Mercado Livre (MELI34) dá a largada nos balanços das varejistas no 2T24 — e deve atropelar Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) outra vez
É quase consenso entre os analistas que o Mercado Livre não só divulgará números robustos no segundo trimestre, como também continuará a ganhar participação no mercado no e-commerce brasileiro

Um novo capítulo da guerra do varejo está prestes a se iniciar — agora, com a disputa de balanços do segundo trimestre de 2024. O Mercado Livre (MELI34) dará largada na temporada das varejistas e deve divulgar os resultados na noite desta quinta-feira (1), após o fechamento dos mercados.
Por sua vez, a Casas Bahia (BHIA3) e o Magazine Luiza (MGLU3) devem publicar o balanço trimestral apenas na semana que vem, nos dias 7 e 8, respectivamente.
Já a Americanas (AMER3), em recuperação judicial, adiou outra vez a publicação dos números referentes ao ano de 2023 e ao segundo trimestre deste ano, que agora está programada para 14 de agosto.
A expectativa geral dos analistas é que o Mercado Livre passe por cima outra vez das brasileiras e entregue mais um resultado sólido entre abril e junho.
Veja as principais estimativas do consenso da Bloomberg para Meli no 2T24 na comparação com o mesmo período do ano anterior:
- Lucro líquido ajustado: US$ 419 milhões, +59,9% a/a
- Receita líquida: US$ 4,67 bilhões, +37,3% a/a
- Ebitda: US$ 820 milhões, +46,9% a/a
Leia Também
O que esperar do balanço do Mercado Livre (MELI34) no 2T24
Na avaliação do Goldman Sachs, o Mercado Livre (MELI34) não só deve divulgar números robustos no segundo trimestre de 2024, como também continuará abocanhando participação de mercado no comércio eletrônico (e-commerce) brasileiro.
“Os investidores permanecem focados na dinâmica da margem operacional da operação, excluindo a Argentina, com preocupações de que os investimentos em logística, tecnologia e crédito possam resultar em compressão da margem anual no 2T24”, destacou o banco.
Para os analistas, parte dos ganhos de margem do Mercado Livre no segundo trimestre de 2024 deve vir do aumento da penetração de anúncios e alavancagem operacional em certas linhas de despesas.
Segundo os economistas, o GMV (volume bruto de mercadorias, indicador de volume de receita gerada nos canais digitais) deve crescer 24% no Brasil entre abril e junho — implicando em uma leve desaceleração em relação ao ganho de 30% visto no primeiro trimestre.
- Leia também: É o fim do multimarcas no varejo? Por que a Americanas (AMER3) decidiu encerrar os sites Shoptime e Submarino
O Goldman Sachs avalia que a diminuição do ritmo é impulsionada em parte por “comparações cada vez mais desafiadoras”, além do impacto negativo das enchentes no Rio Grande do Sul em maio.
Vale destacar que o RS responde por cerca de 6% das vendas de e-commerce no Brasil, e, em meio à catástrofe climática, as operações de logística foram parcialmente interrompidas ao longo de maio.
“Acreditamos que um crescimento de 20% no GMV no Brasil é um resultado forte, considerando as comparações cada vez mais exigentes, já que a empresa comemora os ganhos de participação de mercado do ano passado devido aos desafios financeiros de um concorrente importante, a Americanas”, escreveu o banco.
Do lado da divisão financeira, a expectativa é que a carteira de empréstimos do Mercado Pago continue a crescer, atingindo US$ 4,9 bilhões no período.
Os analistas projetam diminuição na inadimplência (NPL) acima de 90 dias, com melhora sequencial trimestralmente no índice inicial, de 15 a 90 dias, mas com aumento em base anual, já que a empresa “está confortável em assumir mais riscos”.
O banco possui recomendação de compra para as ações MELI, com preço-alvo de US$ 2.180 para os próximos 12 meses, implicando em um potencial de valorização de 30,6% frente ao último fechamento.
Vale lembrar que o Mercado Livre possui BDRs (recibos de ações) negociados na B3 sob o ticker MELI34.
- Quer receber em primeira mão as análises dos balanços do 2T24? Clique aqui para receber relatórios de investimentos gratuitos, feitos pelos profissionais da Empiricus Research.
Um trator sobre as varejistas brasileiras?
Na perspectiva do Goldman Sachs, o Mercado Livre (MELI34) deve continuar a “atropelar” as gigantes do varejo brasileiro e conquistar “ganhos contínuos” de participação de mercado no Brasil.
Para se ter uma dimensão, os analistas preveem um crescimento de 24% no volume de vendas digitais da varejista argentina no Brasil em 2024 — contra uma estimativa de 14% para o e-commerce brasileiro em geral.
Isso porque, para o BTG Pactual, um dilema continua a marcar presença na estratégia das varejistas digitais: a busca por crescimento de qualidade combinado à lucratividade.
Os analistas projetam um crescimento mais lento do GMV nas gigantes do varejo brasileiro, reflexo de menos renda disponível no cenário doméstico e restrições de capital.
Além disso, o banco vê como tendência no varejo digital do Brasil a estratégia de foco na lucratividade e preservação de caixa, sacrificando parcialmente categorias não lucrativas, como aquelas com tickets médios mais baixos e maiores taxas de take-rate.
O BTG ainda prevê a continuidade da tendência de maior consolidação de mercado entre alguns players ao longo do segundo trimestre de 2024.
“Vimos ao longo dos últimos trimestres algumas varejistas piorando o ritmo de vendas. Não só em GMV, mas também em termos de receita líquida, o Mercado Livre cresce bem mais que as outras varejistas locais há algum tempo, o que significa dizer que ele vem ganhando market share. Aparentemente, vamos ver algo nesse sentido de novo no segundo trimestre”, afirmou Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora, ao Seu Dinheiro.
Segundo a XP Investimentos, este deve ser “outro trimestre pouco inspirador” para o varejo brasileiro, ainda com a deterioração do cenário macroeconômico fazendo pressão sobre as companhias.
“Os players de comércio eletrônico devem continuar apresentando desempenho de receita pressionado, já que o cenário macro fraco continua impactando a demanda”, escreveram os analistas, em relatório.
O que esperar do Magazine Luiza (MGLU3) e da Casas Bahia (BHIA3)
Na avaliação da XP, a rentabilidade deve ser o destaque do 2T24 — especialmente do lado do Magazine Luiza (MGLU3) —, com as companhias adotando uma “estratégia promocional mais racional e se concentrando em categorias mais rentáveis”.
As perspectivas do mercado para o Magalu são um pouco mais animadoras. Confira as estimativas do consenso Bloomberg para o 2T24 em base anual:
- Lucro líquido ajustado: R$ 2,92 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 301,7 milhões
- Receita líquida: R$ 6,69 bilhões, -21,9% a/a
- Ebitda: R$ 678 milhões, +138,8% a/a
As ações MGLU3 contam hoje com quatro recomendações de compra e sete neutras, de acordo com dados da plataforma TradeMap.
Para o Santander, o Magalu deve mostrar uma “uma continuação das tendências positivas vistas no 1T24” no segundo trimestre, com projetam leves melhorias sequenciais no GMV da categoria digital de 1P — as vendas diretas de mercadoria própria online.
Vale lembrar que, assim como outras gigantes do e-commerce, a varejista decidiu migrar algumas categorias do 1P para o 3P — produtos vendidos por terceiros — em busca de maior rentabilidade e redução da queima de caixa operacional.
Na visão do JP Morgan, apesar das perspectivas mais positivas de lucro do Magazine Luiza nos últimos trimestres, é preferível evitar a exposição ao varejo brasileiro via ações MGLU3 devido ao elevado patamar de endividamento e aos riscos do cenário competitivo.
Os analistas afirmam que a varejista continua sendo uma das empresas mais alavancadas da cobertura do banco — e, em meio à projeção de taxas de juros mais elevadas durante um período de tempo mais longo, as despesas financeiras devem seguir elevadas.
Além disso, o Magalu pode ver a concorrência aumentar ainda mais, à medida que:
- a Americanas (AMER3) conseguiu manter as linhas de crédito durante a recuperação judicial;
- a Casas Bahia (BHIA3) reestruturou bilhões em dívidas com credores; e
- players internacionais como Mercado Livre e Amazon (AMZN34) continuam a ganhar mercado.
Perspectivas mais contidas para Casas Bahia (BHIA3)
Já para a Casas Bahia (BHIA3), o mercado prevê mais um trimestre no vermelho. Veja as principais estimativas do consenso Bloomberg para a Casas Bahia no 2T24 em base anual:
- Prejuízo líquido ajustado: R$ 293,5 milhões, +40,3% a/a
- Receita líquida: R$ 6,46 bilhões, -13,6% a/a
- Ebitda: R$ 422,8 milhões, +87% a/a
“Esperamos que o Grupo Casas Bahia relate outro conjunto de resultados nebulosos, já que a reestruturação deve continuar a afetar a receita líquida, embora as margens devam começar a mostrar sinais iniciais de melhora”, afirmou a XP Investimentos.
Os analistas preveem queda no GMV total, impactado pelo fraco desempenho do canal 1P e pelo ambiente macroeconômico.
Já em relação à lucratividade, a corretora espera que a margem bruta mostre os primeiros sinais de melhora, enquanto a desalavancagem operacional deve limitar a expansão do Ebitda.
De acordo com dados do TradeMap, os papéis BHIA3 contam hoje com sete recomendações neutras e uma de venda.
Casas Bahia (BHIA3) anuncia dois novos nomes para o conselho; veja o que muda no alto escalão da companhia
No início de agosto, a Mapa Capital passou a deter participação aproximada de 85,5% do capital social da Casas Bahia, se tornando a maior acionista da varejista
Oi (OIBR3) tem prejuízo líquido de R$ 835 milhões no 2T25; confira os resultados completos
A companhia teve uma reversão do lucro de R$ 15 bilhões em comparação ao ano anterior, quando houve ganho de natureza contábil
A emissão de US$ 2 bilhões em títulos globais da Petrobras (PETR4) é um risco para o investidor?
Os bonds com vencimento em 10 de setembro de 2030 terão taxa de retorno ao investidor é de 5,350% ao ano. Já para os bonds com vencimento em 10 de janeiro de 2036, a remuneração é de 6,550% ao ano.
Ambev (ABEV3) é pressionada por preço maior e produção menor; saiba o que fazer com a ação agora
Economia em desaceleração e aumento da competição estão entre os fatores que acendem o alerta para os próximos trimestres
Mounjaro: concorrente do Ozempic está em falta, mas algumas redes de farmácia estão mais bem posicionadas, segundo a XP
Corretora também monitorou a concorrência entre o varejo físico e online para produtos com e sem receita médica, incluindo cosméticos
Cade pede mais estudos sobre fusão entre Petz (PETZ3) e Cobasi; o que isso significa para o negócio?
Entre as informações adicionais para realizar a análise da fusão estão questões que envolvem o mercado de varejo pet físico e online
BRF-Marfrig: Cade marca sessão extraordinária para julgar fusão de gigantes nesta sexta-feira (5)
O conselheiro Carlos Jacques, que havia pedido vistas do processo em 20 de agosto, liberou nesta quarta (3) seu voto pela aprovação integral da fusão
O pior já passou para o Banco do Brasil (BBAS3) ou ainda vem turbulência pela frente? Veja o que diz o Itaú BBA
Os analistas destacam que os problemas do agronegócio, que já haviam surpreendido negativamente neste ano, continuam longe de serem resolvidos
Cade dá puxão de orelha na Azul (AZUL4) e na Gol (GOLL54) por acordo de rotas compartilhadas e determina prazo de 30 dias para as aéreas notificarem o negócio
Segundo o relator do caso, os contratos de codeshare não têm isenção automática da análise concorrencial do órgão antitruste
“Estamos falando de uma transformação profunda”, diz o CEO da Vale (VALE3) sobre investimento de R$ 67 bilhões. A mineradora vai mudar?
Os recursos bilionários serão destinados à retomada da operação de Capanema, em Ouro Preto, que estava paralisada há 22 anos, e estão inseridos em um projeto bem maior da companhia
Raízen deixa Oxxo com fim da parceria com a Femsa, mas mantém lojas de conveniência Shell; ações RAIZ4 disparam na bolsa
As companhias anunciaram o fim da joint venture Grupo Nós, criada em 2019, que controlava o Oxxo, além da Shell Select e Shell Café
BTG Pactual (BPAC11) agora mira o RH das empresas para crescer no digital: “Os CEOs e CFOs já nos conhecem”
Tradicional em investimentos, BTG aposta em previdência, folha de pagamento e soluções para atrair empresas — e novas contas digitais
Banco Central reprova compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB)
Acordo havia sido anunciado em março, e decisão do BC era último passo para concretização do negócio
Méliuz (CASH3) compra US$ 1 milhão em bitcoin (BTC) — com uma diferença dessa vez
A compra da criptomoeda mais valiosa do mundo se tornou parte fundamental dos negócios da plataforma de cashback
Ações da Cosan (CSAN3) saltam 8% e emendam sexto dia de alta; afinal, o que está animando tanto o mercado?
Segundo relatório da Empiricus, três notícias recentes foram positivas para a companhia ou seu setor de atuação
Conheça a Anthropic, dona de chatbot rival do ChatGPT, que foi avaliada em quase R$ 1 trilhão
A empresa planeja reforçar a capacidade de atender à demanda empresarial e impulsionar a expansão internacional após nova rodada de investimentos
Não é hora de dar tchau: Justiça dos EUA determina que Google não precisa abrir mão do Chrome, e ações disparam nesta quarta (3)
O navegador estava no cerne do processo por violar a lei antitruste norte-americana no segmento de buscas e publicidade nos resultados de pesquisa
Mais um ataque hacker: fintech Monbank sofre desvio de R$ 4,9 milhões em segunda tentativa de assalto ao sistema financeiro nesta semana
A instituição afirmou que a maior parte do valor já foi recuperado e nenhuma conta de clientes foi afetada
Cosan (CSAN3) é história única de reestruturação na América Latina, e era de ‘valor zero’ da Raízen (RAIZ4) deve acabar, segundo BofA
O Bank of America reafirma a recomendação de compra para a Cosan (CSAN3), destacando seu processo único de reestruturação e desalavancagem na América Latina, mas reduz o preço-alvo para R$ 11
Itaú Unibanco (ITUB4) revela alavancas por trás de plano ambicioso de dobrar a carteira do negócio de varejo até 2030
As metas ambiciosas para o banco de varejo integram o cerne de dois planos estratégicos do Itaú: o iVarejo 2030+ e o Programa PJ 2030. Entenda os detalhes