E o Nobel de Economia vai para uma historiadora: o que a pesquisa de Claudia Goldin revela sobre desigualdade de gênero e renda no mercado de trabalho
Claudia Goldin é a primeira mulher a ganhar sozinha o Nobel de Economia; sua pesquisa lançou nova luz sobre desigualdade de gênero no mercado de trabalho
O telefone de Claudia Goldin tocou no fim da madrugada desta segunda-feira (9). A historiadora norte-americana ainda dormia quando um representante do Banco Central da Suécia ligou para dar a notícia: ela é a ganhadora do Prêmio Nobel de Economia de 2023.
A professora de história da economia parece predestinada ao pioneirismo. Em 1989, ela tornou-se a primeira mulher a receber oferta para ocupar um cargo efetivo no departamento de economia da Universidade Harvard.
Agora, aos 77 anos, Claudia Goldin é a primeira mulher a ganhar sozinha o Nobel de Economia. Professora titular da cátedra Henry Lee em economia em Harvard, sua pesquisa — também pioneira — lançou nova luz sobre desigualdade de gênero e renda no mercado de trabalho.
Entrevistada pelo jornal The New York Times momentos depois do anúncio, Claudia Goldin disse enxergar no fato de ser a primeira mulher a ganhar sozinha o Nobel de Economia o ápice de uma série de mudanças relevantes na busca por diversidade de gênero na área.
Quem foram as outras ganhadoras do Nobel de Economia
Desde 1968, quando o Banco Central da Suécia instituiu o Prêmio de Ciências Econômicas em Homenagem a Alfred Nobel, ela é a apenas a terceira mulher laureada.
Antes dela, somente Elinor Ostrom e Esther Duflo haviam levado o prêmio. No entanto, ambas dividiram o laurel com homens.
Elinor Ostrom foi a primeira mulher a ganhar o Nobel de Economia. Ela dividiu o prêmio de 2009 com Oliver Williamson pelo trabalho da dupla sobre governança econômica. Já em 2019, Esther Duflo dividiu o prêmio com Abhijit Banerjee (seu marido) e Michael Kremer.
No Nobel de Economia deste ano, Claudia Goldin não era considerada entre os favoritos ao prêmio.
O que a pesquisa de Claudia Goldin revela sobre desigualdade de gênero no mercado de trabalho
Goldin é reconhecida por sua pesquisa histórica sobre a participação das mulheres na economia norte-americana ao longo dos séculos.
Ela demonstrou que o aumento e a retração da presença feminina no mercado de trabalho não ocorrem de forma linear.
Também confirmou empiricamente o impacto da pílula anticoncepcional sobre os rumos do casamento e da carreira das mulheres.
Ao anunciar o prêmio, o comitê do Prêmio Nobel destacou o fato de a pesquisa de Claudia Goldin ter ajudado “a expandir a compreensão sobre a situação das mulheres no mercado de trabalho”.
Em suas pesquisas, a professora de história da economia demonstrou como a industrialização afastou as mulheres do mercado de trabalho no século 19.
Ela também mostrou como a presença feminina no mercado de trabalho aumentou no início do século 20, quando o setor de serviços começou a ganhar espaço na economia.
Essas conclusões vieram ao longo de décadas de pesquisas sobre o mercado de trabalho norte-americano.
Entretanto, a mais relevante de suas constatações encontra-se nas origens da desigualdade salarial entre homens e mulheres.
No passado, as disparidades salariais entre homens e mulheres costumavam ser explicadas pelo grau de escolaridade e pelo tipo de ocupação.
Com a popularização dos métodos de controle de natalidade, o ingresso na universidade e a presença cada vez maior de mulheres em campos de trabalho antes restritos a homens, tornou-se claro que a remuneração oferecida a elas era menor mesmo quando desempenhavam a mesma função.
Quando a desigualdade salarial entre homens e mulheres começa a aumentar
Claudia Goldin conseguiu então apontar quando a disparidade salarial entre homens e mulheres começa a aumentar: a diferença salarial ganha força entre um e dois anos depois de a mulher ter seu primeiro filho.
Embora a disparidade venha diminuindo no geral, a Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que, no ritmo atual, a desigualdade salarial entre homens e mulheres será zerada somente daqui a mais de 250 anos.
Na entrevista ao NYT, Goldin enfatizou que as estruturas sociais e familiares nas quais as mulheres e os homens crescem moldam não só o comportamento, mas também os resultados econômicos.
Embora ela reconheça “mudanças progressivas monumentais”, diferenças importantes permanecem em cena.
Segundo a historiadora, muitas vezes essas diferenças estão ligadas ao fato de as mulheres realizarem mais trabalhos domésticos.
“Nunca teremos igualdade de gênero enquanto não alcançarmos igualdade conjugal.”
*Com informações da BBC e do New York Times.
“Odeio Trump”, diz Stormy Daniels — o depoimento da pivô do caso que pode levar Trump à prisão
A estrela pornô testemunhou nesta terça-feira (7) sobre a relação com o ex-presidente norte-americano e disse que quer ele seja preso se for condenado no julgamento criminal
Javier Milei é “buy”? Elon Musk recomenda investimento na Argentina e bolsa local sobe mais de 3%
Após um encontro com o presidente argentino e a secretária geral da presidência, Karina Milei, o bilionário postou uma foto, comentando na sequência: “eu recomendo investir na Argentina”
O recado da China à Europa: o que o presidente Xi Jinping foi fazer na França após cinco anos — e não é só comércio
Ainda esta semana, o presidente chinês fará escalas na Sérvia e na Hungria, aliados da Rússia que cortejaram o investimento chinês
Fim da guerra em Gaza? Hamas concorda com cessar-fogo, mas trégua ainda não está garantida. Veja a resposta de Israel
O cessar-fogo está sendo articulado em um momento em que Netanyahu planeja a invasão por terra da na cidade de Rafah, no sul de Gaza — em uma ofensiva prometida há semanas
Por que o dado negativo de emprego nos EUA anima os mercados e pode fazer você ganhar dinheiro na bolsa
A economia norte-americana abriu menos vagas do que o esperado em abril e a taxa de desemprego subiu no período — isso pode ser uma boa notícia para os investidores; descubra as razões
Paciência no limite? Biden solta o verbo e não perdoa nem mesmo um grande aliado dos EUA
O presidente norte-americano comparou o aliado à China e à Rússia; saiba o que ele disse e a razão para isso
O milagre de Milei será adiado? A Via Sacra da Argentina até o crescimento econômico na visão da OCDE
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) projeta, no relatório Perspectiva Econômica divulgado nesta quinta-feira (2), que o PIB da Argentina sofrerá contração de 3,3% em 2024
Os juros não sobem mais nos EUA? A declaração de Powell que animou os investidores — e os dois fatores determinantes para a taxa começar a cair
Na decisão desta quarta-feira (1), o comitê de política monetária do Fed manteve a taxa de juros inalterada como era amplamente esperado; foi Powell o encarregado de dar os sinais ao mercado
Juros nos EUA não caíram, mas decisão do Fed traz uma mudança importante para o mercado
Com amplamente esperado, o banco central norte-americano manteve os juros na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano, mas a autoridade monetária marcou uma data para mudar uma das políticas mais importantes em vigor desde a pandemia
O impacto da decisão do Fed: como os juros americanos afetam o Brasil e o futuro da Selic
Fed comandado por Jerome Powell deve mostrar postura cautelosa sobre os cortes nas taxas de juros, sem previsões imediatas de redução
Leia Também
-
A dona da Vivo está barata? Ação da Telefônica Brasil (VIVT3) lidera as perdas do Ibovespa; saiba se é hora de atender essa chamada
-
O erro de Stuhlberger: gestor do Fundo Verde revela o que o fez se arrepender de ter acreditado em Lula
-
Mais um voo da BRF: BRFS3 dispara 12% na B3 após balanço da dona da Sadia e Perdigão no 1T24 — mas um bancão aposta que impulso tem data para acabar
Mais lidas
-
1
CEO da Embraer (EMBR3) comenta possível plano de jato de grande porte para competir Boieng e Airbus; ações reagem em queda a balanço do 1T24
-
2
Esquece a Mega-Sena! Os novos milionários brasileiros vêm de outra loteria — e não é a Lotofácil
-
3
Banrisul (BRSR6) e IRB (IRBR3) são os mais expostos pela tragédia climática no RS, diz JP Morgan, que calcula o impacto nos resultados