🔴 ONDE INVESTIR EM NOVEMBRO: AÇÕES, DIVIDENDOS, FIIS E CRIPTOMOEDAS – CONFIRA

Felipe Miranda: O pico do excepcionalismo norte-americano?

Todo o excepcionalismo de Wall Street visto nos últimos anos pode finalmente estar dando lugar a um rali de Europa, China e outros mercados emergentes

24 de fevereiro de 2025
20:00 - atualizado às 15:57
Donald Trump e mercados
Imagem: Shutterstock

“O pior pesadelo europeu”, estampa a capa da Economist, com Donald Trump e Vladimir Putin sentados sozinhos numa grande mesa de negociação. A Europa tem alguma experiência na temática “pesadelo”, tendo vivido ao menos dois deles nos últimos 120 anos. Se esse é o pior, a coisa não parece muito boa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Olha, se estivéssemos debatendo uma partilha do Brasil, eu, que só penso naquele Baião de Dois e Carne Seca ali da Alameda Tietê quando ouço a palavra Tordesilhas, preferiria ter um conterrâneo à mesa.

Uma eventual divisão territorial da Ucrânia poderia ter o efeito positivo de parar a guerra. Questão humanitária grave e benefícios sociais e econômicos conhecidos, sintetizados nos “dividendos da paz”. Há aqui, no entanto, além de desrespeito a princípios elementares de soberania nacional, uma potencial agressão a toda a governança e às fronteiras definidas pós-45.

O multilaterismo, os tratados internacionais e as organizações supranacionais dão lugar a um bilateralismo impositivo da lei do mais forte.

Ainda que possamos identificar críticas pertinentes à morosidade da Organização Mundial do Comércio (OMC), a desequilíbrios na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a protecionismo disfarçado na Europa, um conservador haveria de perguntar: vamos eliminar a construção das últimas décadas e colocar o que no lugar?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se um dos objetivos de Trump é trazer a Rússia de volta à mesa de negociações do mundo, teremos de confiar em Putin ou em algum autocrata que vier a sucedê-lo, mesmo sabendo das mazelas da oligarquia local, de seus níveis de corrupção e da relação nem sempre republicana com a igreja ortodoxa?

Leia Também

Ao isolar a Ucrânia e a União Europeia das negociações, Trump elege Volodymyr Zelensky como o ditador da história e ataca a histórica aliança transatlântica. Em alguma medida, toda a herança iluminista e os valores ocidentais clássicos, que inclusive colocavam a Austrália como pertencente ao bloco ocidental, estão em xeque.

Enquanto atropela o multilateralismo, Trump empenha uma campanha doméstica vigorosa contra o deep state americano.

A ambivalência de Trump

Como marca de sua ambivalência, carrega consigo os efeitos positivos de reduzir a burocracia, diminuir custos de transação, melhorar o ambiente de negócios ao dar celeridade aos processos. Ao mesmo tempo, quando ataca a burocracia, a tecnocracia e instituições domésticas consagradas, Trump fragiliza o próprio Estado norte-americano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Francis Fukuyama, professor de Stanford e famoso pela proposição de “O Fim da História”, tem devotado uma série de artigos, na série “Valuing Deep State”, para basicamente demonstrar como um Estado de alta capacidade, profissional, impressionar é crucial para o sucesso de qualquer sociedade.

Como escreveu Martin Wolf, "qualquer um que tenha trabalhado na área de desenvolvimento econômico, como eu, sabe que, sem um serviço público neutro, competente e profissional, nada na sociedade realmente funciona. Quanto mais complexa e refinada uma sociedade e economia moderna se torna, mais isso é verdadeiro.”

Wolf vai mais longe: "o objetivo seria transformar os EUA em uma ditadura plebiscitária, no qual o detentor do poder é rei”. Para reformar o problemático sistema burocrático dos EUA, o substituiríamos por pessoas ideologicamente alinhadas, de confiança do presidente.

É a essência da democracia liberal, do Império da Lei, da igualdade moral e jurídica, que estaria em jogo. Para críticos mais ferrenhos, estaríamos chegando a um novo estágio do capitalismo, na verdade um tecnofeudalismo — qualquer semelhança com ideias defendidas pelo avô de Elon Musk em sua seita tecnocrática talvez não seja mera coincidência.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em artigo recente no Brazil Journal, Marcos Troyjo brincou com um improvável encontro entre Milton Friedman e Raul Prebisch para descrever a combinação, por um lado, de um ambiente interno de negócios desregulamentado e desburocratizado, e, por outro, de uma política de substituição de importações.

Diante da insurgência contra o Estado profundo nos EUA, arrisco outra reunião pitoresca, entre Alexis Tocqueville e Sérgio Buarque de Holanda. “A Democracia na América” encontraria “As Raízes do Brasil”, com o respeito à regra, o instrumentalismo americano e seu pragmatismo encontrando “o homem cordial” brasileiro.

Se laços de confiança e proximidade pessoal passam a importar mais do que as instituições consagradas, o mérito dá lugar ao laço pessoal. A regra importa menos do que a afetividade e a pessoalidade.

Assim, a meritocracia, a eficiência, o respeito às instituições vão perdendo espaço. E o que fica?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sinais dos novos tempos?

Os primeiros sinais efetivos dos novos tempos já fazem eco na formação de expectativa dos agentes econômicos.

O índice de incerteza de comércio (Trade Policy Uncertainty, derivado de pesquisas automatizadas de texto nos arquivos eletrônicos de sete jornais) bateu 323,75 pontos, o maior patamar da série histórica.

No mercado de capitais, depois de uma longa liderança de Wall Street, as bolsas europeias apresentam valorização notadamente mais destacada em 2025. A maioria dos índices de ações europeus sobe mais de 10% neste ano, contra uma alta bem mais moderada da renda variável norte-americana.

A clássica pesquisa com gestores do Bank of America Merrill Lynch (BofA) mais recente apontou aumento expressivo da expectativa de performance superior das ações globais frente àquelas dos EUA.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Comentando a vitória da direita moderada na Alemanha, o banco Société Générale identificou um novo capítulo positivo para os mercados europeus. Michael Hartnett, também do BofA, tem sintetizado o novo momento dos fluxos de capital globais na substituição do acrônimo “AIAI" (all-in on artificial intelligence) para BIG (bonds, international, na perspectiva norte-americana, e gold).

Desde a catálise do evento DeepSeek, a rachadura no ambiente envolvendo as Mag7 nos EUA, para usar a expressão de Nassim Taleb, os fluxos de capital anteriormente drenados por Nvidia e afins agora se destinam a outros lugares. O que foi um grande aspirador de pó da liquidez global nos últimos anos agora atua na outra ponta, provendo recursos.

Tudo isso acontece num momento em que a conjuntura norte-americana emite sinais erráticos e ambíguos. O PMI Composto preliminar da S&P Global para os EUA, que acompanha os setores de manufatura e serviços, caiu para 50,4. Essa foi a leitura mais baixa desde setembro de 2023 e ficou aquém dos 52,7 registrados em janeiro.

Em paralelo, a confiança do consumidor registrou um tombo muito além do esperado, enquanto as expectativas de inflação para longo prazo se deterioraram.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Conforme gosta de lembrar Ray Dalio, as décadas costumam apresentar alternância de bons desempenhos relativos entre regiões e classes de ativos.

Todo o excepcionalismo de Wall Street visto nos últimos anos pode finalmente estar dando lugar a um rali de Europa, China e outros mercados emergentes.

No Brasil, o consenso ainda aponta para apenas um ajuste técnico, uma “subida no vazio”, sem grande alteração de fundamentos, uma mera recuperação cíclica.

Alguns poucos já começaram a mudar de ideia, vendo um pouco mais do que um pequeno rali dentro de um grande bear market. Quando a ideia de um movimento mais estrutural virar predominante, pode ser tarde demais para comprar.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação

4 de novembro de 2025 - 7:10

Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998

3 de novembro de 2025 - 22:11

Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.

DÉCIMO ANDAR

Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários

2 de novembro de 2025 - 8:00

Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje

31 de outubro de 2025 - 7:58

A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi

SEXTOU COM O RUY

Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado

31 de outubro de 2025 - 6:07

A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje

30 de outubro de 2025 - 7:34

A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas

29 de outubro de 2025 - 20:00

Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje

29 de outubro de 2025 - 8:10

Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje

28 de outubro de 2025 - 7:50

A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul

28 de outubro de 2025 - 7:31

Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje

27 de outubro de 2025 - 8:09

Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo

24 de outubro de 2025 - 8:03

Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje

SEXTOU COM O RUY

Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel

24 de outubro de 2025 - 6:01

Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje

23 de outubro de 2025 - 8:21

Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada

22 de outubro de 2025 - 20:00

A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje

22 de outubro de 2025 - 7:58

Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje

21 de outubro de 2025 - 8:00

Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem

21 de outubro de 2025 - 7:35

O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico

20 de outubro de 2025 - 19:58

Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje

20 de outubro de 2025 - 7:52

Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar