Inflação acima da meta não assusta — mas um outro desafio macroeconômico se impõe sobre o Brasil, diz André Esteves, do BTG Pactual
O economista avalia que o mercado “não precisa perder o sono”, mas sim manter a disciplina em relação ao sistema de metas de inflação
![André Esteves, sócio sênior do BTG Pactual, discursa na CEO Conference 2022](https://media.seudinheiro.com/uploads/2022/02/andre-esteves-btg-pactual-ceo-conference-2022-628x353.jpg)
Enquanto ontem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tecia críticas ao "coro velado" do mercado de que a inflação no Brasil estaria alta, nesta quinta-feira (23), um dos maiores banqueiros do país reforçou o otimismo com a macroeconomia brasileira.
Na avaliação do sócio-fundador e presidente do conselho de administração do BTG Pactual, André Esteves, o Brasil corrigiu uma das maiores ansiedades da economia: a hiperinflação.
“Estamos muito bem do ponto de vista da inflação. Sobre expectativa, está fora da meta, mas todos sabem que a inflação ser 3,70 ou 3,80 não vai mudar a vida de ninguém, principalmente com o passado que nós fomos treinados”, afirmou, em evento realizado pelo BTG.
Segundo Esteves, na média de quatro anos, a inflação brasileira contada a partir de 2023 será “a mais baixa desde que o Brasil é uma República”. “Não é necessariamente por mérito deste governo, mas porque a sociedade fez uma escolha de ter inflação baixa.”
Além disso, o economista avalia que o mercado “não precisa perder o sono”, mas sim manter a disciplina em relação ao sistema de metas de inflação, que hoje está fixada em 3%.
“Apesar de a expectativa ter deteriorado um pouco, ela também está dentro da meta. A disciplina também significa que, quando a expectativa começa a desancorar, o Banco Central tem que latir, porque se latir alto, ele não precisará morder.”
De acordo com o presidente do conselho do BTG, é melhor que o BC continue a trazer “atas duras” no Copom, porque implica que a taxa de juros, a Selic, pode ser mais baixa. “Mas a gente tem que respeitar essa deterioração de expectativa.”
Para além da inflação, o Brasil teve outra grande conquista macroeconômica com o equilíbrio do balanço de pagamentos, que “tirou da frente o fantasma de super desvalorizações e do câmbio fora de controle”.
- Campos Neto vai mexer com seu dinheiro. Veja como se preparar para as mudanças na taxa de juros e buscar lucros em qualquer cenário, independentemente da Selic cair ou não.
Além da inflação… o risco fiscal do Brasil
Mas para André Esteves, um outro desafio macroeconômico se impõe sobre o Brasil atualmente: o fiscal.
“A gente ainda precisa se conscientizar de que a questão fiscal é muito simples: você não pode gastar mais do que você ganha. Se um país gasta mais do que arrecada, nós contratamos a certeza de que as futuras gerações vão ser oneradas ou com mais impostos ou com piores serviços sociais — e muito provavelmente, com a combinação das duas coisas.”
Na avaliação do sócio-fundador do BTG Pactual, o Brasil ainda não encontrou um consenso para resolver a questão fiscal, mas “está caminhando”. “O primeiro passo para resolver um problema é que ele esteja em cima da mesa, e o fiscal está”, disse Esteves.
- [Relatório cortesia da Empiricus Research] Estrategista-chefe da casa libera conteúdo com recomendações de investimento e comentários sobre o cenário macro. Veja o que Felipe Miranda tem a dizer sobre dólar, juros nos EUA e meta fiscal, clicando AQUI.
Já segundo Mansueto Almeida, economista-chefe do banco e ex-secretário do Tesouro Nacional, apesar da carga tributária elevada do Brasil hoje, ainda há um grande buraco fiscal.
“A notícia boa é que foi aprovado um plano fiscal que tenta colocar uma trava no ritmo de crescimento do gasto público”, destacou Almeida.
Enquanto isso, na ponta negativa, estão as regras automáticas de crescimento das despesas obrigatórias do governo federal, como os benefícios previdenciários e assistenciais, que são ligados ao salário mínimo, ou o gasto com saúde e educação, vinculado à arrecadação.
“Quando o governo faz um esforço de um plano fiscal aumentando a arrecadação e mudando regimes especiais tributários, ele necessariamente terá que gastar mais com saúde e educação”, afirmou o economista.
“Quando o governo tem que gastar mais para lidar com evento inesperado, como é o caso da tragédia que ocorreu no Rio Grande do Sul, isso não é problema, porque esse gasto não é recorrente. O problema é o gasto que cresce todos os anos e que não desaparece.”
Para Mansueto, desvincular determinadas despesas da arrecadação “imediatamente vai reduzir o risco fiscal” e ajudará a criar um ambiente propício para a queda de juros, que impacta diretamente o nível de investimentos do país.
Como os trens do Rio de Janeiro se transformaram em uma dívida bilionária para a Supervia que o BNDES vai cobrar na Justiça
O financiamento foi concedido à concessionária em 2013, para apoiar a concessão do serviço de transporte via trens urbanos na região metropolitana do estado
Lula sanciona criação de título de renda fixa isento de IR para pessoa física para estimular indústria
O projeto apresentado pelo governo federal que institui a LCD foi aprovado neste ano pelo Congresso Nacional
Casa própria ameaçada no Minha Casa Minha Vida? Com orçamento pressionado, governo deve voltar a apertar regras e limitar financiamentos de imóveis usados
O governo estuda alterar as regras para priorizar o financiamento de imóveis novos
Mega-Sena acumula e Lotofácil faz mais um milionário, mas o maior prêmio da noite vem de outra loteria
Enquanto a Mega-Sena e a Quina “se fazem” de difíceis, a Lotofácil continua justificando o nome e distribuindo prêmios na faixa principal
Tributação dos super ricos é prioridade para o Brasil, diz Haddad na reunião do G20
Cooperação internacional é a aposta da área financeira nesta edição do encontro das 20 maiores economias do mundo
Compras na internet: como a “fraude amigável” está gerando um prejuízo de US$ 100 bilhões por ano para o varejo dos EUA
O golpe acontece quando o consumidor faz uma compra na internet com cartão de crédito e, quando recebe o produto ou serviço, solicita o estorno
A privatização da Sabesp (SBSP3) não foi suficiente? Tarcísio agora fala em vender a Petrobras (PETR4) e o Banco do Brasil (BBAS3), mas não tem a caneta
O governador de São Paulo acredita que há espaço para avançar nas privatizações de companhias estatais no Brasil inteiro
Eleições nos EUA não devem afetar relações com o Brasil, diz Haddad; ministro busca parceiros ‘além da China’ e fala em acordos com União Europeia
Haddad destacou que não existe transformação ecológica sem novos instrumentos financeiros e cita os ‘green bonds’ do governo
Depois de mais de 2 anos encalhada, loteria mais difícil de todos os tempos sai pela primeira vez e paga o segundo maior prêmio da história
Abandonado numa caderneta de poupança, o segundo maior prêmio individual da história das loterias no Brasil renderia cerca de R$ 1,5 milhão por mês
Banco Central vai seguir na regulação independente do PL sobre os criptoativos, diz técnico da autoridade monetária
Segundo Nagel Paulino, BC pretende concluir a sua estratégia regulatória de criptoativos até o início de 2025