CEO da Arezzo (ARZZ3) fala em “big bang” da moda brasileira com fusão com Soma (SOMA3) e aposta em internacionalização
O CEO da Arezzo, Alexandre Birman, ficará responsável pelo comando da nova empresa, enquanto o atual presidente executivo do Soma, Roberto Jatahy, comandará a unidade de vestuário feminino
![Os CEOs da Arezzo (ARZZ3), Alexandre Birman, e Soma (SOMA3), Roberto Jatahy](https://media.seudinheiro.com/uploads/2024/02/Os-CEOs-da-Arezzo-ARZZ3-Alexandre-Birman-e-Soma-SOMA3-Roberto-Jatahy.-Foto-reproducaoInstagram-715x402.jpg)
O setor de varejo foi estremecido pelo anúncio do “negócio do ano” no universo de moda na manhã desta segunda-feira (05): a fusão entre a Arezzo (ARZZ3) e o Grupo Soma (SOMA3).
A operação será responsável por formar o maior grupo de moda da América Latina, com 34 marcas sob o novo guarda-chuva — incluindo nomes como Arezzo, Alexandre Birman, Animale, Schutz, Hering e Farm.
Alexandre Birman, herdeiro do conglomerado Arezzo, ficará responsável pelo comando da nova gigante de moda e atuará como CEO. Já o atual presidente executivo do Soma, Roberto Jatahy, ficará à frente da unidade de vestuário feminino.
“Vocês estão celebrando o maior big bang da moda brasileira, que é o início de uma nova era”, afirmou Birman, durante encontro com investidores e jornalistas.
O chefão da Soma, Jatahy, ainda destaca a necessidade de reanimar o mercado de moda brasileiro enquanto mira em uma expansão internacional.
“Estamos criando o maior grupo de moda da América Latina. O sonho grande é uma coisa global, internacional. Já pensamos muito na América Latima, mas queremos aumentar ainda mais o nosso mercado endereçável.”
As ações de ambas as companhias reagem em queda à confirmação do negócio hoje na B3. Mas vale lembrar que os papéis dispararam na semana passada, quando saíram as primeiras notícias sobre a fusão.
O resultado da fusão entre Arezzo (ARZZ3) e Soma (SOMA3)
Depois da conclusão do negócio, a estrutura da “SomArezzo” deve ser dividida em quatro unidades de negócio independentes — calçados e bolsas; vestuário feminino; vestuário masculino; e “vestuário democrático” —, cada qual com seu respectivo CEO.
Rony Meisler permanecerá como CEO da unidade AR&Co e Thiago Hering seguirá à frente da unidade que leva seu sobrenome.
As verticais de negócio serão suportadas por quatro cargos de chefia (o famoso “C-level”) nas áreas de finanças, tecnologia, operações e recursos humanos.
Os executivos abordaram também uma das principais preocupações dos analistas: as diferentes culturas corporativas das empresas envolvidas.
“Essas quatro empresas terão independência total nas suas operações, mas, com a criação dessa nova companhia e com esses ‘c-levels’, haverá uma nova cultura, mas respeitando a forma blindada e peculiaridades de cada unidade”, disse o CEO Alexandre Birman.
Já de acordo com Jutahy, “existe uma divisão muito clara de onde está a autonomia desse CEO de negócios de compromisso com geração de caixa, da forma que ele acredita fazer melhor”.
“Cada um tem seu estilo e entende melhor como gerar valor. Muitas vezes, temos culturas diferentes entre as empresas, mas o que não pode é ter princípios e valores diferentes.”
Benchimol no conselho
Pela primeira vez na história, Guilherme Benchimol, co-fundador da XP, fará parte de um conselho de administração externo e se tornará conselheiro da nova empresa formada pela Arezzo e Soma.
A XP, aliás, foi uma das assessoras financeiras da fusão entre os grupos de moda.
O restante do conselho deverá ser formado majoritariamente por mulheres e por executivos com experiência nos cargos de conselheiros administrativos.
Em entrevista coletiva, Roberto Jatahy, do Soma, afirmou que as negociações da operação entre o Soma e a Arezzo tiveram início há quase três anos, quando os dois conglomerados disputaram pelo controle da Hering.
De lá para cá, foram 15 encontros entre as duas empresas e inúmeras ligações recorrentes até traçarem o acordo que veio a público, contou Jatahy.
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Os números da nova gigante do varejo de moda
Com a fusão entre Arezzo e Soma, a nova empresa contará com um total combinado de 559 lojas e 1.520 franquias. Já em relação a funcionários, a força de trabalho da companhia chegará a 21,8 mil pessoas.
Em termos financeiros, juntas, Arezzo e Soma faturaram R$ 11,97 bilhões no terceiro trimestre de 2023. Enquanto isso, o lucro líquido combinado chegou a R$ 753 milhões no período.
Na visão de Roberto Jatahy, o objetivo da fusão entre o Soma (SOMA3) e a Arezzo (ARZZ3) é maximizar os retornos da empresa — e o principal meio para atingir os resultados são as sinergias operacionais. “Com a margem bruta que a gente tem, nossas grandes sinergias serão em receita e despesas operacionais.”
Para Birman, este ano será de reestruturação, com capturas de resultados previstas apenas para 2025. “Nós não estamos com pressa. Esse será um ano de muita sinergia, com troca de melhores práticas, equalização de processos e integração de plataformas, com sistemas, projetos e logística”, revela o CEO.
“Queremos deixar um território muito bem plantado para que, em 2025, essas receitas adicionais e otimização nas negociações gerem uma grande alavancagem de receita.”
O nome da nova companhia deve ser revelado apenas em meados de 2024. Já a conclusão do negócio, que depende de aprovações societárias e regulatórias, como o aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), está prevista para o próximo ano.
“A opinião dos nossos assessores financeiros é de que a aprovação pelo Cade não será uma questão complexa”, afirma Rafael Sachete, diretor financeiro (CFO) da Arezzo&Co.
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E como ficam os acionistas de Soma (SOMA3) e Arezzo (ARZZ3)?
Após a incorporação do Grupo Soma pela Arezzo, os investidores que possuírem papéis SOMA3 receberão 0,120446593048 ação ARZZ3.
Nessa relação de troca, os acionistas da Arezzo&Co ficarão com 54% da futura empresa e os do Grupo Soma com os 46% restantes.
Desse modo, na nova estrutura acionária, a família Birman deve passar a deter 21,31% do capital da nova empresa, enquanto os controladores do Grupo Soma ficarão com 16,45%.
As ações dos controladores estarão vinculadas a um acordo de acionistas com “lock-up” de 10 anos — que impede esses acionistas de venderem suas respectivas participações na empresa. Nos primeiros cinco anos, o acordo estará “mais travado”, com uma liberação de 25% dos papéis. Já os 75% restantes entre os anos seguintes.
Já os demais investidores, responsáveis por uma participação de 62,25% da nova empresa, não terão ações vinculadas.
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