Bom dia, investidor! Hoje, nos mercados internacionais, em menos de uma hora de pregão, o futuro do minério caía 6%, mas o petróleo recuperava os US$ 50, depois do tombo de sexta-feira, enquanto o euro reagia à aprovação do acordo do Brexit pela União Europeia.
Aqui, as expectativas são com uma possível decisão do presidente Michel Temer para o reajuste do Supremo Tribunal Federal, a definição do ministro das Minas e Energia e as negociações da cessão onerosa, que autoriza a Petrobras a transferir a petroleiras privadas até 70% de seus direitos de exploração de petróleo na área do pré-sal. Também se espera boas noticia de um possível acordo entre EUA e China, no G‐20, e do FED, o banco central americano.
Cenário político
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já criou a primeira confusão, que ainda pode dar muita dor de cabeça. Em entrevista na quinta-feira (23), Maia mostrou má vontade em colaborar com o acordo fechado entre o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) e os governadores para votar a cessão onerosa no Senado, nesta semana. Descontente com o apoio do futuro governo ao nome de João Campos (PRB) à presidência da Casa, Maia não está disposto a colocar em votação o PLS 209/2015, que destina recursos do pré‐sal ao Fundo Social. Essa regulamentação garantirá a partilha do dinheiro com os Estados, pelo acordo fechado por Eunício com Guedes e os governadores, abrindo espaço para a votação da cessão onerosa no Senado, sem emendas.
A falta de articulação política tem sido vista como um problema no futuro governo de Jair Bolsonaro. A nomeação de três ministros do DEM foi feita sem consulta a Rodrigo Maia e o partido resiste a apoiar o governo. Mais recentemente, a abordagem a Celso Russomanno irritou Marcos Pereira (PRB). Russomanno, que tem proximidade com o PSL, foi sondado para a pasta do Esporte, Turismo e Cultura. Analistas políticos dizem que a estratégia é arriscada porque “as bancadas temáticas não têm unidade fora de seus temas específicos” e podem não apresentar resultado homogêneo nas votações de interesse do governo.
Somados os votos do PSL (52) aos partidos que aderiram ou têm afinidade com Bolsonaro o governo pode formar uma base de 191 deputados, ainda longe dos 308 votos necessários para aprovar uma PEC (308). O governo dependerá dos partidos do Centrão e da centro‐direita, entre eles MDB (34 deputados), PP (37), PR (34) e siglas nanicas. Muitas dessas legendas estão fora do novo governo, e não estão gostando disso.
Amanhã, terça-feira, Bolsonaro volta a Brasília para reuniões com aliados e a equipe de transição, e como tem acontecido, pode bater o martelo sobre novos ministros, entre os quais, das Minas e Energia. No domingo, Bolsonaro disse que deve ter todo o ministério formado até o fim do mês, ou seja, nesta semana.
Já o reajuste dos ministros do STF, segundo publicou O Globo, deve ser sancionado (e não vetado) pelo presidente Temer até quarta-feira.
Petróleo
Na catarse de pessimismo que tem como gatilho os efeitos da guerra comercial entre Estados Unidos e China e as indicações de que o FED continuará subindo o juro, os tombos do petróleo antecipam a desaceleração global.
Os preços vêm caindo desde outubro e assustam as correções violentas como a que aconteceu sexta-feira, quando o Brent perdeu 6%, furando os US$ 60 (US$ 58,80), e o WTI ameaçou perder os US$ 50, em queda livre de 7,7% (US$ 50,42).
Só na semana passada, o petróleo ficou 11% mais barato e, no mês, já acumula desvalorização de 20%.
Nos últimos dois meses, as cotações caíram 30%, nos menores níveis em mais de um ano, elevando a pressão para a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) daqui a duas semanas, no dia 6 de dezembro. O cartel deve reduzir a oferta, mas evitar corte muito agressivo, mesmo com produção recorde este mês. Os sauditas não querem conflito com os EUA, após Donal Trump apoiar o rei Salman no caso do assassinato do jornalista, Jamal Khashoggi.
Petrobras
Isso tudo cobra seu preço da Petrobras, que perdeu quase US$ 50 bilhões em valor de mercado este mês, por conta do impacto na receita. Está valendo hoje R$ 335 bilhões, contra R$ 384 bilhões em outubro. Em menos de um mês, as ações caíram 15%. No último pregão, o colapso do petróleo derrubou Petrobras PN em 3,10%. ON caiu 2,34%.
O desfecho da cessão onerosa se torna particularmente importante neste momento para recuperar os preços, mas isso também passou a ser dúvida.
O exterminador do futuro
Relatos de que Trump está pressionando aliados a não fazerem negócios com a fabricante de equipamentos de tecnologia chinesa Huawei só pioram o sentimento para a reunião do G‐20. O presidente americano se encontra com o colega chinês, Xi Jinping, na cúpula de sexta-feira, em Buenos Aires.
Neste cenário, gera grande expectativa a segunda leitura do PIB (terceito trimestre) nos EUA, na quarta-feira, com previsão de 3,5%.
O Núcleo do Índice de Preços (PCE) de outubro, referência de inflação do FED, sai quinta-feira. Horas depois, a China divulga o índice de atividade dos gerentes de compras (PMI) de novembro. Também entram no radar a ata do FED (quinta-feira), além dos discursos do presidente do Fed, Jerome Powell (quarta-feira) e de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, hoje, ao meio‐dia.
Dólar
Encostado em R$ 3,83, o dólar entra em uma zona de perigo, que precipita apostas de que não cairá mais abaixo de R$ 3,70. Na mais longa sequência de altas (quatro seguidas) desde agosto, o dólar subiu mais 0,40% na sexta-feira, cotado no fechamento a R$ 3,82. Estrategistas de câmbio do Société Générale falam em R$ 3,95 em março e R$ 4,05 em junho, fechando 2019 em R$ 4,10, por conta dos indicadores deteriorados e de eventuais dificuldades de governabilidade.
*Com informações do Bom Dia Mercado, de Rosa Riscala. Para ler o Bom Dia Mercado na íntegra, acesse www.bomdiamercado.com.br