Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro

O ministro Haddad afirma que o pacote de medidas fiscais está pronto e fechado com o presidente Lula. Faltaria só a resposta do ministério da Defesa.
Há alguns dias, restavam apenas “dois detalhes singelos”, nas palavras do próprio ministro. Entendo que superamos a singeleza da dupla, quando então entrou a expectativa por um novo ministério a dar sua contribuição, depois de “boas reuniões com José Múcio.”
Aguardamos com ansiedade o pacote fiscal, sob o risco de apenas esperarmos por Godot. Gerentes de projeto com alguma noção de estatística e de variância infinita gostam de lembrar que a probabilidade de entrega no prazo é condicionada a frustrações anteriores. Se você atrasa, e atrasa de novo, a expectativa de sua materialização vai se afastando no tempo, não se aproximando.
Nassim Taleb usa o exemplo de “The Opera House”, na Austrália, para atacar a premissa de eventos independentes e identicamente distribuídos: o edifício estava previsto para ser inaugurado em 1963, sob um custo de 7 milhões de dólares australianos; ficou pronto mais de dez anos depois, a um custo de 104 milhões de dólares australianos. Quase uma questão de arredondamento…
- O que esperar dos bancos nos balanços do 3T24? Cadastre-se aqui para acessar as análises exclusivas do Seu Dinheiro pós resultados
Brasil de volta aos holofotes internacionais
Diante das inconsistências do arcabouço fiscal e dos 14 pontos de aumento da relação dívida sobre PIB em apenas quatro anos, uma coisa podemos garantir: o Brasil voltou! Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro.
O Wall Street Journal estampa a coluna de opinião de Mary Anastasia O’Grady: “Brazil and Latin America’s Decline — Democracy and sound economy policy are on the wane, and Lula is leading the way”. Algo como: "O declínio do Brasil e a da América Latina — democracia e sólida política econômica estão em declínio, e Lula lidera o caminho.”
Leia Também
O melhor aluno da sala fazendo bonito na bolsa, e o que esperar dos mercados nesta quinta-feira (18)
Rodolfo Amstalden: A falácia da “falácia da narrativa”
O alerta é pertinente, mas cabe a ponderação: a América Latina alterna ciclos de economia política, não costuma ser um declínio ininterrupto. Parte dela já observa uma migração do pêndulo para a direção correta. Vale lembrar: o melhor mercado do mundo em 2024 é latino-americano, com Milei liderando o caminho.
Poderia ser um daqueles exercícios de aquecimento para testes de QI: “Substitua o X pelo nome apropriado respeitando a proporcionalidade: A) Trump, Macri, Bolsonaro; B) Biden, Fernandes, Lula; C) Trump, Milei, X…
Janjismo e o retrocesso politico, social e ético no Brasil
Também ocupamos espaço da imprensa tradicional com o fatídico: “F*&# you, Musk”. John Gray está mesmo certo ao escrever que a caminhada do progresso técnico, científico e tecnológico é monotônica, vai sempre na direção do avanço.
O mesmo não se pode falar dos campos éticos, sociais e políticos. Se a substituição de Marcos Troyjo por Dilma Rousseff na presidência do Banco dos BRICs não era exemplo suficiente, agora temos também o paralelo entre Ruth Cardoso e Janja da Silva para demonstrar o argumento.
O Janjismo me lembra de Elena Ceausescu, ex-primeira-dama da Romênia, autodeclarada a “melhor mãe que a Romênia poderia ter”, sem nenhum apreço real pelos seus “filhos" compatriotas. Ficou famosa sua declaração: "os vermes nunca estão satisfeitos, mesmo que lhes demos muita comida”. Embora se atribuísse enorme importância, era figura desprezível, apenas adicionava volatilidade ao regime. Acabou como uma das mulheres mais odiadas do regime. Tentou fugir da Romênia, mas foi capturada.
Janja e Erika Hilton são a versão da esquerda de Pablo Marçal: preocupam-se em pregar para convertidos, em frases de efeito que serão usadas apenas e tão somente para cortes lacradores nas redes sociais, sem qualquer compromisso público ou pensamento de Estado.
O governo do amor destila ódio contra um dos maiores empresários do mundo, com cargo oficial na próxima administração da presidência dos EUA. Ofendê-lo gratuitamente serve a qual propósito? Em que medida isso pode ser bom ao país?
A resposta de Elon Musk veio bem ao seu estilo, com ironia e emojis no X (ex-Twitter): “They will lose the next election” (Eles vão perder a próxima eleição).
BUY Brazil
Não há qualquer garantia, claro. Também temos muito tempo até lá. Mas talvez seja verdade e isso importa mais do que qualquer outra coisa. O investidor Pedro Cerize, também no X, sintetizou: “Vocês todos pessimistas com Brasil. Em dois anos, PT sai do poder. Em um ano, começa a campanha. Corte de gastos é irrelevante, Selic terminal, bla bla bla. Esse assunto aí acaba junto com esse governo. BUY Brazil.”
É um tanto simples e polemista. Discordo também que o corte de gastos seja irrelevante porque o nível de partida do novo governo importa. Não podemos esgarçar a política fiscal a ponto de passarmos por histerese. Ponderações sutis e ressalvas importantes colocadas, a direção do tuíte é correta.
Alinha-se com o proposto aqui mesmo nessas linhas previamente, resumido na ideia do “Pacto Fáustico”, de que o investidor de longo prazo deveria topar um ano ainda possivelmente ruim (na pior das hipóteses), para contratar nove anos bons. Um rali eleitoral em 2026 com a migração do pêndulo político, quatro anos de um primeiro mandato reformista, seguida de uma reeleição em 2030, quando a esquerda não terá mais seu principal nome como candidato pela questão da idade.
Com um pouco de sorte, teremos o tal pacote de gastos para aliviar um pouco os elevados prêmios de risco, que pavimentaria a via para a possibilidade de corte da Selic ao final de 2025.
A CONTA QUE NÃO FECHA: Por que o risco fiscal ASSUSTA TANTO e o que LULA deveria fazer
Compre países a prova de idiotas
Conforme demonstrou a última temporada de balanços, as empresas brasileiras seguem crescendo lucros e disparando um subsequente processo de revisão para cima nas projeções de resultados, o que sempre foi um catalisador interesse para o preço das ações – Localiza talvez seja o exemplo mais emblemático: há mais de ano, a companhia sofria com revisões para baixo em seu preço-alvo; acaba de sair a primeira elevação de target em muito tempo.
As empresas mantêm alavancagem baixa, boa geração de caixa e lucros crescendo dois dígitos. Você não precisa inventar a roda.
Itaú negocia a 8x lucros, que crescem em ritmo significativo. Porto Seguro tem a mesma foto e o mesmo filme. Equatorial, uma das melhores empresas do Brasil, negocia a uma TIR real de 12%, sendo capaz de, mais uma vez, superar as estimativas de consenso.
BTG Pactual negocia perto de 2x book e está recomprando suas próprias ações. Iguatemi está 8x P/FFO 2025.
Warren Buffett aconselha comprar empresas e negócios a prova de idiotas, porque, cedo ou tarde, um idiota pode vir a comandar essa empresa ou negócio. Possivelmente, a prescrição sirva para países também.
A frase “vá se f….” é apenas um ruído de porta de cadeia.
O que a inteligência artificial vai falar da sua marca? Saiba mais sobre ‘AI Awareness’, a estratégia do Mercado Livre e os ‘bandidos’ das bets
A obsessão por dados permanece, mas parece que, finalmente, os CMOs (chief marketing officer) entenderam que a conversão é um processo muito mais complexo do que é possível medir com links rastreáveis
A dieta do Itaú para não recorrer ao Ozempic
O Itaú mostrou que não é preciso esperar que as crises cheguem para agir: empresas longevas têm em seu DNA uma capacidade de antecipação e adaptação que as diferenciam de empresas comuns
Carne nova no pedaço: o sonho grande de um pequeno player no setor de proteína animal, e o que move os mercados nesta quinta (11)
Investidores acompanham mais um dia de julgamento de Bolsonaro por aqui; no exterior, Índice de Preços ao Consumidor nos EUA e definição dos juros na Europa
Rodolfo Amstalden: Cuidado com a falácia do take it for granted
A economia argentina, desde a vitória de Javier Milei, apresenta lições importantes para o contexto brasileiro na véspera das eleições presidenciais de 2026
Roupas especiais para anos incríveis, e o que esperar dos mercados nesta quarta-feira (10)
Julgamento de Bolsonaro no STF, inflação de agosto e expectativa de corte de juros nos EUA estão na mira dos investidores
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)