Última chamada para Selic de 15% ao ano? Como corte de juros pelo Fed pode redesenhar a estratégia de investimentos em renda fixa e ações
Juros no Brasil não devem mudar nesta Super Quarta, mas a virada na estratégia de investimentos pode começar muito antes do ajuste pelo Copom

Uma mudança de ciclo de política monetária se avizinha no Brasil e nos EUA. O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) deve iniciar seus cortes de juros nesta quarta-feira (17), segundo expectativas praticamente unânimes do mercado. Já o Banco Central brasileiro (BC) não deve demorar muito a fazer o mesmo por aqui — agentes financeiros se dividem entre expectativas para um primeiro ajuste da Selic em dezembro ou janeiro de 2026.
A decisão do Fed não é determinante para o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC seguir pelo mesmo caminho, mas soma-se a outros fatores favoráveis a essa perspectiva. Não por acaso, nesta Super Quarta os olhos estão voltados para o hemisfério sul.
A expectativa unânime do mercado em relação à decisão do Copom hoje é de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, mas o tom e as entrelinhas do comunicado também passam uma mensagem — e esses detalhes podem ser gatilhos para um reajuste de preço nos ativos financeiros.
Atualmente, o nível de juro no Brasil e nos Estados Unidos está historicamente muito alto, o maior em 20 anos, e a expectativa por uma virada de ciclo sinaliza uma última chamada para travar retornos tão expressivos na carteira.
- SAIBA MAIS: Fique por dentro das principais notícias do mercado. Cadastre-se no clube de investidores do Seu Dinheiro e fique atualizado sobre economia diariamente
Mas a oportunidade não se resume à renda fixa. Especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro afirmam que os quase 20% de valorização do Ibovespa no ano são só o começo. O corte de juro nos EUA pode ser o gatilho que falta para investidores institucionais, notadamente os estrangeiros, procurarem novos ares — e o Ibovespa está nessa rota.
Até onde vai o 1% ao mês
Por mais que o Brasil seja “o país da renda fixa”, os retornos oferecidos atualmente nos títulos públicos e corporativos estão acima das médias históricas. De modo geral, para atingir uma remuneração de 1% ao mês nos investimentos em tempos “normais”, o investidor precisa adicionar um pouco de risco à carteira.
Leia Também
Horário de verão vai voltar? O que se sabe até agora
Em 2025, entretanto, o CDI — indexador de referência para a renda fixa, que acompanha o juro básico — está remunerando mais de 1% ao mês desde abril, quando a taxa Selic ainda estava em 14,25% ao ano. Quando atingiu 15%, em junho, a remuneração aumentou para 1,15% ao mês.
Isso significa que um título pós-fixado, como o Tesouro Selic, paga bem sozinho, sem necessidade de o investidor tomar risco adicional.
Mas isso não vai durar para sempre. Assim que o Copom cortar o juro — em dezembro, ou janeiro, ou quando for — essa remuneração dos títulos pós-fixados, que acompanham o juro básico, vai começar a cair.
Por isso, nessa virada de ciclo é comum que analistas indiquem também uma virada da carteira: migração da renda fixa para ações, aumentando a posição em risco para não diminuir a rentabilidade geral dos investimentos.
Júlio Ortiz, sócio fundador da CX3, defende que esse processo não deve ser tão rápido. Ele não vê a renda fixa perdendo atratividade neste primeiro momento. “O Banco Central tem sido muito conservador. Acredito que será um ciclo de cortes pequenos, sem grandes solavancos. Em um ritmo lento e longo de ajustes”, diz.
Oportunidade histórica
Ao invés de rotacionar a carteira, Ortiz acredita que o momento é de travar as rentabilidades históricas dos títulos de renda fixa. A maior oportunidade de compra no momento, segundo o gestor, é a dos títulos públicos indexados à inflação: o Tesouro IPCA+ com um juro real acima de 7% ao ano.
O Tesouro IPCA+ remunera o valor corrigido pela inflação no período de aplicação mais um juro real prefixado, isto é, uma rentabilidade fixada acima da inflação medida pelo IPCA. Com essa taxa de 7% de juro real, os analistas afirmam que é possível dobrar o patrimônio investido em um prazo de sete a oito anos.
Com o corte de juros no horizonte, a taxa nesse nível também está com os dias contados.
“É uma oportunidade histórica de travar essa taxa na carteira”, diz Júlio Ortiz, sócio fundador da CX3. “O juro real histórico pago por esse título é de 5%.”
No caso dos papéis indexados à inflação, o corte da Selic não tem uma relação direta que derruba o juro real como acontece com os pós-fixados.
“O juro real do Tesouro IPCA+ está mais relacionado ao risco-país, por ser um título de médio a longo prazo. O corte na Selic influencia, mas as expectativas futuras de inflação, a questão do equilíbrio fiscal e o ano eleitoral devem ser mais determinantes”, diz Sara Paixão, analista de macroeconomia da InvestSmart.
Entretanto, é um primeiro gatilho de ajuste. Isso porque, o Banco Central também está de olho na ancoragem das expectativas de inflação para poder diminuir os juros. O que deve segurar o prêmio em 7% por mais algum tempo são o risco fiscal e o ano eleitoral.
- LEIA TAMBÉM: Tesouro Direto IPCA ou Prefixado: Qual a melhor opção de renda fixa para lucrar na virada de ciclo dos juros?
Onde o Copom e o Fed se encontram…
Nesse ponto, o corte de juro pelo Fed nos Estados Unidos volta à tona. Mais do que a faixa de referência de juro local, as taxas dos fed funds balizam a política monetária mundo afora. Juros altos nos EUA puxam para cima as taxas dos demais países, tanto os desenvolvidos quanto os emergentes, que competem pelos recursos dos grandes investidores globais.
Ao diminuir os juros agora, o Fed diminui a atratividade do dólar e de alocação em seus títulos soberanos. Ao mesmo tempo, com a Selic ainda em 15% ao ano por um tempo, o diferencial de juro entre Brasil e EUA fica alto, favorecendo a entrada de capital estrangeiro no país.
Isso significa duas coisas:
- Melhora na taxa de câmbio, com valorização do real ante o dólar;
- Aumento no fluxo da bolsa, com possível valorização das ações.
A valorização do real é particularmente importante nessa equação, porque implica em menos pressão nos preços de importados, alimentos e combustíveis. O real já acumulou cerca de 15% de valorização no ano, e esse é um dos motivos para a queda da inflação e melhora das expectativas futuras nos últimos meses.
“A maior parte dessa apreciação já foi repassada à inflação do IPCA, mas ainda vemos efeitos favoráveis até o fim de 2025”, diz relatório da XP.
Uma parte da entrada de dólares que beneficia a economia tem como destino a bolsa de valores. A entrada líquida de estrangeiros na B3 somou R$ 24,20 bilhões até agosto de 2025, revertendo o resultado negativo de R$ 24,2 bilhões registrado em todo o ano passado, quando a B3 teve seu pior desempenho desde 2020.
Motivo certo para investir em ações
Mais do que a queda dos juros, Ortiz acredita que um motivo mais forte para investir em ações é a entrada em potencial dos gringos.
Segundo a XP, o cenário de valorização do real tende a ser duradouro. A fraqueza do dólar é uma tendência global. A expectativa do mercado não é por apenas um corte agora em setembro, mas três cortes somente nesse ano.
A queda na remuneração dos Treasurys se soma à crise institucional diante das políticas do governo Donald Trump e aos preços esticados das bolsas norte-americanas.
“O dinheiro do mundo estava nos EUA por três anos. São ciclos, e entramos no ciclo de saída desse capital para mercados emergentes. Se o Brasil entrar na mira dos institucionais globais, são bilhões de dólares por um tempo prolongado. Não estamos falando de especuladores, mas de alocação fundamentada”, diz Ortiz.
O gestor afirma que a alta de quase 20% do Ibovespa no ano, com renovações de recordes nominais, é uma fração do que pode entrar, “um pequeno vazamento” de investidores, mas que ainda não são os grandes fundos globais.
Essa potencial entrada de capital estrangeiro na bolsa é um motivo mais significativo do que o corte dos juros, para o gestor. Segundo Ortiz, o início do ciclo de corte é um gatilho importante para investidores locais, que devem redirecionar a alocação em renda fixa para ações.
Entretanto, para pessoas físicas, enquanto os juros no Brasil se mantiverem em dois dígitos, a renda fixa ainda oferece rentabilidade significativa e com baixíssimo risco. Entretanto, a chegada dos institucionais é uma adição de liquidez nas ações locais que vale uma parcela de risco na carteira, se bem direcionado.
Novo ciclo da Selic, novo ciclo da carteira
Victor Furtado, head de alocação na W1 Capital, afirma que o cenário local ainda requer cautela devido ao risco fiscal, ao ano eleitoral e aos juros restritivos. Embora a perspectiva seja de corte da Selic à frente, o efeito na economia é defasado — e ainda estamos falando de taxas em dois dígitos.
No entanto, “é hora de se posicionar realmente esperando uma melhora”, diz Furtado. O analista aponta para a melhora na perspectiva da inflação, dos juros, do câmbio, com alguma desaceleração na atividade — que é considerada positiva por ser desinflacionária.
Paixão, da InvestSmart, tem visão semelhante e pondera que o cenário internacional também é benéfico.
“Juros menores nos EUA ancoram as perspectivas para o Brasil. É possível ter mais segurança em relação as expectativas da inflação e melhora no longo prazo. Ainda que o cenário volátil de 2026 dê algum susto, não deve ser algo tão significativo que mude a rota do BC”, diz a analista.
Diante das perspectivas mais otimistas, Furtado avalia que é hora de “usar os números ao nosso favor” e aproveitar a rentabilidade que a renda fixa oferece agora.
O que o analista e Ortiz recomendam é avaliar ativos para comprar e carregar. Sejam ações ou títulos de renda fixa. De um lado, a renda fixa tende a entregar retornos menores no futuro, enquanto as ações tendem a se valorizar cada vez mais se os estrangeiros, de fato, entrarem com força na bolsa.
“O momento é de oportunidade de entrada. Os títulos do Tesouro estão com taxas históricas e a bolsa está barata. É o momento e comprar com desconto e qualidade, mas com visão de logo prazo, não para especular e achar que vai ficar rico em uma semana”, diz Ortiz.
Eleições 2026 limitam até onde a Selic pode cair, diz economista-chefe do BNP Paribas
Para Fernanda Guardado, parte da desancoragem das expectativas de inflação se deve à incerteza quanto à responsabilidade fiscal do próximo governo
Fortuna familiar e filantropia: a história por trás da primeira mulher norte-americana a superar US$ 100 bilhões
Herdeira do Walmart, Alice Walton se torna centibilionária e consolida sua posição como a mulher mais rica do mundo
Super Quarta vem aí: corte de juros nos EUA abre espaço para o Copom cortar a Selic?
Luís Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, fala sobre o início do ciclo de afrouxamento monetário nos EUA e o debate sobre os efeitos no Brasil
Por que a Cogna (COGN3) quer fechar o capital da Vasta e tirar as ações da subsidiária de Wall Street
A companhia tem intenção de realizar uma oferta para aquisição de até 100% das ações da controlada Vasta na Nasdaq; entenda
Banco do Brasil já salta 18% desde as mínimas na B3. Com ajuda do governo e do BC, a ação BBAS3 pode reconquistar os R$ 30?
Depois de chegar a ocupar lugar de destaque entre os papéis menos queridos pelos investidores na B3, o Banco do Brasil (BBAS3) pode voltar aos tempos de ouro?
Bolão leva prêmio acumulado da Lotofácil 3487 e ninguém fica milionário; Quina acumula e Mega-Sena pode pagar R$ 27 milhões hoje
Mais uma vez, a Lotofácil foi a única loteria da Caixa a ter vencedores na faixa principal na segunda-feira; Quina, Dupla Sena, Lotomania e Super Sete acumularam
Lotofácil acumulada pode pagar R$ 6 milhões hoje, mas não oferece o maior prêmio do dia entre as loterias da Caixa
Lotofácil inicia a semana depois de acumular pela primeira vez em setembro, mas Quina e Dupla Sena oferecerem prêmios superiores
Supersemana na agenda econômica: decisões de juros nos EUA, no Brasil, no Reino Unido e no Japão são destaques junto com indicadores
A semana conta ainda com a publicação da balança comercial mensal da zona do euro e do Japão, fluxo cambial do Brasil, IBC-Br e muitos outros indicadores
Professores já podem se cadastrar para emitir a Carteira Nacional de Docente
Carteira Nacional de Docente começará a ser emitida em outubro e promete ampliar acesso a vantagens para docentes
O homem mais rico do Brasil não vive no país desde criança e foi expulso da empresa que fundou; conheça Eduardo Saverin
Expulso do Facebook por Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin transformou sua fatia mínima na empresa em bilhões e hoje é o brasileiro mais rico do mundo.
Polícia Federal prende 8 suspeitos de ataque hacker durante tentativa para invadir o sistema de Pix da Caixa Econômica Federal
As prisões em flagrante foram convertidas em preventivas e os suspeitos poderão responder pelos crimes de organização criminosa
Tamagotchi: clássico dos anos 1990 ganha nova versão e volta a fazer sucesso
Impulsionado por revival de adultos que cresceram nos anos 1990, Tamagotchi ultrapassa a marca de 100 milhões de unidades vendidas
Moody’s teme reversão de lista de isenção dos EUA ao Brasil após condenação de Bolsonaro
Em agosto, o presidente dos EUA, Donald Trump, promoveu um “tarifaço” contra produtos brasileiros, porém, 694 produtos que ficaram de fora da lista
Copa do Brasil 2025: por que Vasco e Fluminense faturaram até agora mais dinheiro que Corinthians e Cruzeiro mesmo com todos classificados para as semifinais
Apesar de estarem na mesma fase da Copa do Brasil, a dupla carioca percorreu um caminho diferente dos outros dois semifinalistas
A felicidade durou pouco: Elon Musk desbanca Larry Ellison e retoma o trono de homem mais rico do mundo
A disputa pelo topo da lista dos mais ricos continua acirrada: Elon Musk retomou a liderança como o homem mais rico do mundo, com uma fortuna de US$ 399 bilhões
Lotofácil e Dia de Sorte têm bolas divididas e deixam 4 apostadores no meio do caminho rumo ao primeiro milhão
Enquanto a Lotofácil e a Dia de Sorte tiveram dois ganhadores cada, a Quina e a Timemania acumularam na noite de quinta-feira
Mega-Sena sai pela primeira vez em setembro e paga quase R$ 54 milhões a dono ou dona de aposta simples
Depois de sair três vez em agosto, a faixa principal da Mega-Sena tem seu primeiro ganhador em setembro; ele ou ela tem agora 90 dias para reivindicar o prêmio
Banco Central amplia regras de segurança e proíbe bancos de efetuar pagamentos para contas suspeitas de fraude
A nova norma vem na esteira de uma série de medidas da autarquia para aumentar a segurança das transações financeiras
Bebidas com cannabis: como a criatividade brasileira desafia as barreiras de um mercado bilionário?
Enquanto o mercado global de bebidas com THC e CBD movimenta bilhões, a indústria brasileira inova com criatividade, testando os limites da lei e preparando o terreno para uma futura legalização
Entre a simplicidade e a teimosia, Lotofácil 3483 tem 4 ganhadores, mas ninguém fica muito perto do primeiro milhão
Assim como aconteceu na segunda e na terça-feira, a Lotofácil foi a única loteria a ter vencedores na faixa principal ontem