100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Donald Trump reacendeu as tensões comerciais com a China ao ameaçar a imposição de tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses e anunciar restrições à exportação de “todos os softwares críticos” a partir de 1º de novembro, provocando uma forte correção nos mercados globais na última sexta-feira (10) e reacendendo temores de uma guerra comercial mais agressiva.
A reação dos investidores foi imediata: o S&P 500 caiu 2,7%, o Nasdaq recuou 3,6% e o Dow Jones perdeu quase 880 pontos, com as quedas concentradas em empresas de semicondutores, montadoras e multinacionais fortemente expostas à China.
Em contrapartida, ações de mineradoras americanas de terras raras dispararam, refletindo expectativas de maior intervenção estatal para reduzir a dependência dos EUA em relação ao fornecimento chinês desses insumos estratégicos.
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A nova escalada da guerra comercial
A decisão de Trump foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim, que introduziu controles inéditos sobre a exportação de metais de terras raras. Pelas novas regras, empresas estrangeiras precisarão obter aprovação prévia das autoridades chinesas para exportar produtos que contenham esses metais.
O presidente americano acusou a China de explorar seu “monopólio” sobre o setor — responsável por cerca de 60% da mineração e mais de 90% do processamento global de 17 metais essenciais a tecnologias estratégicas, como semicondutores, sistemas de mísseis, smartphones e veículos elétricos.
A medida rompeu um acordo firmado em junho, que previa flexibilização das restrições, e foi interpretada como uma jogada calculada para aumentar o poder de barganha de Pequim nas negociações comerciais com Washington.
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Entre Trump e Xi Jinping: a reação dos mercados
Com a suspensão do encontro previamente marcado entre Trump e Xi Jinping, investidores buscaram proteção em ativos considerados seguros, como ouro e Treasuries, enquanto ações de mineradoras americanas de terras raras mantiveram forte desempenho.
A escalada também teve repercussão entre aliados estratégicos, como a Alemanha, que iniciou discussões com a União Europeia para expandir a produção de terras raras no continente e reduzir vulnerabilidades geopolíticas.
O episódio deixou claro que, apesar de momentos pontuais de distensão, a rivalidade estrutural entre as duas maiores economias do mundo permanece intensa, com implicações relevantes para cadeias globais de suprimentos e setores tecnológicos sensíveis.
Nesse contexto, o ouro segue seu ciclo de valorização excepcional, ultrapassando a marca de US$ 4.100 por onça e mais do que dobrando de preço em menos de dois anos, impulsionado por uma combinação rara e poderosa de fatores macroeconômicos e geopolíticos.
O ouro na jogada
A queda das taxas de juros reduz o custo de oportunidade de manter o metal, a inflação persistentemente elevada reforça seu papel como reserva de valor e a desvalorização do dólar amplia sua atratividade internacional.
A turbulência política em Washington — marcada pelos ataques de Trump ao Federal Reserve e pelo início de um ciclo de afrouxamento monetário — recria um ambiente reminiscentemente inflacionário dos anos 1970, historicamente favorável ao ouro.
Investidores privados voltaram com força ao mercado: ETFs adicionaram mais de 100 toneladas do metal em setembro, maior volume em mais de três anos. Estimativas do Goldman Sachs sugerem que, se apenas 1% dos recursos privados aplicados em Treasuries migrassem para ouro, o preço poderia se aproximar de US$ 5.000 por onça.
Essa tendência é reforçada por uma base estrutural mais ampla. Bancos centrais, especialmente após a invasão da Ucrânia, vêm diversificando reservas e acumulando ouro em barras para se proteger contra riscos geopolíticos e a crescente desconfiança nas instituições americanas sob o governo Trump.
Para o investidor, o recado é inequívoco: em um ambiente de instabilidade geopolítica, fragilidades institucionais e ruídos fiscais — como o próprio shutdown americano —, ativos clássicos de proteção voltam a ganhar protagonismo. O ouro continua a desempenhar um papel central em estratégias prudentes de diversificação.
Mais do que uma reserva tradicional, ele permanece uma referência universal de valor em períodos de turbulência, ajudando a preservar patrimônio quando outros instrumentos falham.
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Um afago de Trump... mas é o suficiente?
No entanto, ao adotar um tom mais conciliador no fim de semana, Trump ajudou a melhorar de forma perceptível o humor dos investidores na segunda-feira, proporcionando uma trégua parcial após dias de forte volatilidade. Esse alívio imediato se refletiu nos mercados globais, com recuperação em ativos de risco e melhora no sentimento geral.
Ainda assim, o episódio expôs um ponto central: o maior risco para os mercados não está necessariamente nas tarifas adicionais em si, mas na imprevisibilidade crescente da política comercial americana. Essa instabilidade já começa a afetar decisões estratégicas de investimento e produção de empresas nos próprios Estados Unidos, aumentando a incerteza operacional e dificultando o planejamento de longo prazo.
Em última instância, é esse caráter errático da política comercial que preocupa investidores e analistas, por seu potencial de desorganizar cadeias de suprimentos críticas e reacender pressões inflacionárias domésticas — elementos que podem gerar volatilidade persistente mesmo em períodos de aparente trégua.
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