🔴 ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? MELHORES AÇÕES, FIIS E DIVIDENDOS – CONFIRA AQUI

Do coice à diplomacia: Trump esmurra com 50% e manda negociar

Para além do impacto econômico direto, a nova investida protecionista de Trump impulsiona um intrincado jogo político com desdobramentos domésticos e eleitorais decisivos para o Brasil

15 de julho de 2025
7:23 - atualizado às 10:27
Em um fundo de gráfico, Donald Trump está do lado esquerdo, vestido terno azul e camisa branca. Do lado direto, Lula está com o dedo na boca. Ele veste terno azul e camisa branca também.
Donald Trump e Lula - Imagem: Montagem Seu Dinheiro/ Canva Pro

O tema das tarifas comerciais voltou ao epicentro das preocupações. Trump decidiu apertar ainda mais o botão do protecionismo e, no último fim de semana, enviou cartas oficiais ao México e à União Europeia anunciando a intenção de impor tarifas de 30% sobre produtos importados dessas regiões.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ainda assim, os mercados lá fora seguem em um curioso estado de negação voluntária, agindo como se Trump inevitavelmente recuará — como já o fez outras vezes. Mas contar com a previsibilidade de um agente essencialmente imprevisível é um erro de julgamento com custo elevado.

O Brasil, nesse contexto, virou alvo preferencial — e, talvez, um símbolo conveniente para uma retórica que combina nacionalismo econômico e intimidação política. Trump foi além da lógica comercial: impôs uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras aos EUA, usando como pano de fundo uma disputa que, em essência, é política e ideológica.

A reação dos mercados foi imediata, mas a análise estrutural traz nuances importantes. Apesar da pancada simbólica, o impacto econômico direto é limitado. As exportações brasileiras para os EUA representam apenas cerca de 2% do PIB nacional. Mesmo que os 50% sejam aplicados integralmente, o efeito estimado seria de uma perda de aproximadamente 0,30 ponto percentual do PIB em 12 meses. 

É ruim? Sem dúvida. Mas está longe de configurar um colapso.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ainda assim, há pontos de atenção. Produtos como café, carne bovina e suco de laranja, com alta exposição ao mercado americano e relevância na pauta exportadora, devem sentir mais.

Leia Também

E o principal risco está fora das planilhas comerciais: uma eventual disparada do dólar, em meio a nova rodada de aversão ao risco, poderia reacender pressões inflacionárias, corroendo o poder de compra e afetando a popularidade do governo — que já enfrenta dificuldades. Em suma, o baque imediato é absorvível, mas os riscos secundários são reais e se desdobram em frentes política e cambial. 

O problema, como quase sempre, vai muito além dos números secos. O risco real mora na escalada política e nas consequências que podem se materializar já no curto prazo — mesmo que, do ponto de vista estrutural, o impacto econômico se revele contido.

Se esse cenário benigno de fato prevalecer, é razoável esperar que a turbulência recente nos mercados se dissipe com o tempo. Mas essa é uma aposta que depende de duas variáveis fundamentais: a não escalada da retórica e a diluição dos efeitos políticos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
  • VEJA MAIS: As recomendações dos especialistas que participaram do evento “Onde Investir no 2º Semestre” já estão reunidas em um e-book gratuito; baixe agora

Nesse sentido, surgem sinais de pragmatismo: o presidente Lula teria instruído sua equipe ministerial a negociar um adiamento da medida por até 90 dias, além de buscar uma tarifa menor. Há, ainda, a possibilidade de propor cotas para alguns produtos. Se for por esse caminho, ao menos se preserva o bom senso.

Aliás, a reação contida do governo brasileiro até agora funcionou como um alívio temporário para os mercados. O simples fato de o Planalto ter sinalizado que não pretende responder imediatamente — ao menos até o prazo oficial de 1º de agosto — foi suficiente para acalmar os ânimos e trazer alguma acomodação aos ativos.

A dúvida que paira é se esse bom senso se manterá ao longo das negociações diplomáticas, agora que a relação Brasil-EUA passou a trafegar por um campo minado.

O alerta é claro: a última coisa de que o país precisa é de um surto protecionista motivado por impulso ou vaidade. Retaliações improvisadas tendem a gerar mais danos do que soluções — com impacto direto sobre o câmbio, a inflação e, em consequência, sobre a política monetária. Em outras palavras, pagar na mesma moeda pode sair caro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por isso, a expectativa de que Trump recue (como tantas vezes já recuou) e a real margem para negociação ainda existente tornam-se peças-chave para estancar a sangria. Nesse jogo de nervos, quem tiver mais sangue-frio leva vantagem. 

Há margem para negociação. Ao longo dos últimos 15 anos, o Brasil acumulou um déficit comercial de cerca de US$ 415 bilhões com os EUA — uma assimetria suficientemente ampla para ser explorada na mesa de negociações.

Ou seja, a tarifa de 50% anunciada ao Brasil não se sustenta sob nenhum argumento técnico. A punição imposta ao Brasil escapa do padrão e carrega conteúdo político, vindo poucos dias após as críticas da Casa Branca à postura do governo brasileiro nos BRICS+

Mas é no pano de fundo doméstico que mora o ponto mais sensível. A oposição de direita segue desorganizada e refém de seus próprios fantasmas. A pressão pela aprovação da lei da anistia, capitaneada pela ala bolsonarista, não tem eco no Congresso e só serve para reforçar a imagem de uma oposição egocêntrica, incapaz de formular um projeto viável alternativo, reformista e pró-mercado.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

É justamente isso que ameaça uma das principais teses que temos defendido por aqui: a alternância de poder em 2026 como força estruturante para os mercados. Já disse antes: o maior risco à tese de virada política não é Lula — é a própria oposição, sequestrada por um discurso radicalizado e incompatível com o centro político necessário para vencer.

Lula, por sua vez, tentará extrair dividendos políticos da crise tarifária com os EUA. O script já está sendo ensaiado: retórica nacionalista, aceno à soberania e discurso antiamericano — todos ingredientes que, mesmo desgastados, ainda encontram eco em setores da esquerda. Se conseguir associar a crise a Bolsonaro, Lula poderá desgastar a oposição, enfraquecendo suas chances eleitorais.

Ao mesmo tempo, os bolsonaristas tentam vender a medida de Trump como consequência da atuação do STF e da política externa do governo atual — leitura que, convenhamos, tem algum lastro, ainda que politicamente oportunista.

O problema é que esse tipo de narrativa afasta ainda mais a direita do centro — e, sem o centro, qualquer candidatura será apenas decorativa em 2026. Em suma: o Brasil vive uma crise tarifária real, mas o maior drama segue sendo o político. E esse, infelizmente, é de fabricação nacional.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Este é o ponto nevrálgico para os investidores: sem uma alternativa política consistente, com musculatura eleitoral e compromisso inequívoco com o ajuste fiscal, a tese de inflexão política perde tração — e, com ela, os ativos brasileiros voltam a sangrar. É plausível que Lula colha algum dividendo político no curto prazo com essa crise tarifária. Mas isso pouco altera o quadro estrutural.

Estamos longe da eleição, e até lá, o tempo — e não a histeria — continua sendo nosso maior aliado. Uma escalada agora, com retaliações impensadas ou rompantes diplomáticos, seria suicídio econômico. E o governo sabe disso — ou, ao menos, deveria saber.

No curtíssimo prazo, é verdade que Lula sai ligeiramente fortalecido. Mas é uma vantagem frágil. A crise complica ainda mais a articulação política no Congresso, encarece a negociação com setores organizados e acende a luz amarela sobre o câmbio. Se o dólar acelerar — e essa é uma possibilidade real —, a inflação voltará a bater na porta, corroendo ainda mais uma popularidade que já vinha cambaleante.

A travessia será turbulenta para todos. A mudança do pêndulo político segue no radar, mas exigirá mais compostura e menos espetáculo. Falta ao Brasil um conciliador. E o que temos visto, infelizmente, são artilheiros de crise carregando galões de gasolina.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
TRILHAS DE CARREIRA

ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho

12 de outubro de 2025 - 7:04

Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)

10 de outubro de 2025 - 7:59

No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação

SEXTOU COM O RUY

Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe

10 de outubro de 2025 - 6:03

Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)

9 de outubro de 2025 - 8:06

No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: No news is bad news

8 de outubro de 2025 - 19:59

Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)

8 de outubro de 2025 - 8:10

No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje

7 de outubro de 2025 - 8:26

No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso

7 de outubro de 2025 - 7:37

Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard

6 de outubro de 2025 - 20:00

O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)

6 de outubro de 2025 - 7:54

No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas

DÉCIMO ANDAR

Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?

5 de outubro de 2025 - 8:00

Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)

3 de outubro de 2025 - 8:06

Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos

SEXTOU COM O RUY

Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento

3 de outubro de 2025 - 7:03

Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)

2 de outubro de 2025 - 8:04

No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses

1 de outubro de 2025 - 20:00

Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um ano de corrida eleitoral e como isso afeta a bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta quarta-feira (1)

1 de outubro de 2025 - 7:59

Primeiro dia de outubro tem shutdown nos EUA, feriadão na China e reunião da Opep

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tão longe, tão perto: as eleições de 2026 e o caos fiscal logo ali, e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (30)

30 de setembro de 2025 - 7:53

Por aqui, mercado aguarda balança orçamentária e desemprego do IBGE; nos EUA, todos de olho nos riscos de uma paralisação do governo e no relatório Jolts

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Eleições de 2026 e o nó fiscal: sem oposição organizada, Brasil enfrenta o risco de um orçamento engessado

30 de setembro de 2025 - 7:18

A frente fiscal permanece como vetor central de risco, mas, no final, 2026 estará dominado pela lógica das urnas, deixando qualquer ajuste estrutural para 2027

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: O Fed e as duas economias americanas

29 de setembro de 2025 - 20:00

Um ressurgimento de pressões inflacionárias ou uma fraqueza inesperada no mercado de trabalho dos EUA podem levar a autarquia norte-americana a abortar ou acelerar o ciclo de queda de juros

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

B3 deitada em berço esplêndido — mas não eternamente — e o que mexe com os mercados neste segunda-feira (29)

29 de setembro de 2025 - 7:54

Por aqui, investidores aguardam IGP-M e Caged de agosto; nos EUA, Donald Trump negocia para evitar paralisação do governo

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar