O que falta para a Selic voltar a cair? Campos Neto responde o que precisa acontecer para os juros baixarem no Brasil
O presidente do Banco Central também revelou as perspectivas para a questão fiscal mundial e os potenciais impactos das eleições dos EUA no endividamento norte-americano

Diante de um novo ciclo de aperto monetário, o mercado faz apostas de quando o Copom (Comitê de Política Monetária) poderia interromper os aumentos na Selic. Segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, uma queda sustentável dos juros no Brasil provavelmente só será possível se for acompanhada de um “choque fiscal positivo”.
Segundo o presidente do BC, as quedas estruturais das taxas de juros no país foram historicamente acompanhadas de medidas positivas nas contas públicas.
- LEIA MAIS: Calculadora usa renda desejada e reserva disponível para investimentos para estimar em quanto tempo será possível viver de renda; faça a simulação gratuita
"Quando olhamos para o prêmio na ponta longa e aí por diante, achamos que, se quisermos mesmo ser capazes de diminuir os juros e de viver com taxas menores, provavelmente precisaremos estar dispostos a sinalizar para o mercado medidas que serão interpretadas como um choque positivo", afirmou o banqueiro central, em reunião com investidores organizada pelo Deutsche Bank, em Londres.
Para o chefe do BC, a “bola dividida” sobre o ritmo de corte de juros do Copom em maio entre os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os que já estavam na autoridade monetária provocou uma cicatriz na credibilidade da autarquia.
Na avaliação de Campos Neto, a desancoragem das expectativas de inflação no Brasil nesse momento ainda é mais influenciada pelo aspecto fiscal.
"Não tenho evidências empíricas disso, mas essa é a sensação que tenho dos preços de mercado para a reação, que vimos na parte posterior dessa desancoragem, acho que está muito mais associado ao fiscal", disse.
Leia Também
A avaliação de Campos Neto sobre o fiscal
Ao comparar a situação fiscal brasileira com a de outros emergentes, Campos Neto afirma que os números do Brasil — tanto no que diz respeito ao resultado primário, como na evolução prevista para a dívida — são similares aos de outros emergentes. No entanto, o ponto de partida da dívida do país é maior.
Para o presidente do BC, os prêmios cobrados parecem “incompatíveis” com os fundamentos fiscais, embora haja explicações em termos de risco.
"Eu reconheço que tivemos algumas notícias desfavoráveis recentemente, especialmente quando olhamos para a percepção do mercado de que alguns números fiscais estão se tornando menos transparentes", disse.
Essa piora no prêmio de risco no longo prazo no Brasil estaria associada, em grande parte, à expectativa sobre os gastos públicos, segundo Campos Neto.
Os principais pontos foram mudança de meta de superávit primário para 2025, porque provocou uma impressão de que era cada vez mais difícil atingir o resultado, e uma piora na transparência e qualidade de dados.
"Essa é provavelmente a razão pela qual os locais refletiram essa preocupação mais do que as pessoas que estão olhando de fora. Quando olho para o prêmio de risco e olho para o fiscal, mesmo considerando o fato de que temos menos, tivemos algumas mensagens que poderiam ter causado a percepção de menos transparência. Quando olho para o preço, acho que é exagerado", disse Campos Neto.
No entanto, Campos Neto destacou que não sugere políticas fiscais para o Ministério da Fazenda e que não tem ideia do que está sendo desenhado pela equipe econômica, que promete entregar um plano de corte de despesas no pós-eleição.
"A única coisa que tenho dito é que parece haver um prêmio de risco crescente que eu acho que está cada vez mais associado à política fiscal. Eu acho que, para que isso seja revertido, você precisa criar uma percepção de que fez algo que pode mudar o quadro estruturalmente", disse.
Ele ainda frisou que essas ações mecanicamente não afetam a política monetária, mas que, se houver um choque positivo, terá influência no longo prazo em diversas variáveis.
"Não é mecânico, mas eu diria que eu acredito que se você tiver um choque positivo muito grande você provavelmente vai conseguir viver com taxas de juros mais baixas", explicou.
A preocupação com o fiscal
Não é só no Brasil que a questão fiscal tem tomado conta das discussões. Na realidade, o problema da dívida elevada tem recebido cada vez mais atenção nos encontros internacionais.
Para o dirigente da autarquia, a trajetória da dívida global é fator de preocupação — especialmente diante do aumento dos gastos públicos, com despesas para fazer frente às mudanças climáticas, por exemplo.
Afinal, em um cenário de juros mais elevados, o custo de rolagem das dívidas também cresce.
"Estou preocupado com a trajetória da dívida pública global. Estamos vendo algumas rachaduras surgindo disso já. Novamente, muitos países deveriam estar pensando em ajustar os resultados primários para pagar pela pandemia, pagar pelo aumento da dívida e pagar por uma taxa de juros muito mais alta em termos de custo de rolagem, mas isso não está acontecendo", observou.
Ele também repetiu um alerta sobre o cenário econômico mais apertado. Para o presidente do BC, governos e bancos centrais têm menos espaço para socorrer os países caso seja necessário, como ocorreu durante a pandemia.
- 25 pagamentos extra em 2024? Grupo de brasileiros estão obtendo renda extra todos os meses; veja como ter a chance de receber também
A inflação e os juros dos EUA
De olho nos EUA, Campos Neto afirma que os próximos indicadores de inflação fornecerão pistas sobre o ritmo de corte nos juros do país.
“Nosso cenário principal ainda é um pouso suave nos Estados Unidos, mas vemos claramente que isso mudou com muita volatilidade ultimamente, então precisamos ver mais dados.”
Campos Neto ainda chamou a atenção para as eleições norte-americanas e para as propostas fiscais de ambos os partidos, que podem influenciar as expectativas de inflação.
Para o presidente do BC, as discussões a respeito de tarifas, fragmentação e protecionismo, e as políticas de imigração são pontos de atenção na corrida pela Casa Branca.
“Independentemente de os democratas ou os republicanos vencerem, quando você olha e tenta decompor as diferentes propostas, ambas são expansionistas no fiscal", observou.
*Com informações do Estadão Conteúdo.
“O Brasil está desandando, mas a culpa não é só do Lula”. Gestores veem sede de gastos no Congresso e defendem Haddad
Gestores não responsabilizam apenas o governo petista pelo atual nível da pública e pelo cenário fiscal do país — mas querem Lula fora em 2026 mesmo assim
Caixa começa a pagar Bolsa Família de agosto; confira o calendário
Cerca de 19,2 milhões de famílias receberão o benefício em agosto; valor mínimo é de R$ 600, com adicionais que podem elevar a renda mensal
Um colchão mais duro para os bancos e o que esperar para os mercados hoje
No cenário global, investidores aguardam negociações sobre um possível fim da guerra na Ucrânia; no local, Boletim Focus, IGP-10 e IBC-Br
Agenda econômica: reta final da temporada de balanços, Jackson Hole e Fed nos holofotes; confira os principais eventos da semana
XP fecha a temporada de balanços enquanto dados-chave no Brasil, Fed, China e Europa mantém agenda da semana movimentada
Lotofácil 3472 pode pagar quase R$ 2 milhões hoje; Quina, Lotomania e Dupla Sena oferecem prêmios maiores
Lotofácil e Quina têm sorteios diários; Lotomania, Dupla Sena e Super Sete correm às segundas, quartas e sextas-feiras
O colchão da discórdia: por que o CEO do Bradesco (BBDC4) e até a Febraban questionam os planos do Banco Central de mudar o ACCP
Uma mudança na taxa neutra do ACCP exigiria mais capital dos bancos e, por consequência, afetaria a rentabilidade das instituições. Entenda o que está na mesa do BC hoje
Reformas, mudanças estruturais e demográficas podem explicar resiliência do emprego
Mercado de trabalho brasileiro mantém força mesmo com juros altos e impacto de programas sociais, apontam economistas e autoridades
Carteira dos super-ricos, derrocada do Banco do Brasil (BBAS3) e o sonho sem valor dos Jetsons: confira as notícias mais lidas da semana
A nostalgia bombou na última semana, mas o balanço financeiro do Banco do Brasil não passou despercebido
Quanto vale um arranha-céu? Empresas estão de olho em autorizações para prédios mais altos na Faria Lima
Incorporadoras e investidores têm muito apetite pelo aval Cepac, com o intuito de concretizar empreendimentos em terrenos que já foram adquiridos na região
Luan Santana, Ana Castela, Belo e mais: confira o line-up, os horários e tudo o que você precisa saber sobre o Farraial 2025
A 8° edição do Farraial ocorre neste sábado (16) na Arena Anhembi com Luan Santana, Ana Castela, Belo e mais
Brics acelera criação do ‘Pix Global’ e preocupa Trump; entenda o Brics Pay e o impacto no dólar
Sistema de liquidação financeira entre países do bloco não cria moeda única, mas pode reduzir a dependência do dólar — e isso já incomoda os EUA
Mega-Sena 2901 acumula em R$ 55 milhões; Quina 6800 premia bolão; e Lotofácil 3469 faz novo milionário — veja os resultados
Bolão da Quina rende mais de R$ 733 mil para cada participante; Mega-Sena acumula e Lotofácil premia aposta de Curitiba.
Governo busca saída para dar mais flexibilidade ao seguro e crédito à exportação, diz Fazenda
As medidas fazem parte das estratégias para garantir o cumprimento das metas fiscais frente às tarifas de 50% de Donald Trump
“Brasil voa se tiver um juro nominal na casa de 7%”, diz Mansueto Almeida — mas o caminho para chegar lá depende do próximo governo
Inflação em queda, dólar mais fraco e reformas estruturais dão fôlego, mas juros ainda travam o crescimento — e a queda consistente só virá com ajuste fiscal firme
As armas de Lula contra Trump: governo revela os detalhes do plano de contingência para conter o tarifaço
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira (13) a medida provisória que institui o chamado Programa Brasil Soberano; a MP precisa passar pela Câmara e pelo Senado
Lotofácil 3467 tem 17 ganhadores, mas só dois ficam milionários; Mega-Sena 2900 acumula
A sorte bateu forte na Lotofácil 3467: três apostas cravaram as 15 dezenas, mas só duas delas darão acesso ao prêmio integral
Plano de contingência está definido: Lula anuncia hoje pacote de R$ 30 bilhões para empresas atingidas pelo tarifaço; confira o que se sabe até agora
De acordo com Lula, o plano de contingência ao tarifaço de Trump dará prioridade às menores companhias e a alimentos perecíveis
Preço do café cai pela primeira vez depois de 18 meses — mas continua nas alturas
Nos 18 meses anteriores, a alta chegou a 99,46%, ou seja, o produto praticamente dobrou de preço
O Ibovespa depois do tarifaço de Trump: a bolsa vai voltar a brilhar?
No podcast desta semana, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, analisa o cenário da bolsa brasileira e aponta os principais gatilhos que podem levar o Ibovespa a testar novas máximas ainda em 2025
Lula ligou para Xi Jinping em meio ao tarifaço de Trump. Saiba o que rolou na ligação com o presidente da China
Após o aumento da alíquota imposta aos produtos brasileiros pelo republicano, o petista aposta na abertura de novos mercados