Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando

Quem nunca se sentiu um impostor que atire a primeira pedra. Em momentos cruciais da minha carreira, me vi em situações onde precisei me adaptar, aprender rápido e, em certa medida, “fingir” que dominava um assunto até que a prática me trouxesse a experiência real. A grande diferença, talvez, é que a minha “farsa” não tinha um custo financeiro diário. Li uma matéria recente na BBC que me fez questionar o quanto a busca por dignidade e validação social se tornou um negócio lucrativo. Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária na China — que hoje supera os 14% no país —, uma nova tendência está surgindo: jovens adultos pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando.
Desemprego, poder do propósito e pertencimento
Na matéria, um dos proprietários de uma dessas empresas disse que não está apenas alugando uma estação de trabalho. Na verdade, ele está vendendo "a dignidade de não ser uma pessoa inútil". O texto ainda fala que esses espaços se parecem com escritórios completamente funcionais, com computadores e internet, e são uma "solução de transição".
O “novo fenômeno” reitera o que o trabalho representa no geral para a nossa sociedade: não apenas uma fonte de renda, mas a base do nosso senso de propósito e pertencimento. Quando se está desempregado, perde-se não só o salário, mas também essa estrutura.
A busca desses jovens por um "trabalho de mentirinha" é um reflexo do que se perde: a rotina, o convívio, o sentimento de estar produzindo algo, de fazer parte de um time, por mais informal que ele seja.
Trabalho e desemprego: novas gerações, velhos dilemas
Uma outra reflexão que me veio é sobre as gerações. Tanto se fala que a Gen Z já não quer mais trabalhar ou se mostra desinteressada para o mundo corporativo. E, no entanto, essa matéria nos confronta com uma realidade que atravessa todas as gerações: a necessidade humana de pertencer e de encontrar sentido nas coisas. Isso independe de qualquer recorte geracional.
Tenho conversado com amigos próximos que estão desempregados, e a primeira coisa que vejo ruir não é a conta bancária, mas a confiança e a autoestima. O senso de identidade fica abalado. E, para aqueles que têm famílias e filhos, o peso é ainda maior.
Leia Também
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
O trabalho é a fonte de sustento e a promessa de estabilidade, e a falta dele se torna uma ameaça direta à capacidade de cuidar de quem se ama.
Essa "realidade simulada" dos escritórios chineses mostra que, mesmo em uma situação extrema, o ser humano busca desesperadamente o sentimento de comunidade e a sensação de estar em movimento.
E a recolocação é um tema que me toca muito.
A jornada de um profissional em busca de um emprego não é nada fácil.
São milhares de candidaturas a vagas que nunca dão retorno, a tentativa de conversar com pessoas nas empresas de interesse que não atendem, a triste e solitária espera por respostas às etapas dos processos, a insegurança que é gerada a cada negativa ou recusa.
A lista poderia se estender por mais duas páginas, pelo menos.
Uma lição para todos nós
Fingir ter um emprego, como tem sido o fenômeno entre os jovens na China, é um ato de resistência e um atalho para um futuro que ainda não chegou.
É a prova de que a ação, por mais que pareça inútil, é o que mantém a mente e o corpo ativos na jornada.
Por isso, a busca por um novo trabalho deve ser encarada como um trabalho em si, com rotina, esforço e, principalmente, uma rede de apoio.
E, para nós, profissionais de Recursos Humanos, fica o convite para uma reflexão.
O ghosting corporativo, em que candidatos não recebem resposta ou feedback, é uma prática cada vez mais comum.
Nossas ações têm o poder de impactar profundamente a vida de quem está em busca de uma oportunidade.
Lembre-se: por trás de cada currículo, há uma história, uma família e uma pessoa que luta para manter a sua dignidade. E, no final das contas, a roda-gigante da vida gira para todos. Amanhã, a pessoa em busca de emprego pode ser você.
Até a próxima,
Thiago Veras
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo
A (nova) mordida do Leão na sua aposentadoria, e o que esperar dos mercados hoje
Mercado internacional reage ao balanço da Nvidia, divulgado na noite de ontem e que frustrou as expectativas dos investidores
Rodolfo Amstalden: O Dinizismo tem posição no mercado financeiro?
Na bolsa, assim como em campo, devemos ficar particularmente atentos às posições em que cada ação pode atuar diante das mudanças do mercado
O lixo que vale dinheiro: o sonho grande da Orizon (ORVR3), e o que esperar dos mercados hoje
Investidores ainda repercutem demissão de diretora do Fed por Trump e aguardam balanço da Nvidia; aqui no Brasil, expectativa pelos dados do Caged e falas de Haddad
Promessas a serem cumpridas: o andamento do plano 60-30-30 do Inter, e o que move os mercados hoje
Com demissão no Fed e ameaça de novas tarifas, Trump volta ao centro das atenções do mercado; por aqui, investidores acompanham também a prévia da inflação
Lady Tempestade e a era do absurdo
Os chineses passam a ser referência de respeito à propriedade privada e aos contratos, enquanto os EUA expropriam 10% da Intel — e não há razões para ficarmos enciumados: temos os absurdos para chamar de nossos
Quem quer ser um milionário? Como viver de renda em 2025, e o que move os mercados hoje
Investidores acompanham discursos de dirigentes do Fed e voltam a colocar a guerra na Ucrânia sob os holofotes
Da fila do telefone fixo à expansão do 5G: uma ação para ficar de olho, e o que esperar do mercado hoje
Investidores aguardam o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole
A ação “sem graça” que disparou 50% em 2025 tem potencial para mais e ainda paga dividendos gordos
Para os anos de 2025 e 2026, essa empresa já reiterou a intenção de distribuir pelo menos 100% do lucro aos acionistas de novo
Quem paga seu frete grátis: a disputa pelo e-commerce brasileiro, e o que esperar dos mercados hoje
Disputa entre EUA e Brasil continua no radar e destaque fica por conta do Simpósio de Jackson Hole, que começa nesta quinta-feira
Os ventos de Jackson Hole: brisa de alívio ou tempestade nos mercados?
As expectativas em torno do discurso de Jerome Powell no evento mais tradicional da agenda econômica global divide opiniões no mercado
Rodolfo Amstalden: Qual é seu espaço de tempo preferido para investir?
No mercado financeiro, os momentos estatísticos de 3ª ou 4ª ordem exercem influência muito grande, mas ficam ocultos durante a maior parte do jogo, esperando o técnico chamar do banco de reservas para decidir o placar
Aquele fatídico 9 de julho que mudou os rumos da bolsa brasileira, e o que esperar dos mercados hoje
Tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil vem impactando a bolsa por aqui desde seu anúncio; no cenário global, investidores aguardam negociações sobre guerra na Ucrânia