Mercados em expectativa com a cessão onerosa
Com urgência aprovada, a matéria está na pauta da sessão que começa às 14h, mas ainda depende de acordo para ir ao plenário
Bom dia, investidor! Agenda forte nos EUA, com PIB, dados de moradias, estoques de petróleo e uma fala do presidente do Federal Reserve (banco central americano), Jerome Powell, que está sob forte pressão de Donald Trump para interromper o aperto dos juros. NY continua assustada com a desaceleração da economia global e os efeitos da guerra comercial. Aqui, o BC faz mais um leilão de linha para atender a demanda por dólar, mas a expectativa é a nova tentativa de votação do projeto da cessão onerosa no Senado.
Com urgência aprovada, o projeto que autoriza a Petrobras a transferir até 70% dos direitos de exploração de petróleo do pré-sal na área cedida onerosamente pela União para outras petroleiras está na pauta da sessão que começa às 14h. Mas ainda depende de acordo para ir ao plenário. A coisa complicou tanto, que o senador Romero Jucá (MDB-RR) entrou no jogo para resolver a parada. Ontem, a declaração do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) de que o desfecho estava próximo puxou as ações da Petrobras e animou os investidores. Mas, mais uma vez, foi alarme falso. Ficou para hoje e sem certeza de nada.
Cessão vagarosa
Na manchete do Estadão, o “Megaleilão do pré‐sal é alvo de disputa entre o atual e o futuro governo”. As negociações da cessão onerosa, que já ganhou no mercado o apelido de cessão “vagarosa”, geraram uma crise entre o Congresso, o governo do altual presidente Michel Temer e a equipe de transição do presidente eleito, Jair Bolsonaro, arrastando a novela. No centro do embate está o repasse para Estados e municípios de 20% do dinheiro que será arrecadado no leilão do excedente de óleo do pré‐sal, que deve arrecadar R$ 100 bilhões nas estimativas conservadoras.
O futuro ministro da economia, Paulo Guedes concorda com a partilha dos recursos, mesmo porque acredita que seja uma forma de ganhar o apoio dos governadores à reforma da Previdência. Mas o ministério da Fazenda é contra e resiste.
Após o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), frustrar o acordo para aprovar na Câmara o PL 209, que garantiria o repasse aos Estados, resta ao governo editar uma MP que contemple o compromisso. O problema é que Eduardo Guardia, atual ministro da fazenda, não aceita. Diz que o repasse “arrebenta” o orçamento de 2019 e o corte de despesas para se adequar ao teto de gastos. Além disso, é contra dar mais dinheiro aos Estados sem contrapartidas de medidas de ajuste fiscal.
Nesse impasse, chamaram o Jucá, que reassumiu a liderança do governo no Senado com a missão de fazer acontecer. Já ontem à noite, tinha planos de aprontar o texto da MP para aprovar o projeto na sessão de hoje. A Medida Provisória é prerrogativa do presidente Temer e pode ser baixada sem a concordância da Fazenda.
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Mas a confusão não para por aí. Eunício, que é o dono da pauta, jogou na mesa uma última exigência. Quer o apoio do Planalto a uma proposta que prorroga a isenção fiscal às empresas da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) , Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) e Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste). Aí foi Paulo Guedes quem não gostou. O beneficio, que acaba no fim do ano, tem um custo estimado sobre as receitas do governo de quase R$ 8 bilhões ao ano. O projeto é de autoria do próprio Eunício Oliveira.
Pisada de bola
Questionado por investidores durante evento em Washington pelo Brazil‐US Business Council, o deputado e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro disse que o novo governo “talvez não consiga os votos” para a reforma da Previdência. Beatriz Bulla (Broadcast) teve acesso à gravação do encontro fechado à imprensa, e ouviu Eduardo dizer: “Não mentirei que faremos facilmente a reforma. Será difícil, talvez não consigamos, mas faremos nosso melhor”.
Câmbio
O Banco Central já anunciou para esta manhã (12h15 e 12h35) uma oferta de US$ 1 bilhão.
Nova York
O mercado segue volátil antes da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Ontem à noite, os dados do American Petroleum Institute (API) confirmaram a oferta saturada, com alta de 3,5 milhões de barris nas reservas, acima das estimativas dos analistas, de 3,2 milhões de barris. Hoje (13h30), saem os estoques do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês). A previsão no mercado é de elevação de 500 mil barris para o óleo bruto e de 100 mil para a gasolina.
Às vésperas da cúpula do G‐20, comentários da Casa Branca de que “há boa possibilidade de acordo com a China”, segundo Trump, trouxeram algum fôlego aos mercados em Wall Street perto do fechamento. Mas os sinais continuam confundindo e deixando o mercado no escuro. Mais tarde, o diretor do Conselho de Segurança Nacional, John Bolton, afirmou que “não esperamos um acordo, mas sinalizações positivas”.
Nas agências internacionais, traders e analistas dizem que o S&P pode voltar aos 2.500 pontos sem um acordo em Buenos Aires, onde Trump e o presidente da China, Xi Kinping, se encontram no sábado à noite, à margem do G‐20.
Dados
Serão importantes a segunda leitura do PIB/3TRI (11h30), que deve manter o ritmo de crescimento do trimestre anterior nos EUA (3,5%), e a fala do presidente do FED, Jerome Powell (15h). Também saem a balança comercial (11h30) e vendas de casas novas em outubro (13h), com previsão de alta de 4%.
*Com informações do Bom Dia Mercado, de Rosa Riscala. Para ler o Bom Dia Mercado na íntegra, acesse www.bomdiamercado.com.br
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