🔴 AÇÕES, FIIs, BDRs E CRIPTO – ONDE INVESTIR EM SETEMBRO? CONFIRA AQUI

Camille Lima

Camille Lima

Repórter de bancos e empresas no Seu Dinheiro. Bacharel em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Trump usa desculpas econômicas para atacar o Brasil, e Bolsonaro é o maior prejudicado, afirma CEO da AZ Quest

O CEO Walter Maciel alerta que o aumento da tensão entre os EUA e o Brasil coloca Bolsonaro no centro de uma crise política e pode beneficiar outro personagem nas eleições de 2026 — e não é Lula

Camille Lima
Camille Lima
18 de julho de 2025
10:35
Walter Maciel, CEO da AZ Quest.
Walter Maciel, CEO da AZ Quest. - Imagem: Danylo Martins

Enquanto Donald Trump sobe cada vez mais a hostilidade contra o Brasil, em busca de desculpas econômicas para perseguir o país, o ex-presidente Jair Bolsonaro aparece como o maior prejudicado pela guerra comercial. Esta é a avaliação de Walter Maciel, CEO da AZ Quest, gestora independente que administra mais de R$ 36 bilhões em ativos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Maciel afirmou que, ao tentar usar a "caça às bruxas" como discurso, Trump acaba colocando Bolsonaro em uma “loss-loss situation” — isto é, uma situação de “perda-que-ninguém-ganha”.

Isso porque, ao associar Bolsonaro como o responsável pela punição imposta pelos Estados Unidos, o ex-presidente é colocado na linha de frente de uma retaliação política, em um movimento que só prejudica sua imagem.

“Quando Trump reforça a ideia de que o processo contra Bolsonaro é politizado e injusto, ele coloca o ex-presidente no centro da crise. Porque o Bolsonaro passa a ser visto como o motivo de uma punição que os Estados Unidos impõem ao Brasil. Ele é o maior perdedor nesse caso”, afirmou Maciel.

  • LEIA TAMBÉM: Quer se atualizar do que está rolando no mercado? O Seu Dinheiro liberou como cortesia uma curadoria das notícias mais quentes; veja aqui

Bolsonaro, que já responde a processos no Supremo Tribunal Federal (STF) por sua tentativa de golpe de Estado em 2022, foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (18), com mandados de busca e apreensão em sua residência. Agora, o ex-presidente passará a usar tornozeleira eletrônica e ficará sujeito a “medidas restritivas”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O timing da operação da PF não poderia ser mais significativo, já que ocorreu poucas horas após Trump ter enviado uma carta direta a Bolsonaro, afirmando que o governo brasileiro precisa mudar de rumo e parar de atacar oponentes

Leia Também

Trump decide misturar agressões à política do Brasil a retaliações comerciais 

Para o CEO da AZ Quest, esse cenário é um reflexo direto de uma escalada em que, ao tentar justificar suas atitudes com uma retórica econômica, Trump mistura agressões à política interna do Brasil — especialmente no que diz respeito a Bolsonaro — com retaliações comerciais externas.

“Parece que o governo Trump está buscando desculpas econômicas para uma atitude que tem motivação puramente política, e está disposto a usar esses instrumentos como ferramenta de pressão, já que não tem grandes preocupações com consequências econômicas e diplomáticas para os EUA. Porque não há muito o que o Brasil possa fazer.”

As tensões com os Estados Unidos esquentaram ainda mais esta semana, com o governo norte-americano abrindo uma investigação comercial contra o Brasil.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Alegando práticas desleais que prejudicariam empresas norte-americanas, o governo Trump questiona pontos como o Pix, supostas tarifas preferenciais do Brasil para outros países e até mesmo a Rua 25 de Março. Você confere ponto a ponto as seis acusações dos EUA aqui.

O gestor afirma que os novos desdobramentos das tensões comerciais entre os EUA e o Brasil sinalizam que a situação ficou muito mais complicada para os brasileiros.

Para Maciel, o timing da escalada da hostilidade norte-americana indica uma elevação da hostilidade e da possível retaliação. Ao mesmo tempo, o Brasil perde poder de negociação, já que os EUA sinalizaram que as tensões poderiam escalar para motivos além do comércio.

“Sem dúvida, o grau de preocupação se elevou, e fica mais difícil para o governo brasileiro negociar com os EUA. Fica evidente que a motivação política de Trump agora começa a ser travestida de desculpas econômicas sobre problemas antigos e conhecidos.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Bolsonaro não é a única motivação de Trump na briga com o Brasil: Brics também influenciaram a hostilidade, diz gestor

Na visão de Maciel, o Brasil até então vinha sendo beneficiado pela sua “insignificância econômica e geopolítica”. 

Devido à neutralidade brasileira, o país podia fechar negócios com todo mundo. O Brasil ainda conseguiu se beneficiar da “maneira desastrada” que se iniciou o novo mandato do governo Trump, surfando a desvalorização da moeda norte-americana frente a outras divisas.

Porém, ao tentar desafiar a ordem econômica internacional, o Brasil pode ter gerado uma espécie de punição autoinfligida, segundo o gestor. “O Brasil estava gozando de uma trégua geopolítica, mas isso acabou.”

“A gente de alguma maneira provocou a reação norte-americana. Nós colocamos o dedo na tomada esperando não tomar choque, sendo que já sabíamos que os EUA estavam adotando uma certa agressividade frente a outros países”, afirmou o gestor. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Quando você começa a falar à luz do dia sobre criar um novo mecanismo de transferência e de meios de pagamentos para fugir do dólar e a fazer duetos com outros países, como China e Rússia, você começa a querer se tornar relevante no ambiente global”, acrescentou, referindo-se ao anúncio dos países dos Brics de que buscariam alternativas à moeda norte-americana.

Na leitura de Maciel, foi justamente ao sair da histórica posição de neutralidade diplomática e comercial que o Brasil “levou uma porrada”.

“Acabamos adentrando searas muito delicadas. Com essas ações recentes, conseguimos sair de uma posição onde a gente recebia uma tarifa de 10% e estávamos em vantagem sobre a grande maioria dos países, para agora receber uma punição severa, em que é evidente que alguns setores vão ser afetados.”

Brasil deveria buscar menos retaliação e mais diplomacia

O CEO da AZ Quest também criticou a retórica tarifária do Brasil, em que o governo inicialmente sinalizou retaliações com base na lei da reciprocidade. Para Maciel, essa estratégia foi “inútil” e poderia trazer um saldo bem negativo ao país.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Você só acabava cutucando a onça com vara curta. Isso apenas expôs o Brasil a uma situação de vulnerabilidade em um momento onde nossa balança de pagamentos já está frágil. Tudo isso é muito ruim e é gratuito, porque não trouxe bem nenhum. Agora, a nossa única saída é por canais diplomáticos. O governo Lula deve insistir e tentar negociar, mostrando alinhamento com os EUA”, disse o CEO da AZ Quest.

No entanto, ele ressalta que isso não significa que o Brasil deva ceder à pressão política dos EUA. 

Em vez disso, o país deve deixar claro que as disputas internas precisam ser resolvidas dentro do âmbito jurídico e não devem ser usadas como justificativa para retaliações políticas externas.

Para o gestor, o Brasil deveria abrir um caminho de diálogo com o governo norte-americano. Lula deveria explicar que somos um país democrático, em que os poderes são independentes e onde não há muita coisa que o Executivo possa fazer para interferir em um julgamento que está sendo conduzido pelo Judiciário.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Vale ressaltar que a conversa com Walter Maciel aconteceu antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter concedido uma entrevista à CNN norte-americana e feito um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV

Bolsonaro, Lula e o saldo político da pressão de Donald Trump

Para Maciel, apesar da hostilidade dos EUA, as medidas de Trump não devem mudar o resultado dos julgamentos e investigações contra Bolsonaro. 

“Na minha opinião, o Bolsonaro é o maior perdedor de tudo isso. Nada disso vai ajudar o caso dele. O Supremo não vai deixar de julgá-lo e a consequência final do julgamento não vai mudar. A decisão não vai mudar por o Brasil ter medo dos Estados Unidos. Bolsonaro só vai acabar sendo apontado como vilão pela punição do Brasil”, avaliou.

Quanto a Lula, o gestor acredita que, embora o presidente tenha ganhado popularidade nas pesquisas recentes devido à postura mais firme frente aos EUA, isso não se traduzirá em ganhos duradouros a longo prazo. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na realidade, segundo o CEO da AZ Quest, o efeito econômico negativo para Lula poderia ser “muito mais deletério” do que qualquer ganho político positivo até as eleições de 2026. 

Isso porque manter essa bandeira nacionalista viva até outubro do ano que vem exigiria um aumento na "briga" com os americanos, o que poderia gerar efeitos econômicos muito mais grosseiros, como uma inflação mais elevada e juros em patamares restritivos por mais tempo.

Quem sai ganhando?

Se alguém pode se beneficiar politicamente dessa situação toda, segundo Maciel, é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

“O maior beneficiário dessa confusão toda é o Tarcísio, que apareceu com uma postura um pouco mais estadista e com uma tentativa de abrir diálogo diplomático. Isso distancia ele dos dois lados mais radicais e pode fortalecer sua posição política”, afirmou o executivo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
CENÁRIO ELEITORAL

Lula em xeque: gestora traduz em números a dificuldade de reeleição e vê Selic a 7% com vitória da centro-direita

26 de agosto de 2025 - 10:05

Com base nos dados de popularidade do presidente, a gestora carioca Mar Asset projeta um desempenho entre 38% e 45% dos votos para Lula

DE BRASÍLIA A WASHINGTON

Sem saída na diplomacia, governo Lula aposta em advogados americanos para reagir à Lei Magnitsky e às tarifas de 50%

25 de agosto de 2025 - 18:24

AGU se prepara para defender Brasil em tribunais dos EUA e diante da administração federal norte-americana

REFORMA DO IR

Isenção de IR até R$ 5 mil vem aí? Confira quais são os próximos passos do projeto de lei no Congresso

22 de agosto de 2025 - 12:25

Regime de urgência agiliza a tramitação, mas texto ainda deve passar pelo plenário da Câmara e do Senado

REPERCUSSÃO INTERNACIONAL

Bolsonaro na Argentina? Indiciamento do ex-presidente e possível fuga repercutem no exterior; veja o que os principais jornais disseram

21 de agosto de 2025 - 15:49

Na minuta endereçada ao presidente argentino, Bolsonaro afirma que é “um perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos”

QUARTO MANDATO?

Tarifaço de Trump pesa sobre Bolsonaro e coloca Lula na rota da reeleição; entenda como fica o cenário eleitoral de 2026

21 de agosto de 2025 - 12:05

Com a imagem da família prejudicada pela taxação dos EUA, cresce a pressão para que Jair Bolsonaro — que está inelegível — abra mão da tentativa de se candidatar no ano que vem

NOVAS DISPUTAS

CPMI do INSS é instalada com derrotas para o governo e líderes do Congresso; oposição comemora

20 de agosto de 2025 - 18:11

Eleição de Carlos Viana para a presidência e escolha de Alfredo Gaspar como relator contrariam indicações de Davi Alcolumbre e Hugo Motta

GENIAL QUAEST

Aprovação do governo Lula chega a 46%, o maior nível desde janeiro — avaliação sobre tarifaço também avança

20 de agosto de 2025 - 12:11

Popularidade do presidente cresce no Nordeste, entre homens e eleitores mais velhos, de acordo com o levantamento

QUARTOS RESERVADOS

Após polêmica com preços abusivos, ministro do Turismo diz que Belém terá “leitos para todos” na COP30

19 de agosto de 2025 - 17:03

Celso Sabino afirma que valores abusivos são exceção e garante acomodações entre US$ 100 e US$ 600 para lideranças globais

INVESTIGAÇÃO EM ANDAMENTO

Moraes manda recado para Trump: “Não há  possibilidade de recuar nem um milímetro”; confira tudo o que o ministro do STF disse

18 de agosto de 2025 - 15:08

Ele é alvo de punições pelos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky — que penaliza estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos

PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO

Para 35% dos brasileiros, Lula é o culpado pelo tarifaço; 22% acusam Bolsonaro, diz Datafolha

16 de agosto de 2025 - 17:55

Pesquisa do Datafolha revela o impacto da crise tarifária nos brasileiros, dividindo as responsabilidades entre Lula, Bolsonaro e outros nomes políticos

LONGE DO IDEAL

Al Gore lamenta postura “esquizofrênica” dos EUA sobre crise climática

16 de agosto de 2025 - 15:41

País norte-americano tem alternado posição sobre Acordo de Paris nos últimos anos

Alckmin lamenta “trabalho contra o Brasil” após encontro de Eduardo Bolsonaro com secretário dos EUA

16 de agosto de 2025 - 15:05

Vice-presidente critica manobra de Bolsonaro nos EUA e reforça diálogo por tarifaço

ELEIÇÕES 2026

Governador de MG, Romeu Zema, lança pré-candidatura à Presidência da República

16 de agosto de 2025 - 14:10

Governador de Minas Gerais lança corrida ao Planalto, defendendo estado leve, saída dos Brics e combate ao lulismo

TRAMA GOLPISTA

Ponto a ponto: Confira os próximos passos do julgamento de Jair Bolsonaro

14 de agosto de 2025 - 12:53

Com todas as alegações finais apresentadas, caso contra Bolsonaro e seus aliados deve ser liberado para julgamento na Primeira Turma do STF ainda em setembro

MANDOU RECADO

“Meu time não tem medo de briga”, diz Lula. Confira as principais declarações do petista sobre a relação com Trump

13 de agosto de 2025 - 15:01

O presidente discursou na cerimônia de assinatura da medida provisória, que ainda deve passar pela Câmara e pelo Senado, e que estabelece propostas para ajudar empresas a sobreviver ao tarifaço dos EUA

À PROVA DE ESPIONAGEM?

WhatsApp ‘do Lula’: o que se sabe sobre o aplicativo de mensagens que o governo quer criar

12 de agosto de 2025 - 15:27

Abin já deu início aos testes de um aplicativo próprio de troca de mensagens, mas não é todo mundo que terá acesso ao ‘WhatsApp do Lula’

DIA D

Trump coloca tarifaço contra o Brasil em prática, dobra sobretaxa à Índia e mantém Brics na mira; e agora?

6 de agosto de 2025 - 14:51

Mercado aguarda detalhes do plano de contingência do governo Lula, mas, por pior que esteja o cenário no Brasil, outro país recebeu notícias ainda piores

VAI CEDER?

O aviso de Haddad sobre o Pix e outro alerta sobre a pressão de Trump com as tarifas

5 de agosto de 2025 - 18:02

Para o ministro, o sucesso do Pix está incomodando interesses internacionais e ganhando notoriedade global

SOCORRO INTERNO

Governo prepara pacote para socorrer exportadoras afetadas pelas tarifas dos EUA; confira as medidas possíveis

5 de agosto de 2025 - 17:08

A ideia segue o modelo adotado durante a pandemia, quando o governo federal ajudou empresas a manter empregos formais por meio de subsídios

DECISÃO DO STF

O que Bolsonaro fez para ser preso, afinal? E o que diz a defesa do ex-presidente

5 de agosto de 2025 - 9:05

A notícia pegou de surpresa até mesmo críticos de Bolsonaro, e a primeira questão que surgiu foi: por que agora?

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar