🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

ONDE INVESTIR

2025 será o ano da renda fixa? Onde estarão as oportunidades em títulos públicos e privados diante de retornos (e riscos) mais altos

Alta dos juros e aversão a risco levaram os investidores para a renda fixa em 2024; movimento tem tudo para continuar no ano que vem, mas seletividade será mais importante

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
26 de dezembro de 2024
17:20 - atualizado às 16:49
renda fixa investimentos inflação ipca
Imagem: Canva / Montagem: Giovanna Figueredo

A disparada dos juros e o aumento dos riscos domésticos puniram os ativos de risco brasileiros em 2024, mas aumentaram os retornos dos ativos de renda fixa e atraíram os recursos dos brasileiros para esta classe de ativos, que ainda teve alguns dos seus segmentos beneficiados por mudanças regulatórias.

Os investidores saíram em busca da segurança dos ativos indexados à Selic e ao CDI e das altas rentabilidades reais (acima da inflação) oferecidas pelos papéis indexados ao IPCA, muito embora estes últimos tenham, em muitos casos, sofrido fortes desvalorizações. Para quem estava de olho no longo prazo, porém, foi possível contratar retornos formidáveis até o vencimento.

No entanto, a corrida dos investidores para a renda fixa ao longo do ano, combinada com a escalada prevista para as taxas de juros em 2025, aumentou também os riscos dos títulos privados, sobretudo aqueles emitidos por empresas mais endividadas e de pior classificação de risco.

Assim, o cenário tem tudo para beneficiar a renda fixa também no próximo ano, mas os riscos estarão aumentados, demandando maior atenção e seletividade por parte dos investidores, alertam os analistas de renda fixa de instituições financeiras como BB Investimentos (BB-BI), BTG Pactual e XP Investimentos.

A seguir, vamos fazer uma retrospectiva do que aconteceu com a renda fixa em 2024, traçar o cenário do que esperar para 2025 e mostrar onde encontrar boas oportunidades nessa classe de ativos que deve continuar atraindo os recursos dos investidores no próximo ano.

Cenário macro: inflação e juros em alta

O ano de 2024 começou com a expectativa de que a taxa Selic, balizadora dos retornos dos ativos de renda fixa, tivesse uma trajetória de queda e terminasse o período em apenas um dígito, em torno de 9% ou mesmo 8% ao ano.

Leia Também

Caminhamos, porém, para fechar 2024 com a Selic em 12,25% ao ano, no que promete ser apenas o início de um novo ciclo de alta.

A primeira “água no chope” do mercado ocorreu quando o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, começou a sinalizar que seu ciclo de afrouxamento monetário iria demorar a começar e seria mais brando ou lento do que se imaginava inicialmente.

Em seguida, vimos as preocupações com a inflação local retornarem, com o fortalecimento do dólar em nível global e a atividade econômica brasileira aquecida, muito influenciada pelos gastos públicos ainda elevados.

Com isso, não só voltou a necessidade de o Banco Central aumentar os juros, como também se intensificou a pressão do mercado para que o governo cortasse gastos, de forma a ajustar as contas públicas e reduzir o risco fiscal.

O governo anunciou, no fim de novembro, um pacote de cortes de gastos que, no entanto, foi considerado inferior ao necessário para o equilíbrio fiscal. Além disso, anunciou que levaria à frente a promessa de campanha de Lula de isentar de IR quem ganha até R$ 5 mil por mês, medida que seria compensada por uma maior tributação dos mais ricos, mas que foi recebida pelo mercado como falta de compromisso com o fiscal.

Tal cenário combinou-se à corrida presidencial americana, a qual elegeu Donald Trump, cujas promessas de campanha são consideradas inflacionárias e com tendência a fortalecer o dólar em nível mundial.

Tudo isso levou a uma desvalorização adicional do câmbio, a um salto nas estimativas para a inflação e a uma disparada dos juros futuros em praticamente toda a curva, nesta reta final do ano.

Tesouro Direto oferece retornos de tempos de crise

Com a expectativa de novos aumentos para a Selic — podendo esta superar os 14% ao ano no fim do ciclo de alta — e a elevação do risco fiscal do país — o que levou os juros longos lá para cima — vimos os retornos dos títulos públicos dispararem para patamares dignos de um cenário de crise.

Os títulos indexados à inflação (Tesouro IPCA+) devem terminar o ano pagando mais de 7% ao ano + IPCA, enquanto os prefixados prometem uma remuneração superior a 15% ao ano no vencimento.

Em contrapartida, esses papéis de renda fixa encerrarão 2024 com algumas das maiores desvalorizações entre os investimentos brasileiros mais tradicionais, uma vez que seus preços caem quando os juros futuros (e os retornos dos títulos) sobem.

Assim, não foi um grande ano para os investidores obterem ganho de capital com a valorização de títulos públicos, mas para aqueles de olho no longo prazo e com objetivo de levar os papéis ao vencimento, abriram-se oportunidades formidáveis de contratar retornos acima da média histórica.

Além disso, os que migraram para o Tesouro Selic obtiveram algumas das melhores rentabilidades da renda fixa no ano, com os menores riscos de crédito e volatilidade da economia brasileira. Confira:

TítuloRentabilidade anual no vencimento para quem investir hojeRetorno acumulado em 2024
Tesouro Prefixado 202715,63%-
Tesouro Prefixado 203115,07%-
Tesouro Selic 2027SELIC + 0,0762%10,99%
Tesouro Selic 2029SELIC + 0,1321%11,04%
Tesouro IPCA+ 2029IPCA + 7,70%-1,21%
Tesouro IPCA+ 2035IPCA + 7,34%-10,79%
Tesouro IPCA+ 2045IPCA + 7,11%-20,63%
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2035IPCA + 7,40%-5,56%
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2040IPCA + 7,11%-6,87%
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2055IPCA + 7,22%-12,98%
Posição em 26/12/2024.
Fonte: Tesouro Direto.

Crédito privado brilhou em 2024

O mercado de títulos de crédito privado, por sua vez, viveu uma dinâmica própria em 2024, tamanha a demanda por esses ativos por parte dos investidores. Com isso, mesmo os papéis indexados à inflação conseguiram fechar o ano com valorização.

Claro que a demanda por papéis como debêntures, debêntures incentivadas, Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) também foi impulsionada pela busca de ativos menos arriscados que as ações num cenário de aversão ao risco.

Mas houve uma procura específica pela isenção de imposto de renda que alguns desses papéis proporcionam, inclusive por parte dos investidores mais endinheirados, após a instituição da tributação dos fundos exclusivos.

Houve também uma busca pelos altos retornos que esses títulos de renda fixa pagavam no início do ano, ainda decorrentes da abertura das taxas (e consequente queda nos preços) vista no início de 2023 com as crises de Americanas e Light, então emissores de debêntures consideradas de baixo risco e populares entre as pessoas físicas.

O início de 2024 também foi marcado por uma mudança regulatória que restringiu as emissões de CRIs e CRAs e aumentou a carência das LCIs e LCAs, títulos de emissão bancária, mas também isentos de IR.

Como consequência, os investidores correram para as debêntures incentivadas, por medo de que elas sofressem também algum tipo de restrição por parte do governo. Houve também um aumento na negociação de CRIs e CRAs no mercado secundário, uma vez que as emissões de novos papéis desse tipo ficaram mais restritas.

A alta demanda por papéis de crédito privado provocou um forte fechamento dos spreads ao longo do ano, equivalente a 46 pontos-base no caso das debêntures atreladas ao CDI e 61 pontos-base no caso das debêntures incentivadas indexadas ao IPCA.

  • Spread, no contexto do crédito privado, é a diferença entre os retornos dos títulos privados e as rentabilidades dos títulos públicos de mesmo prazo e indexador.

Isso ocasionou uma valorização dos títulos de dívida, que não tiveram, de maneira geral, seus preços negativamente impactados pela alta dos juros futuros, como ocorreu com os títulos públicos.

Veja o desempenho dos Índices de Debêntures Anbima (IDAs), que acompanham o desempenho de cestas de debêntures de determinado indexador, no acumulado do ano até 24 de dezembro de 2024:

ÍndicesVariação no ano
IDA - DI (debêntures indexadas ao CDI)12,58%
IDA - IPCA Infraestrutura (debêntures incentivadas)3,45%
IDA - IPCA ex-Infraestrutura (debêntures indexadas ao IPCA não incentivadas)4,35%
IDA - IPCA (debêntures indexadas ao IPCA, incentivadas ou não)3,49%
IDA - GERAL (debêntures em geral)8,68%
Posição em 24/12/2024
Fonte: Anbima.

Essa forte procura pelos títulos de crédito privado e a redução dos spreads foram fatores que estimularam as emissões por parte das empresas, que também preferiram recorrer ao mercado de dívida para captar recursos, já que o mercado de ações não estava muito convidativo.

No acumulado do ano até o fim de novembro, as emissões de crédito privado totalizaram R$ 608 bilhões, uma alta de 54% em relação a todo o ano de 2023. Deste montante, R$ 285 bilhões foram debêntures tradicionais (alta de 69% ante 2023) e R$ 219 bilhões foram títulos isentos de IR (alta de 38% ante 2023).

Dito tudo isto, onde estamos agora na renda fixa?

No que diz respeito aos títulos públicos, nos vemos diante de um cenário de risco-país elevado com perspectiva de novas altas de juros no curto prazo. Assim, é possível adquirir papéis prefixados e indexados à inflação com taxas gordas, mas elas ainda podem continuar abrindo, levando esses papéis a se desvalorizarem ainda mais.

Quanto aos títulos privados, visualizamos um cenário em que os spreads comprimiram bastante, isto é, os ganhos em relação aos retornos dos títulos públicos — mais seguros, pois garantidos pelo governo — estão bastante reduzidos.

Além disso, o ambiente de juros em alta acaba aumentando o risco de crédito desses papéis, uma vez que a dívida das empresas emissoras fica mais cara. Afinal, quanto elas aguentam pagar?

Em relatório recente, o BTG Pactual chamou atenção para o fato de que, no mês de novembro, as emissões de crédito privado totalizaram R$ 32 bilhões, o menor volume registrado desde janeiro deste ano.

Já os fundos de renda fixa, grandes campeões em captação na indústria de fundos em 2024, registraram o primeiro resgate líquido do ano, no valor de R$ 4,7 bilhões, embora ainda acumulem captação líquida de R$ 344 bilhões no ano.

Em novembro e no início de dezembro, porém, os spreads das debêntures voltaram a abrir, aponta o BTG, revertendo, ao menos momentaneamente, o movimento de fechamento visto ao longo do ano.

Para onde vamos: as oportunidades do Tesouro Direto

Diante deste cenário de perspectiva de novas altas de juros e risco-país elevado, o BTG Pactual acredita que o grande destaque de 2025 entre os títulos públicos serão os papéis Tesouro Selic.

O banco projeta uma taxa básica de juros de 13,25% ao ano ao final do primeiro trimestre de 2025 e uma Selic média de 8% acima da inflação nos próximos 12 meses, tornando o título público indexado à taxa básica de juros a melhor escolha em termos de juro real de curto prazo quando comparado aos papéis Tesouro IPCA+ de prazos mais curtos (com vencimento em 2026, por exemplo). Estes estão pagando 7% ao ano acima da inflação, mas têm uma volatilidade muito maior.

“Portanto, nossa recomendação é que uma carteira de títulos públicos para 2025 deve ter uma parcela maior em títulos pós-fixados”, dizem os analistas de renda fixa do BTG.

Em relação aos papéis indexados à inflação, a preferência é pelos títulos Tesouro IPCA+ de prazos médios, como aquele que vence em 2035. “[Eles] guardam uma relação interessante entre risco e retorno, pois, além do carrego do IPCA e da taxa de juros real já significativamente atrativa, uma potencial descompressão do cenário doméstico pode trazer importantes ganhos de capital nesta alocação”, diz o BTG.

Já os títulos prefixados não estão entre os preferidos dos analistas para o ano que vem, uma vez que estão expostos tanto ao risco de um descontrole inflacionário quanto de juros mais altos que o esperado.

Assim, o BTG recomenda uma proporção menor da carteira nesses papéis do que em Tesouro IPCA+, com preferência para os títulos de prazos mais curtos, isto é, Tesouro Prefixado com vencimentos em 2026 e 2027.

Para onde vamos: as oportunidades no crédito privado

Quanto aos títulos de crédito privado, a forte compressão dos spreads vista ao longo deste ano, bem como a perspectiva de alta de juros tornaram ainda mais importante a seletividade na escolha dos ativos, evitando-se emissores muito endividados e/ou expostos a segmentos econômicos mais cíclicos, que sofram em tempos de inflação e juros mais elevados.

O BB Investimentos, por exemplo, diz acreditar que em 2025 a renda fixa deve permanecer atrativa tanto no Brasil como nos EUA, com possibilidade de diversificação entre ativos indexados (ao CDI ou ao IPCA) e prefixados.

“No entanto, os baixos níveis atuais de spreads podem não refletir, de maneira geral, o risco embutido em alguns ativos de crédito privado, especialmente quando comparamos com a rentabilidade dos títulos públicos, que são referência para a precificação desses ativos. Nessa conjuntura, analisar emissores, em diferentes setores de atuação, é imprescindível para uma seleção mais apurada de ativos de crédito privado”, diz o BB-BI.

Assim, o banco prefere emissores de perfil de risco high grade, isto é, de menor risco de crédito (perfil de bom pagador) e mais defensivos.

Quanto aos indexadores, os analistas gostam dos papéis indexados ao CDI, dada a perspectiva de novas altas na Selic; dos ativos indexados ao IPCA com vencimentos intermediários (entre quatro e dez anos), dada a perspectiva de pressão inflacionária no curto e médio prazos; e dos prefixados que paguem taxas superiores a 13% ao ano, mas com prazos mais curtos (entre um e três anos), dado o risco de mercado mais elevado para esse tipo de papel.

A XP Investimentos tem uma visão parecida, acreditando que, diante da compressão dos spreads, os papéis que tendem a sofrer mais são aqueles de emissores high yield, isto é, de maior risco de crédito e maior potencial de retorno.

Dada a perspectiva de retorno elevada já no crédito high grade, porém, esses papéis mais arriscados tendem a ser preteridos e ver um aumento nos spreads (com desvalorização nos preços).

A corretora, no entanto, vê uma tendência de normalização dos spreads neste fim de ano. A recente abertura nas taxas, diz a XP, começa a levar os spreads a patamares mais condizentes com o risco dos papéis, mas eles tendem a permanecer estáveis no caso dos emissores de maior qualidade.

Em relação aos indexadores, a XP gosta dos pós-fixados (atrelados ao CDI) e dos títulos indexados ao IPCA que oferecem retornos acima de 6,5% ao ano mais inflação, com vencimentos em torno de cinco anos. A proteção contra a alta dos preços também foi destacada, diante das incertezas fiscais à frente.

Já os prefixados não estão entre as preferências da corretora, que, no entanto, destaca que aqueles com prazos curtos “podem ser avaliados no caso de emissões específicas com prêmios de risco diferenciados (em especial títulos bancários com boa qualidade de crédito) e para estratégias específicas dos investidores.” Assim, nesses casos, vale ficar de olho em CDBs, LCIs e LCAs prefixados, respeitando-se os limites do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

VEJA TAMBÉM: RENDA FIXA APIMENTADA: Existe uma BOLHA no mercado de DEBÊNTURES?

Os setores mais atrativos para a emissão de títulos de dívida em 2025

Sendo um pouco mais específico, quais setores e papéis se destacam entre os títulos de renda fixa privada para 2025?

O BB-BI fez uma análise setorial em que elege como preferidos os emissores dos setores de energia elétrica, saneamento, transporte e logística e agro e alimentos (proteínas). Já os setores que demandam alguma atenção são os de commodities agrícolas, siderurgia e mineração e imobiliário.

Por fim, o banco recomenda evitar os emissores dos setores de saúde, locadoras de veículos e varejo, mais expostos aos riscos de alta de juros e inflação, bem como às incertezas econômicas à frente.

Veja a análise do BB-BI de cada um desses setores, com destaques para as empresas emissoras consideradas mais saudáveis:

Energia elétrica

Para as geradoras, a volatilidade do preço da energia no mercado spot (à vista) pode trazer incertezas de curto prazo, mas os analistas enxergam boas oportunidades no longo prazo, como no caso da Eletrobras, que também atua no segmento de transmissão, o de maior previsibilidade de resultados. Neste segmento, destaca-se ainda a Isa Energia (ex-Cteep) com boa relação risco-retorno. Para as distribuidoras, o banco vê um cenário de maior cautela, ao menos até a conclusão do processo de renovação das concessões com término previsto a partir de 2025.

Saneamento

A previsibilidade de investimentos e de fluxos de caixa torna o setor de saneamento pouco volátil e com característica defensiva. O segmento apresenta baixo risco de crédito considerando prestar um serviço de utilidade básica, que garante demanda inelástica aos cenários econômicos, regulado e com contratos de longo prazo reajustados pela inflação, trazendo certa previsibilidade de receitas às companhias. Empresas do setor, como a Copasa e a Sabesp, se destacam por sua estrutura de capital robusta, alavancagem controlada e fluxos de caixa estáveis, que sustentam boas métricas de liquidez.

Transporte e logística

O setor de transporte e logística demonstra resiliência operacional mesmo com impacto dos ciclos econômicos, devido à sua importância para escoamento de produtos agrícolas, industriais e minerais, com contratos de longo prazo que aumentam a recorrência e a previsibilidade das receitas. Entre os nomes de destaque, a Rumo, especializada no transporte de cargas como grãos, combustíveis e contêineres vem apresentando ganhos de eficiência e aproveitamento da capacidade instalada, além de ampliar sua participação de mercado, mantendo níveis saudáveis de endividamento.

Agro e alimentos (proteínas)

A demanda resiliente por alimentos em nível global tem se refletido positivamente sobre as companhias que atuam no setor de proteínas. Considerando que em 2025 a virada do ciclo pecuário deve pesar sobre a rentabilidade das empresas expostas à carne bovina, os analistas do BB-BI acreditam que a BRF continuará se destacando por sua atuação com proteínas de aves e suínos e diversificação entre mercados. Além disso, a companhia tem priorizado a geração de caixa, a redução de custos operacionais e o refinanciamento de dívidas em melhores condições, mantendo a alavancagem em patamar relativamente baixo para o setor.

Commodities agrícolas

Embora o setor de commodities agrícolas apresente fundamentos positivos devido à sua forte correlação com o mercado externo, o que favorece empresas exportadoras, especialmente em um contexto de dólar elevado, o cenário de juros altos e inflação elevada pode refletir sobre custos operacionais e financeiros de companhias que possuem maior dependência do mercado doméstico e que realizam investimentos com financiamento local. Da mesma forma, a volatilidade climática e o impacto de políticas públicas, como subsídios ou restrições comerciais, também adicionam incertezas ao setor.

Siderurgia e mineração

O segmento de siderurgia e mineração está exposto à volatilidade dos preços das commodities, que tem se mostrado elevada desde o início do ano em razão principalmente das incertezas com relação ao nível de crescimento da economia da China e da recuperação do setor imobiliário no país, que impactam diretamente a demanda por metais. No que pese o contexto desafiador, sob a ótica de crédito, a Vale mantém uma estrutura de capital conservadora, com alavancagem em níveis confortáveis e cumprimento de covenants financeiros, preservando sua solidez financeira.

Imobiliário

Em um ciclo de elevação na Selic e maior inflação de custos, o setor imobiliário tende a enfrentar maiores desafios, uma vez que a dependência da disponibilidade de crédito pode diminuir a demanda e impactar negativamente a receitas das companhias. Ainda assim, a Cyrela tem conseguido manter um ritmo de lançamentos resiliente no mercado de médio e alto padrões, além de balancear seu mix de lançamentos com atuação no segmento econômico, apresentado controle de alavancagem, mantendo uma estrutura de capital equilibrada e suportada por uma geração de caixa robusta.

Saúde

O setor de saúde privada enfrenta desafios em busca de retomar sua sustentabilidade financeira ainda como consequência do descasamento temporal da demanda por procedimentos eletivos e a elevada inflação de custos que atingiu o setor desde o início da pandemia do Covid-19. Prestadores de serviços, como os hospitais, têm se beneficiado da recuperação da demanda por cirurgias e demais procedimentos, enquanto as operadoras de planos privados de saúde têm buscado o reequilíbrio por meio da aplicação de reajustes de preços maiores e esforços na gestão de sinistros.

Locadoras de veículos

As locadoras de veículos enfrentam um contexto desafiador, devido ao aumento do custo de financiamento e à necessidade contínua de renovação de frota, que pressionam a alavancagem. O repasse de custos ao consumidor final tem ajudado a suavizar os impactos da depreciação, enquanto o aumento da frota e a redução da idade média dos veículos refletem um esforço contínuo de renovação. Apesar das projeções de crescimento do mercado feitas pela Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), as margens de lucro seguem pressionadas pela depreciação dos seminovos.

Varejo

O setor de varejo apresenta maior risco de crédito devido à sua sensibilidade ao consumo doméstico e às condições econômicas, como níveis de juros e inflação para o próximo ano. A inflação elevada e os altos custos de financiamento pesam sobre as margens e a liquidez do setor e, consequentemente, das companhias mais alavancadas, considerando a ciclicidade do negócio. No entanto, o Grupo Mateus, uma das maiores redes de varejo e atacado do Brasil, beneficia-se de um modelo operacional eficiente, baixa alavancagem e forte presença em regiões menos competitivas, como Norte e Nordeste do Brasil.

3 indicações do que comprar na renda fixa privada para 2025

Já o BTG Pactual indicou três títulos de crédito privado — duas debêntures incentivadas e um CRI — para 2025, que exemplificam bem o tipo de emissão que o banco considera atrativa no cenário do ano que vem.

Debênture da Equatorial Goiás Distribuidora de Energia (CGOS16)

Voltada para investidores qualificados (aqueles que têm pelo menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras) e com vencimento em 15 de maio de 2036, a debênture CGOS16 conta com garantia de crédito da holding Equatorial Energia, que é um acionista de grande porte financeiro e conta com classificação AAA pela S&P, mais baixo nível de risco da agência.

Além disso, a empresa emissora conta com portfólio diversificado, com concessões principais maduras e bem estabelecidas, diz o BTG. Também tem apresentado melhoria contínua nos indicadores de qualidade operacional, impulsionada por um processo de turnaround, bem como posição de liquidez confortável, garantindo a capacidade de honrar as obrigações de curto prazo.

Finalmente, conta com expansão estratégica com a entrada na Sabesp, “reforçando o portfólio da companhia em saneamento e potencializando oportunidades de sinergia e geração de valor”, dizem os analistas.

“Acreditamos que a debênture da Equatorial Goiás, por se tratar de um papel high grade, se encaixa muito bem dentro do portfólio de investidores com perfil mais conservador, mas podendo ser perfeitamente aderido também por investidores com perfil mais moderado ou sofisticado”, recomenda o BTG.

CRI da Rede D’Or (23L1737623)

Também voltado para os investidores qualificados e com vencimento em 15 de dezembro de 2038, o CRI da Rede D’Or foi escolhido pela posição de liderança da companhia no setor de operadores hospitalares no Brasil, sua sólida posição de caixa e liquidez, seu modelo de negócios verticalizado (que promove margens operacionais mais altas e maior geração de caixa), sua estrutura de grande porte, o que possibilita ganhos significativos de escala e maior competitividade, além de forte integração entre os segmentos de negócio, otimizando a eficiência operacional.

O papel apresenta ainda prêmio de crédito atrativo em relação a outros pares high grade (aqueles que, assim como a Rede D’Or, têm classificação de risco AAA) no mercado secundário.

“Entendemos que o CRI da Rede D’Or, que é considerada como high grade, é uma escolha sólida que atende a todos os perfis de investidores, desde os mais conservadores até os mais sofisticados”, diz o BTG.

Debênture da Petro Rio Jaguar Petróleo S.A. (PEJA11)

Este outro papel voltado para os investidores qualificados e com vencimento em 15 de agosto de 2032 foi indicado por contar com fiança da PRIO, uma empresa que tem classificação de risco AA+ pela Fitch e que conta com uma posição de alavancagem confortável, com múltiplo dívida líquida/Ebitda de 0,5 vez.

Além disso, diz o BTG, a operação está inserida em um setor resiliente, com demanda constante e receita atrelada ao dólar, e apesar da volatilidade do preço do petróleo, a companhia possui um custo de extração da commodity bastante competitivo.

Também contaram a favor desta escolha o forte histórico de extração da PRIO, com uma das maiores capacidades produtivas de óleo do país, bem como a expectativa de a empresa receber aprovações ambientais em breve, o que pode elevar sua produção.

“Entendemos que a debênture da Petro Rio Jaguar atende investidores de todos os perfis, por tratar-se de uma companhia com baixa alavancagem, inserida em um setor que, apesar dos riscos operacionais, apresenta demanda recorrente e tem sua receita atrelada ao dólar”, dizem os analistas.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

VAI PAUSAR OU AUMENTAR?

Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste

28 de abril de 2025 - 14:02

Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

conteúdo EQI

FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda

26 de abril de 2025 - 12:00

A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda

DE OLHO NA VIRADA

Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado

25 de abril de 2025 - 10:27

Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

SELIC VS DÓLAR

Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global

22 de abril de 2025 - 15:50

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial

MUNDO EM SUSPENSE

Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras

22 de abril de 2025 - 12:57

Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto

DIA 92

Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros

21 de abril de 2025 - 17:12

O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)

CRIPTO HOJE

Bitcoin (BTC) em alta: criptomoeda vai na contramão dos ativos de risco e atinge o maior valor em semanas

21 de abril de 2025 - 17:03

Ambiente de juros mais baixos costuma favorecer os ativos digitais, mas não é só isso que mexe com o setor nesta segunda-feira (21)

METAL MAIS QUE PRECIOSO

É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano

21 de abril de 2025 - 15:01

Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos

FECHAMENTO DOS MERCADOS

A bolsa de Nova York sangra: Dow Jones cai quase 1 mil pontos e S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 2%; saiba o que derrubou Wall Street

21 de abril de 2025 - 11:16

No mercado de câmbio, o dólar perde força com relação a outras moedas, atingindo o menor nível desde março de 2022

BOMBOU NO SD

Ações x títulos da Petrobras, follow-on da Azul e 25 ações para comprar após o caos: o que bombou no Seu Dinheiro esta semana

19 de abril de 2025 - 9:51

Outra forma de investir em Petrobras além das ações em bolsa e oferta subsequente de ações da Azul estão entre as matérias mais lidas da última semana em SD

DIA 89

Você está demitido: Donald Trump segue empenhado na justa causa de Jerome Powell

18 de abril de 2025 - 17:45

Diferente do reality “O Aprendiz”, o republicano vai precisar de um esforço adicional para remover o presidente do Fed do cargo antes do fim do mandato

DIA 88

Show de ofensas: a pressão total de Donald Trump sobre o Fed e Jerome Powell

17 de abril de 2025 - 19:55

“Terrível”, “devagar” e “muito político” foram algumas das críticas que o presidente norte-americano fez ao chefe do banco central, que ele mesmo escolheu, em defesa do corte de juros imediato

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta

17 de abril de 2025 - 8:36

Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.

IR 2025

Como declarar ETF no imposto de renda 2025, seja de ações, criptomoedas ou renda fixa

17 de abril de 2025 - 7:03

Os fundos de índice, conhecidos como ETFs, têm cotas negociadas em bolsa, e podem ser de renda fixa ou renda variável. Veja como informá-los na declaração em cada caso

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar