Trump diz ‘merecer’ o Nobel da Paz; o que depõe a favor e contra o desejo do presidente dos EUA
Donald Trump tem feito campanha pelo Prêmio Nobel da Paz, mas a pressão externa não é um dos critérios levados em conta para o laurel
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem se manifestado com frequência sobre o que parece ter se transformado em obsessão: ganhar o Prêmio Nobel da Paz. No entanto, o desejo do homem mais poderoso do mundo está diante de um obstáculo bastante conhecido por quem acompanha a premiação: o zelo pela independência dos membros do comitê responsável pela decisão.
Desde janeiro, quando retornou à Casa Branca, Trump tem reiterado publicamente o desejo ao mesmo tempo em que tenta vender uma imagem de pacificador. O bilionário de 79 anos acredita "merecer" o Prêmio Nobel por ter, nas contas dele mesmo, "encerrado seis guerras".
"É claro que notamos que há muita atenção da mídia voltada para candidatos específicos", disse o secretário do comitê norueguês do Nobel, Kristian Berg Harpviken, citado pela agencia de notícias AFP. "Mas isso realmente não tem impacto nas nossas discussões", afirma
De acordo com Berg Harpviken, o colegiado "considera cada indicado individualmente com base em seus próprios méritos".
Como funciona o comitê
Embora os cinco membros do Comitê Norueguês do Nobel sejam indicados pelo Parlamento do país nórdico, a entidade afirma que suas decisões são tomadas independentemente da política partidária e do governo em exercício.
Um exemplo bastante citado por especialistas é o fato de o comitê ter ignorado avisos discretos do governo norueguês para que não premiasse o dissidente chinês Liu Xiaobo em 2010.
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A decisão desencadeou um congelamento diplomático entre Pequim e Oslo que se estendeu por anos.
Um ano antes, a concessão do prêmio ao então presidente norte-americano Barack Obama ainda nos primeiros meses de seu mandato foi vista por muitos como precipitada.
Os EUA passaram todos os oito anos do governo Obama envolvidos em diferentes guerras. No período, ele autorizou 563 ataques aéreos com drones armados nos quais quase 3.800 pessoas foram mortas, inclusive centenas de civis, em pelo menos sete diferentes países, segundo dados públicos.
A campanha de Trump pelo Nobel da Paz
"Não vou ganhar um Prêmio Nobel da Paz. Não importa o que eu faça", reclamou Trump há alguns meses em suas redes sociais. Mas o comentário não o impediu de seguir em campanha pela nomeação.
Em julho, Trump teria levantado a questão do Prêmio Nobel da Paz em uma conversa por telefone com Jens Stoltenberg, ex-secretário-geral da Otan e atual ministro das Finanças da Noruega, de acordo com reportagem do jornal norueguês Dagens Naeringsliv.
O Ministério das Finanças confirmou o telefonema, mas não se pronunciou sobre o teor da conversa.
Na tentativa de sustentar a tese de que mereceria o prêmio, Trump afirma que seu nome foi indicado ao comitê por diversos líderes estrangeiros.
No mês passado, a Casa Branca divulgou uma breve lista com os nomes desses líderes.
São eles:
- Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel;
- Brice Oligui Nguema, presidente do Gabão;
- Hun Manet, primeiro-ministro do Camboja;
- Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão;
- Nikol Pashinyan, primeiro-ministro da Armênia;
- Olivier Nduhungirehe, ministro das relações exteriores de Ruanda; e
- o governo do Paquistão.
No entanto, o grupo de cabos eleitorais precisaria ser dotado de dons premonitórios para defender a candidatura do presidente norte-americano. Isso porque o prazo para as indicações expirou em 31 de janeiro, apenas 11 dias depois da posse de Trump.
Fácil de ser indicado, mas difícil de ganhar
De qualquer modo, ser indicado não é necessariamente uma grande conquista, disse Berg Harpviken à AFP. "A lista de indicados é bastante extensa. A grande conquista é se tornar um laureado", disse Berg Harpviken.
Em 2025, o comitê escolherá o vencedor entre os integrantes de uma lista de 338 pessoas e organizações. Os nomes dos indicados são um segredo guardado a sete chaves.
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O anúncio do Prêmio Nobel da Paz de 2025 está programado para 10 de outubro.
Restando apenas algumas semanas para a decisão, pesam contra a campanha trumpista a guerra russa na Ucrânia e a ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza.
De um lado, a promessa de Trump de encerrar a guerra na Ucrânia em 24 horas parece longe de ser cumprida.
De outro, o presidente norte-americano deu carta branca para Israel devastar o território palestino, em uma campanha militar que já deixou um rastro de dezenas de milhares de mortos e durante a qual foram praticados atos de genocídio, segundo investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU). Israel nega a acusação. A presidente da comissão da ONU responsável pelo inquérito, Navi Pillay, afirma dispor de provas para embasar a denúncia.
Também não ajuda a iniciativa de Trump para rebatizar o Pentágono como "Departamento de Guerra".
Os candidatos mais qualificados entram em uma lista restrita, com cada nome sendo avaliado por um especialista.
"Quando o comitê discute, é essa base de conhecimento que emoldura a discussão. Não se trata de qualquer notícia que tenha recebido mais atenção nas últimas 24 horas", disse Berg Harpviken, que orienta o comitê, mas não vota.
"Estamos cientes de que todos os anos há uma série de campanhas e fazemos o máximo para estruturar o processo e as reuniões de forma que não sejamos indevidamente influenciados por nenhuma campanha", disse ele.
"O Comitê do Nobel atua de forma totalmente independente e não pode se dar ao luxo de levar essas considerações em conta ao discutir candidatos individuais", disse Berg Harpviken.
A Noruega acredita firmemente no multilateralismo que o criador do prêmio, Alfred Nobel, defendeu em vida, mas que foi abalado pela política "América em Primeiro Lugar" de Trump.
Trump, um Nobel improvável?
Em bolsas de apostas online, Donald Trump figura entre os favoritos ao Prêmio Nobel da Paz. Já os especialistas na premiação veem poucas chances reais de que isso venha a ocorrer.
"Esse tipo de pressão costuma ser contraproducente", afirma Halvard Leira, diretor de pesquisa do Instituto Norueguês de Relações Internacionais. "Se o comitê concedesse o prêmio a Trump agora, obviamente seria acusado de se curvar" e de desrespeitar a independência que afirma ter, disse ele à AFP.
Em agosto, um trio de historiadores do Nobel foi além.
"Os membros do Comitê do Nobel teriam que ter enlouquecido", escreveram em um artigo de opinião ao comentarem a possibilidade de o prêmio ser outorgado a Trump.
*Com informações da AFP.
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