🔴 ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? MELHORES AÇÕES, FIIS E DIVIDENDOS – CONFIRA AQUI

Felipe Miranda: Alguém está errado

A notícia sobre falas de Gleisi Hoffman sobre Gabriel Galípolo e o futuro das taxas de juros no Brasil em 2025 levanta dois problemas alarmantes — e uma série de inconsistências

21 de outubro de 2024
19:59 - atualizado às 14:18
Arte mostrando um homem segurando um cartão com uma bandeira do Brasil; no primeiro plano, um gráfico em queda, simbolizando o mau desempenho da bolsa e dos ativos brasileiros nos mercados internacionais, como o EWZ
Imagem: Shutterstock

Os comunistas eram péssimos administradores, mas bons frasistas. Em referência à Alemanha pré-nazista, Leon Trotsky descreveu: 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

"Não é apenas nas casas dos camponeses, mas também nos arranha-céus das cidades, que o século XIII vive ao lado do XX. Cem milhões de pessoas usam a eletricidade e ainda acreditam nos poderes mágicos de sinais e exorcismos. As estrelas de cinema procuram médiuns. Os aviadores que pilotam mecanismos milagrosos criados pelo gênio do homem usam amuletos em seus suéteres. Como são inesgotáveis as suas reservas de trevas, ignorância e selvageria!”

Pseudociência, misticismo, teorias da conspiração, fake news, muitas vezes à frente da ciência, não são exatamente uma novidade. Passados outros cem anos, os índices de analfabetismo científico continuam altos. Os ecos do século XIII, surpreendentemente, soam ainda mais barulhentos.

As pseudociências da esquerda e da direita no Brasil

Parte da esquerda insiste numa espécie de "cloroquina da economia”, desrespeitando a aritmética elementar das contas públicas, enquanto abusa de platitudes populistas do tipo “ajuste fiscal não-recessivo”. 

A retórica vazia propõe “a entrada do pobre no orçamento” enquanto, na realidade impiedosa, a inflação aleija e o câmbio mata… o pobre, claro. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O rico segue com seus fundos exclusivos em Luxemburgo e a pouca alocação local está protegida no IPCA+. Tom Jobim cometeu um erro ao dizer que “o Brasil não é para amadores”.

Leia Também

A julgar pelas alocações de grandes investidores, corre a suspeita de que ele seja só para amadores. Os profissionais já saíram há muito tempo.

Parte da direita também tem a pseudociência para chamar de sua. Se você tomar um café com Deus Pai ou se batizar no Rio Jordão, a teologia da prosperidade garante milhões a caminho.

Como resume Carl Sagan, “como seria agradável se pudéssemos, à semelhança do folclore e das histórias infantis, satisfazer os desejos do nosso coração pelo simples ato de desejar.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Num exemplo atualizado de caudilhismo, referências a altos níveis de testosterona, discursos entusiasmados do coach predileto ou simpatia pessoal pelo político de estimação da vez importam mais do que melhorias institucionais, desfazimento de nós microeconômicos, reformas administrativa, previdenciária, tributária e/ou política, programas de privatização e concessão.

"Se for imbrochável ou bater em tubarão, tem o meu voto!”

Juros, Galípolo e um problema alarmante no futuro do Brasil

Lauro Jardim noticia que Gleisi Hoffman foi à XP para conversar com investidores. Disse, por exemplo, que Gabriel Galípolo acertou quando trabalhou para ganhar a confiança da Faria Lima neste ano, mas que isso deixaria de ser importante para 2025, sugerindo que o futuro presidente do BC vai afrouxar as rédeas da política monetária.

Seria difícil até quantificar quantos problemas há nessa frase, mas ao menos dois são alarmantes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Já conhecíamos a versão “estelionato eleitoral”. Agora, estaríamos prestes a observar a estreia do “estelionato monetário”.

Para quem criticava o PT por cometer os mesmos erros, podemos nos tranquilizar: somando a esses equívocos antigos restaurados, incorreremos em erros novos também.

Uma afronta à autonomia do Banco Central

O outro problema é mais óbvio: a capacidade de Gleisi Hoffmann em saber o que vai acontecer com a política monetária, uma afronta óbvia e direta à autonomia do Banco Central.

Segundo a mesma matéria, Gleisi ainda teria dito que, para 2026, Lula precisará “ampliar seu arco de apoio partidário na reeleição. E citou o MDB como um partido a ser incorporado à aliança.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Aqui me parece haver uma inconsistência com o parágrafo anterior. É possível (embora não seja necessariamente provável) que Gabriel Galípolo afrouxe as rédeas da política monetária em 2025.

Também é possível que o MDB, um partido de centro, seja incorporado à aliança em prol da reeleição do presidente Lula, embora quem ouviu Michel Temer no BR Partners na semana passada pudesse desconfiar da proposição.

Seria — devemos reconhecer — uma demonstração inequívoca da capacidade de perdão do PT: o partido do “gópi" compondo a coalização! Agora, as duas coisas juntas (política monetária frouxa e composição com o MDB) são difíceis de acontecer.

Se Galípolo afrouxar a política monetária sem as condições técnicas apontarem nessa direção, cedendo aos anseios do presidente Lula ou de seu partido, perdemos a única âncora que nos resta.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Será uma radicalização da política econômica à esquerda. Teríamos caracterizada a ideia de “dilmização”, o que dificultaria a atração do centro e, por conseguinte, do MDB.

É legítimo virar o volante à esquerda ou ao centro. Ao mesmo tempo, porém, não dá.

A inconsistência da curva de juros no Brasil

“Palavras não pagam dívidas”. A retórica de Gleisi importa menos ao mercado, sobretudo porque seu Twitter já é bem conhecido. Sabemos o que ela pensa. Está muito mais no campo do ruído do que no dos sinais. Há outra inconsistência mais relevante no momento.

Olho para a curva de juros e vejo taxas beirando 13% por quase toda sua extensão. Talvez seja um prenúncio de que o mercado projeta a reeleição do número 13 na próxima eleição presidencial.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Afinal, para termos juros tão altos por tanto tempo, precisaríamos continuar com a política fiscal perdulária, sem ajuste.

Assumindo que a oposição teria um viés mais fiscalista, reformista e pró-mercado, a configuração atual dos preços dos ativos implica o apreçamento da continuidade do status quo.

Se Stanley Druckenmiller está correto ao dizer que o comportamento dos mercados, com dólar, bitcoin, ouro, bancos e small caps subindo, indica a crença na eleição de Donald Trump, poderíamos traçar paralelo semelhante com o caso brasileiro.

Esse nível de juros só é consistente com a preservação do descontrole fiscal.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A inconsistência surge pois me parece improvável a reeleição do presidente caso não caminhemos na direção de algum mínimo ajuste fiscal.

Se continuarmos nessa toada de desancoragem das expectativas de inflação, dólar em alta e juros de 13% para todo horizonte de projeção, estaríamos contratando uma severa crise para 2026.

Com dólar a R$ 7 e Selic a 14%, teríamos impacto sobre a popularidade do governo. Pode até não ser mais só sobre “a economia, estúpido”, pois a pauta de costumes tem pesado bastante. Mas certamente as condições econômicas ainda importam. 

Numa sociedade polarizada e muito dividida, uma deterioração das condições econômicas e financeiras pode ser determinante para fazer mudar o pêndulo político, especialmente numa sociedade que já marcha mais à direita, conforme demonstrado nas eleições municipais. Em sendo o caso, os juros longos não poderiam estar em 13%. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para fazer sucesso, até a pseudociência, embora mentirosa e assentada sob premissas falsas, precisa ter coerência interna. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico

20 de outubro de 2025 - 19:58

Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje

20 de outubro de 2025 - 7:52

Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana

BOMBOU NO SD

CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana

19 de outubro de 2025 - 15:02

Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas

VISAO 360

Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas

19 de outubro de 2025 - 8:00

Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais

17 de outubro de 2025 - 7:55

O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje

SEXTOU COM O RUY

Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)

17 de outubro de 2025 - 6:07

Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos

VONTADE DOS CÔNJUGES

Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança

16 de outubro de 2025 - 15:22

Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje

16 de outubro de 2025 - 8:09

Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?

15 de outubro de 2025 - 19:57

Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)

15 de outubro de 2025 - 7:47

A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje

14 de outubro de 2025 - 8:08

Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China

14 de outubro de 2025 - 7:48

O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo

13 de outubro de 2025 - 19:58

Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?

13 de outubro de 2025 - 7:40

Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano

TRILHAS DE CARREIRA

ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho

12 de outubro de 2025 - 7:04

Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)

10 de outubro de 2025 - 7:59

No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação

SEXTOU COM O RUY

Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe

10 de outubro de 2025 - 6:03

Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)

9 de outubro de 2025 - 8:06

No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: No news is bad news

8 de outubro de 2025 - 19:59

Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)

8 de outubro de 2025 - 8:10

No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar