Dividendo de R$ 1,5 bilhão da Rumo (RAIL3) é motivo para ficar com o pé atrás? Os bancos respondem
O provento representa 70% do lucro líquido do último ano e é bem maior do que os R$ 350 milhões distribuídos na última década. Mas como fica a alavancagem?
Sabe aquele ditado: quando a esmola é boa demais, o santo desconfia? Pois é. Na noite da última quarta-feira (11), a Rumo (RAIL3) anunciou uma distribuição bem gorda: dividendos de cerca de R$ 1,5 bilhão a serem pagos em 25 de junho para os acionistas com posição na empresa no próximo dia 16.
Segundo a XP, o valor representa um aumento significativo em relação aos R$ 350 milhões distribuídos na forma de proventos pela empresa na última década.
A cifra equivale a cerca de 70% do lucro líquido da companhia no ano passado inteiro — quando os analistas do Itaú BBA, por exemplo, esperavam que essa porcentagem ficasse na casa dos 25%.
Para o banco, o anúncio pode causar sentimentos mistos aos acionistas. Por volta das 15h30 desta quinta-feira (12), as ações estavam sendo negociadas com uma queda de 0,47%, a R$ 19,14.
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Por que o anúncio da Rumo pode gerar “pé atrás” dos acionistas e analistas
Na visão do Itaú BBA, por mais que o dividendo represente uma leve adição de alavancagem — de 0,15 vez no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Rumo, passando de 1,7 vez no final do ano —, pode ficar uma certa pulga atrás da orelha do investidor.
Isso porque, se por um lado os dividendos poderiam ser uma forma de geração de valor para os investidores enquanto a Rumo continua a crescer, por outro, levanta a dúvida se o dinheiro não poderia ser mais bem aplicado.
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As alternativas sobre para o destino dessa bolada, segundo os analistas, incluem a redução da alavancagem ou a antecipação do pagamento das taxas de concessão — que geralmente custam cerca de 11% ao ano mais inflação.
“Embora vejamos méritos em ambos os lados, acreditamos que grande parte dessa discussão poderia se tornar menos importante se a empresa conseguir vender seu terminal em Santos, cujo negócio foi desfeito na semana passada, o que é estimado em cerca de R$ 600 milhões em recursos totais”, diz o banco em relatório.
No começo deste mês, a Rumo anunciou a suspensão da venda de sua participação de 50% no Terminal XXXIX (T-39) do Porto de Santos, que estava avaliada em R$ 600 milhões. O motivo foi o não cumprimento de cláusulas contratuais pelos compradores.
A venda estava inserida na estratégia da Rumo de otimizar seu portfólio e reforçar sua estrutura de capital, com foco em aumentar os investimentos ferroviários.
Embora o cancelamento impacte esses planos, a empresa afirmou que segue comprometida com a avaliação de novas oportunidades de negócios que estejam em linha com objetivos de crescimento e eficiência.
Cabe destacar que a recomendação do Itaú BBA é de compra para as ações RAIL3, com preço-alvo de R$ 25 — o que representa um potencial de valorização de 30% em relação ao fechamento de quarta-feira (11).
Já para a XP, que reiterou a recomendação de compra para as ações, o anúncio de ontem sobre os dividendos reforça a confiança da companhia nos resultados futuros, após um início de ano desafiador, com melhorias relevantes recentes nas previsões de produção de grãos, na precificação logística e no desempenho de custos no primeiro trimestre de 2025.
“Por fim, não esperamos mudanças na política mínima de dividendos de 25% do lucro líquido nem na diretriz de manter a dívida líquida/Ebitda abaixo de aproximadamente 2 vezes”, escrevem os analistas da casa em relatório.
O que está acontecendo com as ações da Rumo?
O BTG Pactual destaca o desempenho fraco das ações em relação aos concorrentes. Enquanto Localiza (RENT3) e a Motiva (MOTV3), apresentam altas expressivas no ano (+38,4% e +33,7%, respectivamente), RAIL3 sobe cerca de 8,2% no mesmo período.
Com isso, os analistas listam o que a empresa precisa para melhorar esse desempenho em quatro pontos:
- Aumento dos preços do frete e volumes transportados;
- Redução no ritmo de capex (investimentos);
- Diminuição das preocupações com a alavancagem da Cosan (controladora da Rumo)
- Ausência de surpresas negativas no cenário regulatório.
As quatro pedras no sapato da empresa
Sobre o primeiro ponto, os analistas afirmam que: “o mercado fraco de logística de grãos no início do ano foi uma das principais razões para o desempenho negativo das ações. Por outro lado, se o mercado de logística de grãos aquecer, o que esperamos que aconteça no segundo trimestre, esperamos um sentimento mais positivo em relação à ação”.
Quanto aos preços do frete, o banco afirma que começou a enxergar uma dinâmica mais favorável em meados de abril — quando os tarifa do frete rodoviário em algumas das principais rotas de grãos de Mato Grosso começaram a mostrar valores mais altos.
Essa tendência persistiu durante a maior parte do segundo trimestre, mesmo considerando os elementos deflacionários dos preços mais baixos dos caminhões este ano e os descontos no diesel oferecidos pela Petrobras (PETR4).
Já o capex tem sido uma preocupação constante para a Rumo ao longo dos anos. Para 2025, a empresa prevê investimentos entre R$ 5,8 bilhões e R$ 6,5 bilhões, mas o valor de R$ 1,8 bilhão registrado no primeiro trimestre superou as expectativas do mercado.
A administração explicou, na teleconferência do primeiro trimestre, que os altos níveis de capex no período foram impulsionados por uma concentração sazonal de contratos de construção no início do ano.
“A partir de agora, esperamos que o mercado observe um nível de capex próximo de R$ 1 bilhão ou menos por trimestre, o que tornaria a orientação anual viável”, reforçam os analistas do BTG.
Sobre o endividamento da Cosan (CSAN3), a principal acionista da Rumo, a pressão crescente dos investidores para desalavancar a holding normalmente leva a discussões sobre opções que envolvem a controlada.
“Percebemos que a Cosan está totalmente comprometida em executar o plano de desenvolvimento de infraestrutura em Mato Grosso, que inclui o capex contínuo para o projeto Lucas do Rio Verde”, diz o banco em relatório.
No entanto, os analistas veem Rumo adotando uma abordagem mais racional quanto à disciplina de capital, especialmente ao compartilhar a pressão de capex com parceiros-chave nos projetos.
A solução financeira implementada no terminal em Santos, com a busca de um parceiro no nível do projeto, demonstra claramente essa conscientização de capital para o BTG, que acredita que soluções semelhantes são possíveis e estão sendo consideradas.
Em relação ao último ponto, o banco diz que a falta de visibilidade sobre algumas questões regulatórias chave impede que as ações da Rumo tenham um desempenho melhor.
“Nos referimos à renovação (ou novo leilão) das concessões da Malha Oeste e da Malha Sul. Reconhecemos que ambos os ativos não são tão significativos quanto a Malha Norte ou até mesmo a Malha Central, mas achamos que o mercado está preocupado com os maiores compromissos de capital associados aos seus processos regulatórios”.
“Aqui, acreditamos que o fluxo de notícias pode ser mais prolongado, já que envolve agências reguladoras, e as discussões sobre as renovações de concessão tendem a demorar. No entanto, estamos confiantes de que pelo menos um dos dois ativos pode ser resolvido ainda este ano, com a Malha Oeste esperando ser resolvida mais rapidamente do que a Malha Sul”.
Segundo os analistas, o fluxo de notícias pode ser mais prolongado, uma vez que envolve agências reguladoras, e as discussões sobre as renovações de concessão tendem a demorar. No entanto, estão confiantes de que pelo menos um dos dois ativos podem ser resolvidos ainda este ano, sendo que a Malha Oeste deve ser equacionada mais rapidamente do que a Malha Sul.
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