A palavra da discórdia: por que a reunião do G20 no Brasil terminou sem um comunicado conjunto
Divergências geopolíticas impediram ministros das Finanças e presidentes de BCs do G20 de chegarem a uma declaração conjunta
![O ministro da Fazenda, Fernando Haddad - projeções para inflação](https://media.seudinheiro.com/uploads/2023/04/Haddad-1-715x402.jpg)
Reuniões de organismos multilaterais costumam terminar junto com a divulgação de uma declaração conjunta. No entanto, a reunião de ministros das finanças e presidentes de bancos centrais do G20 presidida pelo Brasil terminou na quinta-feira (29) em São Paulo sem um comunicado conjunto.
O motivo foi a falta de consenso sobre questões geopolíticas, que envolve os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
"Havíamos nutrido a esperança de que temas mais sensíveis como geopolítica fossem debatidos no encontro de chanceleres", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
No entanto, na reunião realizada no Rio de Janeiro na semana passada, não houve consenso.
G20 acaba sem 'communiqué'
O chamado communiqué, muito usado em tratativas internacionais, é publicado ao final de eventos multilaterais e tem o objetivo de explicitar consensos entre os países que participam dos encontros.
Haddad disse que a reunião do G20 chegou a um consenso nos temas financeiros.
Com dois pilares da tributação internacional, construídos na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a serem concluídos até o fim do ano, Haddad disse que o Brasil tomou a iniciativa de colocar em debate um terceiro: a fixação de uma alíquota mínima sobre a riqueza mundial.
"Temos condição de buscar maior justiça tributária no mundo."
- Imposto de Renda 2024: descomplique a sua declaração com a ajuda do nosso Guia de IR totalmente gratuito. É só clicar aqui para baixar.
A palavra da discórdia
A divergência em torno de uma palavra não permitiu que a reunião de autoridades monetárias de todo o mundo terminasse com um comunicado conjunto do G20.
Segundo apurou a reportagem, o impasse ocorreu no trecho "war on Ukraine" (guerra contra a Ucrânia) ou "war in Ukraine" (guerra na Ucrânia).
A Rússia defendia a última expressão enquanto os países mais ricos ocidentais do bloco brigaram pela primeira.
As economias mais desenvolvidas também não queriam mencionar Israel no conflito com o Hamas, e defendiam que houvesse uma citação apenas à crise em Gaza.
"Chegou uma hora em que o impasse era tão pequeno que dizia respeito a uma palavra", afirmou o ministro, que não revelou qual era o termo.
No entanto, reconheceu Haddad, "chega uma hora que a reunião termina". Haddad não citou quem estava irredutível.
Publicamente, o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, declarou mais de uma vez que o país não assinaria o comunicado se não houvesse citação às guerras na Faixa de Gaza e na Ucrânia.
Em setembro do ano passado, antes do agravamento do conflito em Gaza, líderes do G20 reunidos na Índia condenaram a guerra na Ucrânia, mas sem citar a Rússia.
Tensão geopolítica permeou debates no G20
O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Paulo Picchetti, comentou que as tensões geopolíticas em todo o mundo têm desdobramentos sobre o lado financeiro e econômico.
Há ainda os riscos climáticos, lembrou ele, que já provocam efeitos na oferta de curto prazo em diferentes regiões do planeta.
"Já existem evidências de que o clima tem impacto sobre expectativas e preços, que em última análise estão afetando o balanço total de risco", disse o diretor do BC em conversa com jornalistas durante o G20, em São Paulo.
"Há riscos pelo momento em que o mundo vive, o que envolve questões de tensões geopolíticas", afirmou o executivo da autoridade monetária.
Perguntado sobre as discussões para descongelar ativos russos e levar os recursos para a Ucrânia, como querem os Estados Unidos, Picchetti disse que o tema não foi tratado nas reuniões plenárias.
Já o tema guerra - entre Rússia e Ucrânia e de Israel com o Hamas - apareceu durante os debates.
Sobre os pagamentos transfronteiriços, Picchetti disse que teve muitas conversas sobre questões econômicas e tecnológicas para permitir que se transformem em realidade.
Olimpíadas de Paris: investigação de gastos bilionários e ataque coordenado marcam a abertura dos jogos na capital da França
A cerimônia desta sexta-feira (26) acontece sob um forte esquema de segurança e sob uma investigação dos gastos bilionários do evento
O que significa o apoio do casal Obama à candidatura de Kamala Harris
Barack e Michelle Obama romperam o silêncio na manhã desta sexta-feira e endossaram a candidatura de Kamala Harris à presidência dos Estados Unidos
Após o “boom” de preços pós-pandemia, passagens aéreas ficam mais baratas em todo o mundo – e a tendência deve continuar. O que explica esse fenômeno?
Tarifas de passagens em companhias aéreas nos Estados Unidos, Europa e Austrália já caíram mais de 11% em 2024
Os juros vão cair mesmo? Por que o mercado comemorou o PIB dos EUA, mas não deveria
Indicadores econômicos divulgados nesta quinta-feira (25) reforçaram a crença dos investidores de que o primeiro corte de juros nos EUA em quatro anos vai acontecer em setembro
O que Biden deixou de dizer em discurso é mais importante do que o que ele realmente disse
Presidente norte-americano faz um balanço de sua administração, fala de manutenção da democracia, mas é vago sobre os motivos que o levaram a abandonar a disputa
Dólar livre na Argentina: Banco Central do país anuncia regras para aliviar controle sobre moeda norte-americana
Um dos objetivos da gestão Milei é unificar essas cotações em uma só e adotar o modelo de câmbio flutuante, como o do Brasil
Kamala Harris usa passado como promotora para se contrapor a Trump e seus problemas com a justiça — e já aparece em vantagem em pesquisa
Pesquisa Reuters/Ipsos mostra Kamala Harris com 2 pontos de vantagem sobre Donald Trump no voto popular, mas não é ele que decide a eleição
Acabou para Maduro? Venezuela vive dias “quentes” antes de eleição que será teste de fogo para o chavista
Faltando poucos para a eleição de domingo (28), o presidente venezuelano trabalha mais arduamente do que nunca para reforçar a lealdade das Forças Armadas
Kamala Harris já dispõe de apoio suficiente entre os democratas, mas ainda tem um caminho a percorrer até ser a candidata oficial do partido
Candidatura de Kamala Harris precisa ser ratificada pelos delegados do Partido Democrata, o que só deve acontecer em agosto
Discurso inesperado: Biden fala pela primeira vez após desistência; Harris também se pronuncia
Biden convocou uma reunião de campanha para agradecer à sua equipe pelo trabalho árduo e para reforçar o apoio à campanha presidencial de Harris