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Bia Azevedo

Bia Azevedo

Jornalista pela Universidade de São Paulo (USP), já trabalhou como coordenadora e editora de conteúdo das redes sociais do Seu Dinheiro e Money Times. Além disso, é pós-graduanda em comunicação digital de business intelligence pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Para contato, enviar no e-mail beatriz.azevedo@seudinheiro.com.

DE OLHO NAS REDES

Jovens conservadores: a Geração Z está desiludida a esse ponto? De onde vem a defesa de ‘valores tradicionais’ nas redes sociais?

Bia Azevedo
Bia Azevedo
24 de novembro de 2024
8:00 - atualizado às 12:06
Imagem: Arquivo Canvas Pro

As melhores distopias são necessariamente um retrato exacerbado do presente, que funcionam como uma espiada sensacionalista do está por vir se a sociedade decidir seguir determinado rumo. 

É como se a obra estivesse o tempo todo nos ameaçando com um futuro terrível… como se fosse a foto de um pulmão cinza e cheio de câncer na capa de uma caixa de cigarro. 

Isso significa que a verossimilhança é crucial. Sem identificar traços do presente, não conseguimos nos assustar com o possível futuro — nem usar isso para parecer mais intelectuais na análise do agora (rs). 

E é por isso que achei muito difícil ler O Conto da Aia. Potencialmente real demais. 

No livro, os Estados Unidos vivem sob um regime teocrático e repressivo no qual, basicamente, as mulheres se tornaram máquinas de reprodução que vivem sob propriedade dos homens, pulando de casa em casa, como ornamentos de luxo (às vezes, nem isso). 

Lá, a autora desenha um mundo quase pós-apocalíptico, que voltou aos supostos valores tradicionais para tentar salvar o que restou da sociedade. 

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O que nos traz ao tema de hoje: o crescente tradicionalismo dos jovens nas redes sociais. Por que a Geração Z parece estar buscando alento em um mundo que parecia ter sido superado? 

Resumidamente: por que os jovens estão mais conservadores que nunca nos costumes?

Minha teoria? Porque querem uma tábua de salvação em meio a um mundo cada vez mais complexo. 

Jovens conservadores: quem são, o que comem e onde habitam?

Embora esse tema tenha partido de uma percepção individual minha sobre o que vejo nas longas horas em que passo nas redes sociais, existem uma série de dados que corroboram o que venho dizer aqui. 

E sim, os jovens estão mesmo ficando mais conservadores em relação às gerações anteriores, principalmente os homens — e isso tem tudo a ver com o número crescente de mulheres entrando nessa onda.

Os dados que cito a seguir são do relatório de tendências sobre polarização, da Glocalities, uma empresa de pesquisa de mercado com mais de 30 anos de atuação. 

Com base em um estudo abrangente que envolveu mais de 300 mil participantes em 20 países, o relatório revelou que, entre 2014 e 2023, homens jovens de 18 a 24 anos apresentaram uma inclinação crescente ao conservadorismo quando comparados aos pares mais velhos (entre 55 e 66 anos).

O relatório também mostra que, tanto nos países desenvolvidos quanto nos emergentes, os jovens estão se sentindo cada vez mais desiludidos com a sociedade e expressando falta de perspectiva para o futuro.

Sentindo-se deixados para trás, essa parcela dos jovens busca alternativas fora do sistema e acabam encontrando ressonância nas mensagens de direita radical, que muitas vezes se opõem aos valores liberais. 

Resumindo: enquanto, em 2014, os homens mais velhos (entre 55 e 65 anos) eram os mais conservadores e os mais jovens (entre 18 e 24 anos) exibiam uma postura significativamente mais liberal, quase uma década depois, os jovens passaram a ser ainda menos liberais que os mais velhos. 

O gráfico abaixo consegue ilustrar essa mudança: 

Nele, é possível identificar a posição de diferentes grupos etários em relação a duas dimensões entre 2014 e 2023: 

  • Controle-Liberdade: representa o grau de apoio a valores patriarcais versus valores emancipatórios; 
  • Desespero-Esperança: representa o grau de sentimento de decepção com a sociedade e pessimismo em relação ao futuro.

Ou seja, a juventude que antes era sinônimo de progresso, agora está mais tradicionalista que as gerações anteriores. 

Meu partido

É um coração partido

E as ilusões

Estão todas perdidas

Os meus sonhos

Foram todos vendidos

Tão barato que eu nem acredito

Ah… Eu nem acredito

Por outro lado, o estudo também mostra que, nos últimos dez anos, as mulheres jovens se tornaram cada vez mais liberais e anti patriarcais em todo o mundo.

Mas as coisas não são tão “meninos usam conservadorismo e meninas usam liberalismo” quando olhamos a realidade nas redes sociais…

As trad wives, esposas troféu e as “do job”

Dentro desse tópico, não dá para ignorar algumas trends que têm tomado fôlego nos últimos anos. 

As Trad Wives, ou esposas tradicionais, como são conhecidas, defendem um retorno aos papéis de gênero tradicionais, como o modelo de dona de casa dos anos 1950. Elas valorizam o trabalho doméstico, o cuidado com os filhos e a submissão ao marido como escolhas empoderadoras.

Tudo isso patrocinado por um discurso que exalta uma suposta “natureza feminina para o cuidado” — que ignora a construção social que cria esses padrões para as mulheres. 

Já as esposas troféu querem outra coisa: vida de luxo bancada pelo marido. Elas até pregam isso como uma forma de feminismo moderno, afinal é “uma escolha delas” depender exclusivamente do marido ou parceiro. 

Mas isso não basta, até os “ficantes” precisam pagar tudo. O que não falta no TikTok hoje em dia são vídeos de mulheres completamente indignadas com o fato de os homens não pagarem a conta do date, o salão de beleza etc. 

Isso me lembra a figura da Serena Joy Waterford, em “O Conto da Aia”. Ela era uma figura pública conservadora, conhecida por sua defesa de valores tradicionais, incluindo a submissão das mulheres aos papéis domésticos.

No entanto, após a ascensão do regime, Serena é forçada a viver sob as mesmas regras que ajudou a implementar, perdendo grande parte de sua própria autonomia. 

Enquanto isso, as redes também têm criado uma espécie de exaltação à prostituição — à medida que desvaloriza a participação feminina no mercado de trabalho —, com uma série de mulheres enaltecendoo quanto isso é lucrativo e muitas trends com músicas destacando moças “do job”, como são chamadas atualmente as profissionais do sexo. 

Você pode conferir algumas dessas trends, se ousar, aqui. 

A mesma desesperança com o cenário econômico que afeta os homens também afeta as mulheres (como destacado no gráfico acima). 

Diante de um mercado de trabalho cada vez mais demandante e cenário econômico instável, a vida de dona de casa surge como uma alternativa aparentemente mais confortável. 

O que não necessariamente é verdade. 

Não dá para esquecer das discussões secundárias que tudo isso traz, como o do trabalho invisível da mulher, citado por Naomi Wolf em “O Mito da Beleza”. 

Sendo breve: para ela, as economias dependem fortemente do trabalho não remunerado das mulheres — no cuidado da casa, dos filhos, dos adoentados e idosos — para funcionar, mas isso não é refletido no PIB (Produto Interno Bruto), que mede apenas atividades economicamente transacionadas.

Jovens conservadores: “Como nossos pais”

Sabrina Carpenter é um nome que vale a pena ser citado aqui. A nova estrela, que conquistou a fama global com alguns hits bombásticos neste ano, tem provocado um rebuliço entre as fãs — majoritariamente adolescentes e jovens adultas

Isso porque algumas delas estão chocadas com as insinuações sexuais no show da cantora. 

As críticas não partiram só dos pais das fãs, mas delas próprias:

“Me desculpe, mas eu sou a única ofendida? Tipo, por que ela está sendo nojenta sexualmente na frente de crianças”, escreveu uma usuária de 17 anos no X (ex-Twitter). 

E não dá para dizer que essa discussão é nova. A Madonna que o diga. Entre as décadas de 1980 e 1990, a superestrela provocou controvérsia com suas turnês The Virgin Tour e Blond Ambition. 

Esta última, em particular, quase foi barrada em Roma, onde gerou tamanha indignação que parte da população chegou a organizar greves em uma tentativa de impedir sua apresentação. 

O interessante é que, mesmo depois de tantos anos, as mesmas performances continuam a chocar. O que me faz questionar sobre a relação desta geração com o sexo. 

Uma pesquisa da da Universidade da Califórnia, que entrevistou mais de 1.500 jovens dessa faixa etária, mostra que 47,5% dos jovens disseram que o sexo “não é necessário” para a maioria dos programas de TV e filmes, 44% acham que o romance é “usado em demasia”.

Enquanto 44% dizem que “preferem limpar o banheiro” do que ir a um encontro online.

Em todo lugar lê-se manchetes avisando sobre como essa geração tem menos contato sexual que as anteriores. 

Sobre isso, os psicanalistas André Alves e Lucas Liedke, apresentadores do podcast Vibes em Análise, têm uma visão de que isso parece ter perdido a importância para os mais jovens, diante de um mundo que utiliza o sexo para vender quase tudo, mas discute pouco sobre o assunto em si. 

Será que, além da desilusão socioeconômica, o sexo também virou um campo de decepção que ajuda a empurrar os mais jovens em direção ao conservadorismo? Indico o podcast completo para uma discussão maior sobre o assunto. 

Também não dá para esquecer que a pandemia, além de ter empurrado nossa economia para o cenário decepcionante de agora, também desincentivou o contato físico entre as pessoas e deve ser considerada na hora de analisar esse cenário. 

Trazendo de volta a música brasileira: 

Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais…

Trend vai, trend vem e nós seguimos aqui

O que não falta nas redes sociais são trends, mas nós seguimos produzindo conteúdo de qualidade nas redes sociais do Seu Dinheiro. 

Diariamente, soltamos análises de mundo e de mercado, com notícias com potencial de abalar o seu bolso. 

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