🔴 É HOJE: CHANCE DE BUSCAR ATÉ R$ 1 MILHÃO PARTINDO DE R$ 3.125 NO DESAFIO MIL MILIONÁRIOS – PARTICIPE AQUI

Felipe Miranda: O Brasil vai virar a Argentina?

Em conversas raras que acontecem sempre, escuto de grandes investidores: “nós não olhamos para o macro. Somos buffettianos e, portanto, só olhamos para o micro das empresas.”

28 de outubro de 2024
20:01 - atualizado às 10:31
argentina, real, brasil, peso, criptomoedas
Imagem: Montagem Seu Dinheiro

Sabe como é: “há contradições explicáveis”. Versão machadiana para “eu posso me explicar”… quem nunca?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em conversas raras que acontecem sempre, escuto de grandes investidores: “nós não olhamos para o macro. Somos buffettianos e, portanto, só olhamos para o micro das empresas."

Desses mesmos (sim, os mesmíssimos!) investidores, recebo mensagens “encaminhadas com frequência” narrando a derrota da esquerda nas eleições municipais, seguidas da matéria da Folha de S.Paulo de título: “Aliados já falam em pressão de políticos e empresários por plano presidencial de Tarcísio”, no que seria o pai de todos os ralis.

Se não tem ateu em avião caindo, como poderia haver value investor focado no longo prazo diante da ameaça de sobrevivência?

O "bear market" brasileiro é tão longevo e intenso que chega o momento de os sócios das gestoras resgatarem de seus próprios fundos. Não é por falta de convicção nas suas virtudes ou desconfiança nas ações, mas simplesmente porque não há mais liquidez em qualquer outro lugar. Os salários são baixos, insuficientes para pagar as contas mensais, enquanto os bônus não chegam, nem aparecem no horizonte tangível, porque a marca d’água escapa do alcançável pela vista. Pra afogado, jacaré é tronco.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O investidor de longo prazo com interesse micro se apega à hipótese de mudança do pêndulo político e se escora no trading do próximo trigger. Passa a importar mais qual é a notícia marginal, do que exatamente a realidade dos fundamentos empresariais. Não há tempo, paciência, nem dinheiro para esperar a convergência para o valor intrínseco, pois os resgates precisam ser pagos hoje…

Leia Também

Preciso lhe confessar: eu não acho que esse sujeito esteja errado. A contradição é explicável. Ok, ok, talvez não seja tanta virtude pessoal conforme autoproclamado pela “nata do value investing brasileiro”. Nutro uma desconfiança particular de que a natureza dos ciclos brasileiros implica muito mais geração de beta do que de alfa, embora poucos sejam capazes de reconhecer a dinâmica. Não precisamos dessa conversa… chances altas de não estarmos preparados para ela.

Olha só: quando Warren Buffett diz não se preocupar com o macro e a política, isso é perfeitamente adequado. Ele está lá com dois oceanos, um de cada lado, diante da Bacia do Mississipi, em clima temperado, próximo da Europa, num país cuja extensão territorial se dispõe em eixo horizontal, o que significa menor amplitude de latitude e, por consequência, um clima menos diverso, facilitando a disseminação de técnicas produtivas de um lugar para outro ao longo do tempo.

Para não ser acusado de determinismo geográfico, também podemos explicar o excepcionalismo americano com suas sólidas instituições, as melhores universidades do mundo, a valorização do indivíduo e das forças de mercado, a liderança tecnológica e militar. O macro importa menos, porque, apesar dos ciclos econômicos, ele funciona, independentemente da flutuação do pêndulo político.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Como não poderia ser diferente, Buffett é resultado das leis darwinistas do mercado, tendo sido selecionado naturalmente por ser o mais adaptado ao ambiente norte-americano. Sua aplicação rigorosa, incluindo seu conhecimento tácito e o que lhe é intrinsecamente individual e intransferível, seria vencedora diante do caudilhismo latino-americano? Eu não sei. Não temos o contrafactual, tampouco a resposta seria observável.

Buffett não opera esses mercados e qualquer tentativa brasileira de mimetizá-lo acarretará o problema típico da não-tradução. Por mais que tentemos copiá-lo, sempre estaremos sujeitos aos vícios e às virtudes pessoais, às questões locais e culturais, ao conhecimento tácito… nem mesmo Cherry Coke está disponível nas nossas gôndolas.

Se alguém criasse a disciplina de História Econômica Contemporânea do mercado de capitais brasileiros, poderia ter como material a seguinte linha do tempo:

i. tivemos um grande ciclo positivo entre 2003 e 2007: era o governo Lula 1. Embora possa soar contraintuitivo num primeiro momento, também podemos caracterizá-lo como uma mudança do pêndulo político. Era justamente uma alternância frente ao medo da radicalização à esquerda. A Goldman Sachs tinha criado o Lulômetro, lembra? Todos temiam o calote da dívida externa, rompimento de contratos, controle do spread bancário e por aí vai. Observamos o contrário: um governo fiscalmente responsável, com apurações de grandes superávits primários, boa condução da política monetária e respeito aos contratos. O país se beneficiou da Grande Moderação nas nações desenvolvidas e do “Global Savings Glut”, de Ben Bernanke, com a China empurrando para cima o preço das commodities.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

ii. Aí veio a crise de 2008 e a recuperação de 2009, para cairmos num ciclo perverso para o mercado de capitais entre 2010 e 2015. Ali se iniciava uma guinada mais à esquerda, com nosso keynesianismo de quermesse e as sementes da nova matriz econômica. Deu no que deu. A maior recessão da história Republicana no Congresso.

iii. Como o país tem uma vocação grande para a mediocridade, mas pouca disposição a se jogar no precipício, tivemos as manifestações de rua, o áudio do Bessias, o impeachment. Temer e sua ponte para o futuro endireitam o Brasil. O Ibovespa sai de 40 mil pontos para 120 mil. Um grande rali, catalisado pela óbvia alteração da política econômica numa direção pró-mercado.

iv. O ciclo iniciado em 2016 esbarra na pandemia. Há uma recuperação cíclica até julho de 2021, quando começamos a discutir mais inflação aqui, necessidade de subir a Selic, ao que se seguiu uma série de pequenas crises: PEC do meteoro, PEC Kamikase, eleições presidenciais, PEC da Transição, mudança no Banco Central Brasileiro, política fiscal perdulária. E aqui estamos de novo sofrendo com o temor de uma versão atualizada da já velha nova matriz econômica.

Podemos ou não identificar aqui uma alta correlação entre os mercados e o pêndulo político? Note que isso não se dá necessariamente pela cor do partido de turno, tampouco se ele está à direita ou à esquerda. É muito menos ideológico do que pragmático. Quando Lula adotou uma política macroeconômica ortodoxa capaz de respeitar a aritmética elementar das contas públicas, o “Kit Brasil” simplesmente voou. O ciclo 2003-2007 criou verdadeiras fortunas na Bolsa brasileira.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Do mesmo modo, há chances não desprezíveis de que, se o tal pacote fiscal sugerido por membros do governo vier mesmo à tona, um novo rali se repita. Há consenso de que o Brasil está muito barato, a posição técnica é favorável e as empresas estão em boa forma. O investidor estrangeiro está no modo “esperar para ver”.

Caso o conjunto de boas intenções de Haddad e sua equipe se transforme em medidas concretas, a apreciação dos ativos domésticos deve ser vigorosa. Perceba, porém, que isso não invalida o argumento central deste texto, de alta correlação entre o pêndulo político e o desempenho dos mercados. Se o governo realizar um ajuste fiscal consistente e amplo, será, em termos práticos, uma caminhada em direção ao Centro e o abandono de uma postura mais radical à esquerda. Abandonar as ideias de estocar vento e de que gasto é vida pode ser um excelente começo.

Superada a eleição municipal, a probabilidade de sair o tal pacote parece bastante razoável, seja porque parte da esquerda já reconhece até explicitamente a necessidade de atualizar seu discurso, seja pelo noticiado na imprensa. Lauro Jardim informa ser iminente a tomada de decisão do presidente Lula sobre o tema, sob o argumento de que “se não ajustarmos o fiscal em 2025, não haverá como liberar gastos às vésperas da eleição de 2026”.

O tipo de dependência dos mercados locais ao ciclo político não é exclusividade brasileira. Somos apenas um país latino-americano, sem dinheiro no banco, sem amigos importantes, vindo de seu caudilhismo típico. Basta olharmos o desempenho dos ativos na Argentina, entre os destaques globais de desempenho desde a eleição de Milei, capazes de atrair o interesse de investidores que há muito tempo não se dedicavam ao país, entre eles o mitológico Stanley Druckenmiller.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As vendas exponenciais de Mercado Livre na Argentina e o súbito interesse de Davi Vélez no país não são frutos do acaso. É o resultado do ciclo político clássico da América Latina.

Quando olho para nossos vizinhos, consigo ver o Brasil de 2026. Pode ser um prenúncio do Hexa. Ou algo ainda melhor…

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: De Flávio Day a Flávio Daily…

17 de dezembro de 2025 - 20:00

Mesmo com a rejeição elevada, muito maior que a dos pares eventuais, a candidatura de Flávio Bolsonaro tem chance concreta de seguir em frente; nem todas as candidaturas são feitas para ganhar as eleições

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Veja quanto o seu banco paga de imposto, que indicadores vão mexer com a bolsa e o que mais você precisa saber hoje

17 de dezembro de 2025 - 8:38

Assim como as pessoas físicas, os grandes bancos também têm mecanismos para diminuir a mordida do Leão. Confira na matéria

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje

16 de dezembro de 2025 - 8:23

Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?

16 de dezembro de 2025 - 7:13

Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg

15 de dezembro de 2025 - 19:55

O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje

15 de dezembro de 2025 - 7:47

O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026

VISÃO 360

Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?

14 de dezembro de 2025 - 8:00

Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações

12 de dezembro de 2025 - 8:26

Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas

SEXTOU COM O RUY

Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas

12 de dezembro de 2025 - 6:07

O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje

11 de dezembro de 2025 - 8:23

A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…

10 de dezembro de 2025 - 19:46

Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje

10 de dezembro de 2025 - 8:10

Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje

9 de dezembro de 2025 - 8:17

Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?

9 de dezembro de 2025 - 7:25

Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade

RALI, RUÍDO E POLÍTICA

Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza

8 de dezembro de 2025 - 19:58

A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje

8 de dezembro de 2025 - 8:14

Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana

TRILHAS DE CARREIRA

É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira

7 de dezembro de 2025 - 8:00

As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas

5 de dezembro de 2025 - 8:05

O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro

SEXTOU COM O RUY

Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos

5 de dezembro de 2025 - 6:02

Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje

4 de dezembro de 2025 - 8:29

Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar