O sol voltou a brilhar para a economia norte-americana: os indicadores finalmente mostram uma reversão do esfriamento que poderia levar os EUA à recessão neste momento. Foi o que disse o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, nesta terça-feira (7) ao Comitê Bancário do Senado.
Essa é a sinfonia que os investidores há muito esperam ouvir, já que significa que os juros nos EUA devem parar de subir e, futuramente, começar a cair. Mas o Fed está mais para rock and roll.
Embora Powell tenha reconhecido a melhora dos indicadores, o banco central não está convencido de que o ciclo de aperto monetário pode ser interrompido agora.
E o motivo é sempre o mesmo: a inflação ainda não deu tréguas por lá — e inflação alta significa juros elevados também.
“Os dados econômicos mais recentes foram mais fortes do que o esperado, o que sugere que o nível final da taxa de juros provavelmente será mais alto do que o previsto anteriormente”, disse Powell.
E o chefão do Fed foi além: “Se a totalidade dos dados indicasse que um aperto mais rápido é justificado, estaríamos preparados para aumentar o ritmo das altas de juros.”
Os acordes das declarações de Powell estouraram os tímpanos dos investidores. Em Wall Street, o S&P 500, o Nasdaq e o Dow Jones aceleraram as perdas — com este último despencando 200 pontos de uma vez só. Por aqui, o Ibovespa renovou mínimas.
Fed: traduzindo a canção de Powell
As declarações de Powell carregam duas implicações: a primeira é que o nível máximo ou terminal da taxa de juros deve ser maior do que a indicação dos membros do Fed e, a segunda, que a mudança no mês passado para uma porcentagem menor de aperto monetário — de 0,25 ponto percentual — pode ser de curta duração se os dados de inflação continuarem quentes.
O Fed apresenta projeções a cada trimestre. Em dezembro, quando fez isso pela última vez, os membros do comitê de política monetária fixaram a taxa terminal em 5,1%. Atualmente, os juros estão na faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano.
Hoje, o mercado está precificando um nível um pouco mais alto do que a taxa terminal projetada pelo Fed, no intervalo de 5,25% a 5,5%, de acordo com dados do CME Group.
Embora tenha alertado que o ciclo de aperto monetário nos EUA não chegou ao fim, Powell não especificou o quão alto ele acredita que os juros vão subir.
O presidente do Fed reiterou que as decisões sobre a taxa referencial serão tomadas “reunião por reunião” e dependerão dos dados e de seu impacto na inflação e na atividade econômica, e não em um curso predefinido.
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Inflação: a música de um acorde
A música de um só acorde de Powell tocou em um momento no qual os mercados estão mais otimistas de que o Fed pode domar a inflação sem jogar a economia em uma recessão.
No entanto, os dados de janeiro mostram que a inflação medida pelo índice de preços para gastos pessoais (PCE, na sigla em inglês) — a métrica preferida pelo Fed para a inflação — ainda está em um ritmo de 5,4% ao ano, um percentual bem acima da meta de longo prazo de 2% do Fed e um pouco acima do nível de dezembro.
“Restaurar a estabilidade de preços provavelmente exigirá que mantenhamos uma postura restritiva da política monetária por algum tempo”, afirmou.
“O registro histórico adverte fortemente contra o afrouxamento prematuro da política. Vamos manter o curso até que o trabalho seja feito”, acrescentou.
Neste sentido, Powell disse que a tendência atual mostra que o trabalho de combate à inflação do Fed não acabou.
“Percorremos um longo caminho e os efeitos totais de nosso aperto até agora ainda não foram sentidos. Mesmo assim, temos mais trabalho a fazer”, disse.