Tesouro Selic virou vilão? Respire fundo e esqueça os dogmas
Frequentemente sugerido como alternativa para a poupança até para a reserva de emergência, o título, atrelado à taxa básica de juros, vinha rendendo menos que a caderneta no curto prazo em certas situações

Se você acompanhou o Seu Dinheiro nesta semana que passou, deve estar a par de todo o bafafá envolvendo o retorno do Tesouro Selic , título público mais conservador do Tesouro Direto.
Frequentemente sugerido como alternativa para a poupança até para a reserva de emergência, o título, atrelado à taxa básica de juros, vinha rendendo menos que a caderneta no curto prazo em certas situações.
Comecei a dar atenção para o caso ao ver uma discussão de usuários em um grupo de investidores em renda fixa no Facebook. Conforme fui apurando a história percebi que eles tinham razão.
Os vilões da história eram, afinal, a diferença entre as taxas de compra e venda dos títulos (o chamado spread), a taxa de custódia e o alto imposto de renda para aplicações inferiores a seis meses. Além de, é claro, a menor Selic da história.
Confesso que não esperava que o Tesouro Nacional fosse tomar alguma providência, mas fui surpreendida com sua resposta. Até o final da semana, o órgão anunciou a redução do spread do Tesouro Selic, de um nível máximo de 0,04 ponto percentual para apenas 0,01 ponto percentual.
Desta forma, segundo as simulações do próprio Tesouro, o Tesouro Selic passa a ter retorno igual ou maior que a poupança, mesmo em prazos menores, com exceção dos primeiros três dias de aplicação, quando o spread gera perdas nominais para o investidor que faz resgate antecipado.
Leia Também
Com renda fixa em alta, B3 lança índice que acompanha desempenho do Tesouro Selic
Mas esse gap dos primeiros dias já existia, e era até maior.
A notícia é uma vitória para o investidor. Embora o Tesouro Selic ainda não esteja necessariamente mais rentável que a poupança em absolutamente todas as circunstâncias, foi uma melhora e tanto.
Infelizmente, simulações mostram que, em certos casos específicos, o título público ainda perde um pouco da caderneta, mas não é mais uma derrota deslavada.
Em apenas uma semana, uma queixa dos investidores ganhou os holofotes e ensejou uma mudança. Difícil ter certeza se ela já vinha sendo gestada dentro do Tesouro Nacional - que alega que sim -, mas fato é que fizemos um barulho e aconteceu.
Tesouro Selic: comprar o vender?
Porém, passados todos esses acontecimentos, o ponto de interrogação que resta na cabeça do investidor é: beleza, mas afinal, onde raios eu deixo minha reserva de emergência? É pra comprar Tesouro Selic ou não?
Vou começar a resposta com o que, pra mim, foi a moral da história toda: não é possível afirmar categoricamente que uma aplicação é melhor que outra em todos os cenários e para qualquer perfil. Não há verdade absoluta (ou há poucas).
Todos gostaríamos que houvesse uma regra de bolso, uma receita de bolo - e Deus e vocês sabem que eu adoraria que isso fosse verdade, pois tento ao máximo dar as orientações mais genéricas possíveis -, mas não há.
O mercado e as circunstâncias mudam e, convenhamos, aqui é Brasil, um país que pode ser tudo, menos chato. Mesmo a tradicional caderneta de poupança já mudou suas regras diversas vezes, como o mestre Ivan Sant’Anna bem mostrou na sua coluna de ontem.
As coisas não “foram sempre assim” e não há qualquer garantia de que “serão assim para sempre”.
Se em tempos de Selic mais alta dava pra dizer que o Tesouro Selic rende mais que a poupança em qualquer prazo - “vai lá, tira seu dinheiro da poupança e compra um título” -, os eventos da última semana mostraram que, com juros baixos, não é bem assim que a banda toca.
O que hoje é uma “regra de ouro”, amanhã pode deixar de ser. Tenha isso em mente e permaneça vigilante. Ao perceber que suas verdades não mais se encaixam, reconheça e reavalie a carteira.
Dito isto, onde investir a reserva de emergência? Há algumas opções. O Tesouro Selic é uma possibilidade? Voltou a ser, depois dessa mudança. Mas você precisa ter em mente que, se resgatar em certos prazos, pode ter um retorno um pouco abaixo da poupança, e estar de bem com essa ideia.
Este pode ser o preço a se pagar pela segurança de aplicar em um título com garantia do governo federal, e pela possibilidade de ganhar mais conforme o tempo passa, caso você não precise resgatar sua reserva no curto prazo.
E a poupança, pode?
Pode deixar um dinheirinho na poupança? Também pode, uai. A poupança não é o mal encarnado. Mas eu acho que não vale a pena deixar muita grana lá, talvez só o equivalente a um ou dois meses dos seus ganhos, para fluxo de caixa.
O retorno é baixo, mas é o preço que se paga pela isenção de impostos e a tremenda facilidade que é ficar no seu banco e não ter que fazer absolutamente nada. Só não recaia no comodismo de deixar grandes somas na poupança por prazos longos, que isso não vale a pena mesmo.
Pode CDB? Pode também. Mas tem que ser um que pague, no mínimo, uns 100% do DI com liquidez diária. Em bancos médios tem de monte.
Tem gente que não gosta, porque apesar da cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), a mesma garantia da poupança, se o banco quebrar pode levar mais de mês pra você receber a grana de volta, sem rentabilidade.
Porém, de todas as opções, acho que os fundos de renda fixa conservadora são os mais curingas, desde que tenham liquidez diária e consigam render uns 100% do DI, já descontada a taxa de administração.
Para qualquer prazo eles vão bater a poupança, com risco muito mais diluído.
Outra opção é dividir a sua reserva de emergência em diferentes aplicações. Por exemplo, um dinheiro de mais curto prazo num fundo e de prazo mais longo no Tesouro Selic.
O importante é que o tamanho da reserva e o risco-retorno das aplicações façam sentido para o seu estilo de vida. Afinal, tudo tem seu preço, até no mundo das aplicações de baixo risco. E lembre-se: mantenha a calma, pois opções não faltam.
Tesouro Direto: retorno do Tesouro IPCA+ supera 8% mais inflação nesta quinta (2); o que empurrou a taxa para cima?
Trata-se de um retorno recorde para o título de 2029, que sugere uma reação negativa do mercado a uma nova proposta de gratuidade do transporte público pelo governo Lula
Brasil captou no exterior com menor prêmio da história este ano: “há um apetite externo muito grande”, diz secretário do Tesouro
Em evento do BNDES, Rogério Ceron afirmou que as taxas dos títulos soberanos de cinco anos fecharam com a menor diferença da história em relação aos Treasurys dos EUA
Isentas de imposto de renda ou não, debêntures incentivadas continuarão em alta; entenda por quê
A “corrida pelos isentos” para garantir o IR zero é menos responsável pelas taxas atuais dos títulos do que se pode imaginar. O fator determinante é outro e não vai mudar tão cedo
Renda fixa: Tesouro IPCA+ pode render 60% em um ano e é a grande oportunidade do momento, diz Marília Fontes, da Nord
Especialista aponta que as taxas atuais são raras e que o fechamento dos juros pode gerar ganhos de até 60% em um ano
Quanto rendem R$ 10 mil na renda fixa conservadora com a Selic estacionada em 15% — e quais são os ativos mais atrativos agora
Analistas de renda fixa da XP Investimentos simulam retorno em aplicações como poupança, Tesouro Selic, CDB e LCI e recomendam ativos preferidos na classe
Tesouro Selic deve ser primeiro título do Tesouro Direto a ter negociação de 24 horas, diz CEO da B3
Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, também falou sobre o que esperar do próximo produto da plataforma: o Tesouro Reserva de Emergência
Nada de 120% do CDI: CDB e LCA estão pagando menos, com queda de juros à vista e sem o banco Master na jogada; veja a remuneração máxima
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado e mostra que os valores diminuíram em relação a julho
Chamada final para retornos de 15% ou IPCA + 7%? Analistas indicam o melhor da renda fixa para setembro, antes de a Selic começar a cair
BTG Pactual, BB Investimentos, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade agora e levar títulos até o vencimento diante da possibilidade de corte dos juros à frente
CDB do Banco Master a 185% do CDI ou IPCA + 30%: vale a pena investir agora? Entenda os riscos e até onde vai a garantia do FGC
Os títulos de renda fixa seguem com desconto nas plataformas de corretoras enquanto a situação do banco Master continua indefinida
Liquidação no mercado secundário dispara retorno de CDBs do Banco Master: de IPCA + 30% a 175% do CDI
Sem a venda para o BRB, mercado exige prêmio maior para o risco aumentado das dívidas do banco e investidores aceitam vender com descontos de até 40% no preço
Como ficam os CDBs do banco Master e do Will Bank após venda ao BRB ser barrada? Retornos chegam a 25% ao ano ou IPCA + 19%
A percepção de risco aumentou e investidores correm para vender seus títulos novamente, absorvendo prejuízos com preços até 40% menores
SPX diminui aposta no Banco do Brasil e vê oportunidade rara no crédito soberano da Argentina
Com spreads comprimidos travando o mercado local de títulos de dívida, a SPX afina a estratégia para preservar relação risco-retorno em fundos de crédito
Braskem, Vale, Mercado Livre… onde estão os riscos e oportunidades no crédito para quem investe em debêntures, na visão da Moody’s
Relatório da agência de risco projeta estabilidade na qualidade do crédito até o próximo ano, mas desaceleração da atividade em meio a juros altos e incertezas políticas exigem cautela
Prêmio das debêntures de infraestrutura é o menor em cinco anos — quem está comprando esse risco e por quê?
Diferença nas taxas em relação aos retornos dos títulos públicos está cada vez menor, diante da corrida aos isentos impulsionada por uma possível cobrança de imposto
A nova jogada dos gestores de crédito para debêntures incentivadas em meio à incerteza da isenção do IR
Com spreads cada vez mais apertados e dúvidas sobre a isenção do imposto de renda, gestores recorrem ao risco intermediário e reforçam posições em FIDCs para buscar retorno
Tesouro Direto vai operar 24 horas por dia a partir de 2026
Novidades incluem título para reserva de emergência sem marcação a mercado e plataforma mais acessível para novos investidores
Tesouro Direto IPCA ou Prefixado: Qual a melhor opção de renda fixa para lucrar na virada de ciclo dos juros?
Com juros em queda e inflação sob controle, entenda como escolher a melhor opção de rentabilidade para proteger e potencializar os investimentos
Debêntures da Petrobras (PETR4) e prefixados com taxa de 13% ao ano são destaques. Confira as recomendações para renda fixa em agosto
BTG Pactual, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade agora e levar títulos até o vencimento diante das incertezas futuras
Tesouro Educa+ faz aniversário com taxas de IPCA + 7% em todos os vencimentos; dá para garantir faculdade, material e mais
Título público voltado para a educação dos filhos dobrou de tamanho em relação ao primeiro ano e soma quase 160 mil investidores
De debêntures incentivadas a fundos de infraestrutura, investidores raspam as prateleiras para garantir títulos isentos — e aceitam taxas cada vez menores
A Medida Provisória 1.303/25 tem provocado uma corrida por ativos isentos de imposto de renda, levando os spreads dos títulos incentivados a mínimas históricas