A maior produção desde 2018 é o suficiente para comprar as ações da Vale (VALE3) agora?
Os papéis da mineradora operam em alta nesta quarta-feira (29), um dia depois da divulgação do relatório operacional do quarto trimestre; saiba o que fazer com os ativos

Não é todo dia que uma empresa como a Vale (VALE3) anuncia que não só superou suas previsões como também alcançou a maior produção em seis anos. Um motivo e tanto para colocar as ações da mineradora na carteira, certo? A resposta, porém, pode não ser tão óbvia.
A Vale apresentou na noite de terça-feira (28) o relatório operacional do quarto trimestre e de 2024 — você pode conferir todos os detalhes aqui —, mas os papéis da companhia não deslancham na B3 hoje.
Depois de operar perto da estabilidade, as ações da Vale sobem 0,65%, cotadas a R$ 53,00. No mesmo horário, o Ibovespa recuava 0,11%, aos 123.912,86 pontos. Em Nova York, os ADRs (American Depositary Receipts) avançam 0,55%, a US$ 9,08.
A Vale destacou não só a maior produção desde 2018: a mineradora também alcançou outros feitos no período, entre eles, o recorde na produção de cobre no Pará — o metal, essencial para a transição energética, é umas das apostas da empresa para os próximos anos.
Ainda assim, nem todo analista recomenda a compra das ações da companhia neste momento.
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Por que não comprar Vale agora?
A XP, por exemplo, é uma das casas que não defende a compra de Vale agora, embora reconheça que a companhia reportou um desempenho operacional ligeiramente melhor do que o esperado no quarto trimestre de 2024, com preços realizados de minério de ferro melhores compensando volumes mais fracos.
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"Acreditamos que os resultados operacionais ilustram a flexibilidade do portfólio da Vale, deslocando a produção em direção a produtos de maior valor agregado em vez de volumes, com a combinação de melhores preços realizados (além de prêmios mais altos) e volumes mais fracos como um resultado líquido positivo", afirmam os analistas Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano .
No entanto, esse desempenho não foi suficiente para fazer a XP mudar a recomendação para as ações da mineradora.
A corretora reiterou recomendação neutra para as ações da Vale devido ao potencial limitado de alta, mas pondera que vê uma assimetria positiva para as ações nos preços atuais do papel.
Na mesma linha, o Safra manteve a recomendação neutra para Vale depois do relatório operacional do quarto trimestre de 2024. O banco tem preço-alvo de R$ 68 para os papéis, o que representa um potencial de valorização de 29% ante o último fechamento.
Os analistas Ricardo Monegaglia e Felipe Centeno dizem que os resultados da Vale poderiam ter sido mais fortes não fosse um descompasso entre as vendas e a produção — algo que a dupla acredita que pode ser revertido no primeiro semestre deste ano.
“A Vale conseguiu atingir as metas de produção propostas para 2024, e vale ressaltar que a produção anual de minério de ferro estava no nível mais alto desde 2019”, afirmam.
O BTG Pactual também está no time das recomendações neutras para os papéis da mineradora.
O banco — que vê um potencial de valorização de 20,1% para os ativos, com base no preço-alvo de US$ 11 — diz que a Vale ainda precisa de catalisadores para uma reclassificação, já que oferece dividend yield (retorno de dividendos) relativamente pouco atraente, nas mínimas de 7% a 8%.
Os analistas Leonardo Correa e Marcelo Arizi reconhecem que a Vale entregou o guidance anual revisado de minério de ferro de 323-330 milhões de toneladas e com um preço "decente" do preço do minério — 1% acima das estimativas do banco.
Mas afirmam que os metais básicos “decepcionaram marginalmente”, com remessas de cobre um pouco abaixo das previsões (1%) e o níquel com desempenho ligeiramente inferior (6%).
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Itaú BBA reafirma compra da Vale
Na contramão das recomendações neutras, o Itaú BBA seguiu indicando a compra das ações da mineradora.
O banco avalia que os números de produção e vendas referentes ao quarto trimestre de 2024 ficaram dentro das expectativas, reiterando a recomendação outperform (equivalente a compra) para o papel.
O preço-alvo do banco para os ativos em Nova York é de US$ 12 — o que representa um potencial de 33,18% de valorização frente ao último fechamento.
Os analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares consideram que o trimestre foi marcado por uma estratégia de valor sobre volume, com uma redução nos embarques de minério de ferro de alta sílica, o que resultou em uma melhora no prêmio médio de qualidade da Vale.
O Bradesco BBI também está no time das recomendações de compra para a Vale.
Segundo o banco, os resultados reforçam a estimativa de Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação) em US$ 4,0 bilhões no quarto trimestre. e
“Esperamos que a melhora da história micro e a forte geração de caixa sustentem o preço de suas ações nos próximos meses”, diz o BBI em relatório.
Os analistas do Goldman Sachs — que recomendam a compra do papel, com um preço-alvo de US$ 16 — a Vale está promovendo melhorias significativas em eficiência operacional, que ainda não estão totalmente refletidas no preço das ações ou nos múltiplos de negociação.
“Vemos espaço para a Vale recuperar sua competitividade relativa. Esse cenário se fortalece especialmente após a resolução de questões importantes, como o acordo final do acidente de Samarco, a renovação da concessão ferroviária, mudanças na liderança (CEO e diretoria) e a conclusão da venda da participação da Cosan”, diz o Goldman em relatório.
*Com informações do Money Times
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