🔴TRÊS ROBÔS CRIADOS A PARTIR DE IA “TRABALHANDO” EM BUSCA DE GANHOS DIÁRIOS – ENTENDA AQUI

Camille Lima

Camille Lima

Repórter de bancos e empresas no Seu Dinheiro. Bacharel em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.

VOO DE FRANGO?

BRF (BRFS3) volta a ser empresa “de dono” e mais que dobra de valor na B3. O que está por trás da disparada — e o que esperar das ações

Agora “oficialmente” sob controle da Marfrig, BRF acumula alta de mais de 170% em 12 meses na B3; saiba o que os analistas pensam da empresa de proteínas

Camille Lima
Camille Lima
11 de abril de 2024
6:13 - atualizado às 15:25
Unidade da BRF
Unidade da BRF. - Imagem: Divulgação

Enquanto o setor de frigoríficos parece ter ficado “na geladeira” na B3 em 2024, a BRF (BRFS3) teve um início de ano brilhante na bolsa brasileira, com uma valorização de quase 22% das ações só no acumulado deste ano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se elevarmos o horizonte de tempo para 12 meses, os papéis da dona da Sadia e Perdigão mais do que dobraram de preço, com alta de 171% em um ano. Trata-se de longe do melhor desempenho do setor na B3. 

O desempenho da BRF veio na esteira de duas principais notícias. A primeira foi a chegada de um novo controlador “de fato” depois que a Marfrig alcançou mais de 50% do capital da companhia no fim do ano passado.

Mais recentemente, o mercado se animou com a divulgação de um balanço acima das expectativas no quarto trimestre de 2023.

Acontece que o impulso dos papéis não se traduz integralmente em otimismo por parte dos analistas. As ações da empresa atualmente contam com apenas quatro recomendações de compra, enquanto somam sete recomendações de manutenção, de acordo com dados da plataforma TradeMap.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

BRF (BRFS3): o poder de um dono?

Na visão de analistas e gestores com quem conversei para essa matéria, após uma longa trajetória de prejuízos, a dona da Sadia parece ter enfim deixado para trás os dias de luta — especialmente agora que a companhia voltou a ter “dono”. 

Leia Também

Relembrando rapidamente, a empresa esteve mal das pernas por muito tempo, principalmente após a reengenharia proposta pelo empresário Abilio Diniz, que destacava o sonho de transformar a BRF na “Ambev do frango” em 2013, quando conselheiro da companhia.

Vale lembrar que Abilio esteve à frente do conselho de administração da empresa por cinco anos, até sua saída tumultuada em 2018 após embates com outros acionistas sobre a condução do negócio, especialmente fundos de pensão, como Previ e Petros.

Na condição de “corporation” — ou seja, com o capital pulverizado na bolsa — a BRF chegou a valer mais de R$ 60 bilhões em meados de 2015. Mas logo depois a empresa entrou em uma espiral negativa que envolveu disputas societárias, problemas de qualidade na produção e alta nos custos das matérias-primas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O fim do longo inferno astral da dona da Sadia e da Perdigão coincidiu com a entrada da Marfrig no capital da empresa. Depois de montar posição, o grupo de Marcos Molina foi abocanhando cada vez mais fatias da BRF depois que os acionistas derrubaram a chamada "pílula de veneno" (poison pill).

A cláusula do estatuto obrigava qualquer acionista que alcançasse mais de um terço do capital a lançar uma oferta por todas as ações no mercado.

Após a derrubada da pílula de veneno, a Marfrig injetou dinheiro novo na companhia em uma oferta de ações (follow-on) bilionária na B3 e se tornou controladora no fim de 2023, após atingir 50,08% de participação.

BRF (BRFS3): balanço animador

No fim de fevereiro, a BRF (BRFS3) também animou o mercado com a divulgação do balanço do quarto trimestre de 2023, que veio acima das expectativas dos analistas em quase todas as linhas do resultado e com avanços robustos em relação ao mesmo período do ano anterior. Confira:

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
  • Lucro líquido: R$ 754 milhões (+178%) 
  • Ebitda ajustado: R$ 1,9 bilhão (+76,3%)
  • Margem Ebitda ajustado: 13,2% (+5,9 pontos percentuais)

A queda nos preços do milho também beneficiou a companhia, uma vez que o principal custo da BRF vem da commodity agrícola.

O que esperar da BRF (BRFS3)

A maior parte do mercado ainda não se convenceu de que a melhora da BRF (BRFS3) veio para ficar e acredita que o salto das ações pode ser apenas um “voo de galinha”.

Tanto que a maior parte dos analistas se mantém com recomendação neutra, com a visão de que as cotações atuais dos papéis já refletem a melhora nos fundamentos da empresa.

Para um gestor comprado no papel com quem eu conversei, parte dessa visão deve-se justamente à descrença do mercado, que está “traumatizado” com o passado da BRF e não está totalmente confiante para retomar a aposta na empresa de processados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“É um ativo muito bom, mas foram dez anos da empresa sendo mal tocada e agora tem chance grande de ser feito um bom trabalho.”

"Ativo irreplicável"

Há quem diga ainda que, por mais que a concorrência tenha aumentado ao longo dos anos, a BRF é um “ativo irreplicável a curto prazo”, dada a demora de construção de uma marca forte no mercado e a “essencialidade do produto” que ela comercializa.

A XP Investimentos também está otimista com o futuro da BRF e possui recomendação de compra para os papéis BRFS3, com preço-alvo de R$ 18,30 para o fim de 2024, implicando em um potencial de alta de 8,3%. Os papéis, aliás, são a principal escolha da corretora no setor de alimentos e bebidas.

Os analistas projetam uma possibilidade relevante de continuidade de queda nos preços do milho — que, juntamente com o desempenho favorável de exportações e as perspectivas positivas de oferta e demanda global de frango, “devem se traduzir em um forte impulso de lucros ao longo de 2024”. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A XP acredita estar antecipando um próximo processo de reavaliação dos papéis, que “deve ser impulsionado pela melhoria da dinâmica do fluxo de caixa livre (FCF), redução da volatilidade das margens e histórico da nova gestão”. 

“Prevemos uma perspectiva mais favorável para o fluxo de caixa livre e uma recuperação da margem impulsionada por preços favoráveis de rações e perspectivas domésticas e internacionais promissoras”, escreveram os analistas. 

Procurada pelo Seu Dinheiro, a BRF não deu entrevista.

Vem fusão pela frente?

Uma das dúvidas sobre o futuro da BRF é sobre a possibilidade de uma eventual fusão com a Marfrig (MRFG3). Lembrando que as companhias já tentaram uma união em 2019, mas o casamento não foi para frente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas é quase consenso no mercado que a operação não deve acontecer no curto prazo, uma vez que o grupo de Marcos Molina acabaria com uma fatia proporcionalmente menor da empresa combinada.

“Quando pensamos em sinergias, quase não vemos na parte de originação, as indústrias também são separadas. Na parte de comercialização começa a aparecer um pouco mais de possibilidade, com um portfólio mais diversificado dando maior poder de negociação com os clientes”, disse Leonardo Alencar, head de agro, alimentos e bebidas da XP.

Para Alencar, ainda estaria na mesa a chance de uma aquisição de papéis BRFS3 por parte de Marcos Molina antes de uma potencial fusão entre a BRF e a Marfrig.

Incertezas no futuro e a visão dos analistas

A possibilidade de fusão com a Marfrig não é a única incerteza que paira sobre os negócios da BRF (BRFS3).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

É importante lembrar que a BRF faz parte de um mercado cíclico, então a rentabilidade do negócio está diretamente ligada à oferta e demanda dos produtos vendidos pela companhia. Ou seja, o aumento da oferta de frangos, por exemplo, adicionaria pressão à empresa.

De acordo com o BTG Pactual, “um balanço saudável pode fazer a diferença em indústrias cíclicas” — e, segundo os analistas, a empresa deve entregar resultados fortes no início do ano, “sustentando a dinâmica de lucros em uma ação historicamente pró-cíclica”.

Vale destacar que o banco possui recomendação neutra para as ações devido ao nível de valuation da empresa e às margens mais normalizadas. 

Outra questão que impacta o setor de frigoríficos como um todo é o risco sanitário. Caso haja alguma crise nesse sentido — como gripe suína, por exemplo — no exterior, a situação seria positiva para as produtoras brasileiras de carnes. Já se uma situação dessas acontecesse no Brasil, as empresas de alimentos processados seriam penalizadas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na visão da Genial Investimentos, a incerteza quanto à sustentação das melhorias operacionais no mercado internacional levanta preocupações, já que algumas regiões ainda enfrentam baixos preços de venda.

Outras duas questões deixam os analistas com uma postura conservadora em relação às ações da BRF: o histórico da companhia em queimar caixa após captações e a intensa concorrência da Seara e de players regionais.

A Genial possui recomendação de manutenção para as ações BRFS3, com preço-alvo de R$ 17 para os próximos 12 meses, implicando em uma leve alta de 0,7%.

VEJA TAMBÉM - O que realmente está acontecendo com a economia da China? Catástrofe é real? Grandes tubarões do mercado respondem

Outras preferências

Já o Itaú BBA destaca a preferência por outros players de proteínas: JBS (JBSS3) e Minerva (BEEF3). O banco possui recomendação neutra para os papéis BRFS3, com preço-alvo de R$ 11 para o fim de 2024, uma queda potencial de 34%.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para os analistas, a continuidade dos ventos favoráveis ​​do programa de eficiência BRF Mais pode ser um impulso adicional para a companhia, além da “dinâmica saudável" de oferta de frangos ao longo de 2024. 

Na análise do Bank of America (BofA), a JBS e a Marfrig (MRFG3) apresentam melhor relação de risco/retorno no setor de frigoríficos. “Preferimos estar expostos à BRF através da Marfrig, com classificação de compra.”

Segundo o BofA, a BRF possui “potencial de retorno limitado das ações após a recuperação recente”, mas os analistas destacam a possibilidade de revisões para cima das estimativas para a companhia. 

“Embora 2024 deva ser um ano de forte recuperação do Ebitda, parece que isso já está precificado”, escreveram os analistas. Atualmente, o banco possui recomendação de “underperform” — equivalente a “venda” — para os papéis BRFS3, com preço-alvo de R$ 15,30, uma leve baixa potencial de 9,3%.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Os investidores locais parecem ter adotado uma postura mais cautelosa em relação à BRF”, escreveram os analistas. “Mas reconhecemos que o impulso da BRF é forte demais para ser ignorado.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
AMPLIANDO HORIZONTES

Família Diniz avança no comando do Pão de Açúcar — mas não é aquela que você conhece; saiba quem são os Coelho Diniz

25 de agosto de 2025 - 15:26

Os novos maiores acionistas do GPA são os Coelho Diniz, que pouco têm a ver com a família do antigo dono, Abilio Diniz, falecido no ano passado

QUEM VAI SE SAIR BEM?

Por que o BTG Pactual está cauteloso com as ações de varejo — e quais os nomes favoritos do banco

25 de agosto de 2025 - 13:25

A primeira metade de 2025 apresentou resultados sólidos em diversos segmentos de consumo, mas a atenção agora se volta para os ventos desfavoráveis que podem afetar o setor

DE OLHO NO ‘NOVO PRÉ-SAL’

Petrobras (PETR4) e Ibama testam capacidade de resposta a incidentes na Margem Equatorial; entenda por que isso importa

25 de agosto de 2025 - 12:10

Apesar de ser vista como a nova fronteira de exploração de petróleo, a proximidade de ecossistemas sensíveis na Margem Equatorial gera preocupações

PINGANDO NA CONTA

JBS (JBSS3) aprova distribuição de R$ 820 milhões em dividendos intercalares para a JBS NV

25 de agosto de 2025 - 11:48

Os recursos serão direcionados para a holding que abriu capital nos Estados Unidos recentemente, segundo informa a própria companhia

RECALIBRANDO A CARTEIRA

Fundo imobiliário que integra o TRX Real Estate (TRXF11) vende mais um imóvel alugado pelo Assaí; entenda os impactos para os cotistas

25 de agosto de 2025 - 10:51

No fim de maio, o fundo já havia anunciado a alienação de um outro ativo, que estava sendo alugado pela varejista, por R$ 69 milhões

DINHEIRO NA CONTA

BB Seguridade (BBSE3), Itaúsa (ITSA4) e mais: 8 empresas pagam dividendos e JCP nesta semana; confira

25 de agosto de 2025 - 10:31

Oito companhias listadas no Ibovespa (IBOV) entregam dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas nesta última semana de agosto

DANÇA DAS CADEIRAS

Mudanças à vista no alto escalão do GPA (PCAR3): família Coelho Diniz eleva participação e pede eleição de novo conselho

25 de agosto de 2025 - 9:18

O objetivo da família é tornar a representatividade no conselho proporcional à atual participação societária, segundo comunicado ao mercado

DOCE NEGÓCIO

Com nova fábrica, marca de chocolates Dengo escala apoio a produtores de cacau da BA e caminha para o lucro

24 de agosto de 2025 - 15:06

A empresa está investindo R$ 100 milhões na segunda unidade de produção em Itapecerica da Serra (SP) e vai quintuplicar a capacidade de abrir lojas a partir de 2026

EM RESPOSTA

BB denuncia vídeo de Eduardo Bolsonaro por fake news e pede ação da AGU contra corrida bancária

24 de agosto de 2025 - 14:04

Segundo ofício encaminhado pelo banco, os ataques nas redes sociais começaram na última terça-feira (19)

‘NOVO PRÉ-SAL’

Petrobras e Ibama testam capacidade de resposta a incidentes na Foz do Amazonas

24 de agosto de 2025 - 12:06

Atividade é a última antes de concessão de licença ambiental para exploração de petróleo

NOSTALGIA

Que fim levou o Kichute, a mistura de tênis e chuteira que marcou época nos pés dos brasileiros?

24 de agosto de 2025 - 9:00

Símbolo da infância de gerações, o tênis da Alpargatas chegou a vender milhões de pares nos anos 1970, mas acabou perdendo espaço com a chegada das marcas internacionais

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Banco do Brasil (BBAS3) quer ser o maior player no mercado de carbono no país, do projeto à certificação

24 de agosto de 2025 - 7:03

Para o VP de Sustentabilidade do BB, José Ricardo Sasseron, a forte relação com o agronegócio, a capilaridade do banco e seus mais de 200 anos de história podem ajudar nessa empreitada

SUPER EM ALTA

Intel tem semana para ninguém botar defeito: depois do Softbank, governo dos EUA confirma participação na companhia

23 de agosto de 2025 - 17:09

O cenário de mercado, no entanto, tem sido desafiador para a gigante dos microprocessadores. Em 2024, as ações da Intel desabaram 60%

DISPUTA NO E-COMMERCE

Na guerra com Mercado Livre, Shopee anuncia redução no prazo de entrega para BH, Rio e mais de 75 cidades

23 de agosto de 2025 - 17:06

Na Grande São Paulo, uma em cada quatro encomendas foi entregue até o dia seguinte, enquanto 40% chegaram em até dois dias

LUZ NA PASSARELA

Chegou chegando: H&M abre primeira loja no Brasil neste sábado (23); saiba mais sobre a marca e qual a média dos preços

23 de agosto de 2025 - 16:05

Varejista de moda sueca deve trazer mais concorrência para nomes como C&A, Renner e Riachuelo

REBAIXAMENTO

Mais uma notícia negativa no front da Braskem (BRKM5), e desta vez veio da agência de rating S&P

23 de agosto de 2025 - 12:15

Em comunicado divulgado ao mercado, a empresa reforçou “o seu compromisso com a sua higidez financeira”

CELULARES 2025

iPhone 16 é o celular mais vendido no Brasil em 2025 — e talvez fique para trás em breve

23 de agosto de 2025 - 11:00

O celular mais vendido do país combina desempenho e durabilidade, mas custa caro

FASE DIFÍCIL

Banco do Brasil (BBAS3) critica campanha de difamação nas redes sociais e diz que tomará providências legais

23 de agosto de 2025 - 10:04

Banco citou “publicações inverídicas e maliciosas” para gerar pânico e prejudicar o banco

É HORA DE COMPRAR?

Dividendos bilionários mantêm otimismo do UBS BB com a Petrobras (PETR4); confira qual é a cifra esperada pelo banco

22 de agosto de 2025 - 18:01

Segundo o banco suíço, a produção da estatal deve crescer cerca de 20% entre 2024 e 2028, bem acima dos seus pares europeus e latino-americanos

BARRADO NO BAILE

Vorcaro fora do jogo: BRB confirma que dono do Banco Master não fará parte da gestão do possível conglomerado

22 de agosto de 2025 - 16:30

O potencial acordo de acionistas dos bancos estabelece a formação de um novo grupo de controle, sem a participação dos atuais controladores

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar