Gestor que anteviu estouro da bolha pontocom vê formação de nova bolha entre as ações de tecnologia ligadas à inteligência artificial (IA)
Entusiasmo com a IA pode estar levando investidores a cenário de “exuberância irracional” 25 anos após a primeira bolha tech, alerta Howard Marks, cofundador da Oaktree Capital
O otimismo com a inteligência artificial (IA) tem sido um dos principais motores para o forte desempenho de algumas das maiores empresas de tecnologia da bolsa.
A Apple, por exemplo, está próxima de atingir o marco histórico de US$ 4 trilhões (cerca de R$ 24 trilhões) em valor de mercado, enquanto as ações da Nvidia, a “queridinha da IA” subiram mais de 100% no ano passado. É inegável: hoje, as empresas mais valiosas do mundo são do setor de tecnologia, basta dar uma olhada no desempenho do S&P 500.
Com o frenesi em torno das chamadas “Magnificent Seven” — Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon, Nvidia, Meta (dona do Facebook, WhatsApp e Instagram) e Tesla —, é possível dizer que estamos diante de uma nova bolha, semelhante à que ocorreu nos anos 2000 com as ações de tecnologia, internet e e-commerce? Howard Marks acredita que sim.
Em um recente memorando, o cofundador da Oaktree Capital, gestora que conta atualmente com US$ 205 bilhões sob gestão, alerta novamente para o risco de uma bolha no mercado de ações, 25 anos após ter publicado o primeiro memorando sobre o assunto, que antevia o estouro da bolha pontocom nos Estados Unidos.
Marks aponta algumas semelhanças entre o cenário atual e outras bolhas do passado, como a das ações de tecnologia nos anos 1990 e a do mercado imobiliário nos anos 2000.
Ele destaca o papel da psicologia dos investidores na criação dessas bolhas, alertando para os perigos da “exuberância irracional” e da ideia de que “não existe preço alto demais”.
Leia Também
O presente repete o passado
Segundo Marks, além do rápido aumento no preço dos papéis, uma bolha também é caracterizada por uma “mania temporária” resultante de quatro principais fatores:
- exuberância altamente irracional (um termo do antigo presidente do Federal Reserve [FED, o banco central dos EUA] Alan Greenspan);
- adoração absoluta das empresas ou ativos em questão e uma crença de que eles não podem errar;
- medo enorme de ficar para trás se não participar ("FOMO - Fear of Missing Out" ou, em português, “medo de ficar de fora”);
- convicção de que, para essas ações, “não há preço alto demais”.
LEIA TAMBÉM: conectando este robô ao seu celular, é possível buscar até R$ 200 de renda extra por dia
O entusiasmo por novas tecnologias e a falta de histórico
“As bolhas estão invariavelmente associadas a novos desenvolvimentos”, afirma Marks. “Atentar-se à história [da ação] pode servir como uma amarra, mantendo um grupo fundamentado em terra firme. Mas quando algo é novo, o que quer dizer que não tem história, então não há nada para moderar o entusiasmo.”
Atualmente, tecnologias como a inteligência artificial (IA) geram grande entusiasmo no mercado, mas a falta de histórico de empresas e setores novos faz com que investidores ignorem os riscos, na visão do cofundador da Oaktree. Sem dados anteriores para comparar, muitos se sentem impulsionados pelo otimismo, sem considerar as incertezas.
Marks também cita a preocupação com a desconexão entre o preço das ações e o valor real das empresas, especialmente as big techs. Quando os preços sobem rapidamente sem um crescimento correspondente nos lucros, o risco de correções severas aumenta, como aconteceu na bolha das ações "Nifty Fifty" nos anos 1960, na visão do executivo.
Na época, as ações de diversas empresas eram negociadas com múltiplos preço/lucro (P/L) elevados. No entanto, quando caíram, o mercado caiu pela metade entre 1973 e 1974.
Marks também destaca o otimismo prevalecido nos mercados desde o final de 2022: o S&P 500 registrou altas de 26% e 25% em 2023 e 2024, respectivamente, um movimento poucas vezes visto na história.
Contrapontos: big tech já é uma bolha?
Embora Marks reconheça que há motivos para se preocupar com o mercado atual, ele apresenta contrapontos que sugerem que uma bolha pode não estar acontecendo.
Por exemplo, o índice P/L do S&P 500 está elevado, mas não atingiu os níveis extremos de bolhas anteriores, como a das “Nifty Fifty”, afirma. Isso sugere que, apesar da valorização, o mercado não está tão sobrevalorizado quanto em outros momentos.
As "Sete Magníficas" são empresas líderes com vantagens tecnológicas e margens de lucro altas, o que também justifica seus índices P/L mais elevados, na opinião de Marks.
Além disso, ao contrário de bolhas passadas, Howard acredita que os investidores ainda consideram o valor e os riscos, e não compram de forma irracional.
“Sempre que ouço ‘não há preço alto demais’ ou uma de suas variantes — um investidor mais disciplinado pode dizer, ‘claro que há um preço alto demais, mas ainda não chegamos lá’ — eu considero isso um sinal claro de que uma bolha está se formando”, diz Howard
“Não sou um investidor de capital e certamente não sou especialista em tecnologia. Portanto, não posso falar com autoridade sobre se estamos em uma bolha. Só quero expor os fatos como os vejo e sugerir como você pode pensar sobre eles... assim como eu fiz há 25 anos”, afirma.
Hora de voltar para o Ibovespa? Estas ações estão ‘baratas’ e merecem sua atenção
No Touros e Ursos desta semana, a gestora da Fator Administração de Recursos, Isabel Lemos, apontou o caminho das pedras para quem quer dar uma chance para as empresas brasileiras listadas em bolsa
Vale (VALE3) patrocina alta do Ibovespa junto com expectativa de corte na Selic; dólar cai a R$ 5,3767
Os índices de Wall Street estenderam os ganhos da véspera, com os investidores atentos às declarações de dirigentes do Fed, em busca de pistas sobre a trajetória dos juros
Ibovespa avança e Nasdaq tem o melhor desempenho diário desde maio; saiba o que mexeu com a bolsa hoje
Entre as companhias listadas no Ibovespa, as ações cíclicas puxaram o tom positivo, em meio a forte queda da curva de juros brasileira
Maiores altas e maiores quedas do Ibovespa: mesmo com tombo de mais de 7% na sexta, CVC (CVCB3) teve um dos maiores ganhos da semana
Cogna liderou as maiores altas do índice, enquanto MBRF liderou as maiores quedas; veja o ranking completo e o balanço da bolsa na semana
JBS (JBSS3), Carrefour (CRFB3), dona do BK (ZAMP3): As empresas que já deixaram a bolsa de valores brasileira neste ano, e quais podem seguir o mesmo caminho
Além das compras feitas por empresas fechadas, recompras de ações e idas para o exterior também tiraram papéis da B3 nos últimos anos
A nova empresa de US$ 1 trilhão não tem nada a ver com IA: o segredo é um “Ozempic turbinado”
Com vendas explosivas de Mounjaro e Zepbound, Eli Lilly se torna a primeira empresa de saúde a valer US$ 1 trilhão
Maior queda do Ibovespa: por que as ações da CVC (CVCB3) caem mais de 7% na B3 — e como um dado dos EUA desencadeou isso
A combinação de dólar forte, dúvida sobre o corte de juros nos EUA e avanço dos juros futuros intensifica a pressão sobre companhia no pregão
Nem retirada das tarifas salva: Ibovespa recua e volta aos 154 mil pontos nesta sexta (21), com temor sobre juros nos EUA
Índice se ajusta à baixa dos índices de ações dos EUA durante o feriado e responde também à queda do petróleo no mercado internacional; entenda o que afeta a bolsa brasileira hoje
O erro de R$ 1,1 bilhão do Grupo Mateus (GMAT3) que custou o dobro para a varejista na bolsa de valores
A correção de mais de R$ 1,1 bilhão nos estoques expôs fragilidades antigas nos controles do Grupo Mateus, derrubou o valor de mercado da companhia e reacendeu dúvidas sobre a qualidade das informações contábeis da varejista
Debandada da B3: quando a onda de saída de empresas da bolsa de valores brasileira vai acabar?
Com OPAs e programas de recompras de ações, o número de empresas e papéis disponíveis na B3 diminuiu muito no último ano. Veja o que leva as empresas a saírem da bolsa, quando esse movimento deve acabar e quais os riscos para o investidor
Medo se espalha por Wall Street depois do relatório de emprego dos EUA e nem a “toda-poderosa” Nvidia conseguiu impedir
A criação de postos de trabalho nos EUA veio bem acima do esperado pelo mercado, o que reduz chances de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em dezembro; bolsas saem de alta generalizada para queda em uníssono
Depois do hiato causado pelo shutdown, Payroll de setembro vem acima das expectativas e reduz chances de corte de juros em dezembro
Os Estados Unidos (EUA) criaram 119 mil vagas de emprego em setembro, segundo o relatório de payroll divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Departamento do Trabalho
Sem medo de bolha? Nvidia (NVDC34) avança 5% e puxa Wall Street junto após resultados fortes — mas ainda há o que temer
Em pleno feriado da Consciência Negra, as bolsas lá fora vão de vento em poupa após a divulgação dos resultados da Nvidia no terceiro trimestre de 2025
Com R$ 480 milhões em CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai 24% na semana, apesar do aumento de capital bilionário
A companhia vive dias agitados na bolsa de valores, com reação ao balanço do terceiro trimestre, liquidação do Banco Master e aprovação da homologação do aumento de capital
Braskem (BRKM5) salta quase 10%, mas fecha com ganho de apenas 0,6%: o que explica o vai e vem das ações hoje?
Mercado reagiu a duas notícias importantes ao longo do dia, mas perdeu força no final do pregão
SPX reduz fatia na Hapvida (HAPV3) em meio a tombo de quase 50% das ações no ano
Gestora informa venda parcial da posição nas ações e mantém derivativos e operações de aluguel
Dividendos: Banco do Brasil (BBAS3) antecipa pagamento de R$ 261,6 milhões em JCP; descubra quem entra no bolo
Apesar de o BB ter terminado o terceiro trimestre com queda de 60% no lucro líquido ajustado, o banco não está deixando os acionistas passarem fome de proventos
Liquidação do Banco Master respinga no BGR B32 (BGRB11); entenda os impactos da crise no FII dono do “prédio da baleia” na Av. Faria Lima
O Banco Master, inquilino do único ativo presente no portfólio do FII, foi liquidado pelo Banco Central por conta de uma grave crise de liquidez
Janela de emissões de cotas pelos FIIs foi reaberta? O que representa o atual boom de ofertas e como escapar das ciladas
Especialistas da EQI Research, Suno Research e Nord Investimentos explicam como os cotistas podem fugir das armadilhas e aproveitar as oportunidades em meio ao boom das emissões de cotas dos fundos imobiliários
Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual
Pesquisa com gestores aponta queda no otimismo, desconforto com valuations e realização de lucros após sequência histórica de altas do mercado brasileiro