A China está muito melhor do que o mercado imagina — e o “desastre” da vez é outro, diz gestor responsável por mais de R$ 5 bilhões
Fundador da Vista Capital, João Landau revelou suas apostas macroeconômicas — e abriu o jogo sobre a nova “Guerra Fria” que mexe com os mercados globais

Enquanto parte dos economistas apostam em uma crise sem tamanho para a China, um dos tubarões do mercado veio para dizer que o gigante asiático está “muito melhor do que imaginam” — e que o “desastre” da vez agora é outro.
Fundador da Vista Capital, o gestor João Landau é um dos responsáveis por administrar aproximadamente R$ 5 bilhões em ativos na gestora — e revelou suas apostas para o cenário macroeconômico no primeiro dia do Macro Summit Brasil 2024.
“A China está melhor do que as pessoas imaginam. Eu acho que a situação por lá não é uma recessão, mas sim uma transição”, disse o gestor. Landau participou de um dos painéis do evento ao lado de Carlos Woelz, fundador da Kapitalo Investimentos, outro peso pesado do mercado.
O Macro Summit é um evento online gratuito sobre cenário macroeconômico e mercado financeiro realizado pelo Market Makers, em parceria com o Money Times e Seu Dinheiro.
“As pessoas estão subestimando os ganhos de produtividade chinesa. No final do dia, o chinês está focado em baratear energia, custo de capital, fábricas e mão de obra. Acima disso tudo, o cara ainda ‘bota’ margem bruta muito baixa e depois dá subsídio, então a produção chinesa é muito barata”, afirmou Landau, em entrevista aos apresentadores Thiago Salomão e Josué Guedes.
Na avaliação de Carlos Woelz, fundador da Kapitalo Investimentos — gestora com mais de R$ 30 bilhões em ativos —, o mundo atualmente vivencia uma briga de narrativas, e por isso é preciso “um foco muito grande em tentar acertar a direção do mercado”.
Leia Também
“Não adianta tentar fazer muita aposta lateral, que você vai se enrolar. Quando tem o risco de um movimento muito negativo, é preciso tentar se concentrar no evento principal”, destacou o gestor, durante o painel.
A tese da Vista Capital para a China
A tese de investimento macroeconômica da Vista Capital nasceu na discussão de que está acontecendo uma guerra fria de oferta e demanda no mundo, de acordo com João Landau.
Na visão do fundador da Vista Capital, a China percebeu a própria dependência financeira do exterior, especialmente no que diz respeito a commodities, e tem tentando “diversificar reservas de uma forma relevante”.
Para Landau, uma das estratégias que funcionou para a China é que o gigante asiático não estimulou a economia local por meio da demanda. “Ele está efetivamente fazendo uma transição tecnológica para um mercado mais de oferta e valor agregado mais para cima.”
Já os Estados Unidos encontram-se com forte dependência da importação de produtos finais — como é o caso dos chips produzidos em Taiwan para inteligência artificial —, segundo o gestor.
E no meio disso tudo, está a Europa — que, na visão do fundador da Vista Capital, é o verdadeiro perdedor da disputa mercantilista. “Para mim, a Europa é um desastre e está brincando com fogo.”
- [Market Makers] Retire o seu ingresso para assistir ao vivo o episódio com Luis Stuhlberger, Daniel Goldberg e Felipe Miranda
O verdadeiro “desastre” macroeconômico
Para o gestor, os EUA podem adotar uma política de tarifas de importação que funciona, já que ele é um país essencialmente importador — e conseguiria bancar uma inflação mais alta para defender um protecionismo contra fabricantes chinesas, por exemplo.
Já na Europa, a situação é diferente. O país é dependente de exportações — ou seja, ele faz dinheiro vendendo —, tem um custo de capital bem maior que o chinês e ainda ficou para trás na briga tecnológica.
“Se tiver tarifa, a Volkswagen tem metade do lucro dela na China — e o chinês já avisou que, se eles colocarem tarifa nos carros dele na Europa, eu vou colocar tarifa para os seus aqui também”, destacou o gestor.
“A Europa é uma economia de serviço, ela não tem que competir com Vietnã, Malásia e China produzindo industrialização. Ou seja, quanto mais você tem indústria dentro da sua base, pior é para você, que é o caso da Alemanha.”
Segundo Carlos Woelz, da Kapitalo, o diagnóstico é que o mundo está vivenciando uma desaceleração econômica global — mas esse processo é muito mais forte na Europa.
De acordo com João Landau, já é possível ver dados de inflação mais baixos na Europa — e a tendência será registrar dados de atividade piores ao longo do tempo, segundo o gestor.
“Eu acho que o juro está muito errado na Europa. Se por acaso a gente perceber que estamos no meio de um choque de produtividade gigantesco e o mundo voltar a ter juros mais baixos, o mais baixo vai ser o europeu. Porque eles não têm mais modelo de crescimento.”
VEJA TAMBÉM - DÓLAR A R$ 5: O QUE LULA MENOS POPULAR E CHINA MAIS FRACA TÊM A VER COM A MOEDA
Salão de Xangai 2025: BYD, elétricos e a onda chinesa que pode transformar o mercado brasileiro
O mundo observa o que as marcas chinesas trazem de novidades, enquanto o Brasil espera novas marcas
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Acabou para a China? A previsão que coloca a segunda maior economia do mundo em alerta
Xi Jinping resolveu adotar uma postura de esperar para ver os efeitos das trocas de tarifas lideradas pelos EUA, mas o risco dessa abordagem é real, segundo Gavekal Dragonomics
Bitcoin (BTC) rompe os US$ 95 mil e fundos de criptomoedas têm a melhor semana do ano — mas a tempestade pode não ter passado
Dados da CoinShares mostram que produtos de investimento em criptoativos registraram entradas de US$ 3,4 bilhões na última semana, mas o mercado chega à esta segunda-feira (28) pressionado pela volatilidade e à espera de novos dados econômicos
Huawei planeja lançar novo processador de inteligência artificial para bater de frente com Nvidia (NVDC34)
Segundo o Wall Street Journal, a Huawei vai começar os testes do seu processador de inteligência artificial mais potente, o Ascend 910D, para substituir produtos de ponta da Nvidia no mercado chinês
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
Sem alarde: Discretamente, China isenta tarifas de certos tipos de chips feitos nos EUA
China isentou tarifas de alguns semicondutores produzidos pela indústria norte-americana para tentar proteger suas empresas de tecnologia.
A marca dos US$ 100 mil voltou ao radar: bitcoin (BTC) acumula alta de mais de 10% nos últimos sete dias
Trégua momentânea na guerra comercial entre Estados Unidos e China, somada a dados positivos no setor de tecnologia, ajuda criptomoedas a recuperarem parte das perdas, mas analistas ainda recomendam cautela
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
E agora, Trump? A cutucada da China que pode reacender a guerra comercial
Em meio à sinalização do presidente norte-americano de que uma trégua está próxima, é Pequim que estica as cordas do conflito tarifário dessa vez
Fim da linha para o dólar? Moeda ainda tem muito a cair, diz economista-chefe do Goldman Sachs
Desvalorização pode vir da relutância dos investidores em se exporem a investimentos dos EUA diante da guerra comercial com a China e das incertezas tarifárias, segundo Jan Hatzius
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
A tarifa como arma, a recessão como colateral: o preço da guerra comercial de Trump
Em meio a sinais de que a Casa Branca pode aliviar o tom na guerra comercial com a China, os mercados dos EUA fecharam em alta. O alívio, no entanto, contrasta com o alerta do FMI, que cortou a projeção de crescimento americano e elevou o risco de recessão — efeito colateral da política tarifária errática de Trump.
Trump recua e bitcoin avança: BTC flerta com US$ 94 mil e supera a dona do Google em valor de mercado
Após a Casa Branca adotar um tom menos confrontativo, o mercado de criptomoedas entrou em uma onda de otimismo, levando o bitcoin a superar o valor de mercado da prata e da Alphabet, controladora do Google
Boeing tem prejuízo menor do que o esperado no primeiro trimestre e ações sobem forte em NY
A fabricante de aeronaves vem enfrentando problemas desde 2018, quando entregou o último lucro anual. Em 2025, Trump é a nova pedra no sapato da companhia.
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
A festa do estica e puxa de Donald Trump
Primeiro foram as tarifas recíprocas e agora a polêmica envolvendo uma possível demissão do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell