Um ano após o atentado: o mercado de petróleo volta a mostrar sinais de alerta e “kit geopolítico” pode proteger o investidor
Diante de um cenário de incertezas, com potencial para ganhar ainda mais escala, a inclusão de ativos defensivos na carteira é fundamental

No Oriente Médio, o dia 7 de outubro de 2023 marcou o início de um conflito devastador, provocado pelos ataques do Hamas contra Israel. Nessa data, extremistas invadiram o território israelense, resultando na morte de aproximadamente 1.200 pessoas, configurando o dia mais sangrento dos 76 anos de história de Israel. Além disso, 250 pessoas foram sequestradas, das quais mais de 100 ainda permanecem em cativeiro em Gaza.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva massiva em Gaza com o objetivo de desmantelar o Hamas. Esse evento teve grandes repercussões na política internacional, afetando inclusive as eleições presidenciais dos EUA, com o presidente Joe Biden demonstrando uma capacidade limitada de influenciar a resposta israelense.
Um ano depois, fica evidente o impacto transformador desse ataque no cenário político e militar da região. Atualmente, Israel enfrenta conflitos em múltiplas frentes. Além da luta contínua contra o Hamas em Gaza, o país está envolvido em embates no norte, onde o Hezbollah, do Líbano, também apoia ataques, e no Mar Vermelho, onde os rebeldes Houthis do Iêmen vêm atacando embarcações israelenses e ocidentais, além de lançar drones e mísseis contra Israel, apesar da considerável distância geográfica.
- Veja mais: analista aponta que a bolsa está ainda mais barata e recomenda 10 ações para comprar “com desconto”
O petróleo no centro de uma guerra de retaliações
Recentemente, o Irã elevou ainda mais as tensões ao ameaçar uma intervenção direta no conflito, um desenvolvimento com potencial de repercussões devastadoras tanto regionais quanto globais.
Após o assassinato de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, o Irã retaliou lançando 200 mísseis balísticos contra Israel. Apesar dos danos terem sido contidos, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu uma retaliação firme, enfrentando forte pressão doméstica para agir decisivamente.
Podemos argumentar com firmeza, portanto, que os ataques terroristas do ano passado desencadearam uma profunda crise geopolítica, colocando Israel em um conflito multifacetado e de resolução incerta.
Leia Também
O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje
Felipe Miranda: Um conto de duas cidades
A escalada das tensões regionais elevou os preços do petróleo, que voltaram a se aproximar dos US$ 80 por barril, refletindo os riscos que essa situação representa para a cadeia global de suprimentos.
O mundo agora observa atentamente enquanto Israel prepara uma possível retaliação contra o Irã. Nesse ínterim, as forças israelenses têm intensificado suas operações militares, com ataques aéreos recentes que atingiram depósitos de armas ao sul de Homs, na Síria, e armazéns de foguetes em áreas rurais. Além disso, alvos no sul do Líbano e em Beirute também foram neutralizados, ampliando o escopo do conflito.
Estamos atentos a dois principais riscos de escalada que podem impactar o mercado:
- a possibilidade de interferência iraniana no transporte de petróleo, especialmente no Estreito de Ormuz; e
- potenciais ataques direcionados à produção e exportação de petróleo, tanto por Israel quanto pelo Irã, incluindo instalações e infraestruturas críticas.
Esses cenários trazem à tona o risco de um novo choque de oferta de petróleo, semelhante ao observado no início da invasão russa na Ucrânia.
O fechamento do Estreito de Ormuz seria mais provável se Israel atacasse as instalações de produção e exportação de petróleo iranianas. O segundo risco, envolvendo um confronto direto mais intenso entre Israel e Irã, dependeria de uma escalada militar significativa.
O "kit geopolítico" como defesa para o investidor
Apesar desses perigos, tanto os EUA, aliados de Israel, quanto China e Rússia, que apoiam o Irã, têm interesse em evitar que o conflito se expanda além da região.
Mesmo assim, diante desse cenário de incertezas, é fundamental revisitar e fortalecer o "kit geopolítico" que venho recomendando. Segue válida a inclusão de ativos defensivos como uma estratégia para proteger as carteiras diante da instabilidade geopolítica.
Moedas fortes, caixa robusto, metais preciosos e, em menor proporção, criptomoedas, devem compor uma carteira bem balanceada. Além disso, manter uma exposição ao petróleo continua sendo uma estratégia prudente para blindar as carteiras contra a volatilidade dos mercados.
Embora fatores como a demanda global também influenciem os preços do petróleo, o desempenho econômico positivo dos EUA e os pacotes de estímulo recentemente anunciados pela China indicam que a demanda pelo petróleo ainda deve se manter não impeditiva.
Dessa forma, considerando os desdobramentos geopolíticos, manter uma exposição moderada ao setor de petróleo permanece uma estratégia coerente.
Rodolfo Amstalden: Só um momento, por favor
Qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida pela indefinição em relação ao futuro
Cada um tem seu momento: Ibovespa tenta manter o bom momento em dia de pacote de Lula contra o tarifaço
Expectativa de corte de juros nos Estados Unidos mantém aberto o apetite por risco nos mercados financeiros internacionais
De olho nos preços: Ibovespa aguarda dados de inflação nos Brasil e nos EUA com impasse comercial como pano de fundo
Projeções indicam que IPCA de julho deve acelerar em relação a junho e perder força no acumulado em 12 meses
As projeções para a inflação caem há 11 semanas; o que ainda segura o Banco Central de cortar juros?
Dados de inflação no Brasil e nos EUA podem redefinir apostas em cortes de juros, caso o impacto tarifário seja limitado e os preços continuem cedendo
Felipe Miranda: Parada súbita ou razões para uma Selic bem mais baixa à frente
Uma Selic abaixo de 12% ainda seria bastante alta, mas já muito diferente dos níveis atuais. Estamos amortecidos, anestesiados pelas doses homeopáticas de sofrimento e pelo barulho da polarização política, intensificada com o tarifaço
Ninguém segura: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de balanços e dados de inflação, mas tarifaço segue no radar
Enquanto Brasil trabalha em plano de contingência para o tarifaço, trégua entre EUA e China se aproxima do fim
O que Donald Trump e o tarifaço nos ensinam sobre negociação com pessoas difíceis?
Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias.
Efeito Trumpoleta: Ibovespa repercute balanços em dia de agenda fraca; resultado da Petrobras (PETR4) é destaque
Investidores reagem a balanços enquanto monitoram possível reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin
Ainda dá tempo de investir na Eletrobras (ELET3)? A resposta é sim — mas não demore muito
Pelo histórico mais curto (como empresa privada) e um dividendo até pouco tempo escasso, a Eletrobras ainda negocia com um múltiplo de cinco vezes, mas o potencial de crescimento é significativo
De olho no fluxo: Ibovespa reage a balanços em dia de alívio momentâneo com a guerra comercial e expectativa com Petrobras
Ibovespa vem de três altas seguidas; decisão brasileira de não retaliar os EUA desfaz parte da tensão no mercado
Rodolfo Amstalden: Como lucrar com o pegapacapá entre Hume e Descartes?
A ocasião faz o ladrão, e também faz o filósofo. Há momentos convidativos para adotarmos uma ou outra visão de mundo e de mercado.
Complicar para depois descomplicar: Ibovespa repercute balanços e início do tarifaço enquanto monitora Brasília
Ibovespa vem de duas leves altas consecutivas; balança comercial de julho é destaque entre indicadores
Anjos e demônios na bolsa: Ibovespa reage a balanços, ata do Copom e possível impacto de prisão de Bolsonaro sobre tarifaço de Trump
Investidores estão em compasso de espera quanto à reação da Trump à prisão domiciliar de Bolsonaro
O Brasil entre o impulso de confrontar e a necessidade de negociar com Trump
Guerra comercial com os EUA se mistura com cenário pré-eleitoral no Brasil e não deixa espaço para o tédio até a disputa pelo Planalto no ano que vem
Felipe Miranda: Em busca do heroísmo genuíno
O “Império da Lei” e do respeito à regra, tão caro aos EUA e tão atrelado a eles desde Tocqueville e sua “Democracia na América”, vai dando lugar à necessidade de laços pessoais e lealdade individual, no que, inclusive, aproxima-os de uma caracterização tipicamente brasileira
No pain, no gain: Ibovespa e outras bolsas buscam recompensa depois do sacrifício do último pregão
Ibovespa tenta acompanhar bolsas internacionais às vésperas da entra em vigor do tarifaço de Trump contra o Brasil
Gen Z stare e o silêncio que diz (muito) mais do que parece
Fomos treinados a reconhecer atenção por gestos claros: acenos, olho no olho, perguntas bem colocadas. Essa era a gramática da interação no trabalho. Mas e se os GenZs estiverem escrevendo com outra sintaxe?
Sem trégua: Tarifaço de Trump desata maré vermelha nos mercados internacionais; Ibovespa também repercute Vale
Donald Trump assinou na noite de ontem decreto com novas tarifas para mais de 90 países que fazem comércio com os EUA; sobretaxa de 50% ao Brasil ficou para a semana que vem
A ação que caiu com as tarifas de Trump mas, diferente de Embraer (EMBR3), ainda não voltou — e segue barata
Essas ações ainda estão bem abaixo dos níveis de 8 de julho, véspera do anúncio da taxação ao Brasil — o que para mim é uma oportunidade, já que negociam por apenas 4 vezes o Ebitda
O amarelo, o laranja e o café: Ibovespa reage a tarifaço aguado e à temporada de balanços enquanto aguarda Vale
Rescaldo da guerra comercial e da Super Quarta competem com repercussão de balanços no Brasil e nos EUA