e Multiplan somam cerca de R$ 2,3 bilhões em proventos, com pagamentos previstos para 2025 e 2026

REFORMA DA DIRETORIA

Eztec (EZTC3) renova gestão e anuncia projeto milionário em São Paulo

22 de dezembro de 2025 - 19:15

Silvio Ernesto Zarzur assume nova função na diretoria enquanto a companhia lança projeto de R$ 102 milhões no bairro da Mooca

PARA ALÉM DOS GIGANTES

Dois bancos para lucrar em 2026: BTG Pactual revela dupla de ações que pode saltar 30% nos próximos meses

22 de dezembro de 2025 - 19:01

Para os analistas, o segmento de pequenos e médios bancos concentra oportunidades interessantes, mas também armadilhas de valor; veja as recomendações

DEPOIS DA VIRADA

Quase 170% em 2025: Ação de banco “fora do radar” quase triplica na bolsa e BTG vê espaço para mais

22 de dezembro de 2025 - 18:21

Alta das ações em 2025 não encerrou a tese: analistas revelam por que ainda vale a pena comprar PINE4 na bolsa

FECHANDO CAPITAL

Tchau, B3! Neogrid (NGRD3) pode sair da bolsa com OPA do Grupo Hindiana

22 de dezembro de 2025 - 17:33

Holding protocolou oferta pública de aquisição na CVM para assumir controle da Neogrid e cancelar seu registro de companhia aberta

DE OLHO NO FUTURO

A reorganização societária da Suzano (SUZB3) que vai redesenhar o capital e estabelecer novas regras de governança

22 de dezembro de 2025 - 16:17

Companhia aposta em alinhamento de grupos familiares e voto em bloco para consolidar estratégia de longo prazo

SOB ESCRUTÍNIO

Gafisa, Banco Master e mais: entenda a denúncia que levou Nelson Tanure à mira dos reguladores

22 de dezembro de 2025 - 13:29

Uma sequência de investigações e denúncias colocou o empresário sob escrutínio da Justiça. Entenda o que está em jogo

BET QUE NÃO É BET?

Bilionária brasileira que fez fortuna sem ser herdeira quer trazer empresa polêmica para o Brasil

22 de dezembro de 2025 - 11:30

Semanas após levantar US$ 1 bilhão em uma rodada de investimentos, a fundadora da Kalshi revelou planos para desembarcar no Brasil

NEM PAPAI NOEL RESOLVE

Raízen (RAIZ4) precisa de quase uma “Cosan” para voltar a um nível de endividamento “aceitável”, dizem analistas

22 de dezembro de 2025 - 10:42

JP Morgan rebaixou a recomendação das ações de Raízen e manteve a Cosan em Neutra, enquanto aguarda próximos passos das empresas

TOMADA DE DECISÃO

Direito ao voto: Copel (CPLE3) migra para Novo Mercado da B3 e passa a ter apenas ações ordinárias

22 de dezembro de 2025 - 10:05

De acordo com a companhia, a reestruturação resulta em uma base societária mais simples, transparente e alinhada às melhores práticas do mercado

'QUERO VER VOCÊ NÃO CHORAR'

Então é Natal? Reveja comerciais natalinos que marcaram época na televisão brasileira

22 de dezembro de 2025 - 7:14

Publicidades natalinas se tornaram quase obrigatórias na cultura televisiva brasileira durante décadas, e permanecem na memória de muitos; relembre (ou conheça) algumas das mais marcantes

DANÇA DAS CADEIRAS

Com duas renúncias e pressão do BNDESPar, Tupy (TUPY3) pode eleger um novo conselho do zero; entenda

21 de dezembro de 2025 - 16:36

A saída de integrantes de conselhos da Tupy levou o BNDESPar a pedir a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária para indicar novos nomes. Como o atual conselho foi eleito por voto múltiplo, a eventual AGE pode resultar na eleição de todo o colegiado

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar