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2023-02-01T17:53:07-03:00
Carolina Gama
DESACELEROU!

Fim de um ciclo? Fed eleva taxa de juros em ritmo menor; veja o que Powell falou e a reação em Wall Street

O oitavo aperto monetário seguido foi de 0,25 ponto percentual, o que colocou o juros na faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano — no menor aumento da série que começou em março de 2022

Carolina Gama
1 de fevereiro de 2023
16:07 - atualizado às 17:53
Imagem mostra Jerome Powell como grande estrela do mercado financeiro
Imagem: Shutterstock, com intervenções de Andrei Morais

O Federal Reserve (Fed) elevou nesta quarta-feira (01) os juros em 0,25 ponto percentual, colocando-os na faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano. A notícia, no entanto, não é o grau do aperto monetário, que já havia sido telegrafado pelo próprio Fed, mas sim até quando o banco central norte-americano seguir subindo a taxa básica. 

Pelo que tudo indica, o ciclo dos grandes aumentos dos juros chegou ao fim, já que a inflação tem dado sinais de trégua. A próxima tarefa é avaliar quando parar de aumentar a taxa completamente.

Muitos especialistas acreditam que agora que os custos dos empréstimos estão restringindo o crescimento econômico, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) podem dar uma pausa e avaliar os efeitos da política até agora — um luxo que não tiveram quando a inflação estava superava os 9% e atingia o maior nível em 40 anos nos EUA.

Mas parece que a pausa não virá agora. "O Comitê antecipa que os aumentos em curso na faixa da meta serão apropriados para atingir uma postura de política monetária suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo", diz o comunicado com a decisão.

Fed: por trás da decisão de hoje

O aumento de 0,25 pp de hoje marca o menor grau de aperto monetário realizado pelo Fed desde março de 2022 e uma desaceleração notável em relação à alta massiva de 0,75 pp e 0,50 pp aprovada em reuniões seis consecutivas no ano passado. 

A decisão de hoje é também um retorno à tradição: até o ano passado, o banco central norte-americano não havia elevado a taxa básica em mais de 0,25 pp em nenhuma de suas reuniões desde 2000.

Os membros do Fomc já haviam indicado que querem aumentar os juros de forma muito mais lenta e deliberada a partir de agora, estudando como a economia dos EUA está respondendo ao aperto monetário que foi colocado em marcha antes de aprovar outros — e potencialmente ir longe demais.

À medida que os temores de recessão ganham corpo, os investidores estão procurando uma razão para esperar que essa estratégia possa significar que o Fed está prestes a encerrar a agressiva campanha de aumento de juros que mais elevou a taxa básica  desde a década de 1980. 

Mas como o comunicado indicou que o processo de aperto deve continuar, a reação imediata em Wall Street não foi das melhores. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq aceleram as perdas assim que a decisão foi anunciada pelo Fed.

O mesmo recado de antes

No comunicado com a decisão, o Fed repetiu o mesmo de sempre: continuará elevando a taxa de juros para trazer a inflação de volta para a meta de 2% no longo prazo e está pronto para ajustar a política monetária se for necessário.

"Ao avaliar a orientação apropriada da política monetária, o Comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O Comitê estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surgissem riscos que pudessem impedir o alcance de suas metas", diz o comunicado.

O banco central norte-americano também reforçou que as próximas decisões serão tomadas de acordo com os indicadores econômicos, incluindo pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais.

Inflação: uma mudança sutil no comunicado do Fed

O Fed tem dois mandatos: pleno emprego e estabilidade de preços, o que implica em uma taxa de inflação em 2%. Com o mercado de trabalho aquecido, o banco central norte-americano passou a se concentrar em trazer o inflação para o mais próximo da meta possível.

O trabalho, no entanto, é árduo e fez o Fed jogar a economia dos EUA à beira da recessão diante de apertos monetários muito agressivos — foram quatro elevações de 0,75 pp seguidas no ano passado.

O empenho parece estar dando resultado. Em dezembro, o núcleo do índice de preços para gastos pessoas (PCE, a medida preferida do Fed para a inflação) — que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia — subiu 4,4% em em base anual, abaixo da leitura de 4,7% em novembro e a taxa de crescimento anual mais lenta desde outubro de 2021.

Talvez por isso o comunicado do Fed de hoje não cite mais que os desequilíbrios entre oferta e demanda estão pressionando os preços nos EUA.

Sobre a inflação, o banco central norte-americano foi sucinto dessa vez: "A inflação desacelerou um pouco, mas continua elevada. A guerra da Rússia contra a Ucrânia está causando enormes dificuldades humanas e econômicas e está contribuindo para aumentar a incerteza global. O Comitê está altamente atento aos riscos de inflação", diz o comunicado.

O que Powell acha disso tudo? 

Antes da decisão e da coletiva de hoje, especialistas afirmavam que o presidente do Fed, Jerome Powell, ainda não daria a notícia que os investidores queriam: o ciclo de aperto monetário chegou ao fim. 

E foi exatamente isso que aconteceu. O chefão do banco central norte-americano deixou a porta aberta para mais alguns aumentos de juros — embora não tenha se comprometido com nenhum caminho específico para a política monetária daqui para frente.

O recado de Powell foi claro: o Fed manterá o curso de aperto monetário até que o trabalho de trazer a inflação para a meta seja concluído — ainda que ele tenha reconhecido que, embora a inflação esteja acima dos 2%, as expectativas de inflação estão bem ancoradas. 

“Não há espaço para complacência com a inflação. Por isso, precisamos nos manter restritivos por um tempo”, disse Powell na coletiva. “O efeito completo do aperto monetário ainda vai ser sentido”, acrescentou.

A opinião dos especialistas

Para Rodrigo Cohen, analista e co-fundador da Escola de Investimentos, o tom do comunicado veio mais hawkish — isto é, favorável ao aperto monetário — com Fed destacando a responsabilidade e compromisso de trazer a inflação para a meta de 2%, com novas elevação a caminho.

"Outro destaque é que eles disseram estar preparados para fazer mais ajustes conforme acharem necessário para levar a inflação para a meta. Tendo em vista esse tom mais duro, não vejo que tão cedo o Fed iniciará uma redução de juros", disse.

Para os analistas do ING, a expressão “aumentos contínuos” usada no comunicado implica que o Fed têm pelo menos mais dois aumentos em mente, com Powell falando sobre a possibilidade de “mais alguns” aumentos nos juros antes que a política seja suficientemente restritiva.

"Temos nossas dúvidas de que isso será alcançado e continuamos a esperar apenas um aumento de taxa de 0,25 pp em março, com uma pausa depois disso", afirmam.

O Goldman Sachs foi ainda mais cirúrgico. "O comunicado diz agora que a 'extensão' e não o 'ritmo' dos aumentos futuros dependerá 'do aperto cumulativo da política monetária, dos desfasamentos com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e da evolução económica e financeira', indicando que o Fed espera aumentar os juros em 0,25 pp daqui para frente".

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