Depois do Credit Suisse, ações do alemão Deutsche Bank despencam 15% com disparada de seguro contra calote
Os problemas com o setor bancário na Europa e nos Estados Unidos continuam a pressionar os mercados internacionais
Os bancos da Europa e dos Estados Unidos vêm sofrendo com problemas de liquidez já há algumas semanas. O Silicon Valley Bank (SVB) foi um dos primeiros que arrastou o mercado para zona de perigo. Na sequência, o Credit Suisse também precisou ser vendido para o concorrente UBS, e agora quem está na corda bamba é o Deutsche Bank.
As ações chegaram a cair mais de 15% nas mínimas do dia, após uma disparada no seguro contra falências do banco, mas reduziram a queda para 10,83% perto das 10h15.
Os credit default swaps (CDS) — uma espécie de seguro contra calote — de cinco anos do Deutsche Bank subiram 19 pontos-base, para 241 pontos — o maior nível desde 2019.
O que não está claro é a razão para essa abrupta disparada do “risco de calote”.
De acordo com o balanço do quarto trimestre, o maior banco da Alemanha registrou lucro de 1,8 bilhão de euros (US$ 1,93 bilhão), ainda que a receita tenha deixado a desejar: a expansão foi de apenas 7%, para 6,32 bilhões de euros, abaixo do consenso do mercado, de 6,5 bilhões de euros.
Mesmo assim, a queda das ações de mais uma empresa do setor bancário gerou um contágio nas bolsas pelo mundo. O índice das 50 maiores empresas da Europa (Euro Stoxx 50) caía 1,95% por volta das 10h15. Os futuros de Nova York também recuavam até 0,73% no mesmo horário, enquanto o Ibovespa opera instável logo após a abertura.
O que o Deutsche Bank tem a ver com o Credit Suisse
O que aconteceu na verdade foi uma percepção de risco maior por parte dos investidores. Na visão de analistas do setor, o mercado enxerga o segmento bancário com maior ceticismo após os recentes abalos e passou a adotar uma postura mais defensiva antes do final de semana.
E não poderia ser diferente, tendo em vista que um dos principais bancos da Suíça, o Credit Suisse, precisou ser resgatado pelo Banco Central do país e foi comprado pelo rival UBS para evitar um efeito em cadeia no sistema bancário internacional.
Nesta sexta-feira (24), as ações do setor bancário caem em bloco: O UBS cede 5,59%, enquanto o HSBC e o BNP Paribas, dois dos maiores bancos da Europa, recuam 3,83% e 6,59%, respectivamente.
Mesmo com a crise entre os bancos na região, o Banco Central Europeu (BCE) elevou os juros em 0,50 ponto percentual (pp) para 3% ao ano na mais recente decisão de política monetária.
A presidente da instituição, Christine Lagarde, garantiu aos líderes europeus a estabilidade bancária da Zona do Euro. Ao mesmo tempo, Lagarde também confirmou que o BCE pode voltar a subir os juros se julgar necessário.
- Já sabe como declarar seus investimentos no Imposto de Renda 2023? O Seu Dinheiro elaborou um guia exclusivo onde você confere as particularidades de cada ativo para não errar em nada na hora de se acertar com a Receita. Clique aqui para baixar o material gratuito.
Não é só na Europa
O mesmo movimento de queda no setor bancário também acontece nos Estados Unidos. Por lá, as ações do First Republic Bank — que já despencaram 89% desde o começo de março — caem 4,69% no pré-mercado em Nova York e, no mesmo horário, os papéis do Bank of America (BofA) recuavam 2,19%.
Por lá, o cenário é bastante parecido. O Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) elevou os juros em 0,25 pp na sua mais recente decisão de política monetária.
Havia uma certa expectativa, inclusive, de uma manutenção dos juros por lá em meio à crise bancária. Antes dos problemas envolvendo o SVB, o BC americano tinha a pretensão de subir as taxas em 0,50 pp para conter a elevada inflação por lá — atualmente em 5,4% ao ano, de acordo com o índice de preços ao consumidor (PCE, em inglês).
No comunicado após a decisão, o Fomc — o equivalente ao Copom nos EUA — escreveu: "o Comitê antecipa que algum endurecimento adicional da política pode ser apropriado para atingir uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo".
Obrigada, Milei? Carros na Argentina devem ficar mais baratos com nova medida
O governo ainda anunciou que será mantida a isenção de direitos de vendas ao exterior para as exportações incrementais
Os EUA conseguem viver com os juros nas alturas — mas o resto do mundo não. E agora, quem vai ‘pagar o pato’?
Talvez o maior ‘bicho papão’ dos mercados hoje em dia sejam os juros nos EUA. Afinal, o que todo mundo quer saber é: quando a taxa vai finalmente começar a cair por lá? As previsões têm adiado cada vez mais a tesourada inicial do Federal Reserve (Fed, BC dos EUA). Mas a questão é: a […]
É tudo culpa dos juros? PIB dos EUA vem abaixo do esperado, mas outro dado deixa os mercados de cabelo em pé
A economia norte-americana cresceu 1,6% no primeiro trimestre do ano, abaixo das projeções de expansão de 2,5% e menor também que os 3,4% do quarto trimestre de 2023, mas os investidores estão olhando para outro indicador que também saiu nesta quinta-feira (25)
A terapia de choque de Milei deu certo? Argentina registra o primeiro superávit trimestral em 16 anos. Veja como presidente conseguiu
O chefe da Casa Rosada fez um pronunciamento em rede nacional para comemorar o feito — e alfinetar o antecessor
Adeus, dólar: Com sanções de volta, Venezuela planeja usar criptomoedas para negociar petróleo
O país liderado por Nicolás Maduro vem utilizando o Tether (USDT), a terceira maior criptomoeda do mundo, para vender petróleo desde o ano passado
Deputados dos Estados Unidos aprovam novo pacote bilionário de apoio à Ucrânia — e Putin não deve deixar ‘barato’
O novo pacote também prevê ajuda a Israel e Taiwan; Rússia fala em ‘guerra híbrida’ e humilhação dos Estados Unidos em breve
Xô, Estados Unidos! China manda Apple retirar aplicativos de mensagens de circulação no país — mas Biden já tem uma ‘carta na manga’
WhatsApp, Threads, Signal e Telegram não estão mais disponíveis na loja de aplicativos no território chinês; deputados dos EUA aprovam projeto para banir TikTok
Por que a China deve colocar “panos quentes” para impedir que as coisas piorem (ainda mais) no Oriente Médio?
Enquanto as coisas parecem ficar cada vez mais delicadas no Oriente Médio, com os ataques do Irã a Israel no último final de semana, os mercados lá fora não parecem estar muito alarmados com a possibilidade de uma escalada no conflito — o que poderia ser desastroso para a economia global. E uma das explicações […]
É o fim da guerra das sombras? A mensagem do revide de Israel ao Irã para o mundo — e não é o que você espera
O mais recente capítulo desse embate aconteceu na madrugada desta sexta-feira (19), quando Israel lançou um ataque limitado ao Irã
A punição de Biden: EUA não perdoam ataque a Israel e castigam o Irã — mas o verdadeiro motivo das sanções não é econômico
O Tesouro norte-americano anunciou medidas contra uma dezena de pessoas e empresas iranianas e ainda avalia restrições ao petróleo do país, mas, ao contrário do que parece, medidas também mandam uma mensagem a Netanyahu
Leia Também
-
Prévia da inflação veio melhor que o esperado — mas você deveria estar de olho no dólar, segundo Campos Neto
-
Bolsa hoje: Dólar cai a R$ 5,11 com inflação nos EUA; Ibovespa retoma os 126 mil pontos com NY e avança 1% na semana
-
IRB Re (IRBR3): vale a pena comprar a ação que toca máxima após forte alta dos lucros em fevereiro?
Mais lidas
-
1
Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American
-
2
Imposto de 25% para o aço importado: só acreditou quem não leu as letras miúdas
-
3
Preço dos imóveis sobe em São Paulo: confira os bairros mais buscados e valorizados na cidade, segundo o QuintoAndar