Os juros continuarão altos nos EUA? Inflação de abril traz alívio, mas Fed ainda tem que tirar as pedras do caminho
O índice de preços ao consumidor norte-americano de abril desacelerou para 3,4% em base anual assim como o seu núcleo; analistas dizem o que é preciso agora para convencer o banco central a iniciar o ciclo de afrouxamento monetário por lá

O índice de preços ao consumidor norte-americano de abril trouxe alívio para os investidores, mas está longe de ser o suficiente para que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) inicie o tão esperado ciclo de afrouxamento monetário. Atualmente, os juros por lá estão na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano, o maior nível em mais de 20 anos.
Em abril, o chamado CPI subiu 0,3% ante março, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta quarta-feira (15) pelo Departamento do Trabalho. O núcleo do CPI, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, também avançou 0,3% na comparação mensal.
Em termos anuais, o CPI dos EUA subiu 3,4% em abril, desacelerando frente ao aumento de 3,5% de março. Já o núcleo do CPI teve incremento anual de 3,6% no mês passado, perdendo força ante a alta de 3,8% de março.
As leituras, em sua maioria, vieram em linha com a expectativa do mercado e também deram uma trégua em relação aos três últimos meses, que trouxeram dados acima do projetado pelo mercado. Ainda assim, não é o suficiente para convencer o Fed a cortar os juros agora.
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“Jay Powell respirará aliviado depois que o relatório de inflação de abril mostrou que as pressões sobre os preços diminuíram um pouco”, disse a CIBC Economics em relatório, acrescentando que “o Fed precisa ver mais” para começar o ciclo de afrouxamento monetário nos EUA.
Ainda assim, os mercados se animaram com o dado. Em Wall Street, o S&P 500 e o Nasdaq subiram para máximas intradiárias, enquanto o yield (rendimento) dos títulos do Tesouro norte-americano de dez e dois anos recuaram pelo menos seis pontos-base. Acompanhe nossa cobertura ao vivo dos mercados.
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Por aqui, o CPI ficou em segundo plano, ofuscado pela demissão do presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, na noite anterior. O Seu Dinheiro conta tudo para você sobre as mudanças na estatal e o que fazer com as ações da petroleira agora.
O que falta para os juros caírem nos EUA?
O presidente do Fed, Jerome Powell, repetidamente diz que o banco central norte-americano precisa de confiança nos dados da inflação para começar a cortar os juros — ele quer garantias de que os preços nos EUA estão em trajetória sustentável de queda.
Além disso, Powell também já afirmou várias vezes que o comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) não toma decisões baseadas em um dado isolado — é preciso um conjunto de dados que apontem uma tendência para convencer o banco central norte-americano a cortar ou subir os juros.
Não por acaso, falando na véspera da divulgação do CPI, em evento na Holanda, Powell foi categórico ao dizer que é preciso ter paciência e deixar a política monetária restritiva fazer seu trabalho com relação à inflação.
"Provavelmente é mais uma questão de deixar juros no nível atual por mais tempo", disse ele durante uma sessão de perguntas e respostas em evento da Foreign Bankers Amsterdam.
FED VAI 'ATRAPALHAR' A BOLSA BRASILEIRA?
Powell reconheceu que o Fed fez um progresso real no combate à inflação, ressaltando a desaceleração vista no ano passado e afirmou esperar que os preços baixem a um nível próximo ao de antes da pandemia da covid-19.
Ainda assim, segundo ele, Fed ainda não sabe se a inflação será mais persistente que o previsto.
"O aperto monetário poderá levar mais tempo que o esperado para fazer seu trabalho e desacelerar a inflação", afirmou Powell, acrescentando que sua confiança na desinflação não está tão forte como esteve no ano passado, embora tenha reiterado que vai conseguir atingir a meta de 2% ao ano.
Dá para dizer quando os juros vão cair?
Saber quando os juros vão cair nos EUA não é tarefa fácil — ainda mais quando nem mesmo o presidente do Fed é capaz de dar um sinal mais claro sobre o afrouxamento monetário. Mas o mercado renova suas apostas a cada novo dado de inflação e emprego.
A Capital Economics, por exemplo, avalia que o CPI de abril é consistente com uma redução dos juros em setembro.
A consultoria vê a alta mensal do CPI tanto no índice cheio quanto no núcleo em 0,3% como "melhor ainda do que parecia", em particular diante de componentes do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) que integram o índice de preços para gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) e que vieram, no geral, mais fracos que o esperado.
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Para a Oxford Economics, o CPI de abril é um pequeno passo na direção certa, mas não justifica mudanças na previsão do primeiro corte de juros em setembro e outro em dezembro.
O mercado, por sua vez, reforçou as apostas no cortes de juros dos EUA de 50 pontos-base neste ano, começando até setembro, após o CPI, as vendas no varejo e a atividade industrial.
De acordo com dados compilados pelo CME Group, a chance de o Fed cortar juros até setembro —- que já era majoritária — subiu de 69% antes dos CPI para 71,6% assim que o dado foi divulgado.
O cenário mais provável para dezembro, que é de redução acumulada de 50 pontos-base ao longo de 2024, também teve as probabilidades levemente fortalecidas, subindo de 37,3% a 38,3%.
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