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Monique Lima

Monique Lima

Repórter de finanças pessoais e investimentos no Seu Dinheiro. Formada em Jornalismo, também escreve sobre mercados, economia e negócios. Já passou por redações de VOCÊ S/A, Forbes e InfoMoney.

LAÇOS ESTREITOS

De São Paulo a Xangai em um clique: China abre seu mercado de ações para o Brasil em uma parceria rara de ETFs recíprocos 

Primeiros fundos lançados na B3 para investir direto em ações chinesas são da Bradesco Asset e já estão sendo negociados

Monique Lima
Monique Lima
28 de maio de 2025
18:04 - atualizado às 17:05
China Brasil ETF Connect
Imagem gerada por inteligência artificial - Imagem: Montagem IA/ ChatGPT/ Seu Dinheiro

A distância entre Brasil e China está menor, pelo menos no que diz respeito aos investimentos em ações por meio de fundos de índices (ETFs). 

A bolsa brasileira, B3, e as bolsas chinesas de Shenzhen e Xangai fecharam uma parceria rara que abre o mercado de capitais do País Asiático para os brasileiros. 

Mas, mais do que isso, abre o mercado de capitais do Brasil para os chineses. 

O programa ETF Connect permitirá que brasileiros invistam diretamente nas ações chinesas por meio de fundos listados na B3, enquanto os chineses poderão investir em ações brasileiras da mesma forma com os fundos listados nas bolsas de lá.

Parece simples? Mas não é. 

O mercado de capitais chinês é extremamente restrito quanto aos investidores estrangeiros que podem investir diretamente no país e mais restrito ainda em relação aos ativos estrangeiros em que os chineses podem aportar recursos. 

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Em entrevista ao Seu Dinheiro, Luiz Masagão, vice-presidente de produtos e clientes da B3, explicou que o conceito de reciprocidade do ETF Connect é um conceito chinês, que foi oferecido ao Brasil. 

“A regulamentação chinesa é super restrita. Eles só permitem que chineses invistam em outros países se tiver um caminho aberto para os residentes deste outro país investirem na China também. E aí eles criaram o conceito do Connect. A gente está entrando numa regulamentação cujo conceito já existe na China”, diz Masagão. 

O Brasil é o primeiro país da América Latina (e do Ocidente) a fechar uma parceria do Connect com a China — e o quarto no mundo a trabalhar com essa reciprocidade. 

Japão, Hong Kong e Cingapura têm a mesma parceria com o Gigante Asiático, enquanto Estados Unidos e Europa trabalham com acordos mais restritos. 

“As primeiras conversas sobre o assunto surgiram ainda em 2018. Foi um longo processo com o regulador chinês e a CVM para tirar esse projeto do papel. A autorização formal saiu em março deste ano, quando conseguimos assinar o memorando de entendimento com as bolsas de Xangai e Shenzhen”, conta o vice-presidente da B3. 

ETF Connect é diferente dos ETFs Globais 

Mas a B3 já não tem ETFs de ações chinesas? Sim, mas não é a mesma coisa. 

O ETF Connect oferece uma exposição direta à China e a empresas locais. 

Os fundos listados na B3, como o XINA11, oferecem exposição a recibos de ações (BDRs) de empresas chinesas que estão listadas nas bolsas de Nova York, NYSE e Nasdaq. 

Ou seja, não é uma exposição direta à China, mas a empresas chinesas, em sua maioria, multinacionais. 

“A exposição direta à China é uma quebra de paradigma”, diz Masagão. “O mercado chinês está mudando de patamar. O crescimento chinês é notório.” 

A gestora pioneira na listagem dos ETFs chineses pelo Connect no Brasil foi a Bradesco Asset — uma das maiores do país, com R$ 940 bilhões sob gestão. 

Os ETFs PKIN11 e TEXC11 foram listados na B3 na última segunda-feira (26), e lançados oficialmente na terça-feira (27), com direito a toque do sino na bolsa brasileira. 

Durante o evento, em que o Seu Dinheiro esteve presente, Ricardo Eleutério, diretor da Bradesco Asset, afirmou que a parceria era um marco na história de 23 anos da gestora. 

“Acho que o mais legal desse processo todo é que além do produto em si, a gente tem um acordo de cooperação de troca de informações. Nós vamos receber as assets, o time da China aqui no Brasil para um roadshow, para falar do mercado chinês, e o inverso é verdadeiro”, disse Eleutério. 

A imprensa chinesa também esteve presente para cobrir o lançamento dos fundos na B3. 

A Bradesco Asset tem um escritório em Hong Kong desde 2011 e considera que essa representação local ajudou a estabelecer parceria com as gestoras China Universal e China AMC, com quem fechou a parceria dos ETFs recíprocos. 

Para que uma gestora brasileira possa criar e administrar um fundo dentro do projeto Connect é necessário que ela tenha uma parceira chinesa que lista o fundo de ações brasileiras

A Itaú Asset também entrou no projeto da B3, mas ainda está em processo de negociação com gestoras chinesas para colocar o seu fundo no ar. 

O ETF PKIN11 (B-Index Connect China Universal CSI 300) é o fundo das grandes empresas chinesas. Ele espelha um fundo da China Universal que acompanha o índice CSI 300, das 300 maiores empresas do país. 

Já o ETF TEXC11 (B-Index Connect China AMC ChiNext) é o fundo das pequenas e médias empresas chinesas, que espelha um fundo da China AMC que acompanha o índice ChiNext

Os dois estão disponíveis para negociação na B3, pelo público geral, desde o dia 26 de maio. O preço inicial estabelecido foi de R$ 100 por cota, com uma taxa de administração de 0,40% ao ano.

De real direto para yuan (e vice-versa): Brasil e China trocam ações e recursos 

Mais do que trocar fundos e ações, China e Brasil vão trocar recursos entre si. A reciprocidade, que é o ponto central do projeto de ETFs, prevê um fluxo financeiro entre os países. 

Funciona assim: investidores brasileiros compram cotas do ETF PKIN11, em reais, como fazem com qualquer outro ETF. A Bradesco Asset recolhe o volume financeiro, faz o câmbio para yuan, e com esse dinheiro compra cotas do fundo chinês equivalente. 

O inverso é feito pela asset chinesa que fechou a parceria com a Bradesco Asset. Todo volume financeiro que é investido no fundo brasileiro listado na China é remetido para o Brasil. 

“Na prática, é um investimento direto do brasileiro na China e do chinês no Brasil. E isso na moeda corrente dos países, que também é um diferencial interessante”, diz Masagão. 

A B3 tem grandes expectativas em relação ao fluxo financeiro que pode vir dessa parceria. 

Embora o mercado de capitais da China seja bastante fechado, as bolsas de Xangai e Shenzhen somam um volume médio de negociação diária de US$ 300 bilhões — 60 vezes mais do que os US$ 5 bilhões da B3. 

“Durante as tratativas com as bolsas chinesas, eles [os chineses] pontuaram que a alocação inicial poderia ser baixa, que levaria um tempo para os investidores de lá absorverem uma diversificação no Brasil. Eu brinquei que o que eles consideram uma alocação baixa, provavelmente seria um volume significativo que valeria muito a pena para a gente”, disse Masagão, da B3. 

O Bradesco e as assets chinesas já têm planos para ajudar na disseminação dos fundos. 

Em julho, o time do Brasil vai para a China para fazer um roadshow, apresentar o produto e falar sobre o mercado de capitais brasileiro. Na sequência, o time chinês deve desembarcar por aqui com o mesmo propósito.

Eleutério, da Bradesco Asset, afirma que a gestora não tem uma expectativa definida para os ETFs, que pretende fazer apresentações para os maiores clientes e trabalhar na educação financeira sobre diversificação como parte de uma estratégia maior. 

“Não dá para ignorar o mercado chinês. Estamos falando de um mercado robusto, que vem trabalhando em muito desenvolvimento tecnológico, incentivos cada vez maiores. Tem que ter no portfólio para diversificação, nem que seja uma pontinha”, disse o diretor da Bradesco Asset. 

A tese de investir na China, entretanto, não é predominante entre agentes do mercado financeiro. O país enfrenta uma desaceleração econômica e os incentivos do governo são vistos como um impulso momentâneo, não estrutural. 

Diante disso, a tese doméstica é a mais incerta, enquanto tecnologia robótica, de inteligência artificial e veículos elétricos têm mais adesão, como indicam os especialistas nesta matéria

Índia vem aí? 

Masagão acredita que todo o aprendizado com a parceria com a China pode ser aproveitado para outros países. 

Quando questionado sobre qual seria o próximo país, o vice-presidente de produtos e clientes da B3 afirmou que a Índia está no radar. 

“Nosso time está começando as tratativas com o regulador indiano, para entender a viabilidade da parceria nesse formato bilateral. É um país que está crescendo rapidamente e já ouvimos de alguns investidores institucionais que existe demanda por essa exposição”, disse. 

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também estaria interessada no avanço dessa agenda de investimentos internacionais. 

Segundo a B3, a CVM ofereceu suporte para o projeto do ETF Connect desde as primeiras tratativas com o regulador chinês. 

Marina Copola de Carvalho, diretora da CVM, que esteve presente no lançamento dos fundos da Bradesco, afirmou em seu discurso de lançamento que esses fundos representam um avanço concreto para o mercado de capitais brasileiro se tornar mais global. 

Para ela, esse produto foi trabalhado desde o início para ter todo o suporte regulatório e oferecer segurança jurídica para os investidores brasileiros e chineses, de modo que a construção de pontes para os investimentos internacionais avançou e encaminha o Brasil para ter um mercado de capitais mais relevante globalmente. 

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