Qual o futuro dos juros no Brasil? Campos Neto dá pistas sobre a trajetória da taxa Selic daqui para frente
O presidente do banco central falou sobre a inflação, o mercado de trabalho e sobre a trajetória da economia durante entrevista para a CNBC

Os investidores precisam esperar um pouco menos de um mês para saber o futuro dos juros no Brasil — o Comitê de Política Monetária (Copom) só volta a se reunir nos dias 7 e 8 de maio para definir o novo patamar da Selic, hoje em 10,75% ao ano.
Depois de seis cortes seguidos da taxa básica, na última decisão, em 20 de março, o banco central fez uma mudança no comunicado que colocou em xeque a possibilidade de mais reduções dos juros ao longo de 2024. Entenda os detalhes dessa decisão.
Nesta quarta-feira (17), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, deu uma entrevista à rede CNBC no âmbito dos encontros promovidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, e jogou um pouco de luz sobre o futuro da política monetária no Brasil.
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Com a palavra, Campos Neto
Campos Neto abriu a entrevista falando da inflação. O chefe do BC brasileiro falou que o primeiro mês de 2024 trouxe um susto, com o aumento dos preços dos alimentos.
“O aumento de preços dos alimentos no primeiro mês do ano trouxe muita preocupação para o governo, mas acreditamos que essa pressão tenha sido sazonal”, afirmou.
Logo depois viria um recado sobre o que pode acontecer com os juros daqui para frente: “A última leitura da inflação veio abaixo do esperado e essa é uma tendência que deve se manter. Vemos um período de inflação indo para baixo”.
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A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou para 0,16% em março, de 0,83% em fevereiro e de 0,71% em março de 2023. Com o resultado, o IPCA acumula taxa de 1,42% no ano e de 3,93% em 12 meses, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Campos Neto, no entanto, chamou atenção para a inflação de serviços no Brasil. “Um dos fatores que ainda não convergiram é a inflação de serviços, que segue alta porque o mercado de trabalho está apertado”, disse ele, acrescentando que “de forma geral, a inflação está em linha com o que esperamos”.
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A última milha da inflação
Campos Neto disse que a "última milha" no combate à inflação, ao fim do dia, tem processos similares em diferentes lugares.
"Em muitos lugares tem havido processo desinflacionário acompanhado por pleno emprego, uma combinação que não ocorre com muita frequência", disse. "Todos estão tentando compreender como será essa 'última milha'", acrescentou.
"O mercado de trabalho continua apertado e ainda há muitos estímulos fiscais por aí. Muitos lugares estão olhando para as mesmas variáveis", disse.
"No caso do Brasil, eu diria que tivemos um resultado melhor na mais recente leitura de inflação. E dada a história, a tradição de inflação que se tem no País, conseguimos uma razoável convergência, com muito pouco custo para a sociedade", acrescentou.
O chefe do BC lembrou ainda que o crescimento econômico tem sido revisado para cima, os mercados de crédito estão voltando a se expandir e que o mercado de trabalho vai bem — e a inflação, ainda assim, está convergindo para a meta.
Os juros no Brasil
Campos Neto ainda mandou um recado para os investidores que avaliam a possibilidade de fim do ciclo de corte de juros no Brasil.
O presidente do Banco Central disse que se olha muito para as taxas nominais e para as taxas de juros reais, mas é preciso levar em conta o fato de a taxa de juros neutra — aquela que não aquece e nem esfria a economia — no Brasil, ser mais alta.
"E para a política monetária, não importa a taxa real que se tem, mas a diferença entre a taxa de juros neutra e a taxa de juros real no momento", afirmou.
"Quando olhamos para isso, nosso gap, nossa diferença é maior do que a se tem na maioria dos países da América Latina. E por que isso? Porque nossa taxa de juros neutra é mais alta do que a da maioria dos outros países", disse.
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