A ‘lamentável’ decisão de Donald Trump de expulsar o embaixador da África do Sul em Washington
Marco Rubio, secretário de Estado de Trump, assinou a expulsão do embaixador da África do Sul em Washington

Expulsar um embaixador é relativamente simples. As Convenções de Viena sobre Relações Diplomáticas autorizam o “Estado acreditante” a expulsar um embaixador ou representante “acreditado” em seu território a qualquer momento. Não é nem ao menos necessário justificar a decisão. Basta declarar o diplomata persona non grata. Ainda assim, a expulsão de um embaixador é um ato extremo em política externa. Não é necessariamente o prenúncio de um corte de relações diplomáticas, mas é uma escalada rara e perigosa — até mesmo para os padrões de Donald Trump.
Na sexta-feira, o secretário de Estado de Trump, Marco Rubio, declarou o embaixador da África do Sul em Washington, Ebrahim Rasool, persona non grata nos EUA. Ou seja, decretou sua expulsão.
Os Estados Unidos não tinham a obrigação de justificar a decisão, mas o fizeram mesmo assim. E é nesse ponto que a história fica constrangedora.
Em mensagem no X, o antigo Twitter, Rubio embarcou numa espécie de “racismo reverso diplomático”. Acusou Rasool de se engajar em “ataques raciais” e de “odiar” os EUA e Donald Trump.
- VEJA MAIS: ‘Estamos fora do foco de Trump e isso é bom para as nossas empresas’, afirma esta analista – veja quais são as 10 ações recomendadas para investir neste cenário.
O que teria levado Trump a autorizar a expulsão do embaixador da África do Sul
Ainda que os integrantes dos Brics estejam na mira de Trump desde seu retorno à Casa Branca, as relações diplomáticas entre Washington e Pretória ficaram especialmente estremecidas neste início de ano.
O epicentro da crise é uma tentativa de reforma agrária promovida pelo presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa.
Leia Também
Mais de 30 anos depois da queda do regime racista do apartheid, a riqueza e as terras sul-africanas seguem concentradas nas mãos de uma minoria branca.
Nos últimos meses, Ramaphosa tem adotado medidas com a intenção de redistribuir melhor as terras da África do Sul, que integra os Brics e ocupa a presidência de turno do G20.
No centro desse imbróglio está o bilionário Elon Musk, alçado ao cargo de ministro por Trump.
Nascido na África do Sul e radicado nos EUA, o atual homem mais rico do mundo (e dono do antigo Twitter) foi o primeiro a levantar a lebre do “racismo reverso”.
No início de fevereiro, Musk acusou o governo sul-africano de permitir o que chamou de "genocídio" contra os fazendeiros brancos do país.
Ainda segundo ele, o motivo de sua rede Starlink não ter autorização para operar na África do Sul seria o fato de ele não ser negro.
Rasool respondeu com uma crítica direta a Trump e seus aliados.
De acordo com ele, Trump recorre ao supremacismo e tenta projetar o vitimismo dos brancos como um "apito de cachorro" para mobilizar parte de sua base de eleitores.
Musk e o vice-presidente JD Vance, por exemplo, não hesitaram em apoiar aberta e publicamente agremiações políticas de extrema-direita da Europa, como a alemã AfD e o britânico Nigel Farage, em declarações recentes.
Rasool disse ainda que a África do Sul passou a ser atacada por ser "o antídoto histórico ao supremacismo" branco.
Hoje, em resposta à expulsão do embaixador, o governo da África do Sul qualificou a medida como “lamentável”.
As feridas expostas do apartheid
A expulsão do embaixador sul-africano pelo governo Trump reabre feridas que ainda pertencem a um passado recente tanto entre norte-americanos quanto entre sul-africanos.
O apartheid foi um regime autoritário de segregação racial institucionalizada imposto pela minoria branca aos demais grupos sociais e étnicos da África do Sul entre 1948 o início dos anos 1990.
No período, o direito à propriedade de terras era negado à população negra na maior parte do território sul-africano.
Nas grandes cidades, os negros eram mantidos em guetos. O acesso à saúde e à educação também era segregado. A qualidade dos serviços públicos variava de acordo com o grupo étnico.
Os principais expoentes da luta contra o regime racista foram o arcebispo Desmond Tutu e o guerrilheiro convertido em pacifista Nelson Mandela, que passou quase 30 anos na prisão por combater o apartheid.
Os Estados Unidos, por sua vez, mantiveram seu próprio regime de segregação racial até 1965, quando foram aprovadas as leis que proibiram a discriminação por raça em locais públicos e o direito da população negra ao voto.
Washington apoiou abertamente o regime do apartheid em seus primórdios. Isso em um contexto geopolítico que incluía ainda o início da Guerra Fria.
O discurso norte-americano começou a mudar a partir das leis contrárias à segregação, mas os EUA mantiveram-se durante anos bloqueando iniciativas internacionais por sanções contra o regime do apartheid.
Mais de 30 anos depois da abolição do regime, a minoria branca perdeu parte considerável de seu poder político, mas ainda detém a maior parte da riqueza e da propriedade de terras na África do Sul.
EUA falam em usar poder econômico e militar para defender liberdade de expressão em meio a julgamento de Bolsonaro
Porta-voz da Casa Branca, Caroline Leavitt, afirmou que EUA aplicaram tarifas e sanções contra o Brasil para defender “liberdade de expressão”; mercado teme novas sanções
A cidade que sente na pele os efeitos do tarifaço e da política anti-imigrantes de Donald Trump
Tarifas de Donald Trump e suas políticas imigratórias impactam diretamente a indústria têxtil nos Estados Unidos, contrastando com a promessa de uma economia pujante
Uma mensagem dura para Milei: o que o resultado da eleição regional diz sobre os rumos da Argentina
Apesar de ser um pleito legislativo, a votação serve de termômetro para o que está por vir na corrida eleitoral de 2027
Mark Zuckerberg versus Mark Zuckerberg: um curioso caso judicial chega aos tribunais dos EUA
Advogado de Indiana acusa a Meta de prejuízos por bloqueios recorrentes em sua página profissional no Facebook; detalhe: ele se chama Mark Zuckerberg
Depois de duas duras derrotas em poucas semanas, primeiro-ministro do Japão renuncia para evitar mais uma
Shigeru Ishiba renunciou ao cargo às vésperas de completar um ano na posição de chefe de governo do Japão
Em meio a ‘tempestade perfeita’, uma eleição regional testa a popularidade de Javier Milei entre os argentinos
Eleitores da província de Buenos Aires vão às urnas em momento no qual Milei sofre duras derrotas políticas e atravessa escândalo de corrupção envolvendo diretamente sua própria irmã
Como uma missão ultrassecreta de espionagem dos EUA levou à morte de inocentes desarmados na Coreia do Norte
Ação frustrada de espionagem ocorreu em 2019, em meio ao comentado ‘bromance’ entre Trump e Kim, mas só foi revelado agora pelo New York Times
Ato simbólico ou um aviso ao mundo? O que está por trás do ‘Departamento de Guerra’ de Donald Trump
Donald Trump assinou na sexta-feira uma ordem executiva para mudar o nome do Pentágono para ‘Departamento de Guerra’
US Open 2025: Quanto carrasca de Bia Haddad pode faturar se vencer Sabalenka, atual número 1 do mundo, na final
Amanda Anisimova e Aryna Sabalenka se enfrentam pela décima vez, desta vez valendo o título (e a bolada) do US Open 2025
Warsh, Waller e Hasset: o trio que ganhou o “coração” de Donald Trump
O republicano confirmou nesta sexta-feira (5) que os três são os preferidos dele para assumir uma posição fundamental para a economia norte-americana
Como o novo pacote de remuneração da Tesla coloca Elon Musk no caminho de se tornar o primeiro trilionário da história
Com metas audaciosas e ações avaliadas em trilhões de reais, o CEO da Tesla, Elon Musk, pode ampliar seu império e consolidar liderança em carros elétricos, robótica e inteligência artificial
Quanto vale um jantar com Trump? Para Zuckerberg, Cook e figurões do Vale do Silício pode custar bilhões de dólares
Executivos das big techs estiveram reunidos na noite de quinta-feira (4) com o presidente norte-americano, que fez questão de reforçar o aviso: em breve o governo norte-americano taxará a importação de semicondutores
“O mundo deve escolher entre a paz e a guerra”, diz Xi Jinping em discurso aberto — mas um microfone capta o que ninguém deveria ter ouvido
A quarta-feira (3) foi marcada por um dos maiores desfiles militares que a China já fez e contou com a presença de dezenas de autoridades, entre elas Vladimir Putin e Kim Jong-un; enquanto a parada acontecia em Pequim, Trump usava as redes sociais para falar de conspiração
O quarteto fantástico contra Trump: como Xi, Putin, Modi e Kim articulam o novo eixo que quer tirar os EUA do tabuleiro global
Enquanto o republicano enaltece suas relações próximas com os presidentes de China, Rússia e Índia, eles se juntam ao líder norte-coreano para reforçar os planos de uma nova ordem mundial
US Open 2025: Mesmo eliminados de maneira precoce, Bia Haddad e João Fonseca embolsaram juntos mais de R$ 3 milhões
Enquanto João Fonseca subiu no ranking da ATP, Bia Haddad perderá algumas posições, mas seguirá no Top 30 ao término do US Open 2025
US Open 2025: após bater freguesa, Bia Haddad encara a 9ª melhor do mundo, Amanda Anisimova; veja horário e onde assistir
Após vencer a ‘freguesa’ Maria Sakkari, Bia Haddad enfrenta Amanda Anisimova nas oitavas-de-final do US Open
Como uma minúscula ilha do Caribe está aproveitando um bônus acidental da inteligência artificial para faturar milhões de dólares
Assim como ocorreu com Tuvalu e o domínio .tv nos anos 1990, Anguilla recorre ao boom da inteligência artificial para capitalizar o domínio .ai, mas com uma estratégia diferente
A maioria das tarifas de Trump é ilegal, afirma Tribunal Federal dos EUA. O republicano vai ter que voltar atrás das sobretaxas?
Decisão do Tribunal de Apelações dos EUA aponta uso excessivo de poderes de emergência por Trump; entenda o que esperar dos próximos capítulos
Brasil tem muito o que ensinar aos EUA, diz The Economist; para revista, julgamento de Jair Bolsonaro é “lição de democracia”
Reportagem de capa da publicação britânica traça paralelo entre os dois países e elogia a postura da Suprema Corte brasileira — também diz que julgamento do ex-presidente será exemplo para o mundo
A aliança global dos bancos contra o aquecimento global subiu no telhado; o que isso significa?
Entidade enfrentou debandada de grandes instituições financeiras, principalmente dos Estados Unidos