🔴 AÇÕES, FIIs, BDRs E CRIPTO – ONDE INVESTIR EM SETEMBRO? CONFIRA AQUI

Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

RENDA FIXA

O Brasil vai virar a Turquia? Veja por que você deveria ter títulos indexados à inflação na carteira (e agora é uma boa hora de comprar)

Estudo da TAG Investimentos analisa se a inflação brasileira pode se descontrolar, mas o juro real ficar negativo, como ocorre no país europeu

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
19 de julho de 2024
7:13 - atualizado às 13:50
Dragão da inflação em frente à bandeira da Turquia
Gestora testa se a regra de bolso para comprar Tesouro IPCA+, de comprar com a taxa a 6% e vender a 4%, tem respaldo na realidade. Imagem: ChatGPT

A Turquia tem hoje uma das maiores taxas de juros nominais (50%) e de inflação (em torno de 70%) do mundo. E como se pode ver, a política monetária do país não é restritiva, dado que seus juros reais (a diferença entre os dois indicadores), são negativos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No Brasil, a Selic está em 10,50%, ainda um patamar restritivo, mas a inflação vem dando sinais de estar controlada. O que preocupa os mercados por aqui é o risco fiscal, com a necessidade de o governo cortar gastos, o que ele reluta em fazer ao mesmo tempo em que clama por uma taxa de juros mais baixa num cenário de crescimento econômico.

Nesse cenário, haveria chance de o Brasil acabar “virando” uma Turquia, isto é, com uma política monetária frouxa enquanto assiste a uma escalada inflacionária?

A gestora TAG Investimentos publicou, nesta quinta-feira (18), um relatório onde analisa a possibilidade de este sombrio futuro ser o destino do Brasil. O relatório assinado pelo CIO da casa, André Leite, parte de uma afirmação feita recentemente por “um gestor de fundos multimercado” de que o Brasil estava “no caminho de virar uma Turquia”.

Leite supostamente se refere a uma entrevista dada recentemente por Márcio Appel, sócio e gestor da Adam Capital, em que ele disse que o Brasil “está caminhando na direção da Turquia”, no sentido de que aqui, como no país europeu, a inflação tende a acelerar (e será crescente ao longo do tempo), e os juros subirão com atraso.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na ocasião, Appel se mostrou pessimista com a política fiscal do governo Lula, pois acredita que o ajuste que deveria ser feito não virá.

Leia Também

O Brasil vai virar a Turquia?

Logo no início do relatório, Leite diz que a afirmação “não para de pé em um exame minimamente atento.”

Em primeiro lugar porque, diferentemente da Turquia, o Brasil não tem problemas nas contas externas, não correndo o risco de uma desvalorização cambial da mesma magnitude que a lira turca, uma vez que temos mais de US$ 300 bilhões em reservas e nossas contas externas são equilibradas.

“Em segundo lugar, temos um sistema político onde o establishment atua como uma mola: não nos deixa avançar muito em reformas, mas quando a coisa azeda, também não nos deixa pular no abismo”, diz o CIO da TAG no relatório.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ele cita o exemplo recente de quando o presidente Lula autorizou cortes de gastos e sinalizou compromisso com o arcabouço fiscal como consequência de um “enquadramento” do “establishment político e econômico”.

“Mesmo em um cenário onde Lula esticasse as cordas, as consequências em termos de desemprego, inflação e insatisfação popular fariam com o seu governo tivesse vida curta, não indo além de 2026. Ou eventualmente até antes, como no caso de Dilma. Já tivemos essa experiência”, afirma Leite.

O CIO da TAG frisa ainda o papel que as contas externas ruins têm em dinâmicas econômicas como as da Turquia e da Argentina. “Você ter as contas externas equilibradas (isto é, não há falta de dólares), mesmo em um cenário fiscal ruim, te dá algum tempo e tranquilidade de corrigir os rumos fiscais sem crises cambiais rápidas e fulminantes”, diz.

Onde investir se o Brasil virasse a Turquia (ou a Argentina)?

Mesmo considerando o cenário Turquia improvável, a TAG admite que esse tipo de lembrança incomoda e “nos faz repensar o status imbatível dos investimentos pós-fixados no CDI”. Afinal, num ambiente de juro real negativo, investimentos atrelados à taxa básica de juros não preservam seu poder de compra, pois perdem da inflação.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nesse sentido, quais seriam os investimentos que atuariam como portos seguros em um cenário de inflação descontrolada e juros nominais elevados, porém inferiores aos índices de preços? A gestora elenca três:

  • Dólar, que se valorizaria muito num cenário como esse;
  • Títulos públicos indexados à inflação (Tesouro IPCA+), que garantem juro real positivo, isto é, um ganho já conhecido e fixado acima da inflação no vencimento;
  • Ativos reais, como imóveis e ações, que nessas escaladas inflacionárias preservam seu poder de compra. A TAG lembra inclusive que o Merval, principal índice de ações da Argentina, acompanhou a inflação do país por todos esses anos.

Numa hipótese de acontecer algo como ocorreu na Argentina, com o índice de preços oficial sendo manipulado pelo governo, aí o dólar seria realmente a melhor pedida, enquanto os títulos Tesouro IPCA+ falhariam em proteger da inflação. Ativos reais também seriam capazes de continuar protegendo o poder de compra.

Lembrando que se a inflação subir demais, a partir de um certo ponto a tributação dos títulos públicos indexados ao IPCA faz com que o retorno do papel também não seja capaz de vencer a inflação, como mostramos nesta outra matéria. Para situações assim, investimentos atrelados à inflação, mas isentos de IR, seriam mais adequados.

A regra de bolso se aplica: agora é um bom momento para comprar títulos indexados à inflação

E quando colocar Tesouro IPCA+ na carteira? No mesmo relatório, a TAG faz um estudo que confirma que a regrinha de bolso do mercado financeiro – compre quando o juro real estiver a 6% ou mais e venda quando estiver a 4% ou menos – tem respaldo na realidade.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os títulos indexados à inflação pagam uma taxa prefixada mais a variação de um índice de preços. E quanto maior a taxa prefixada, menor o preço do título, e vice-versa. Assim, quando as taxas estão mais elevadas, os papéis estão mais baratos, fazendo mais sentido comprar do que quando as taxas estão baixas e os preços altos – momento em que seria mais propício vender e realizar o lucro antes do vencimento.

“Como todo investimento, quanto mais barato se paga, maior é a margem de segurança e maiores são as chances de sucesso”, diz o relatório da TAG.

Leite lembra que o IMA-B – índice de mercado que acompanha o desempenho dos preços de uma cesta de títulos públicos indexados à inflação – e suas variantes têm desempenho histórico acima do CDI, do IHFA (índice de multimercados) e bem acima do Ibovespa.

Segundo o CIO da TAG, um dos motivos (ocultos) da boa performance do IMA-B sobre as outras classes de ativos é que o mercado subestima a inflação realizada um ano à frente, em média em 0,9% ao ano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Assim, se à primeira vista o investimento em Tesouro IPCA+ não se mostra interessante, as surpresas inflacionárias acabam fazendo com que o desempenho dos títulos também surpreenda positivamente.

O estudo da TAG mostra as probabilidades de sucesso de acordo com o nível de taxa que se investe nos títulos indexados à inflação. Assim, foram analisadas as médias das taxas praticadas pelos vértices disponíveis desses papéis em janelas móveis de 1 a 5 anos desde 2006. Com isso, foram medidos os percentuais dessas janelas que batem o CDI por preço de compra.

Fonte: TAG Investimentos

Em seguida, a TAG analisou o percentual de tempo em que o investimento em Tesouro IPCA+ esteve acima do CDI.

Fonte: TAG Investimentos

A conclusão foi que os títulos indexados à inflação que têm uma taxa prefixada de 6% ao ano ou mais tendem a ganhar do CDI, seja medindo o percentual de janelas temporais ou o percentual de tempo em que ficam acima da taxa básica de juros. E tudo isso com a correção pela inflação, que o CDI não tem.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além disso, a probabilidade de bater o CDI aumenta quanto maior for o período de alocação – de fato, os títulos indexados à inflação são normalmente indicados para objetivos de prazos maiores.

Nesse sentido, no momento atual os títulos Tesouro IPCA+ se mostram bastante atrativos. Todos os vencimentos disponíveis no Tesouro Direto hoje em dia estão pagando acima de 6% ao ano mais IPCA.

O investidor só precisa ter estômago para aguentar as oscilações de preços, pois altas nos juros futuros tendem a desvalorizar esses papéis, fazendo com que ele veja um desempenho negativo na carteira.

“Historicamente, compras feitas nestes pontos (como agora) são o plantio de períodos futuros de bom desempenho, naturalmente desde que o investidor tenha o sangue frio de suportar a volatilidade e a marcação a mercado que estes momentos trazem. Via de regra os bons pontos de compra são períodos turbulentos e voláteis”, diz o CIO da TAG.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

VEJA TAMBÉM: OS FUNDOS DE RENDA FIXA COM DUPLA ISENÇÃO DE IR: UMA CONVERSA SOBRE FI-INFRAS

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ENTRE O RISCO E O RETORNO

A nova jogada dos gestores de crédito para debêntures incentivadas em meio à incerteza da isenção do IR

21 de agosto de 2025 - 12:07

Com spreads cada vez mais apertados e dúvidas sobre a isenção do imposto de renda, gestores recorrem ao risco intermediário e reforçam posições em FIDCs para buscar retorno

24/7

Tesouro Direto vai operar 24 horas por dia a partir de 2026

17 de agosto de 2025 - 15:55

Novidades incluem título para reserva de emergência sem marcação a mercado e plataforma mais acessível para novos investidores

BATALHA DA RENDA FIXA

Tesouro Direto IPCA ou Prefixado: Qual a melhor opção de renda fixa para lucrar na virada de ciclo dos juros?

13 de agosto de 2025 - 6:01

Com juros em queda e inflação sob controle, entenda como escolher a melhor opção de rentabilidade para proteger e potencializar os investimentos

CARTEIRA RECOMENDADA

Debêntures da Petrobras (PETR4) e prefixados com taxa de 13% ao ano são destaques. Confira as recomendações para renda fixa em agosto

8 de agosto de 2025 - 15:00

BTG Pactual, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade agora e levar títulos até o vencimento diante das incertezas futuras

DOIS ANOS

Tesouro Educa+ faz aniversário com taxas de IPCA + 7% em todos os vencimentos; dá para garantir faculdade, material e mais

6 de agosto de 2025 - 14:29

Título público voltado para a educação dos filhos dobrou de tamanho em relação ao primeiro ano e soma quase 160 mil investidores

GARANTA JÁ O SEU ISENTO

De debêntures incentivadas a fundos de infraestrutura, investidores raspam as prateleiras para garantir títulos isentos — e aceitam taxas cada vez menores 

23 de julho de 2025 - 16:58

A Medida Provisória 1.303/25 tem provocado uma corrida por ativos isentos de imposto de renda, levando os spreads dos títulos incentivados a mínimas históricas

adia, mas paga

De SNCI11 a URPR11: Calote de CRIs é problema e gestores de fundos imobiliários negociam alternativas

19 de julho de 2025 - 14:15

Os credores têm aceitado abrir negociações para buscar alternativas e ter chances maiores de receber o pagamento dos títulos

NOVA REALIDADE

Renda fixa capta bilhões em dólar e em real e consolida ‘novo normal’ no primeiro semestre de 2025, diz Anbima

17 de julho de 2025 - 13:42

Debêntures incentivadas ganham cada vez mais destaque, e até mesmo uma “alternativa exótica” cresce como opção

DIVERSIFICAÇÃO EM DÓLAR

Ficou mais barato investir em títulos do Tesouro dos EUA e renda fixa global: Avenue amplia variedade de bonds e diminui valor mínimo

14 de julho de 2025 - 13:11

São mais de 140 novos títulos emitidos por companhias de países como Canadá, França e Reino Unido

SEGUNDA CHANCE

Perdeu a emissão primária de debêntures da Petrobras (PETR4)? Títulos já estão no mercado secundário e são oportunidade para o longo prazo

14 de julho de 2025 - 6:02

Renda fixa da Petrobras paga menos que os títulos públicos agora, mas analistas veem a possibilidade de retorno ou ganho de capital no futuro

UPGRADE NA RENDA FIXA

Renda fixa vai ganhar canal digital de negociação no mercado secundário com aval da CVM; entenda como vai funcionar

10 de julho de 2025 - 16:28

O lançamento está previsto para acontecer neste mês, já com acesso a debêntures, CRIs, CRAs, CDBs, LCIs, LCAs e LIGs

CRÉDITO PRIVADO EM XEQUE

Gestores não acreditam que tributação de títulos isentos vai passar, mas aumentam posição em debêntures incentivadas

9 de julho de 2025 - 15:45

Pesquisa exclusiva da Empiricus revela expectativa de grandes gestores de crédito sobre a aprovação da MP 1.303 e suas possíveis consequências

CARTEIRA RECOMENDADA

Isa Energia e CPFL são compra em julho. Confira as recomendações de debêntures, CRI e CRA, LCD e títulos públicos para o mês 

9 de julho de 2025 - 13:08

BB Investimentos, BTG Pactual, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade na renda fixa agora, diante da perspectiva de taxas menores no futuro

VALE A PENA?

CDB ou LCA: títulos mais rentáveis de junho diminuem taxas, mas valores máximos chegam a 105% do CDI com imposto e 13,2% ao ano isento de IR

8 de julho de 2025 - 16:00

Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado e mostra que os valores diminuíram em relação a maio

ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE

“Uma pena o Brasil ter entrado nessa indústria de isento”: por que Reinaldo Le Grazie, ex-BC, vê a taxação de títulos de renda fixa com bons olhos?

3 de julho de 2025 - 8:00

MP 1.303 reacende uma discussão positiva para a indústria, segundo o sócio da Panamby, que pode melhorar a alocação de capital no Brasil

ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE

Nem toda renda fixa, mas sempre a renda fixa: estas são as escolhas dos especialistas para investir no segundo semestre

3 de julho de 2025 - 6:00

Laís Costa, da Empiricus, Mariana Dreux, da Itaú Asset, e Reinaldo Le Grazie, da Panamby, indicam o caminho das pedras para garantir os maiores retornos na renda fixa em evento exclusivo do Seu Dinheiro

FICOU POP

Crédito privado conquistou os investidores com promessas de alto retorno e menos volatilidade; saiba o que esperar daqui para frente

26 de junho de 2025 - 18:38

Ativos de crédito privado, como FIDCs e debêntures, passaram a ocupar lugar de destaque na carteira dos investidores; especialistas revelam oportunidades e previsões para o setor

PRÊMIOS NEGATIVOS?

Petrobras (PETR4) emite R$ 3 bilhões em debêntures, com taxas que pagam menos que os títulos públicos — mas são consideradas atrativas 

25 de junho de 2025 - 12:13

A renda fixa da Petrobras, com isenção de imposto de renda, tem apelo significativo neste momento, segundo avaliação da Empiricus

TEVE CHORINHO

Subiu mais um pouquinho: quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI com a Selic em 15%

18 de junho de 2025 - 19:15

Copom aumentou a taxa básica em mais 0,25 ponto percentual nesta quarta (18), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas; ajuste deve ser o último do ciclo de alta

NOVA ERA NOS INVESTIMENTOS

Acabou a isenção: como as mudanças propostas no imposto de renda dos investimentos podem mexer com os mercados

12 de junho de 2025 - 19:33

Investidores podem esperar mudanças nas taxas, nos prazos e nos retornos se propostas da MP 1.303/25, que estabelece imposto de 5% para isentos e alíquota única de 17,5% para demais investimentos, forem aprovadas

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar