🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 2T25 COMEÇOU: ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA

Bruna Charifker Vogel

Bruna Charifker Vogel

Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo/USP e mestre em Estudos Latino Americanos e Caribenhos pela New York University/NYU, é redatora do Seu Dinheiro. Com mais de 15 anos de experiência em análise, fortalecimento e desenvolvimento de políticas públicas no Brasil e nos Estados Unidos, fez transição de carreira para o mercado financeiro, atuando nas áreas de comunicação interna, DEI, T&D, employer branding e cultura organizacional.

ESG NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Do canteiro de obras ao mercado financeiro: como uma incorporadora de alto padrão conseguiu captar meio bilhão com títulos verdes

Tegra estrutura política de sustentabilidade e capta R$ 587 milhões com debêntures e CRI verdes; experiência aponta caminhos possíveis para o setor

Bruna Charifker Vogel
Bruna Charifker Vogel
16 de junho de 2025
7:30 - atualizado às 15:34
incorporadora construção civil sustentabilidade
O caso da Tegra se destaca em um setor historicamente associado a impactos ambientais significativos - Foto: Divulgação/Tegra -

A transformação da Tegra Incorporadora (TEGA3), do grupo canadense Brookfield, diz muito sobre os rumos da construção civil no país. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Tradicionalmente associada a obras de alto padrão, a empresa decidiu, em 2016, iniciar um processo interno de revisão de práticas com foco em sustentabilidade

O que começou como um exercício de autorreflexão levou à criação de uma política estruturada de ESG, à adesão a certificações internacionais e, mais recentemente, à emissão de títulos verdes que somam R$ 587 milhões em captação.

O diretor de construção da Tegra, Fabio Almeida de Barros, falou sobre os destaques dessa trajetória — marcada, segundo ele, por pragmatismo, governança e uma aposta gradual em inovação.

“Para o público de média e alta renda, a sustentabilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser uma expectativa”, afirmou o executivo ao Seu Dinheiro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Uma mudança que começou aos poucos

Segundo Barros, a jornada ESG da Tegra teve início com a participação em um questionário gratuito do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3

Leia Também

O exercício serviu para identificar lacunas e formar grupos de trabalho internos. A partir dali, vieram os primeiros relatórios, a vinculação de metas ambientais à remuneração variável dos executivos e a adesão a pactos internacionais, como o da ONU Mulheres, em 2020, e o Pacto Global da ONU, em 2022.

Em 2021, a Tegra passou a adotar a certificação AQUA-HQE — um selo internacional de controle ambiental adaptado ao Brasil, que avalia desde o pré-projeto até a entrega das unidades. A escolha por uma certificação mais rigorosa trouxe uma camada extra de governança às obras e se mostrou, segundo Barros, um divisor de águas: “Foi uma virada de chave”.

Hoje, todos os lançamentos da incorporadora seguem esse padrão, segundo o relatório de sustentabilidade da Tegra. O documento aponta reduções significativas de consumo em empreendimentos certificados: cerca de 23% menos energia, quase 50% de economia de água nas áreas comuns e 29% nas unidades.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além disso, a incorporadora tem como meta reduzir em 50% as emissões diretas de carbono (escopos 1 e 2) e em 15% as emissões indiretas (escopo 3), além de compensar 110% das emissões residuais de carbono. 

De acordo com o diretor, desde 2021, a empresa compensa 100% das emissões de carbono dos empreendimentos entregues. 

O desafio, porém, segue em andamento: em 2024, houve aumento nas emissões de escopo 1, atribuído à inclusão dos dados da Tamboré Urbanismo e ao estágio de supressão vegetal de alguns projetos.

Do canteiro de obras ao mercado financeiro

A adoção de boas práticas ambientais não ficou restrita ao campo técnico e abriu caminho para a Tegra captar mais de R$ 500 milhões em títulos verdes com grandes bancos nacionais.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em 2022, a empresa emitiu R$ 265 milhões em debêntures verdes com o Bradesco — uma operação pioneira entre incorporadoras de médio e alto padrão no país, certificada por consultoria especializada em ESG.

“O diferencial dessas debêntures em relação às convencionais está na destinação dos recursos, que serão utilizados exclusivamente em empreendimentos com certificação ambiental AQUA-HQE”, disse o executivo.

O movimento se repetiu em 2024, com a estruturação do primeiro CRI Verde do setor de construção civil no Brasil, em parceria com o banco BV. O papel foi comercializado no mercado primário e atraiu 376 investidores individuais, dois fundos de investimentos e duas instituições financeiras, de acordo com o executivo. Segundo Barros, a operação passou por uma auditoria externa especializada em verificação de ativos sustentáveis.

Além das captações via mercado de capitais, o executivo enfatiza que a empresa também viabilizou os primeiros financiamentos verdes via SFH (Sistema Financeiro de Habitação) com três grandes bancos — Itaú, Banco do Brasil e Bradesco — entre 2022 e 2023.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O SFH é um um conjunto de regras e instrumentos criados pelo governo brasileiro para facilitar o acesso da população à casa própria, especialmente para famílias de baixa e média renda. Os financiamentos verdes via SFH incluem exigências ou metas relacionadas à sustentabilidade ambiental.

Caminhos possíveis para um setor de alto impacto

O caso da Tegra se destaca em um setor historicamente associado a impactos ambientais significativos. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e da Mudança Climática (MMA), mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelas atividades humanas vêm da construção civil. 

Os principais desafios do setor incluem: reduzir o consumo de energia e materiais de alto impacto ambiental, melhorar a qualidade do ambiente construído, e adotar práticas de gestão ecológica da água e de resíduos — e escalar as boas práticas.

Aos poucos, porém, surgem caminhos para conciliar desenvolvimento urbano com menor impacto ambiental. Um deles é a valorização de materiais naturais e pouco processados, como  terra crua, palha, pedra e bambu.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A outra tendência do setor é o investimento em empreendimentos certificados como "verdes". Contudo, o MMA alerta que muitas certificações ainda refletem reduções pontuais de impacto, sem abordar aspectos sociais mais profundos — especialmente em países como o Brasil.

Empresas como MRV (MRVE3), Mitre (MTRE3), Cyrela (CYRE3) e Gafisa (GFSA3), que integram a carteira do Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISE) 2025 da B3, mostram que o setor está se movimentando.

No entanto, o desafio da escala ainda persiste. Ao comentar sobre isso, Barros reconhece que o processo não é simples, mas tampouco exige grandes investimentos iniciais. 

“Não foi ciência espacial. Não colocamos R$ 300 milhões nisso. Foi devagar, com grupos de trabalho, comitês, e hoje temos um monte de coisa legal na mão", disse.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para ele, o principal passo é começar — e, nesse sentido, empresas menores podem ter uma vantagem: 

“É mais fácil colocar ESG no DNA de uma empresa pequena do que mover uma estrutura grande como a nossa”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
TARIFAÇO 2.0

WEG (WEGE3), Minerva (BEEF3) e mais: qual será o impacto da tarifa de 50% nas empresas e setores que não conseguiram isenção

31 de julho de 2025 - 12:33

Enquanto aviação e celulose comemoram isenções, produtos agrícolas chave e bens industriais enfrentam os impactos das tarifas de 50%

ABRIU O APETITE

Com inadimplência sob controle, Bradesco (BBDC4) está pronto para colocar o pé no acelerador no consignado privado, revela CEO

31 de julho de 2025 - 11:19

De acordo com Marcelo Noronha, o banco se prepara para acelerar as concessões da modalidade, entrando com mais apetite no mercado

ESG + FINANÇAS

Crise climática traz mais oportunidades que riscos para o negócio da Renner, e agora a varejista tem isso na ponta do lápis

31 de julho de 2025 - 9:30

Brasileira foi a segunda companhia a publicar novo modelo de relatório de sustentabilidade, que será obrigatório no Brasil para empresas de capital aberto a partir de 2027

É HOJE!

Vale (VALE3) está no caminho certo, mas resultados ainda podem decepcionar. Saiba o que esperar do balanço do 2T25

31 de julho de 2025 - 6:02

A mineradora divulgou o relatório operacional, uma espécie de prévia do balanço, e já deu uma ideia do que os investidores devem ver na noite desta quinta-feira (31)

SUPERAÇÃO

Meta sobe 12% e Microsoft avança 9%: descubra o que o mercado gostou nos resultados das duas magníficas no 2T25

30 de julho de 2025 - 19:41

Depois de a Alphabet agradar os investidores na semana passada, agora foi a vez de mais duas big techs apresentaram o balanço do período entre abril e junho; confira os números

ATENÇÃO, ACIONISTAS

Dividendos: Motiva (MOTV3) e Ecorodovias (ECOR3) vão distribuir mais de R$ 500 milhões em proventos; confira os prazos

30 de julho de 2025 - 19:07

Ambas as empresas do setor de infraestrutura irão distribuir proventos na forma de dividendos para seus acionistas

EFEITO TARIFA

Embraer (EMBR3) dispara 11% em rali da bolsa junto com WEG (WEGE3) e Suzano (SUZB3); entenda como decreto de Trump impulsionou essas e outras ações

30 de julho de 2025 - 18:40

Até os papéis dos frigoríficos brasileiros pegaram carona nos ganhos desta quarta-feira (30), depois que o decreto sobre a taxação aos produtos brasileiros trouxe algumas isenções

BEIJO, TCHAU

Grupo Toky (TOKY3): principal acionista informa que vai encerrar participação na companhia e vende 42,7% das ações

30 de julho de 2025 - 18:19

No pregão desta quarta-feira (30), os papéis do Grupo Toky encerraram o dia com alta de 10%, a R$ 0,99

BALANÇO

Bradesco (BBDC4) supera expectativas com lucro quase 30% maior no 2T25 e ROE de 14,6%, mas CEO ainda quer mais

30 de julho de 2025 - 18:09

Com rentabilidade em alta e inadimplência sob controle, o Bradesco (BBDC4) se destaca na temporada de resultados dos bancões. Confira os principais números

IPI ZERADO

Renault Kwid, Ônix e outros carros populares ficarão mais baratos — e isso pode gerar ‘rombo’ de até R$ 1 bi na Localiza (RENT3)

30 de julho de 2025 - 17:51

No início de julho, o governo Lula zerou o IPI de carros leves e menos poluentes, o que pode representar um grande desafio para a Localiza. Isso ajuda a explicar a queda de 12% na bolsa no mês

TRÊS É DEMAIS

Avaliação de rival da OpenAI triplica em quatro meses e chega a US$ 170 bilhões, pressionando rivais na elite da IA

30 de julho de 2025 - 15:57

Startup Anthropic atrai fundos soberanos e desafia dilemas éticos enquanto se consolida entre as empresas privadas mais valiosas do mundo

REAÇÃO AO RESULTADO

O Santander Brasil (SANB11) realmente decepcionou no 2T25? Descubra o que os analistas estão dizendo e se vale a pena investir agora

30 de julho de 2025 - 14:07

Apesar de bons sinais em eficiência, o balanço do Santander Brasil trouxe surpresas negativas. O que dizem os analistas e é hora de comprar as ações?

SINAL AMARELO

Motiva (MOTV3) divulga balanço do 2T25 com resultado dentro do esperado, mas BTG vê sinais de alerta

30 de julho de 2025 - 13:59

Mesmo com resultado em linha com o consenso, o banco aponta para fatores que podem pesar sobre a leitura dos investidores

É HORA DE COMPRAR?

Priner (PRNR3) anuncia aquisição, e ações sobem na bolsa hoje; entenda por que operação anima o mercado

30 de julho de 2025 - 13:25

Não são só os investidores que avaliam positivamente a transação: analistas do Itaú BBA e da XP Investimentos veem PRNR3 brilhando ainda mais

NÃO EMPOLGOU

Petrobras (PETR4) supera expectativa de produção, mas ações não deslancham na bolsa; saiba o que esperar do desempenho financeiro da estatal no 2T25

30 de julho de 2025 - 11:59

Entre abril e junho, a produção total da companhia foi 8,1% maior na comparação com o mesmo período do ano anterior; considerando só o petróleo, a produção foi 7,6% acima do registrado um ano antes

O PIOR DA TURMA

Genial corta preço-alvo do Banco do Brasil (BBAS3) em quase 25%, prevendo lucro fraco no 2T25

30 de julho de 2025 - 11:03

Corretora reduziu projeções para o Banco do Brasil em meio à piora da inadimplência no agro e impacto da nova regra contábil do BC

A PRESSÃO DOS JUROS ALTOS

“É o momento mais duro”, afirma CEO do Santander Brasil (SANB11). Agronegócio começa a pesar sobre o balanço, mas banco já vê reversão de cenário no horizonte

30 de julho de 2025 - 10:56

O CEO Mario Leão explica como os juros elevados afetaram as provisões no segundo trimestre e o que esperar para os próximos trimestres

PRÉVIA DO BALANÇO

O Bradesco (BBDC4) vai manter a força nos lucros no 2T25? Analistas revelam o que esperar para o balanço e se é hora de apostar nas ações

30 de julho de 2025 - 10:35

Os resultados do banco serão divulgados após o fechamento dos mercados nesta quarta-feira (30). Confira as expectativas

RESULTADO

Santander (SANB11) frustra expectativas com lucro de R$ 3,6 bilhões no 2T25 e rentabilidade sob pressão; veja os destaques do balanço

30 de julho de 2025 - 6:46

A rentabilidade média do Santander alcançou 16,9% no período, levemente acima das projeções, mas aquém do patamar registrado no 1T25; confira os destaques

RELATÓRIO OPERACIONAL

Petrobras (PETR4) aumenta produção de petróleo em 7,6% no 2T25 e vende mais para a China, mas reação em NY é negativa

29 de julho de 2025 - 20:04

A produção total da estatal chegou a 2,879 milhões de barris entre abril e  junho, uma alta de 8,1% em termos anuais e de 5,1% na comparação trimestral; confira todos os números do período

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar