A organização do Fórum Econômico Mundial convidou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ir a Davos este ano logo depois da confirmação de sua vitória nas urnas em 2022.
A intenção dos organizadores era ceder a Lula o palco principal do evento para expor à alta cúpula das finanças seu projeto de governo e de política externa.
Entretanto, o presidente optou por reservar o simbolismo de sua primeira viagem internacional depois de 12 anos longe do Palácio do Planalto à integração latino-americana, uma de suas prioridades em política externa.
A mensagem do Brasil em Davos
De qualquer modo, quatro anos de uma política externa errática sob Jair Bolsonaro mantêm viva a curiosidade do alto escalão do mundo das finanças em relação ao Brasil.
Nesse sentido, a decisão de colocar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, à frente da delegação brasileira em Davos envia algumas mensagens claras ao mundo.
O governo Lula pretende reinserir o Brasil na cena internacional impulsionando uma agenda econômica capaz de caminhar lado a lado com compromissos sociais e a preservação ambiental.
Haddad e Marina terão agenda movimentada em Davos
Com isso em mente, Haddad e Marina terão entre hoje e quarta-feira uma agenda movimentada por meio da qual devem oferecer detalhes de um plano de desenvolvimento econômico sustentável.
Hoje, Haddad se reunirá com Achim Steiner, diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e com Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A expectativa é de que as falas de Haddad concentrem-se na recuperação fiscal do Brasil, o que tende a fornecer mais detalhes sobre as medidas econômicas e a reforma tributária pretendidas pelo governo.
De Marina, espera-se a exposição de compromissos claros do Brasil com medidas capazes de confrontar as mudanças climáticas e preservar a Amazônia.
Ela participará de uma série de reuniões e painéis para discutir o papel da sustentabilidade no desenvolvimento econômico mundial.
Defesa da democracia
Os atos golpistas de 8 de janeiro colocaram a democracia brasileira sob escrutínio internacional nos últimos dias.
Inevitável e obviamente, a defesa da democracia entra como item obrigatório das falas de Haddad e Marina em Davos.
Hoje, logo ao chegar à estância de esqui nos Alpes suíços, Haddad precisou falar a repórteres sobre o ataque à sede dos três poderes constituídos da república.
O ministro observou que grupos extremistas seguem mobilizados e continuam “plantando o terror”.
Enfatizou ainda que as instituições brasileiras deram uma resposta “imediata” aos atos golpistas em Brasília.
Com isso, tanto Haddad quanto Marina devem aproveitar para reiterar o compromisso brasileiro com a democracia e com o combate a qualquer forma de extremismo.