Fuga do investidor estrangeiro? Não para a sócia da Armor Capital. Mesmo com Trump, ainda tem muito espaço para gringo comprar bolsa brasileira
Para Paula Moreno, sócia e co-diretora de investimentos da Armor Capital, as tensões comerciais com os EUA criam uma oportunidade para o estrangeiro aumentar a aposta no Brasil

Desde que Donald Trump anunciou a possibilidade de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, o receio de que os investidores estrangeiros abandonassem a bolsa brasileira tomou conta do mercado.
Porém, Paula Moreno, sócia e co-diretora de investimentos da Armor Capital, tem uma visão diferente: para ela, a situação cria uma oportunidade para o gringo comprar mais ações no Brasil.
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O cenário, no entanto, não se desenrolará de forma imediata. Com a elevada incerteza no ar, o mercado deve aguardar por uma janela de oportunidade mais atraente, na visão da co-diretora.
“Ainda tem muito espaço para o investidor estrangeiro comprar o Brasil, só que eles vão esperar por um movimento de realização um pouco maior da bolsa brasileira para entrar em um nível mais baixo”, afirmou a sócia da Armor, em entrevista ao Seu Dinheiro.

Investidor estrangeiro em busca de um ponto de entrada na bolsa brasileira
No primeiro semestre de 2025, a entrada de recursos estrangeiros na bolsa brasileira foi discreta, com os gringos ainda "under" — ou seja, com alocação abaixo da média em mercados emergentes, incluindo o Brasil.
A B3 teve um fluxo líquido positivo de R$ 26,9 bilhões entre janeiro e junho de 2025, considerando aportes em IPOs e follow-ons, no melhor desempenho para o período desde 2022, de acordo com um levantamento da consultoria Elos Ayta.
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“Como a bolsa brasileira estava muito descontada em relação à média histórica e com pouca oferta de papel, já que as empresas vinham recomprando ações, qualquer movimento que o investidor estrangeiro faça representa um volume grande em reais, então a bolsa sobe muito rápido”, disse Moreno.
Mesmo com a possibilidade de Trump colocar em vigor as tarifas de 50%, ela acredita que isso não afetará a tendência de entrada de capital estrangeiro no Brasil, já que a bolsa brasileira ainda apresenta diversas ações a múltiplos descontados.
Até onde pode ir a bolsa brasileira?
O grande ponto de atenção, segundo Moreno, é o desenrolar das negociações entre EUA e Brasil.
Um acordo entre Trump e Lula seria um grande catalisador para a bolsa brasileira, que poderia disparar para os 140 mil pontos.
Porém, se o Brasil optar por uma retaliação, o cenário se tornaria mais complicado.
“Acreditamos que a incerteza segue elevada para os ativos brasileiros até a implementação das tarifas, em 1º de agosto”, afirmou.
Para ela, Trump tem pouco a perder com a manutenção das tarifas altas, o que encarece a negociação com o Brasil.
Além disso, a nova investigação comercial anunciada pelos EUA contra o Brasil serve para fortalecer os argumentos norte-americanos para justificar esse nível de 50%, segundo a co-diretora da Armor.
“Esse anúncio da investigação mostra o interesse dos EUA em manter por mais tempo essa potencial tarifa e ter mais poder de barganha na negociação. Mas ela não necessariamente prenuncia uma escalada das tensões”, avaliou.
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Os potenciais desdobramentos entre Trump e Lula
Caso as tarifas de 50% entrem em vigor, o impacto maior será sobre o câmbio, com uma possível depreciação do real para perto de R$ 5,90 até o fim do ano, segundo as previsões da Armor Capital.
A desvalorização também poderia gerar um efeito sobre os juros, adiando os cortes já previstos para o início de 2026 para depois de março.
Porém, Moreno acredita que a negociação com os EUA deve ser vista como uma estratégia de barganha política por parte de Trump.
“Trump usa isso para todos os países como uma moeda de negociação, no famoso Taco trade”, disse a CIO da Armor Capital.
Porém, mesmo que o Brasil chegue a um acordo com os EUA, as tarifas não voltarão ao patamar de 10% que havia recebido anteriormente.
“A tarifa média do mundo pelo jeito não vai ser mais 10%, ela vai ser mais elevada daqui em diante. O piso vai ser mais alto para todo mundo, não só para o Brasil”, afirmou.
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“Os EUA estão precisando de uma fonte de arrecadação. Trump tem um déficit fiscal bastante elevado e ele vai usar a tarifa para resolver o problema da balança e também para arrecadar”, acrescentou.
De acordo com informações do Financial Times, os EUA já arrecadaram quase US$ 50 bilhões com as receitas extras com tarifas, especialmente devido às limitadas tentativas de retaliação de parceiros comerciais norte-americanos.
As receitas alfandegárias dos EUA atingiram o recorde de US$ 64 bilhões no segundo trimestre, um aumento de US$ 47 bilhões em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados do Tesouro.
Além disso, como os questionamentos de Trump ao Brasil partiram majoritariamente de questões políticas e menos de temas puramente comerciais, não se sabe o que Lula poderia barganhar na negociação.
“Talvez essa conta seja um pouco mais cara para Trump, porque talvez ele não tenha interesse em chegar a um acordo”, afirmou.
Na visão da sócia da Armor, as discussões aqui poderiam envolver uma potencial anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro ou o alívio à regulamentação das redes sociais, por exemplo.
Os impactos de um acordo para o câmbio e juros
Mesmo que ocorra um acordo, as expectativas da Armor para os juros não mudam.
A gestora espera que os cortes de juros no Brasil comecem a partir de março, com um ciclo de cortes de 300 pontos-base.
A projeção de Moreno é que a Selic encerre em 12% ao ano em 2026, praticamente em linha com as expectativas do mercado compiladas no último Boletim Focus, de 12,50% ao ano.
Já o câmbio é visto como o maior beneficiado por uma eventual negociação.
Para Moreno, o real ficará "um pouco mais vulnerável" no segundo semestre, mas a moeda brasileira poderia se apreciar em reação a um acordo entre os países.
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