🔴 IPCA-15 DE ABRIL DESACELERA – VEM AÍ SELIC A 10,50% OU 10,25? SAIBA ONDE INVESTIR

Estadão Conteúdo
SIGILO LEVANTADO

O que Mauro Cid revelou (e o que ele escondeu) no depoimento que antecedeu sua volta para a cadeia

Mauro Cid voltou a ser preso na sexta-feira depois de depoimento sobre áudios nos quais acusou a PF de ter uma “narrativa pronta”

Estadão Conteúdo
23 de março de 2024
13:27 - atualizado às 11:50
Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro que foi preso em operação da PF
Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro que foi preso em operação da PF - Imagem: Reprodução de rede social / Montagem Seu Dinheiro

Antes de ser preso pela Polícia Federal (PF) na sexta-feira (22), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi interrogado por um juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes.

O magistrado cobrou explicações sobre os áudios em que atacou o próprio ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e a PF.

Mauro Cid admitiu que errou, mas não quis contar com quem fez o "desabafo" sobre as investigações contra Bolsonaro.

Na quinta-feira, 21, a revista Veja divulgou os áudios de Cid, que falava com um interlocutor desconhecido sobre a delação premiada que fechou com a PF em setembro.

Em uma das gravações, o tenente-coronel afirmou que os investigadores "não queriam saber a verdade" sobre a tentativa de golpe de Estado e que Alexandre de Moraes seria "a lei".

"Ele prende, ele solta quando ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação", disse o ex-ajudante de ordens.

As besteiras e o desabafo de Mauro Cid

Ao STF, Mauro Cid negou que tivesse sofrido pressão por parte da PF ou do Judiciário para realizar uma delação premiada.

Segundo ele, os áudios com ataques aos investigadores foram um mero desabafo de "quem quer chutar a porta e acaba falando besteira".

O tenente-coronel disse também que a conversa era "privada, informal, particular e sem o intuito de ser exposta pela revista".

"É um desabafo, quer chutar a porta e acaba falando besteira. Genérico, todo mundo, acaba dizendo coisas que não eram para serem ditas. Em razão da situação que está vivendo, foi um desabafo. É um desserviço que a Veja faz ao inquérito, a minha família, às minhas filhas", diz um trecho do depoimento.

Mauro Cid não se lembra do interlocutor

O coronel do Exército foi questionado sobre quem era a pessoa com que ele conversou e reclamou da atuação dos investigadores do inquérito que apura tentativa de golpe.

Mauro Cid desconversou. Alegou que não se lembrava. Disse que só anda conversando com pessoas mais próximas, incluindo parentes.

O oficial afirmou que "está recluso, praticamente em casa, não tem vida social e não trabalha. Não lembra para quem falou essas frases de desabafo, num momento ruim. Não conseguiu ainda identificar quem foi essa pessoa. Não acredita que alguém do núcleo próximo tenha contato com a imprensa. Possivelmente a conversa teria ocorrido por telefone. Provavelmente celular", declarou.

Mauro Cid admitiu ressentimento com Bolsonaro

Em um dos áudios divulgados pela Veja, Mauro Cid revelou ter um ressentimento de Bolsonaro por ter sido o único que ficou "fudido" após o início das investigações contra o ex-presidente.

O tenente-coronel disse que o ex-chefe do Executivo ficou "milionário" a partir de transferências feitas via Pix por apoiadores, enquanto ele teve a carreira no Exército e a vida financeira prejudicada.

Segundo Cid, enquanto Bolsonaro enriqueceu através das transferências e os outros generais investigados pela tentativa de golpe estão na reserva das Forças Armadas, ele está com a "carreira desabando".

O ex-ajudante de ordens afirmou também que os seus amigos o tratam como "um leproso, com medo de se prejudicar".

"Quer ter a vida de volta. Está enclausurado. A imprensa sempre fica indo atrás. Está agoniado. Engordou mais de 10 quilos. O áudio é um desabafo. Acredita que as pessoas deviam o estar apoiando e dando sustentação", diz outro trecho do depoimento.

Em outra gravação, o tenente-coronel diz que Bolsonaro e outros investigados terão penas acima de 100 anos de prisão.

Mauro Cid também cita os presos pelos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro de 2023, chamando-os de "bagrinhos" que foram condenados a 17 anos pelo STF.

Segundo Cid, ele se assusta com as sentenças que estão sendo feitas contra os envolvidos nos atos golpistas e "imagina a pena que os mais altos vão pegar".

Moraes tira sigilo para não pairar dúvida

Na sexta-feira, 22, o ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo do novo depoimento de Cid.

No despacho, o magistrado justificou que o fazia para não deixar dúvidas de que o militar não foi forçado a fazer delação premiada.

"Diante da necessidade de afastar qualquer dúvida sobre a legalidade, espontaneidade e voluntariedade da colaboração de Mauro César Barbosa Cid, que confirmou integralmente os termos anteriores de suas declarações", escreveu o ministro do STF.

O advogado de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, defendeu a queda do sigilo dos depoimentos de Cid, após o vazamento dos áudios.

"O levantamento do sigilo poderá dirimir potenciais dúvidas e dará a transparência necessária para a elucidação de parte dos fatos. A defesa do presidente tomará as devidas providências", postou no X, na sexta-feira.

Assim que deixou o STF, Cid foi preso pela PF e levado para um quartel da Polícia do Exército, onde ficou encarcerado entre maio e setembro do ano passado.

O tenente-coronel foi detido pela primeira vez durante a Operação Venire, que investigou fraudes em cartões de vacina de Bolsonaro e da sua filha Laura.

O que Mauro Cid disse nos áudios

Nos áudios divulgados pela revista Veja, o tenente-coronel Mauro Cid declara que os investigadores da Polícia Federal apenas queriam que o militar "confirmasse a narrativa" deles, no inquérito que apura a suspeita de tentativa de golpe.

"Eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. É isso que eles queriam, e toda vez eles falavam: 'Olha, a sua colaboração tá muito boa'. Ele (investigador) até falou: 'Vacina, por exemplo, você vai ser indiciado por nove tentativas de falsificação de vacina, vai ser indiciado por associação criminosa', e mais um termo lá. Ele disse assim: 'Só essa brincadeira vai ser 30 anos para você'", afirma Cid em uma das gravações.

Em um outro trecho, Cid diz que a PF queria que ele falasse coisas que não sabia e que não teriam acontecido.

"Não adianta, você pode falar o que você quiser. Eles (PF) não aceitavam e discutiam que a minha versão não era verdadeira, que não podia ser assim, que eu estava mentindo."

'Conveniente'

Cid diz ainda que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes tem a sentença pronta dos investigados por tentativa de golpe. Segundo o tenente-coronel, o magistrado apenas estaria "esperando passar um tempo".

"O momento que ele achar conveniente, ele denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo", afirma o militar.

"O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação", afirma o tenente-coronel na gravação.

Cid também comenta por que aceitou fazer delação. "Se eu não colaborar, vou pegar 30, 40 anos. Porque eu estou em vacina, eu estou em joia", diz, em referência a inquéritos dos quais é alvo. "Quem mais se f… foi eu."

Compartilhe

MEDIDAS CAUTELARES CONTINUAM

Aliviou para Bolsonaro? Alexandre de Moraes não vê elementos concretos de tentativa de asilo em embaixada

24 de abril de 2024 - 19:25

Bolsonaro chegou ao local no dia 12 de fevereiro, após postar um vídeo convocando apoiadores para o ato na Avenida Paulista, que ocorreu no dia 25

PEC DO QUINQUÊNIO E MAIS

O que é a ‘pauta-bomba’ no Congresso que preocupa Tebet e pode dificultar ainda mais a situação fiscal brasileira

23 de abril de 2024 - 16:33

A expressão é usada para denominar projetos que geram gastos públicos e que estão na contramão do ajuste fiscal

COBROU OS MINISTROS

A bronca de Lula surtiu efeito? Haddad diz que texto da reforma tributária pode ser entregue ao Congresso nesta semana

22 de abril de 2024 - 18:30

De acordo com o ministro da Fazenda, falta apenas discutir “dois pontos” com o presidente para fechar o projeto e levá-lo aos parlamentares

EM BUSCA DE APOIO

‘Minuta do golpe’, Musk e Moraes: o que esperar dos discursos no ato pró-Bolsonaro no Rio

21 de abril de 2024 - 9:06

Com avanço da investigações da Política Federal, o ex-presidente convoca uma nova manifestação neste feriado de Tiradentes

CETICISMO

Nem o FMI acredita mais que Lula vai entregar meta fiscal e diz que dívida brasileira pode chegar a nível de países em guerra

17 de abril de 2024 - 11:38

Pelos cálculos da instituição, o País atingiria déficit zero apenas em 2026, último ano da gestão de Lula

INTERNACIONAL

Haddad nos Estados Unidos: ministro da Fazenda tem agenda com FMI e instituição chefiada por brasileiro Ilan Goldfajn; veja

14 de abril de 2024 - 16:44

De segunda (15) a sexta-feira (19), o ministro participa, em Washington, da reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial

NOVO CAPÍTULO

Entrou na briga: após críticas de Elon Musk a Alexandre de Moraes, governo Lula corta verba de publicidade do X, antigo Twitter

13 de abril de 2024 - 16:43

Contudo, a decisão só vale para novos contratos, porque há impedimento de suspensão com os que já estão em andamento

APÓS APAGÕES

Na velocidade da luz: Enel terá um minuto para responder os consumidores, decide Justiça de São Paulo

13 de abril de 2024 - 15:20

Desde novembro do ano passado, quando milhões de consumidores ficaram sem energia após um temporal com fortes rajadas de vento

MINISTRO E BILIONÁRIO

Em meio a embate de Elon Musk com Alexandre de Moraes, representante do X (ex-Twitter) no Brasil renuncia ao cargo

13 de abril de 2024 - 12:55

Em sua conta no LinkedIn, o advogado Diego de Lima Gualda data o fim de sua atuação na empresa em abril de 2024

META FISCAL

Mal saiu, e já deve mudar: projeto da meta fiscal já tem data, mas governo lista as incertezas sobre arrecadação

13 de abril de 2024 - 11:49

A expectativa é para a mudança da meta fiscal a ser seguida no próximo ano devido a incertezas sobre a evolução na arrecadação

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar