Juros não vão voltar a cair tão cedo no Brasil — e a maior parte da culpa é do Fed
Ata do Copom sugere que o Banco Central deve manter a Selic 10,50% ao ano pelo menos enquanto o Fed não começar a cortar os juros

Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou a manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano, na semana passada, os participantes do mercado financeiro concentraram o foco na decisão unânime do colegiado. No entanto, uma dúvida ficou no ar: a manutenção representou a interrupção ou o fim do ciclo de corte dos juros?
Isso porque a estabilização veio depois de sete cortes seguidos da taxa básica de juros no Brasil.
A resposta à dúvida dos investidores veio na manhã de hoje, quando o BC divulgou a ata da última reunião do Copom.
Trata-se de uma interrupção, e não necessariamente do fim do ciclo.
A informação fica clara somente no 21º e penúltimo parágrafo da ata.
“O Comitê, unanimemente, optou por interromper o ciclo de queda de juros”, diz o documento.
O Copom chama a atenção para a influência de fatores internos, como a “resiliência na atividade, a elevação das projeções de inflação e as expectativas desancoradas”.
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Mas essas variáveis provavelmente estariam em segundo plano se não houvesse uma outra razão para a cautela do Copom: os juros altos nos países desenvolvidos.
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Fed no comando
Por mais que a atividade econômica esteja aquecida, a âncora fiscal siga capenga e a inflação relute em seguir em direção ao centro da meta, é o atual nível dos juros nos Estados Unidos que mantém a taxa Selic em condições tão restritivas.
Quando o ano começou, parte do mercado acreditava na possibilidade de o Fed promover até sete cortes na taxa de juros nos EUA até o fim do ano.
Já as projeções dos investidores locais colocavam a Selic confortavelmente em apenas um dígito na virada de 2024 para 2025.
Agora, as projeções dos dirigentes indicam somente um corte nos EUA — mais para o fim do ano, se houver — e a Selic nos atuais 10,50% pelo menos até o início do ano que vem.
Isso acontece porque, com os juros norte-americanos permanecendo por muito mais tempo do que se esperava nos níveis mais altos desde 2001, os investidores preferem a segurança dos títulos da dívida dos EUA, o que drena dólares de economias emergentes como o Brasil.
Sintoma disso é o fato de as posições compradas em dólar contra o real terem atingido US$ 79 bilhões na semana passada, segundo levantamento da B3.
Trata-se de um novo recorde no volume de apostas na valorização da moeda norte-americana contra a brasileira.
Não à toa, o Copom abre a ata de sua mais recente reunião atribuindo as adversidades externas justamente à “incerteza elevada e persistente sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e quanto à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”.
Os juros vão cair, subir ou ficar parados?
A ata do Copom contém, como de costume, uma série de mensagens que os diretores do BC consideram relevantes para tornar mais clara sua comunicação.
O Copom reitera, por exemplo, um “firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
Nesse sentido, o colegiado avalia a Selic a 10,50% ao ano compatível com a estratégia de convergência à inflação.
O documento informa ainda que o BC elevou a estimativa do juro real neutro de 4,50% para 4,75%.
Isso não significa, entretanto, que exista espaço para o Copom voltar a elevar os juros antes de começar a cortá-los novamente.
Na avaliação de André Valério, economista sênior do Inter, a Selic deve seguir em 10,50% até o fim de 2024.
Segundo ele, embora o mercado esteja embutindo a possibilidade de mais aperto e a margem para cortes tenha diminuído, “o espaço para alta é ainda menor e demandaria uma piora considerável da taxa de câmbio e das expectativas inflacionárias”.
Já em relação ao cenário externo, “uma eventual melhora lá fora que permita ao Fed cortar a taxa de juros irá se transformar em um upside para a política monetária aqui, permitindo retomada dos cortes nos juros”, disse Valério.
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