“Não vamos tomar atalho na estratégia só para agradar a qualquer custo”, diz CEO da Veste (VSTE3)
Das 172 lojas das marcas Le Lis, Dudalina, John John, Bo.Bô e Individual, 58 devem estar repaginadas e prontas para lucrar mais até o final do ano

O movimento das mudanças repentinas de clima tem atrapalhado quem produz moda dentro e fora do país, já que é difícil adivinhar até quando o estoque das coleções de inverno poderão, por exemplo, dar conta das demandas em dias tradicionalmente de calor e vice-versa. A adaptação das peças a modelos mais leves, tanto em tecido quanto em roupagem, foi a saída encontrada pela Veste (VSTE3) para manter-se na passarela entre as maiores do setor.
A companhia, antes chamada Restoque, é dona das marcas Le Lis, Dudalina, John John, Bo.Bô e Individual.
“Nos antecipamos a esse desafio e, de 2023 para 2024, já trabalhamos com uma coleção mais leve, com peças de maior frescor e uma produção com menos casacos pesados nas prateleiras, o que nos ajudou neste ano em que praticamente não tivemos inverno”, disse Alexandre Afrange, CEO da Veste, em entrevista ao Seu Dinheiro.
Afrange contou que este tema, mudanças climáticas, virou uma pauta ainda mais estratégica do que já era para a empresa que, ao contrário de muitos concorrentes, prefere não recorrer a liquidações para zerar o estoque em casos de surpresas pouco controláveis, como o clima.
Tanto que 78% das vendas da Le Lis foram feitas a preço cheio de julho a setembro de 2024 – porcentagem que era de 50%, em 2020, mas que historicamente era de 88% – fatia bem acima da média do setor de varejo de moda, em geral. Somando todas as cinco marcas do grupo, as vendas a preço cheio no canal B2C (físico e digital) foram de 85% no terceiro trimestre do ano.
“Liquidação é parte inerente de quem trabalha com moda, mas fugimos dela. A essência da marca é vender a preço cheio, e é isso que faz a empresa ser rentável e sustentável, desde sempre”, diz o CEO.
Leia Também
A melhora da fatia e a adequação das criações e produções das marcas estão longe de serem as únicas adaptações dessa empresa que, aos poucos, concretiza o plano de recuperação traçado em 2020 – ainda que a cobrança dos acionistas seja maior em tempos de resultados menos afinados, como foi o caso do terceiro trimestre.
Afrange entende a pressa dos acionistas em verem a conclusão das reestruturações de lojas e retorno dos investimentos o quanto antes. Ao mesmo tempo, está seguro de que a Veste está seguindo o caminho trilhado nos planos de reestruturação e não precisa se colocar em saia justa atrás de apressar resultados.
“Estamos indo bem e seguindo o combinado. Não vamos tomar atalho na estratégia que desenhamos só para agradar a qualquer custo”, diz CEO da Veste.
Veste (VSTE3): imprevistos do 3T24
No período, a Veste registrou um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado 12% menor na comparação ano a ano, prejudicado pela menor margem bruta e desalavancagem operacional.
O lucro bruto ficou em R$ 165 milhões, queda de 5% na comparação ano a ano. Já o lucro bruto ajustado para todo o grupo foi de R$ 168,1 milhões, queda de 3,5% ante o 3º trimestre de 2023.
Entre as justificativas para o desempenho estão as vendas mais fracas no período nas lojas físicas, as despesas com as reformas das lojas e problemas de entrega com um dos fornecedores no mês de outubro, situação já normalizada, segundo a companhia.
“É importante dizer que, mesmo com o atraso, tivemos condição de nos organizar a tempo de seguir com estoque, porque trabalhamos com uma coleção ampla, especialmente da marca Le Lis ”, afirmou o CEO. Isso contribuiu, segundo Alexandre, para que o aproveitamento da coleção da Le Lis ficasse 10 pontos percentuais acima do trimestre anterior.
Atualmente, de acordo com ele, a companhia conta com uma fábrica própria no Paraná e outra em Goiás, responsáveis por 70% da produção das roupas sociais Dudalina e Individual. O restante ou é comprado acabado ou são fabricados pelos fornecedores com o tecido fornecido pela Veste. Ao todo são 200 parceiros de produção em todos os lugares do país (e alguns até fora), justamente para evitar atrasos de entrega, como o de outubro deste ano.
A pesquisa, criação e desenvolvimento das peças fica a cargo das marcas, que contam com uma equipe de estilo apartada a favor da independência de estilo de cada uma delas.
No terceiro trimestre, houve ligeira diminuição de margem em decorrência da venda pontual de itens de coleções passadas, avisa a empresa.
O deslize do parceiro impactou as vendas das outras marcas, no entanto, de acordo com análise feita pelo BTG Pactual em novembro. “Dudalina mal moveu a agulha (cresceu 0,6%), a Bo.Bô caiu 2,5% e a John John caiu 15% ano a ano em meio à reviravolta estratégica da marca”, aponta o relatório do banco.
Ainda assim, o faturamento médio por loja foi de R$ 1,4 milhão no trimestre, se consideradas todas as marcas do grupo. A alta é de 4,4% ante o 3º trimestre de 2023.
Cresce a fatia das vendas online nas vendas totais
Por outro lado, as vendas digitais crescem, ainda que não no ritmo esperado pelos analistas do banco. No terceiro trimestre, o segmento registrou um aumento de 6,8% nas vendas operacionais comparadas ao mesmo período de 2023. Ao longo de todo o ano, o incremento foi de 11,3%, o que garantiu R$ 173,6 milhões de receita nos primeiros nove meses.
O peso das vendas digitais é maior quando se analisa a relevância do segmento dentro do negócio como um todo – o salto foi de 5% para 20% em relação ao faturamento total do grupo. O aumento, aliado à exposição resiliente ao nicho de consumo de alto padrão, faz com que o BTG siga com a recomendação de compra da ação, hoje negociada a R$ 7,30 na B3.
No front omnichannel, as vendas digitais da companhia registraram alta de 40,3% em relação ao mesmo período de 2023. O faturamento total dessa modalidade foi de R$ 112,4 milhões, impulsionado pela plataforma de vendas B2B, que cresceu 94,5%.
“À medida que a empresa continua a ajustar estrategicamente as operações (redimensionando a pegada de loja, otimizando a estrutura de capital, reformando lojas e reposicionando marcas em todos os canais), esperamos uma tendência de melhora nos próximos trimestres”, afirmaram analistas em relatório.
Roupinha justa, mas ajustável
O esforço da Veste com o reposicionamento de algumas das marcas, vai além das peças leves e estilosas, engloba a readequação dos negócios com relação também aos modelos de lojas e experiência dos clientes.
Esse direcionamento teve início em 2020, depois de a empresa passar por uma saia justa no sentido financeiro, a ponto de ter que recorrer a um pedido de recuperação extrajudicial, com direito a nova injeção de capital dos acionistas anos depois.
Na época, a companhia, criada em 1982 com o nome Restoque, chegou a ter uma dívida de R$ 1,8 bilhão, na ordem de 16x o Ebitda da época, fruto de decisões equivocadas sobre a operação. Afrange, irmão da fundadora, que havia saído das decisões em 2014 e estava envolvido em outros negócios, retornou à empresa para promover um turnaround.
A missão dele começou por liderar a readequação de lojas e conceito da Le Lis, seguido da John John e demais marcas. O pedido de recuperação extrajudicial foi feito no mesmo ano.
O movimento rendeu ânimo aos acionistas principais, que entenderam que era melhor converter as debêntures que possuíam na época em equity em outubro de 2022. Em seguida, os principais acionistas fizeram um aporte de R$ 100 milhões em fevereiro de 2023 (R$ 20 milhões chegaram em dezembro do ano anterior e R$ 80 milhões em fevereiro). E foi com esse dinheiro que a companhia readequou a maioria das lojas até este ano, quando as reformas seguiram por meio de capital próprio.
“Consumimos R$ 100 milhões no próprio ano de 2023, 70% com reformas de lojas e o restante com a aquisição de novas mercadorias e aumento de estoque para fazer frente às reinaugurações”, conta Afrange, que de COO virou CEO da empresa em janeiro de 2023. “Neste ano de 2024 usamos a geração de caixa para fazer as próprias obras. Das nossas 172 lojas, 58 devem estar concluídas até o final do ano”.
Todo o direcionamento é voltado para a otimização das lojas, pela busca de um custo x retorno que seja coerente ao que o negócio precisa para de fato ser rentável. Na prática isso significa fechar unidades (como as 10 da marca John John neste ano) que não fazem sentido, renegociar espaços de locação e, principalmente, adequar o tamanho, arquitetura e estoque de algumas delas com o que possa trazer mais retorno financeiro.
No caso da Le Lis, as primeiras a serem readequadas, a área média das lojas foi reduzida de 450 metros quadrados para 300 metros quadrados. “Depois dela, passamos a modificar as da marca Dudalina, pensando menos em redução de área e mais em qualidade dos pontos de vendas, conceito e tamanho dos espaços”, disse Alexandre.
MRV (MRVE3) resolve estancar sangria na Resia, mesmo deixando US$ 144 milhões “na mesa”; ações lideram altas na bolsa
Construtora anunciou a venda de parte relevante ativos da Resia, mesmo com prejuízo contábil de US$ 144 milhões
ESG ainda não convence gestores multimercados, mas um segmento é exceção
Mesmo em alta na mídia, sustentabilidade ainda não convence quem toma decisão de investimento, mas há brechas de oportunidade
Méliuz diz que está na fase final para listar ações nos EUA; entenda como vai funcionar
Objetivo é aumentar a visibilidade das ações e abrir espaço para eventuais operações financeiras nos EUA, segundo a empresa
Governo zera IPI para carros produzidos no Brasil que atendam a quatro requisitos; saiba quais modelos já se enquadram no novo sistema
Medida integra programa nacional de descarbonização da frota automotiva do país
CVM adia de novo assembleia sobre fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3); ações caem na B3
Assembleia da BRF que estava marcada para segunda-feira (14) deve ser adiada por mais 21 dias; transação tem sido alvo de críticas por parte de investidores, que contestam o cálculo apresentado pelas empresas
Telefônica Brasil (VIVT3) compra fatia da Fibrasil por R$ 850 milhões; veja os detalhes do acordo que reforça a rede de fibra da dona da Vivo
Com a operação, a empresa de telefonia passará a controlar 75,01% da empresa de infraestrutura, que pertencia ao fundo canadense La Caisse
Dividendos e JCP: Santander (SANB11) vai distribuir R$ 2 bilhões em proventos; confira os detalhes
O banco vai distribuir proventos aos acionistas na forma de juros sobre capital próprio, com pagamento programado para agosto
Moura Dubeux (MDNE3) surpreende com vendas recordes no 2T25, e mercado vê fôlego para mais crescimento
Com crescimento de 25% nas vendas líquidas, construtora impressiona analistas de Itaú BBA, Bradesco BBI, Santander e Safra; veja os destaques da prévia
Justiça barra recurso da CSN (CSNA3) no caso Usiminas (USIM5) e encerra mais um capítulo da briga, diz jornal; entenda o desfecho
A disputa judicial envolvendo as duas companhias começou há mais de uma década, quando a empresa de Benjamin Steinbruch tentou uma aquisição hostil da concorrente
A Petrobras (PETR4) vai se dar mal por causa de Trump? Entenda o impacto das tarifas para a estatal
A petroleira adotou no momento uma postura mais cautelosa, mas especialistas dizem o que pode acontecer com a companhia caso a taxa de 50% dos EUA entre em vigor em 1 de agosto
Nem toda boa notícia é favorável: entenda por que o UBS mudou sua visão sobre Itaú (ITUB4), mesmo com resultados fortes
Relatório aponta que valorização acelerada da ação e preço atual já incorporam boa parte dos ganhos futuros do banco
Azul (AZUL4) dá mais um passo na recuperação judicial e consegue aprovação de petições nos EUA
A aérea tem mais duas audiências marcadas para os dias 15 e 24 de julho que vão discutir pontos como o empréstimo DIP, que soma US$ 1,6 bilhão
A acusação séria que fez as ações da Suzano (SUZB3) fecharem em queda de quase 2% na bolsa
O Departamento do Comércio dos EUA identificou que a empresa teria exportado mercadorias com preço abaixo do normal por quase um ano
Uma brasileira figura entre as 40 maiores empresas com bitcoin (BTC) no caixa; confira a lista
A empresa brasileira tem investido pesado na criptomoeda mais valiosa do mundo desde março deste ano
Em um bom momento na bolsa, Direcional (DIRR3) propõe desdobramento de ações. Veja como vai funcionar
A proposta será votada em assembleia no dia 30 de julho, e a intenção é que o desdobramento seja na proporção de 1 para 3
Nvidia (NVDA34) é tetra: queridinha da IA alcança a marca inédita de US$ 4 trilhões em valor de mercado
A fabricante de chips já flertava com a cifra trilionária desde a semana passada, quando superou o recorde anteriormente estabelecido pela Apple
Cyrela (CYRE3) quase triplica valor de lançamentos e avança no MCMV; BTG reitera compra — veja destaques da prévia do 2T25
Na visão do banco, as ações são referência no setor, mesmo com um cenário macro adverso para as construtoras menos expostas ao Minha Casa Minha Vida
Ações da Braskem (BRKM5) saltam mais de 10% na bolsa brasileira com PL que pode engordar Ebitda em até US$ 500 milhões por ano
O que impulsiona BRKM5 nesta sessão é a aprovação da tramitação acelerada de um programa de incentivos para a indústria petroquímica; entenda
Tenda (TEND3): prévia operacional do segundo trimestre agrada BTG, que reitera construtora como favorita do setor, mas ação abre em queda
De acordo com os analistas do BTG, os resultados operacionais foram positivos e ação está sendo negociada a um preço atrativo; veja os destaques da prévia o segundo trimestre
Mais um acionista da BRF (BRFS3) pede a suspensão da assembleia de votação da fusão com a Marfrig (MRFG3). O que diz a Previ?
A Previ entrou com um agravo de instrumento na Justiça e com um pedido de arbitragem para contestar a relação de troca proposta, segundo jornal